CARLOS GOMES
O MEIO AMBIENTE
O conjunto dos elementos onde o homem vive constitui o seu meio ambiente. Este inclui, basicamente, o meio natural e o meio artificial.
No âmbito da ciência económica, o meio natural não envolve todo o Universo, mas apenas aquela parte da Natureza na qual, duma forma ou doutra, o homem intervem no sentido de aproveitar e transformar os recursos naturais com vista a obter os produtos que necessita. A sua interferência no aproveitamento dos recursos naturais amplia-se com o desenvolvimento da sociedade. A exploração dos mares, do subsolo ou do espaço aéreo, ocorre ou expande-se quando as forças produtivas atingem um determinado nível na sua evolução.
A riqueza de recursos naturais constitui um elemento importante da actividade produtiva e, consequentemente, do potencial económico de cada povo. Porém, com o desenvolvimento do processo produtivo diminui, em termos relativos, a dependência das condições naturais.
O meio geográfico e ambiental onde o homem vive e actua inclui:
1. a superfície terrestre com os
diferentes solos, mares, rios, desertos, montanhas, florestas, etc.;
2. as diferentes zonas climatéricas, com as suas alterações no tempo;
3. as fontes naturais dos meios de vida, com abundância ou insuficiência
das diferentes espécies de animais e plantas, fauna e flora;
4. as riquezas provenientes da natureza geológica do subsolo, da energia
solar ou do regime dos ventos.
A configuração do relevo do solo, a altitude ou a planície, facilitam ou opõem-se às comunicações entre as regiões, formando barreiras naturais; a localização da água, em redor da terra, à superfície ou no interior do solo, revela-se insuficiente nos desertos ou excessiva em regiões tropicais e equatoriais. Os oceanos separaram os continentes americanos e australianos durante milénios; o deserto do Sara dividiu o continente africano em duas áreas com evoluções distintas.
As alterações climatéricas e das
condições do meio geográfico e ambiental exerceram uma grande influência
no desigual desenvolvimento económico, ao longo da história, influenciando
o avanço de uns povos e o atraso de outros. Não se pode, porém, daí
inferir que se trate duma condição determinante ou decisiva.
Os seres humanos têm revelado, ao longo de centenas de milénios, uma
grande capacidade de adaptação aos mais variados ambientes, procurando
sempre deles retirar o máximo proveito. Porém, o seu comportamento não tem
sido determinado apenas pela influência do meio natural.
No processo de produção o homem adapta e transforma a natureza, criando um meio ambiente artificial. Dele fazem parte a fertilização das terras, a criação de animais, a plantação de plantas, os povoados, as cidades, os abrigos, os caminhos, os meios de transporte, etc. O aproveitamento das fontes de energia pode ter uma origem natural, como é o caso do fogo, do vento, da água ou da força dos animais domesticados, ou uma origem artificial como acontece a electricidade, a força do vapor ou dos processos químicos e nucleares.
A influência da natureza na sociedade tem um carácter espontâneo, mas a acção exercida pela sociedade sobre a natureza resulta sempre duma motivação consciente dos homens. Esta depende do nível das forças produtivas, do sistema económico e social ou do nível de desenvolvimento técnico e científico.
Com a intervenção excessiva da acção
do homem cresce o perigo duma influência incontrolada sobre o meio
natural, resultante do desconhecimento dos efeitos, da imprudência ou da
ânsia do lucro.