CARLOS GOMES
A POPULAÇÃO
Existe uma estreita relação entre as condições do meio ambiente geográfico e os problemas demográficos que se reflecte, não só nas zonas onde a humanidade teve a sua origem, mas também na sua expansão através dos continentes, na procura de regiões de habitabilidade.
A maioria da população está ocupada no trabalho produtivo, sendo o principal agente da actividade económica. Como tal, esta actividade é influenciada pelo número de habitantes de cada região, pela sua densidade e distribuição territorial e, também, por condicionalismos básicos como a extensão das necessidades. Por sua vez, os factores económicos, como o modo de produção, a qualidade e a quantidade da força de trabalho, afectam o ritmo de crescimento das populações, a esperança de vida e mesmo as formas de agrupamento e movimentações humanas.
A aceleração do crescimento da população é estimulada durante a transição para um modo de produção mais desenvolvido e pela mudança das condições de vida. Por exemplo: a passagem da caça e da simples recolha de frutos e outros alimentos para a fase de domesticação e criação de plantas e animais, foi acompanhada de grandes saltos no aumento da população.
Nos tempos primitivos, com uma população muito reduzida, o meio ambiente e os recursos naturais eram praticamente ilimitados, mas também era ainda escassa a possibilidade do homem exercer a sua influência sobre a natureza. O crescimento foi muito vagaroso no período inicial da formação da sociedade. A procura constante de alimentos, de matérias-primas para a produção de meios de trabalho, de abrigos e ambientes favoráveis ao seu estilo de vida deu lugar a deslocações frequentes das populações ou à sua fixação, quando se lhe deparavam condições excepcionalmente favoráveis.
A capacidade de adaptação aos mais diversos meios ambientais, o excesso de população em determinados períodos e territórios, a procura de alimentos e, eventualmente, o estimulo permanente da descoberta e do conhecimento, conduziu o ser humano a grandes migrações e à sua expansão por todos os continentes. Estas deslocações ocorrem, num movimento contínuo e colectivo, ao longo de milénios e mesmo antes do inicio da produção agrícola que, aliás, contribuiu para fixar o homem à terra.
Em todos as épocas históricas, e mesmo na actualidade, têm existido povos em níveis muito diferentes de progresso social e a viverem em modos de produção distintos. A irregularidade na distribuição espacial das populações, ao longo do tempo, tem contribuído para o atraso de alguns povos em relação a outros.
As migrações, a dispersão por extensas áreas e os distintos graus de desenvolvimento económico e social determinaram influências recíprocas entre os diferentes povos, que assumiram as formas mais diversas, desde os meios de produção utilizados, os conhecimentos científicos e técnicos, as ideologias, as religiões, o comércio, os usos e costumes, até as guerras e conquistas.