CARLOS GOMES
SISTEMA COMUNITÁRIO
No Sistema Comunitário podemos distinguir dois modos de produção:
1. O modo de produção recolector que se caracteriza por uma procura sistemática pelo homem dos bens necessários à sua subsistência, mediante a simples apropriação ou aproveitamento dos produtos que a natureza lhe oferece para se alimentar, tais como: frutos, grãos, raízes, crustáceos, insectos, animais selvagens. Para facilitar esta recolha produz e utiliza os primeiros artefactos e instrumentos de trabalho, ainda que rudimentares. A procura de alimentos obriga o homem a deslocações frequentes pelo que esta fase é, por vezes, denominada de nómada.
2. O modo de produção de bens de subsistência que se caracteriza por uma produção consciente, resultante da própria iniciativa do ser humano, já planeada e que altera profundamente as relações sociais no interior da comunidade e entre elas. A agricultura predomina como forma de produção, inicia-se a domesticação e criação de animais e plantas, novos instrumentos de trabalho são criados ou aperfeiçoados. Os meios de obtenção de alimentos ampliam-se e as populações tendem a fixar-se em espaços próprios, iniciando um modo de vida sedentário. O homem consegue adaptar, em certas condições, o ambiente às suas necessidades.
Apesar das diferenças antropológicas e das diferenças ambientais que os povos encontraram ao espalharem-se pelo mundo, muitos conservaram as características de um modo de vida comum, mesmo em períodos históricos muito diferenciados. As alterações entretanto surgidas no processo produtivo e o seu desenvolvimento foram-se reflectindo no comportamento, na estrutura e organização dos grupos humanos e, consequentemente, no tipo de relações económicas e sociais até então existentes. Na actualidade ainda persiste a existência de povos, em algumas regiões, que praticam as suas actividades produtivas utilizando meios primitivos e mantêm hábitos e costumes herdados das comunidades primitivas.
A base económica do sistema comunitário consiste:
- em assegurar a subsistência do indivíduo, integrado na sua comunidade
- no trabalho conjunto dos seus membros
- na posse colectiva dos meios de produção, limitada à sua comunidade
- na distribuição igualitária dos produtos conseguidos
- na ausência de divisão de classes e antagonismos sociais
- no começo da manipulação das condições naturais em benefício do homem.
Na forma de vida destas sociedades predominam a partilha colectiva, recíproca e solidária.