CAMPINA CANTADA E ENCANTADA
BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

 

ECONOMIA, POLÍTICA E SOCIEDADE

Luiz Gonzaga de Sousa

 

 

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CAMPINA CANTADA E ENCANTADA

 

            Campina Grande, filha do acaso. O tempo se incumbiu de aperfeiçoar tua experiência e tua sabedoria. Aqui na região do Piemonte da Borborema tu eras apenas campina muito extensa, isto é, muito grande. Foste a porteira para o interior paraibano e quando os retirantes passavam, levavam a saudade e deixavam a beleza de um campo que brotava amores e exalava o perfume que só a natureza doa. Porém, neste passa-passa de gentes que vão e voltam, poucos ficam, somando-se aos que já estão trabalhando no solo fértil dessa campina. Com isto, formaram-se os povoados e, aos poucos, formou-se um povoado só, a Vila Nova da Rainha. Para se chegar a este estágio, foram longos anos de muita labuta e perseverança.

            O tempo passou e Campina Grande cresceu. Quando criança aprendeu muito bem sua lição de abraçar seus visitantes e amá-Los como se fossem seus filhos bem amados por esta terra e seu clima de fraternidade e de pureza. Quando adolescente, soube ser menina e cultivou o amor genuíno de uma época de Romeu e Julieta, onde o perfume das rosas é a tensão de juventude apaixonada, à procura de seu príncipe encantado. Foi nesta época que encontrou o romantismo dos poetas prosadores e dos poetas dos versos. Com a junção dos versos e da prosa, soubeste cantar e encantar o amor de quem vem e de quem vai, porém, se vai, logo volta, porque aqui ficou o amor e a emoção de uma alma boêmia, embevecida das coisas bonitas da serra da Borborema.

            Hoje não se diz que Campina Grande é uma cidade velha, mas que tem idade suficiente para entender a sua formação e a sua trajetória de vida, numa dinamização nunca vista em outra cidade do mesmo porte. Na evolução de cidade, muitas fases de prosperidades, Campina Grande presenciou. à época áurea do algodão, Campina Grande tornou-se a de maior comércio do interior paraibano e, em seguida, do Nordeste, no que respeita a cidade de interior. Foi por causa deste comércio que se conseguiu que passasse nesta cidade a estrada de ferro que chegara até Itabaiana e não se pretendia que fosse estendida a Cajazeiras, passando por Campina Grande, por questões políticas, mas entre brigas e conchavos, Cristiano Lauritzen alcançou seu desejo.

            Com o desenvolvimento que a cidade ganhou, a invasão foi mais rápida e forte. Nesta leva, a cultura da cidade se intensificava, aprimorando os deixados indígenas e completando com as invasões dos tropeiros, a cultura campinense consolidava-se, adquirindo uma estrutura própria, de um povo simples e independente. A dança regional estava nas veias dos nativos e imigrantes que escolheram essa terra para formarem o seu torrão natal e o berço de sua eternidade. Foi aqui onde surgiram grandes forrozeiros da atualidade e em outras épocas. Foi aqui que se levantou o movimento de apoio ao folclore nordestino, apesar de inconsciente, mas com amor. E foi aqui onde surgiram grandes poetas que enalteceram a cidade a cantaram sua gente.

            Quem não conheceu o forró de Alcatrão ou pelo menos ouviu falar? Quem não conheceu o forró de Zé Lagoa? Quem não conheceu o forró da Coréia? Quem não conheceu Zefa tirbutino? Foi daí que surgiu Jackson do Pandeiro. Que inspirou Rozil Cavalcante. Que deu sucesso a Elba Ramalho, Geraldo Azevêdo e muitos outros cobras da música sertaneja. Os forrós marcaram época e deixaram a mina da fortuna para muita gente. Também com os forrós inspiraram-se alguns poetas que ainda hoje marcam o cancioneiro da poesia popular do país, a começar por Raimundo Asfóra, que criou a maravilha de "Tropeiros da Borborema" em sua inspiração poética e em homenagem à terra que o fez filho e muito bem desempenhou seu papel de mãe.

            Nas noites do passado, eram comuns as cantorias de violeiros nas residências dos fazendeiros e até mesmo de qualquer cidadão popular. Com uma bandejinha no centro da sala, todos os presentes cooperavam com os cantadores que cantavam a noite toda, criando as mais belas poesias de improviso. Era a obra-prima da natureza que encantava os habitantes da Rainha da Borborema e circunvizinhanças. Bons poetas nasceram com a certeza de que grandes contribuições teriam que dar à poesia popular e com isto se destacam: Zé Laurentino, Ivanildo Vilanova, Apolônio Cardoso, Cícero Bernardes, Rozil Cavalcante, Raimundo Asfóra, Ronaldo Cunha Lima e muitos outros do passado que não se conseguiu lembrar no momento.

            Esta é Campina Grande de ontem e de hoje. Sempre charmosa. Sempre bonita. E sempre cheia de amor e intelectuais que, mesmo alguns não sendo seus filhos, têm-na como mãe que traz em seu clima frio e aconchegante o riso de uma criança. Qual o imigrante que chegou a Campina Grande e não a adotou como seu solo querido? É como se diz popularmente "quem bebe da água da CAGEPA pode ir embora, mas logo volta". Todavia, essa assertiva diz respeito ao amor e à paz que se consegue nesta cidade de gente simples, amável e hospitaleira. Campina Grande sempre encantou seus visitantes com as suas coisas típicas, trazidas de seus ancestrais e que se perpetuarão por muitos séculos e séculos, dada a sua beleza e seu ar poético de encantar a natureza.

            E por falar em poesia, vejam só o que Raimundo Asfóra legou, encantado com as coisas desta cidade que lhe deu a bênção de mãe e a evolução natural de seu intelecto. Em homenagem à sua mãe querida ele disse: Estala relho malvado/ recordar hoje é meu tema/ quero é rever os antigos/ tropeiros da Borborema. São tropas de burro/ que vem do sertão/ trazendo seus fardos/ de pele e algodão. O passo moroso só a fome galopa/ pois tudo atropela/ os passos da tropa. O duro chicote/ cortando o seu lombo/ Os cascos feridos/ nas pedras aos tombos/ A seca, a poeira/ o sol que desaba/ óh! Longo caminho que nunca se acaba. Assim caminhavam/ as tropas cansadas/ e os bravos tropeiros buscando pousadas/ nos ranchos de aguada/ nos tempos de outrora/ saindo mais cedo/ que a barra da aurora/ Riqueza da terra que tanto se expande/ e que hoje se chama de Campina Grande/ foi grande por eles/ que foram os primeiros/ óh tropas de burros/ óh! Velhos tropeiros.

            O amor dos campinenses por Campina Grande é tão grande que faz os quatro cantos do país gritarem o nome desta cidade. Isto se vê no fanatismo pelo Treze e Campinense, as maiores equipes futebolísticas da cidade e que devotam toda a tensão da população da cidade, com os entusiasmos próprios de um bairrismo exagerado de quem ama com afinco seu torrão natal. Neste contraste de fanatismo e ceticismo, de pobres e ricos e de analfabetismos e intelectuais, Campina sedia a Academia Campinense de Letras, a Associação de Poetas e Repentistas, a Associação de Poetas e Escritores da cidade e algumas Entidades que enaltecem e glorificam este belo lugar.

            11 de outubro de 1987, com simplicidade Campina Grande completa 123 anos de muita labuta, muitas glórias e sobretudo, muita felicidade por ser esta cidade bela e formosa. Neste clima de muita alegria é que se diz: Parabéns Campina, Rainha da Borborema/ É mais uma data em tua feliz vida/ É mais uma festa nesta tua lida/ A mais brilhante que virou poema. Poema de amor, símbolo de esperança/ Teus poetas remontam fácil tua história/ Eles próprios organizam na memória/ As glórias que hoje são lembranças. Campina, esta é tua data vibrante/ que invoca a Rozil Cavalcante/ Para cantar tua maior alegria. Porém, os forrós das noites tão meninas/ Relembram as praças alegres de Campina/ com um toque de amor e melodia.

            É nesta data que os sinos tocam mais fortes. Que as flores desabrocham mais cedo. Que as crianças pulam mais do que nos outros dias e riem de alegria, inconscientes de que Campina Grande é a mais bela cidade do interior paraibano. Campina Grande é a mãe mais apaixonada por seus filhos legítimos e adotivos, quando abre seus braços e acolhe numa igualdade inconfundível de uma mãe que aguenta tudo, para não ver seu filho sofrer. Assim tem sido Campina Grande, ao abraçar diuturnamente pessoas e mais pessoas que chegam a participar deste sólo e clima, um dos mais aconchegantes do país onde não há discriminação. Todos são filhos de igual por igual, quer seja rico ou pobre, religioso ou ateu, ou preto ou branco. Todos são gente.

            Por isso, campinenses da Paraíba, Campina Grande não só merece estas festividades que são levadas a efeito, mas ela merece uma festividade eterna, nas ruas da cidade e nos corações daqueles que amam de verdade este solo cheio de amor, de pureza e de júbilos hoje e sempre. Campina não tem estação predileta. Outono, verão, primavera e inverno se confundem com uma só a das flores, porque os perfumes que exalam nos quatro cantos da cidade, são o perfume eterno de muitas felicidades, por isso, a primavera está sempre presente em todos os meses do ano. Campina, tu és flores. Tu és encanto. E tu és, acima de tudo, o berço mais querido que a Paraíba pode ter. Por isto, campinenses, parabéns Campina, tu ainda és menina que muito, muito se expande.

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