El cooperativismo una alternativa de desarrollo a la globalización neoliberal para América Latina

CARLOS GOMES

TRANSIÇÃO DA ECONOMIA RECOLECTORA PARA A ECONOMIA DE PRODUÇÃ0 BENS DE SUBSISTÊNCIA

A evolução da sociedade recolectora é muito lenta e a transição para a economia agrícola e pastorícia processou-se em épocas e regiões muito distintas, ao longo de milénios, mas sempre sob formas semelhantes na sua evolução. O homem aprendeu a manufacturar e utilizar ferramentas eficazes e diversos tipos de utensílios, como é o caso dos recipientes, que satisfaziam as necessidades do dia a dia, tão perfeitamente que até hoje algumas das suas formas pouco necessitaram de ser melhoradas. Esses instrumentos permitiram aos produtores dominarem as condições ambientais e desenvolverem novas tradições tecnológicas e culturais.

A obtenção de produtos alimentares deixou de constituir o objectivo quase exclusivo e criou condições propícias ao desenvolvimento de actividades criativas. Nasceu o pensamento abstracto e a noção de estética. A espécie humana interroga-se acerca da natureza, apercebe-se de numerosas leis e relações entre os fenómenos naturais e passa a procurar intervir nesses fenómenos. Muitas actividades criativas coincidem com o aparecimento do ser humano denominado por antropólogos e historiadores de “homo sapiens sapiens”.

As consequências da transição para o modo de produção alimentar sentiram-se na expansão da área ocupada pelas comunidades agro-pecuárias, na migração de grupos populacionais e a sua fixação em locais apropriados ao exercício das suas novas actividades produtivas, o que tem a ver com a existência de prados ou terras férteis ambientes climáticos e geográficos propícios.

Porém, a agricultura não se revelou de imediato como um sistema de fácil difusão. Muitos grupos recolectores tinham conhecimentos suficientes para passarem à fase da produção de alimentos, mas não o fizeram e mantiveram os seus métodos de subsistência tradicionais, mesmo vivendo em estreito contacto com povos agrícolas. O estilo de vida de caça e recolecção, apoiado pela manufactura de utensílios de pedra, não cessou abruptamente, mas sim terá muitas vezes continuado em áreas adjacentes às ocupadas por povos agricultores.

Este comportamento verificou-se sobretudo entre grupos fixados em:

- áreas impróprias para a criação de plantas e animais, onde as condições climáticas, geográficas ou ambientais se revelaram desfavoráveis;

- inversamente, áreas com situações tão favoráveis que punham em causas as vantagens do pastoreio e da agricultura;

- zonas próximas do mar, dos rios ou dos lagos, de pesca abundante;

- localizações com características muito específicas que dificultaram a transição.

Em certas regiões do globo mantiveram-se grupos de caçadores recolectores em áreas inadequadas para a criação de gado e agricultura, vivendo em simbiose com os camponeses das regiões vizinhas. Algumas destas populações perpetuaram os seus costumes ancestrais até aos dias de hoje.

Em regiões tropicais, com escassa população humana, ricas em produtos alimentares, as populações não se sentiram motivadas para alterar a tradição da caça e da simples recolha dos frutos da terra. Com uma vegetação luxuriante, as pessoas escavam a terra e dela tiram um tubérculo, apanham um cacho de bananas de uma árvore, que se multiplica naturalmente, sobem a uma palmeira para pegar um coco, cujo leite bebem e cuja polpa comem. A riqueza do bioma em áreas naturais é tal que põe em causa as vantagens do pastoreio e da agricultura. A caça e a recoleccção proporcionam aí um nível elevado de nutrição com menor dispêndio de tempo e de esforço físico. Esta forma de vida perpetuou-se, em algumas regiões, com poucas mudanças, até tempos muito recentes.

Em ambientes marítimos, lacustres ou fluviais, onde a alimentação assentava na pesca, apanha de mariscos ou da caça a mamíferos aquáticos, os povos mantinham os seus métodos ancestrais e permutavam os seus produtos com as comunidades que já se dedicavam à agricultura ou criação de gado.

São inúmeros os exemplos de recolectores a viverem em estreito contacto com povos agricultores sem adopção da agricultura. Alguns grupos de recolectores, ocupando ainda regiões extremamente vastas, encontravam-se tão bem integrados no seu ambiente natural, que ainda não sentiam a necessidade de se adaptar ao modo de produção alimentar, nem a necessidade de armazenar alimentos além dos de consumo imediato ou durante as estações do ano.

Tribos houve que abandonaram a actividade exclusivamente agrícola e decidiram-se por métodos alternativos para a sua subsistência e outras conservaram o modo de vida nómada, dedicando-se de forma preponderante à criação de animais. Nas estepes a transição para a criação permanente de gado dava os primeiros passos.

Continuaram a existir espaços isolados, verdadeiras ilhas de caçadores e recolectores, que sobreviveram às mudanças e permaneceram em zonas caracterizadas por uma grande concentração de vida selvagem, onde não havia necessidade de recorrer à agricultura para garantir a subsistência.

A barreira do deserto do Sara constituiu um obstáculo à passagem das populações numa altura em que começava a desenvolver-se uma agricultura sedentária na África do Norte. A dificuldade no estabelecimento de contactos humanos viria a influenciar o curso da evolução na África Subsariana, onde o estilo de vida baseado na caça e na recolecção permaneceu bastante imutável até à chegada de povos produtores de alimentos já nos séculos próximos do início da era cristã. Além disso, a riqueza dos recursos alimentares das regiões de savana associada à escassa população não estimularam o cultivo de plantas ou a criação de gado. As formas de vida baseadas na caça e na recolecção perpetuaram-se, com ligeiras mudanças até tempos muito recentes. Em algumas regiões surge a prática duma economia mista em que, a par de um tipo muito rudimentar de produção alimentar, aparece a produção de artefactos de cerâmica ou de pedra polida. Na África Austral comunidades de recolectores partilharam a savana com as populações de agricultores e pastores, estabelecendo relações de mútuo benefício. Nesta região, há cerca de três mil anos, a produção alimentar e a manufactura de cerâmica eram completamente desconhecidas.

A transição assumiu formas diversificadas nas várias regiões europeias. Algumas comunidades, principalmente as estabelecidas nos deltas dos grandes rios, adoptaram apenas um ou outro aspecto do novo tipo de vida, uma forma limitada de agricultura, o fabrico de vasilhas ou criação de apenas algumas espécies de gado. No Centro e Sul da Europa, em poucos milénios foi adoptado o modo de produção agrícola, as populações começaram a domesticar algumas espécies de animais e as comunidades a tornarem-se sedentárias, estabelecendo os seus acampamentos permanentes. Na Europa Oriental, na grande floresta e nas regiões circumpolares, sob condições ecológicas diferentes, a cultura recolectora prolongou-se para além da economia agrícola já praticada noutras regiões. O mesmo aconteceu nas estepes do norte da Europa. Com o derreter das camadas de gelo, os habitantes foram migrando para o norte mantendo aí a sua forma de vida. Na Escandinávia, já liberta dos glaciares, persistiram por muitos séculos as tradições de caça, pesca e recolecção. Este estilo de vida subsistiu em regiões árticas ou desérticas, onde a terra era menos própria para a agricultura.

As condições favoráveis, existentes no Próximo Oriente, contribuíram para um cultivo regular de cereais e criação de animais, que garantiam uma provisão de alimentos para todo o ano. Estes factores facilitaram a transição para o modo de produção de alimentos e permitiram o desenvolvimento dum hábito de vida sedentário em aldeias, que constituíram a base da formação de ulteriores transformações na estrutura económica, que marcaram o percurso histórico da região.

O continente asiático foi palco duma desigualdade no desenvolvimento das diversas regiões. Na Ásia Central, povoações cujos habitantes se dedicam à agricultura e criação de gado confinam com zonas de caçadores das estepes, criadores de gado que adoptaram a vida nómada em áreas semi-desérticas. No Sudeste Asiático observou-se uma situação com a economia de caça e recolecção a persistir após o aparecimento da agricultura, mantendo-se no entanto a existência de mútuas relações. Com muito poucas excepções, algumas comunidades continuaram, por longo tempo, a conviver com vizinhos agricultores ou até com mercadores. Na China, a expansão da cultivo do arroz, segundo uma técnica ainda actual, contribuiu para uma intensificação da actividade agrícola. No Extremo Oriente e Japão reveste-se de considerável interesse a pesca especializada e a actuação dos caçadores marinhos.

Na América do Norte encontram-se algumas áreas com situações ecológicas tão favoráveis que permitiam colheitas comparáveis às conseguidas com a agricultura, capazes de gerar excedentes e permitir a sedentarização. Enquanto surgem numerosas culturas baseadas na domesticação de plantas locais, grande parte da economia mantém-se dependente da recolecção de alimentos combinada com uma agricultura incipiente. Em algumas áreas foi presenciada a existência de sociedades complexas que evoluíram com base numa combinação de produção alimentar e recolha especializada de alimentos. Há conhecimento histórico de ter ocorrido, em algumas regiões, uma longa sucessão de colheitas ruinosas que forçaram a dispersão das aldeias e o regresso temporário das populações ao estilo de vida baseado na caça e na recolecção.

Na Mesoamérica, a população organizada em pequenos bandos igualitários de base familiar, deslocava-se sazonalmente de acordo com os recursos alimentares nas diversas partes do território. Estes grupos tornaram-se semi-sedentários à medida que a cultura de certas plantas, especialmente o milho, se tornava suficientemente produtiva de modo a permitir uma residência prolongada em locais favoráveis. As próprias comunidades de caçadores recolectores obtiveram avanços satisfatórios em vários campos da tecnologia da produção alimentar, bem como na organização da sociedade para a produção. Os conhecimentos básicos adquiridos deram lugar a uma fase intermédia e constituíram um factor crucial para o desenvolvimento e expansão duma forma de vida com agricultores e artesãos.

Na América do Sul, em regiões andinas, as populações estabeleceram circuitos de transumância nas terras altas, domesticação de lamas e guarda de rebanhos nas ravinas e, simultaneamente, caça e colheita de plantas nas terras baixas. A utilização de cereais não produziu alterações significativas no modo de vida das populações. A caça, a pesca e a recolecção continuaram a constituir os principais meios de subsistência. O cultivo ocupou sempre um lugar secundário dentro da economia destas comunidades. Nenhuma espécie de cultura de plantas podia suplantar, em quantidade e qualidade, a grande variedade de frutos, raízes, folhas e rebentos comestíveis que as populações tinham aprendido a explorar e que eram fornecidos pelos mais diversos meios ambientais.

Os aborígenes da Austrália, durante mais de 40 mil anos, até à nossa época, conservaram uma estabilidade e continuidade de estilo de vida nómada baseado na caça e recolecção. Não se tornaram agricultores ou domesticadores de animais. Mantinham contactos com populações da Nova Guiné, mas nem por isso adoptaram a agricultura por sementeira. Não lavravam a terra, mas utilizavam técnicas hortícolas, replantavam inhames e outros tubérculos, estimulavam o crescimento de árvores de fruto. Exploravam frutos secos tóxicos, da família das cicadáceas. Estes frutos, depois de extraído o veneno, eram moídos para a preparação duma espécie de farinha, com que era produzido, por fermentação, um “pão de cicadácea”. O fogo era utilizado como forma de aumentar a produção de alimentos, através da prática da agricultura de queimadas para encorajar o crescimento de plantas alimentares, regenerar as matas, aproveitar as cinzas como adubo e atrair os animais herbívoros para a sua captura. Estes eram, então, mais facilmente mortos à paulada ou com lanças. Tais caçadores não conheciam o arco e a flecha. As suas deslocações contínuas por regiões extensas, permitia-lhes uma recolha ampla de alimentos que ultrapassava as carências de forma mais eficaz do que com uma agricultura, difícil num terreno tão seco e dependente de fontes muito mais restritas. Não produziam excedentes alimentares nem armazenavam. No entanto, havia uma produção de utensílios e ferramentas essenciais, de vestuário de pele e confecção de adornos, semelhante à ocorrida noutros continentes.

 

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