O FUNDO CONSTITUCIONAL DO NORTE-FNO NO ESTADO DO ACRE: RECURSOS DO POVO, POLÍTICA DE ESTADO, BENEFÍCIOS DA ELITE

O FUNDO CONSTITUCIONAL DO NORTE-FNO NO ESTADO DO ACRE: RECURSOS DO POVO, POL?TICA DE ESTADO, BENEF?CIOS DA ELITE

Régis Alfeu Paiva

Volver al índice

 

 

CAPÍTULO III Resultados e discussão Setor Produtivo Rural Acreano

“Pouca expressão e incapaz de influenciar o cenário nacional.

3.1 CULTURAS ANUAIS ALIMENTARES

Neste capítulo procedeu-se ao cruzamento dos volumes financiados (por linha de crédito) com os dados de alguns setores produtivos (agricultura, pecuária e extrativismo). Em cada tópico é feita uma análise preliminar, com uma conclusão parcial ao final do subitem.

Antes de analisar os dados de produção agrícola, é necessário comentar alguns ajustes necessários realizados para o melhor entendimento do material analisado.
Primeiramente, foram feitos ajustes nos volumes (toneladas para quilos, p.ex.) de forma a propiciar maior visibilidade aos dados ou para reduzir a um número menor.

Os dados de percentual de área colhida foram obtidos por intermédio de regra de três simples, em que a área plantada foi considerada como 100% e o resultado da divisão desta pela área colhida (ajustado para a base 100) foi considerado como percentual colhido. O percentual de área colhido é um indicativo de maior ou menor índice tecnológico, em que pese a forte influência do fator clima, principalmente quanto for menor a tecnologia empregada (irrigação, p.ex.).

Os dados de produtividade (nacional, regional e local – Acre) foram obtidos pela divisão do volume produzido pela área plantada, sendo o resultado expresso em valores de produção (unidades, quilos ou toneladas).

Todos os dados de produção foram obtidos ou adaptados a partir de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE/Sistema SIDRA. Vale salientar que as culturas do Alho, Aveia, Batata-inglesa, Cebola, Centeio, Cevada, Ervilha, Fava, Girassol, Juta, Linho, Malva, Mamona, Melão, Rami, Sorgo granífero, Trigo e Triticale não possuem registros. Já as culturas Algodão e Amendoim tiveram baixas produções registradas e não foram analisadas. Da mesma forma, as culturas perenes possuem volumes tão baixos que não foram consideras neste trabalho.

Contudo é preciso frisar que as estatísticas do IBGE abrangem um período diferente (1990/2004) em relação aos financiamentos considerados (1995-06), sendo que neste caso foi preciso ajustar os períodos de forma similar para proceder à correlação estatística. É mister ressaltar ainda a ocorrência de resultados estranhos (como o desmatamento no Estado ter sido fortemente influenciado pela criação de codornas ou correlação entre linhas e produtos que nada têm a ver entre si), sendo isso creditado às chamadas =correlações espúrias58‘.

No tocante aos resultados apresentados e levando em consideração apenas os dados do IBGE, é possível afirmar não haver, em termos de culturas anuais, qualquer influência da produção acreana sobre a economia nacional. Isso se explica pelos pequenos volumes produzidos, sendo que estes provavelmente podem ser influenciados pela produção nacional, mas sem a recíproca.

Este dado já havia sido sinalizado por Acre (2000, v. III), quando apontou a necessidade de melhoria do nível tecnológico da exploração das culturas anuais (sementes melhoradas, espaçamento adequado, manejo de solo, fertilização e correção de solos), inclusive como forma de reduzir a pressão sobre os desmatamentos.

Com isso, verifica-se haver espaço para o crescimento da produtividade em todas as áreas, cabendo apenas estudos para identificar as com maior potencial de atendimento ao mercado consumidor e com condições de gerar a imensa quantidade de empregos que o Estado necessita para poder mudar os péssimos referenciais sociais apresentados em todas as pesquisas (IDH, índice de Gini, Insegurança Alimentar).

Além disso, não cabe na linha de pesquisa aqui adotada esmiuçar a questão econômica do Acre, mas sim as correlações do FNO com o desenvolvimento regional e, no máximo, apontar possíveis áreas não atendidas e/ou com potencial de retorno socioeconômico. Contudo, para se avaliar as correlações entre um item e outro, necessário se faz conhecer no mínimo um pouco de cada.