7. As forças econômicas da Globalização
A globalização econômica é uma real idade.
Globalização, conjunto de transformações políticas, econômicas e culturais que pretende a integração do mundo e do pensamento em um só mercado. A idéia da globalização é conseqüência da velocidade com que, cada vez mais, as informações são processadas.
A economia globalizada permite que haja um movimento em direção à globalização cultural. Hoje, através da Internet, um estudante ou pesquisador acessa, sem sair de casa, qualquer biblioteca ou universidade do planeta.
Os contatos humanos e as pesquisas exigem que os habitantes de um país tenham, ao menos, conhecimento básico do idioma de outros países. Acontecimentos no outro lado do mundo podem ser acompanhados on-line e em tempo real.
Apesar de a globalização uniformizar o pensamento, ela também o diferencia por sublinhar as características regionais e não deixar dúvidas, nos consumidores, de que aqueles que não detêm tecnologia estão excluídos do grande sistema que pretende gerar um pensamento universal.
Porém, ainda é cedo para avaliar as conseqüências que esta interação terá sobre as culturas nacionais, principalmente nas dos países do terceiro mundo. Mas já se sabe que a vivência humana globalizada está criando uma nova ética, uma nova forma de pensamento e, nas novas gerações, uma posição mais compreensiva diante de outras maneiras de ser e viver.
Globalização financeira, nova ordem econômica mundial que modificou o papel do Estado na medida que alterou radicalmente a ênfase da ação governamental, que agora é dirigida quase exclusivamente para tornar possível às economias nacionais desenvolverem e sustentarem condições estruturais de competitividade em escala global.
Seus efeitos são de certa forma controversos. Por um lado, a mobilidade dos fluxos financeiros através das fronteiras nacionais pode ser vista como uma forma eficiente de destinar recursos internacionais e de canalizá-los para países emergentes.
Por outro, a possibilidade de usar os capitais de curto prazo para ataques especulativos contra moedas são considerados como uma nova forma de ameaça à estabilidade econômica dos países.
Globalização produtiva, fenômeno mundial associado a uma revolução nos métodos de produção que resultou numa mudança significativa nas vantagens comparativas das nações.
Com a globalização, as fases de produção de uma determinada mercadoria podem ser realizadas em qualquer país e não mais em um mesmo país, pois busca-se aquele que oferecer maiores vantagens econômicas.
Isto tem levado a uma acirrada competição entre países -em particular aqueles em desenvolvimento - por investimentos externos. Em contraste com as décadas passadas, quando julgava-se necessário introduzir controles e restrições para disciplinar, em seus mercados, as atividades das multinacionais, agora, os países em desenvolvimento têm reformulado suas políticas comerciais e econômicas para oferecer um ambiente doméstico atraente para os investimentos externos, os quais se fazem necessários para complementar as suas taxas internas de poupança, geralmente insuficientes.
Os fluxos de mercadorias e capitais, os mercados financeiros globais, as estratégias mundiais das grandes corporações, tudo isso, potencializado pela revolução da informática esculpem a aldeia global.
Mas, ao contrário do que sugerem as aparências, cada um dos progressos na direção da integração dos mercados é fruto de uma decisão política dos Estados.
Foi assim com a desregulamentação dos mercados financeiros, sob o influxo das políticas liberais de Ronald Reagan, nos EUA (1980-88) e Margareth Thatcher na GrãBretanha (1979-90).
Foi assim com o NAFTA, estruturado por iniciativa de Washington e direcionado para a consolidação da hegemonia comercial dos Estados Unidos na América do Norte. Foi assim também com a redução generalizada das barreiras alfandegárias promovidas no quadro de negociações multilaterais do GATT, que culminaram com a conclusão da Rodada do Uruguai e a criação da OMC.
Todo longo processo que conduziu a formação de um mercado comum abrangendo quinze Estados na Europa centro ocidental atesta o papel decisivo dos Estados na promoção da integração econômica.
Os Estados fazem a globalização e podem desfazê-la. A anunciada morte do Estado funciona como suporte para a produção de um discurso pendular, que se move entre a economia mundial e a realidade local. E ssa abordagem, que fecha os olhos para a esfera política das decisões do Estado, termina ignorando precisamente a ponte que interliga o global e o local.
A globalização implica uma nova reformulação das relações entre o Estado e o mercado. Em conseqüência , a noção de soberania é submetida a mais uma revisão.
A multiplicação dos acordos e blocos econômicos regionais constitui um dos fenômenos mais marcantes do pós -Guerra Fria.
Atualmente ao lado da União Européia, perfilam-se o NAFTA ,a Bacia do Pacífico e, em outra escala, o MERCOSUL, o Pacto Andino, o Mercado Comum Centro Americano e muitos outros ainda menos significativos.
A teoria econômica explica que a formação de áreas de livre comércio acarreta duas conseqüências simultâneas.
De um lado fluxos comerciais já existentes são redirecionados , em função da atração exercida pela remoção de barreiras alfandegárias. De outro, criam-se novos fluxos comerciais, na medida em que a retirada de barreiras estimula a importação de mercadorias a custos mais baixos. O primeiro fenômeno atua contra a tendência à globalização; o segundo atua a seu favor.
Atualmente, o forte crescimento do comércio internacional indica que a criação de novas oportunidades de intercâmbio é mais intensa que o re-direcionamento de fluxos já existentes. A causa desse predomínio é simples: as políticas econômicas liberais têm suplantado as estratégias protecionistas.
Mas a globalização não se circunscreve ao comércio. No terreno dos investimentos e da ampliação da área de atuação geográfica das transnacionais, os blocos econômicos representam verdadeiros trampolins para a estruturação de um mercado globalizado.
A regionalização não representa uma barreira para a globalização. Os blocos regionais, pelo contrário, formam a estrutura orgânica da economia mundial. Por isso, o fortalecimento da última implica na multiplicação dos primeiros.
Entretanto, o processo de globalização não representa a generalização de padrões globais mas, ao contrário, a disparidade de conceitos , problemas e visões de mundo em termos de todo o mundo.