CARLOS GOMES
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
As primeiras sociedades eram igualitárias, demonstrando poucos sinais duma estrutura hierarquizada, sem estratificação social ou regras institucionalizadas, não se discernindo quaisquer distinções sociais. A base da formação de classes sociais distintas assenta na divisão social do trabalho.
A primeira oposição de classes coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher e, consequentemente, a primeira opressão de classe coincide com a do sexo feminino pelo masculino. No seio da família começa a desenhar-se uma escravatura latente, embora muito rudimentar. A mulher, os filhos e outros parentes vão-se tornando escravos do homem, o que corresponde já a uma disposição do trabalho alheio.
A divisão social do trabalho conduz ao agrupamento de pessoas cuja diferente posição na produção começa a ficar socialmente assegurada por formas de apropriação de meios de produção e de bens remanescentes. Entre os criadores de gado regista-se mais cedo a diferenciação económica e social, em consequência do aumento rápido da dimensão dos rebanhos e manadas de gado constituírem uma riqueza significativa.
O aparecimento duma classe de guerreiros responsável pela defesa das aldeias, enquanto os agricultores e pastores se encontravam nos campos, e duma classe de sacerdotes com a missão de proteger e salvaguardar as colheitas e os rebanhos, constituiu o embrião da formação duma futura classe social dominante.
Anteriormente, os indivíduos
capturados eram normalmente mortos ou acolhidos como irmãos na tribo dos
vencedores. Com a introdução do modo agrícola de produção, em algumas
regiões, a situação modificou-se passando os prisioneiros a serem
utilizados para vigiar o gado, iniciando-se o aproveitamento do homem como
meio de trabalho. Começou assim a nascer uma forma de escravatura
primitiva que constituiu um dos primeiros sinais de desintegração do
sistema comunitário. Não se trata, porém, ainda duma produção baseada no
trabalho escravo.