El cooperativismo una alternativa de desarrollo a la globalización neoliberal para América Latina

CARLOS GOMES

ALGUNS RETRATOS COM 500 ANOS

As viagens dos navegadores portugueses e espanhóis proporcionaram, há cerca de 500 anos, um conhecimento generalizado do globo, sobretudo nas proximidades das costas marítimas. Com excepção do continente australiano e de algumas ilhas ainda desertas, poucos áreas habitáveis do globo terrestre havia que não tivessem sido então descobertas ou reconhecidas. Uniram-se fracções da humanidade que tinham permanecido isoladas e que mutuamente se ignoravam. Tratou-se dum encontro de civilizações e de relações, que revolucionou o mundo e contribuiu para se firmar o advento do capitalismo.

Os relatos dos cronistas de então reúnem um conjunto de informações preciosíssimas que permitem analisar e avaliar o estádio de evolução de variados povos de quatro continentes, sob o ponto de vista económico e social. Estes documentos comprovam a presença do ser humano em quase todo o globo e as semelhanças e diferenças de desenvolvimento entre as mais variadas regiões.

Escrevia o matemático português Pedro Nunes “...não há região que, nem por quente, nem por fria, se deixe de habitar; e que, em um mesmo clima e igual distância do equinocial, há homens brancos e pretos e de mui diferentes qualidades”. (Ver “Literatura dos descobrimentos e da expansão portuguesa” de M. Ema Tarracha Ferreira, Ed. Ulisseia)

Estruturas económicas pré-capitalistas, semelhantes às europeias, existiam já em parte do continente asiático, no Norte de África, ou entre as grandes civilizações americanas dos astecas, maias e incas.

No continente asiático os portugueses encontraram civilizações muito avançadas na China, na Índia, na ilha de Ceilão, no Japão, no Sião ou em Java, aptas a enfrentar o impacto com os europeus, tanto em termos mentais como materiais, povos cosmopolitas, um surpreendente e intenso tráfico comercial, bons portos, grandes cidades. Estes países mantinham relações entre si e com a África do Norte, Europa e Próximo Oriente. A actividade mercantil, a exploração do homem e a divisão em classes sociais apresentavam-se perfeitamente definidas.

No Norte de África, a sociedade está alicerçada na produção mercantil, predominantemente agrícola, o comércio desempenha já um papel determinante, ligado a uma intensa actividade artesanal. É prática corrente o tráfico de escravos. No Sara Ocidental, o trabalho dos seus habitantes consiste na guarda dos seus gados, mudam constantemente os seus acampamentos, o seu alimento é leite, algumas vezes carne, algum trigo ou sementes de ervas; as vestes são de couro ou matas. Algumas pessoas estão num nível superior aos restantes, trazem bons vestidos, bons cavalos, andam em tendas com os seus gados, guerreiam os negros e vendem-nos. É corrente um estilo de vida nómada, a prática da escravatura e a estratificação social.

Mais a sul, na África Ocidental, sustentam-se de arroz, milho e legumes; as mulheres cavam, semeiam, fiam algodão, fazem panos para si e para trocarem. Os habitantes vivem em casebres de palha, andam nus, ligeiramente cobertos com algumas cascas de árvore ou peles de cabra. Funciona já um mercado, onde a troca é directa, pois ainda não existe moeda. Os fidalgos vestem camisas de pano de algodão, adquirem cavalos árabes, sedas, pratas, que trocam por escravos e ouro.

No continente americano, apesar da separação durante cerca de 15 mil anos do resto do mundo, coexistiam lado a lado, na mesma época, civilizações com culturas diferentes e até opostas. Porém, a evolução do modo de vida das populações realizou-se na mesma sequência da verificada nos restantes continentes.

Em duas civilizações notáveis, situadas na Meso-América e nos Andes Centrais, caracterizavam-se por:

- grandes reinos e impérios, sociedades bem diferenciadas assentes nas classes sociais e na especialização económica; grandes centros urbanos que rivalizavam em dimensões e estruturas complexas com os seus contemporâneos europeus;

- áreas agrícolas com sofisticadas técnicas de cultivo, com campos drenados, irrigação em grande escala e construção de socalcos ou agricultura de subsistência, derivada de plantas selvagens nativas, algumas estranhas aos europeus e trabalho agrícola assente no uso de utensílios manuais baseados na pedra;

- ausência de animais domésticos, excepto nos Andes Centrais onde os lamas serviam de animais de carga, mas não de tracção, as alpacas forneciam carne e lã e o bronze e o cobre tinham substituído a pedra em muitos fins.

Na Meso-América, a viver nas imediações desta civilização, lado a lado, ainda se encontravam grupos de caçadores-recolectores, coexistindo variantes culturais tão opostas, eventualmente relacionadas com causas climáticas impróprias para a agricultura.

Na América do Norte viviam numerosos povos com uma economia baseada na caça e na colheita de frutos silvestres ou de recursos aquáticos, enquadrados perfeitamente no modo de produção da sociedade comunitária. Outras comunidades aplicavam-se já na agricultura e no fabrico de cerâmica. Existia um certo cultivo de produtos hortícolas, que constituíam uma parte essencial da alimentação, viviam em casas de madeira e aldeias com paliçadas. Algumas comunidades estavam ainda organizadas em clãs, segundo o direito materno, mas em certas tribos vigorava já o direito paterno. A maioria desconhecia ainda o uso de metais, utilizando armas e utensílios de pedra. Noutros locais, já vivia gente a semear trigo ou milho ou a domesticar animais.

Na zona das Caraíbas, as sociedades tribais caracterizavam-se por uma produção alimentar, residência sedentária, organização com base no parentesco, igualitária em termos de estrutura social. Sociedades deste tipo encontravam-se disseminadas por outras áreas do continente americano.

Tanto no Norte como no Sul do continente americano encontraram-se povos com economias baseadas na caça e na recolecção de recursos selvagens, adaptados a uma grande diversidade de ambientes, desde os desertos às florestas tropicais, savanas, pampas ou áreas interiores sub-árticas.

No Brasil, os cronistas portugueses anotaram: a ausência de vestuário; o uso de artefactos de pedra, madeira e ossos e o desconhecimento dos metais; abrigos constituídos por choupanas de rama verde e de fetos grandes ou por cabanas colectivas; ausência de agricultura sistemática; conhecimento de tecelagem, pois utilizavam panos para segurar as crianças ao colo. É interessante transcrever alguns textos que retractam o estilo de vida destes povos:
“... porque não possuem nenhuma fazenda, nem procuram adquiri-la como outros homens, e assim vivem livres de toda a cobiça e desejo desordenado de riquezas”; “Todos são iguais, e em tudo conformes nas condições, que ainda nesta parte vivem justamente e conforme a lei da natureza”; “O comer e mais coisas é acerca comum e assim como algum mata alguma caça ou peixe ou outra coisa, logo reparte por todos que abrange, e os chama para que venham ver”. (Ver “O Confronto do Olhar” de Luís de Albuquerque e outros, pags. 267 e 271, Ed. Caminho)
 

Grupo EUMEDNET de la Universidad de Málaga Mensajes cristianos

Venta, Reparación y Liberación de Teléfonos Móviles
Enciclopedia Virtual
Economistas Diccionarios Presentaciones multimedia y vídeos Manual Economía
Biblioteca Virtual
Libros Gratis Tesis Doctorales Textos de autores clásicos y grandes economistas
Revistas
Contribuciones a la Economía, Revista Académica Virtual
Contribuciones a las Ciencias Sociales
Observatorio de la Economía Latinoamericana
Revista Caribeña de las Ciencias Sociales
Revista Atlante. Cuadernos de Educación
Otras revistas

Servicios
Publicar sus textos Tienda virtual del grupo Eumednet Congresos Académicos - Inscripción - Solicitar Actas - Organizar un Simposio Crear una revista Novedades - Suscribirse al Boletín de Novedades