UMA ECONOMIA COMUNITÁRIA
BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

 

ECONOMIA, POLÍTICA E SOCIEDADE

Luiz Gonzaga de Sousa

 

 

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UMA ECONOMIA COMUNITÁRIA

O mundo inteiro caminha para uma luta conjunta entre os povos, para se conseguirem os objetivos comuns à sociedade, mais especificamente, a organizações que trabalhem com interesses congregados, tais como: as Sociedades de Amigos de Bairro, os Sindicatos, os Cartéis, os Holdings e algumas outras formas de associações que visem ao bem-estar de um todo. O que se observa na atualidade é a formação de conglomerados que tenham poder de reivindicar e conseguir as suas proposituras, pois já dizia um refrão popular: "o povo unido jamais será vencido", e isto é verdade quando, nesta união de forças, haja, na verdade, a participação dos interessados em resolver seus problemas. É nesta filosofia que também os agentes econômicos deveriam unir-se na busca de uma solução para os problemas econômicos, com a formação de uma economia comunitária.

É notória a ganância que existe na índole dos capitalistas, quer sejam pequenos, micros, médios ou grandes. A demanda incessante pelo lucro faz com que os pequenos generalizados não se unam por uma política que diga respeito a uma economia comunitária, tal como cooperativas, ou até mesmo, associações que não tenham somente sentido reivindicatório, mas também de produção e venda, de tal maneira que, comunitariamente, consiga-se crescer e participar da economia de igual para igual com os grandes, pois os pequenos não têm condições de competir com os poderosos donos de grande capital que sempre querem ficar sós, como monopólio comercial. Já está comprovado que o associativismo tem forças para resolver os problemas comuns a determinada comunidade e a economia deveria, dentro de um processo de liderança fazer o mesmo.

Ao se querer conceituar uma economia comunitária, é preciso entender sobre o conceito de cooperativa, tendo em vista que as cooperativas é uma primeira definição de economia. Neste sentido, um professor alemão foi quem primeiro escreveu sobre o assunto, pois naquela oportunidade, STAUDING (1908)[1] professou que uma cooperativa é uma associação aberta a todos, que outorgue iguais direitos e responsabilidades a seus membros, que se dedicam a uma empresa econômica por conta própria, e em que os benefícios se repartam entre os membros em proporção ao uso que fazem da empresa mesma, independentemente de sua participação no capital da sociedade. Este ponto de vista sobre cooperativa demonstra claramente, que o produto gerado no processo de produção deve ser repartido eficientemente entre os que participam de sua manufatura.

Buscando introduzir os movimentos cooperativos na estrutura econômica e também relacionando ao aspecto político de maneira mais avançada, é que o professor CASSELMAN (1973)[2] tentou demonstrar que o cooperativismo é um sistema econômico com um conteúdo social. Seu ideal inclui tanto elementos econômicos como sociais. Os ideais econômicos afetam a empresa comercial, em seus métodos e operações; os ideais sociais têm uma ingerência direta sobre a associação de pessoas que constituem a sociedade, particularmente no que diz respeito às relações pessoais e de sócios. As palavras de CASSELMAN fortificam o aspecto de que a cooperação seja uma das maneiras de salvar o capitalismo, mesmo se sabendo que os movimentos associativos não se afinam com as posturas capitalistas, pela própria filosofia capitalista da ganância pelo lucro excessivo.

Ainda com respeito às cooperativas, o Dr. Walter PREUSS (1975)[3] relatou que uma cooperativa pura é uma associação que se baseia sobre o princípio da incorporação voluntária de seus membros; esta incorporação deve ser aberta, em princípio, e até onde seja compatível com as possibilidades econômicas de cada célula cooperativa, a todos e a cada um, sem distinção alguma. A associação pode ser parte de uma cadeia de grupos ligados jurídica e economicamente, que trabalham em prol de um ideal social comum, e ligados pelas atividades comuns em uma organização econômica unida. Uma cooperativa trata de promover o bem-estar de seus membros assim como os interesses de toda a organização; a distribuição dos benefícios em uma cooperativa pura não se faz em proporção ao capital investido, senão em proporção ao trabalho ou serviço proporcionados por cada membro.

Todavia, Karl KAUTSKY (1983)[4] resumiu seu ponto de vista sobre cooperativismo da seguinte maneira: a produção cooperativa para o próprio consumo prevaleceu como forma de produção, quando não adquiriu grande incremento de manufatura de artigos. à medida que cresceram os meios de produção e se expandiram os métodos, produziu-se uma mudança na natureza, volume e alcance da autoridade das cooperativas de produção. Porém, horda ou clã, associação de venda ou cooperativa "hogarenha" (uma grande família aldeana), todas elas tinham em comum uma série de características fundamentais. Os meios de produção eram propriedades da cooperativa. Seus membros livres e iguais trabalhavam conjuntamente de acordo com costumes ou planos preparados, sob a direção de um administrador escolhido e responsável por tudo. O fruto do trabalho comum pertencia à cooperativa, que o usava em parte para satisfazer às necessidades comuns (de consumo ou produção) e em parte o distribuía entre as pessoas ou grupos que integravam a cooperativa, de um modo já fixado pelo costume ou decidido em forma coletiva. Este tipo de produção cooperativa para o próprio consumo não é outra coisa que uma produção comunista, ou socialista, como se chama hoje; só ela é suscetível de recolocar a produção de mercadorias e se converte em uma única forma de produção quando a produção de mercadorias se faz impossível.

O cooperativismo dentro do aspecto econômico começa com uma dificuldade de fundamental importância, pois, dentro de uma economia capitalista, os bens são privados e, no socialismo, são coletivos e daí, pergunta-se: como superar este problema? A este respeito coloca E. MILHAUD (1970)[5] em um de seus trabalhos que todavia, por mais importante que seja este caráter de empresa privada(isto é, que não faz parte do setor público), não é um elemento essencial em sua natureza. Só define seu lugar em um sentido puramente jurídico, sem penetrar em sua essência mesma. A palavra privado, em conotação coletiva, é a mais apta para definir empresas formadas por donos de capital, que juntam seus recursos com o objetivo de aumentar esse capital; do mesmo modo se justificaria que os cooperadores consideram a sociedade cooperativa como um todo, menos uma empresa privada, posto que todos podem converter-se em membros da mesma. Uma sociedade cooperativa é uma empresa social que trabalha para o interesse da comunidade como um todo. Esse é o objetivo e essa é a missão de todas as organizações cooperativas... Em todas as etapas, o interesse privado cede seu lugar ao interesse geral.

É no contexto dos princípios do cooperativismo e na filosofia de um socialismo democrático que se busca o entendimento de uma economia comunitária, pois se observa no mundo real que uma quantidade volumosa de profissionais e recursos são perdidos por falta de quem melhor estruture uma política de alocação eficiente das potencialidades da população. O número de desempregados é grande em todos os tipos de profissão, tais como: mecânicos, costureiras, soldadores, trabalhador rural, escritores, sapateiros e muitas outras profissões que poderiam ser muito bem aproveitadas se o senso comunitário fosse o princípio básico deste exército industrial de reservas provocado pelo capital monopolista. Isto acontece porque não existe liderança na atualidade que busque organizar as classes por profissão e criar uma economia comunitária, cujo dono é a própria classe de trabalhadores participantes da associação.

Uma empresa ou economia comunitária funcionaria com a captação dos recursos dos próprios associados a esta organização ou, até mesmo, de um projeto que pudesse ser financiado por qualquer banco de fomento a este tipo de atividade. Para uma boa administração desta associação, os comunitários, em Assembléia Geral, escolheriam um administrador competente e capaz para gerir as atividades que seriam desenvolvidas e no final de cada mês ou semana, dependendo do ajustado, seriam prestadas contas do acontecido durante determinado período. As atividades profissionais seriam dirigidas por uma pessoa capacitada e que determinasse as tarefas que seriam executadas por cada membro profissional participante da associação e, se a cota estabelecida pela direção não fosse alcançada, o Conselho Diretor da Entidade tomaria as devidas providências democráticas de como punir os preguiçosos ou incapazes de executar as suas tarefas.

Para o escoamento da produção gerada pelos trabalhadores da entidade seria preciso contratar um gerente de criação de mercado e vendas para tudo aquilo que for gerado no processo de produção, de tal maneira que não haja estoques prejudiciais ao bom andamento da atividade executada pela economia comunitária. No final de cada período de trabalho seria feita uma reunião de assembléia e Conselho Diretor para a repartição das receitas geradas. A distribuição obedeceria ao princípio de acumulação de capital, tendo em vista que se precisa dinamizar a atividade produtiva, com melhores tecnologias, tanto no que diz respeito ao aperfeiçoamento da mão-de-obra empregada, como do capital físico que está sendo utilizado como meio de produção. Para uma expansão eficiente é preciso que haja um planejamento eficaz para que sejam minimizadas as perdas e, consequentemente, maximizados os ganhos da associação de cunho comunitário.

Esta é a única solução que um sistema capitalista tem para os micros, pequenos e médios produtores para sobreviverem junto aos grandes capitais, pois até mesmo os maiores já praticam os conluios, cartéis ou qualquer outra forma de associação no intuito de barrarem a concorrência, cuja verdade, o princípio objetivo é a supremacia do monopólio. Mesmo que uma empresa comunitária, ao nível de cooperativismo, sobreviva mais eficientemente nos países socialistas, do que dentro da estrutura capitalista, também se pode conscientizar seu povo a adotar estes legados fundamentais, que é uma maneira de limitar o crescimento exacerbado de uma estrutura de exploração do homem pelo homem, na demanda de idolatrar a máquina. Esta é a solução mais viável para as crises do terceiro-mundo e, mais ainda, é a solução para que o bem-estar da sociedade seja repartido equitativamente entre todos e, desta forma, ter-se-á minorada a miséria, o analfabetismo e, sobretudo, a desconfiança na economia.

 


[1] R. Stauding. In: U. Johannen, Org. A Problemática Cooperativista no Desenvolvimento Econômico. São Paulo, 1973, p. 78.

[2] Paul H. Casselman. The Cooperative Movement and Some of its Problems. New York: Philosophical Library, 1952, p. 18.

[3] Walter Preuss. El Cooperativismo en Israel y en Mundo. Tel Aviv, 1963, p. 12

[4] Karl Kautsky. Theorien über den Mehrwert. 1910, p. 124.

[5] E. Milhoud. In: Rosendo Coria Rojas, Introdución al Estudio de Cooperativismo. México, Fondo de Cultura Econômica, 1961, p. 36.

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