CARLOS GOMES
REVOLUÇÃO ECONÓMICA E SOCIAL
As sociedades humanas têm evoluído duma forma gradual e contínua, umas vezes com períodos de fraco crescimento ou até de estagnação, outras com etapas de rápido progresso, quando beneficiam de condições favoráveis. Estas mudanças, mais evidentes na esfera económica, podem caracterizar-se por uma evolução lenta, considerada normal, ou por uma transformação das estruturas existentes que se processa com súbitos avanços qualitativos, por vezes, realizada de forma abrupta e até violenta.
As mudanças sociais normais permitem modificações graduais em determinados períodos históricos. Podem ser motivadas pelo aparecimento e introdução de novas ideias, novos conhecimentos científicos e inventos tecnológicos, pela pressão social ou pela acção de personalidades ou elites sociais com características de liderança e influência. As suas motivações não põem, porém, em causa as estruturas existentes.
Entende-se por revolução social o salto qualitativo no desenvolvimento da sociedade originado pelo processo de transição duma estrutura para outra. Este processo de transição radica-se no conflito entre as novas forças produtivas e as relações de produção que já não lhes correspondem. A missão fundamental da revolução social consiste em solucionar este conflito e substituir o velho sistema económico por outro que se harmonize com as novas exigências. Não se traduz necessariamente numa mudança rápida, podendo levar um tempo imenso a realizar-se.
A revolução social é constituída por vários elementos com estreita ligação:
- a revolução económica que consiste no processo do aparecimento do novo modo de produção e a destruição do anterior;
- a revolução política que corresponde ao processo de mudança da superestrutura jurídica e política;
- a revolução cultural que envolve o processo de mudança da fisionomia cultural da sociedade e de profundas alterações na consciência social, na ideologia, na moral, no direito, na religião, a narte, etc.
Na revolução económica, as forças produtivas em crescimento e em mudança pressionam a modificação das relações de produção quando se revelam incapazes de acompanhar as alterações ocorridas. Esta contradição constitui a base das revoluções sociais.