
			Revista académica de economía  
con 
el Número Internacional Normalizado de 
Publicaciones Seriadas ISSN 
1696-8352
  
  
  
Gilson Carlos Visú   (CV)
  gilsonvisu@yahoo.com.br
Universidade Federal da Grande Dourados 
  
  
  
RESUMO: O Programa Territórios da Cidadania, implantado no governo Lula em 2008, propõe um “desenvolvimento sustentável” em áreas de baixo índice de desenvolvimento humano (IDH). O referido programa busca agrupar políticas públicas em uma ação concentrada, aproximando as escalas municipais, estaduais, Federal e a sociedade civil organizada. O Território Cone Sul compreende a área de oito municípios localizados no extremo sul de Mato Grosso do Sul e surgiu das políticas de desenvolvimento através da categoria territorial. O foco principal desta pesquisa de mestrado em Geografia pela Universidade Federal da Grande Dourados, foi identificar se a implementação do Território Cone Sul, trouxe melhorias e desenvolvimento para a região e se ocorre de fato uma sobreposição de territorialidades que dinamizam a economia e se as ações executadas são de caráter territorial. Para tecer a análise proposta, procuramos evidenciar o processo dialético das políticas públicas e através de observação nas visitas ocorridas no trabalho de campo. Os resultados levantados na pesquisa evidenciou uma solidificação das políticas públicas por meio da categoria território, mas, por outro lado, o desconhecimento desta política por parte até mesmo do poder público (prefeitos), dificulta o andamento da implementação das ações, emperrando o prometido desenvolvimento “sustentável” dos territórios viabilizados pelo Programa Territórios da Cidadania.
Palavras-chaves: Território, Territórios da Cidadania, Território Cone Sul; Políticas Públicas.
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Visú, G.: "O programa territórios da cidadania: uma análise a partir do cone sul de Mato Grosso do Sul", en Observatorio de la Economía Latinoamericana, Número 203, 2014. Texto completo en http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/14/territorio.hmtl
INTRODUÇÃO
Este  trabalho objetiva comunicar alguns resultados de parte da pesquisa desenvolvida  no Programa de Pós-graduação em Geografia (mestrado) da UFGD com relação ao  colegiado do Território Cone Sul (TCS).  Como  metodologia utilizamos trabalhos de campo (participação em reuniões do  Colegiado de Desenvolvimento Territorial Rural – CODETER) para levantar dados  qualitativo e publicações relacionadas ao assunto. Assim, foi possível emitirmos  opinião sobre os rumos da organização do colegiado política de desenvolvimento  territorial no denominado “Território Cone Sul” dentro das perspectivas do  Programa Territórios da Cidadania (PTC).
          O  governo brasileiro planejou e vêm executando o Programa “Territórios da  Cidadania”, um programa voltado para a indução do desenvolvimento nas áreas em  que se concentram as populações excluídas, com o objetivo de fomentar mecanismos  que permitam a continuação do crescimento (do desenvolvimento econômico e  “sustentável”). 
          A  política implantada utiliza o conceito de território para planejar/delimitar espaços com características semelhantes, no intuito de  agregar espaços que contenham esses grupos de pessoas mencionados acima. Além  disso, outro critério para a delimitação dos espaços que se tornam territórios  é o IDH1  (Índice de  Desenvolvimento Humano).
              Desta forma, em 2003, foi implantado  o Programa Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais 2, com isso se iniciando  uma nova modalidade de política nacional, política que o governo chama de territorial. O conceito de território é  utilizado para pensar o espaço a ser trabalhado para que atinja níveis de  desenvolvimento territorial, ou seja, um desenvolvimento dinâmico, que possa  movimentar-se através dos fluxos que algumas ações (territoriais) possam desencadear. 
          O  Programa Territórios da Cidadania, implantado no governo Lula em 2008, propõe  um desenvolvimento sustentável através da utilização das dinâmicas  territoriais, dinâmicas com as quais se pretende impulsionar os fluxos e as  redes movimentados em espaços delimitados segundo o critério de semelhança de  características, como, por exemplo, regiões com baixo Índice de Desenvolvimento  Humano (IDH) povoadas com presença de populações indígenas, quilombolas e  pescadoras. 
          O referido programa busca  agrupar as políticas públicas em uma ação concentrada, aproximando as escalas  municipais, estaduais, federal e organizações sociais (sociedade civil  organizada), objetivando a expansão das políticas públicas para lugares que  elas antes não alcançavam ou a que chegavam de forma enviesada. Essa soma de  forças provocaria a viabilização da (re)territorialização /  multiterritorialização 3 (escolhida pelos atores do  território), com isso pretendendo dar impulso às práticas dinâmicas que apontam  para uma sustentabilidade do desenvolvimento, tanto referente à natureza,  quanto aos fatores socioeconômicos. Isto implica a consideração de várias ações  em um mesmo espaço (no mesmo território pode ser possível acessar potenciais  variados, tais como: a cadeia produtiva do leite, a fruticultura, a agricultura  familiar, as organizações associativas e cooperativas, tudo em prol de  atividades que envolvam a produtividade no campo ou na cidade, aproveitando-as  de forma produtiva para efetivar o desenvolvimento “sustentável”4 .
          O Programa Territórios da  Cidadania traz uma proposta de gestão social (participativa), de inclusão dos  atores do território para um planejamento conjunto. Este é um ponto a ser  analisado criteriosamente. Conforme o posicionamento de Frey (2004, p. 121), a  ampliação do debate sobre gestão participativa, que ele chama de governança  interativa, “[...] se deve certamente à retração do Estado promovida pelas  políticas neoliberais das últimas duas décadas”. Assim, a gestão participativa  seria uma forma de o Estado se esquivar do envolvimento direto com as políticas  públicas e, ao mesmo tempo, uma forma de atribuir  responsabilidade aos grupos participantes das decisões.
          Para  o planejamento e execução de um ordenamento territorial deve ser levado em  consideração o complexo sistema de ações e de fluxos que formam o território.  Para Haesbaert (2006), a ideia de ordenamento e reordenamento territorial é  complexa, pois o território está em constante desordem, o que é um fator  positivo, pois significa que o território está em permanente construção. Essa  “desordem” é produtiva, criativa, constituindo um constante “devir”. Assim, é  mais compreensivo que aconteça um constante reordenamento. 
          O  Programa Territórios da Cidadania é pensando pelas fontes oficiais5  com base no conceito de território.  A produção de uma nova espacialidade a partir da ideia de território é o  objetivo principal do programa para que ocorra o desenvolvimento sustentável. 
1 – O TERRITÓRIO CONE SUL (TCS) – LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
O  recorte espacial da pesquisa é o Território Cone Sul (Figura 1), espaço situado  no extremo sul de Mato Grosso do Sul, formado pelos municípios de Eldorado,  Itaquiraí, Iguatemi, Japorã, Mundo Novo, Naviraí, Sete Quedas e Tacuru.  Conforme o Plano Territorial de Desenvolvimento Rural e Sustentável (PTDRS) do  TCS:
          O Território do Cone Sul está situado na  região Cone Sul do estado de Mato Grosso do Sul, inserido no ecossistema de  mata atlântica em transição com o cerrado, formado por oito municípios, sendo  eles, Eldorado, Iguatemi, Itaquiraí, Japorã, Mundo Novo, Naviraí, Sete Quedas e  Tacuru, dos quais três municípios (Japorã, Mundo Novo e Sete Quedas) fazem  fronteiras pela linha internacional com o país vizinho, o Paraguai. Sua  extensão territorial é de 12.737 km² e a população é de 137.376 habitantes. (Mato Grosso do Sul, PTDRS, 2011, p. 17).
                A localização do espaço  que corresponde ao Território Cone Sul o torna estratégico, já que existe uma  importante faixa de fronteira com o Paraguai e, além disso, com o estado do  Paraná. Assim, o Território Cone Sul totaliza uma área de 12.737,889 km² e está  localizado no extremo sul de Mato Grosso do Sul, destacando-se pela importância  geopolítica da fronteira oeste com o Paraguai e a leste com o Paraná (com destaque  para o rio Paraná). 
          A  população total do TCS é de 137.376 habitantes, sendo que 73% desse total vivem  nas cidades e 27% no campo. Apesar de a média da distribuição populacional  (campo/cidade) estar próxima às realidades do interior do Brasil, existem  municípios com características predominantemente rurais, que possuem dinâmicas  distintas uns dos outros. Ressaltamos que alguns deles apresentam a maior parte  da população no campo, que são os casos de: Japorã com 82%, Tacuru  com 63% e Itaquiraí  com 59%. 
          Quanto  ao índice de desenvolvimento humano – IDH – no TCS, em 2010 a média entre os  municípios participantes é de 0,635, enquanto a média estadual (de Mato Grosso  do Sul foi de 0,729, e, a média nacional de 0,727. O Território Cone Sul  apresenta média abaixo da nacional, justificando a política territorial no  recorte espacial do TCS. Além disso, se agruparmos os três municípios citados  com maior percentual de população no campo (Itaquiraí, Japorã e Tacuru),  teremos uma média de IDH de 0,57. Já os municípios com maior percentual  populacional nas zonas urbanas (Eldorado, Iguatemi, Mundo Novo, Naviraí e Sete  Quedas), eles apresentam uma média de 0,669 de IDH. 
          Esses  dados objetivos demonstram que há carências demonstradas no Território Cone  Sul, carências que se agravam onde a maioria da população está no campo, e há  diversidades existentes entre o grupo de municípios que compõe o espaço  delimitado para aplicação do PTC, de modo que alguns agregam intensa pobreza,  mesmo que tenha havido, desde 1991, passando por 2000, melhoria nas condições  de vida da população que se refletiram na melhoria dos dados. 
2 – O COLEGIADO DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL DO CONE SUL (CODETER)
O CODETER é pensado para agregar os “atores” do  território, ou seja, o poder público e a sociedade civil “organizada”, para  possibilitar a elaboração de políticas participativas que nasçam do território  em questão. Acredita-se que, ao permitir esse espaço de participação, as ações  possam acontecer de forma mais efetiva em prol de sanar os empecilhos do  desenvolvimento (territórial sustentável). Conforme o regimento interno do  CODETER:
          O  COLEGIADO TERRITORIAL DO CONE SUL será composto por representantes das  entidades voltadas ao Desenvolvimento Sustentável, funcionando junto aos Fóruns  Municipais de Políticas Públicas e da Agricultura Familiar e Conselhos  Municipais do Território CONE SUL, tendo como público prioritário os  Agricultores Familiares, pescadores artesanais, indígenas e quilombolas dos  oitos (08) municípios: ELDORADO, ITAQUIRAÍ, IGUATEMI, JAPORÃ, MUNDO NOVO,  NAVIRAI, SETE QUEDAS e TACURU. O Colegiado de Desenvolvimento Territorial CONE  SUL apoiado pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do  Desenvolvimento Agrário, desde 14 de julho de 2003, constituir-se-á em espaço  no qual as diferentes esferas de governo e da sociedade civil organizada,  implementarão políticas públicas com foco no desenvolvimento territorial  sustentável, na reforma agrária e na agricultura familiar, sendo composto pelas  seguintes instâncias: I. Plenária Geral; II. Coordenação Territorial; III.  Coordenação Executiva; IV. Núcleo Técnico; V. Comissões Temáticas (Regimento Interno do Colegiado de  Desenvolvimento Territorial Cone Sul – CODETER, p. 2). 
                   Para  refletirmos sobre o funcionamento do colegiado, exporemos, na forma do seu  regimento interno (MDA, 2012), as divisões organizativas existentes, definidas  no artigo 2º do regimento interno da organização:
          A Plenária Geral é composta por  representantes de instituições governamentais de diversas esferas e  organizações da sociedade civil, sendo 50% de representantes governamentais e  50% de representantes das sociedade civil, com direito a voz e voto nas  deliberaões do Colegiado. §1º. Farão parte do Colegiado, na condição de  convidados permanentes, com direito a voz, mas sem direito a voto, os(as)  representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da (SEPROTUR  6). §2º. Poderão ser convidados a participar de reuniões do Colegiado  personalidades e representantes de órgãos e entidades públicas e privadas,  representantes dos Poderes Legislativo e Judiciário, bem como técnicos, sempre que  da pauta constar temas de suas áreas de atuação. §3º. As instituições  governamentais e as organizações da sociedade civil deverão informar seus/suas  representantes com respectivos(as) suplentes, mediante manifestação formal  junto à Coordenação Executiva. §4º Em Caso de substituição de representantes,  esta deverá ser formalizada junto à Coordenação e comunicada na Plenária do  Colegiado. §5º A inclusão de novas instituições e organizações no Colegiado  precisa ser solicitada formalmente à Coordenação Executiva e encaminhada à Plenária  Geral para a sua homologação. (Regimento Interno do Colegiado de  Desenvolvimento Territorial Cone Sul – CODETER, p. 2).
          Pelo citado regimento interno, é  necessário haver paridade na participação do colegiado, sendo metade da sociedade  civil e a outra metade de representantes governamentais. Mesmo assim, no  entanto, no trabalho de campo que realizamos na cidade de Iguatemi em maio de  2011, a participação dos representantes governamentais ficou muito evidente. São  os representantes governamentais que movem o colegiado. Não que não haja a  participação da sociedade civil. Existe, sim, a participação de pessoas ligadas  a movimentos sociais (assentados pela reforma agrária), mas a presença em si  não é participação efetiva. 
          Dentre o público prioritário explicitado na  regimento interno do CODETER (agricultores familiares, pescadores, comunidades  indígenas, comunidades quilombolas, etc.), focamos a nossa pesquisa de campo  entre os agricultores familiares e os grupos indigenas para delimitar o  trabalho e mesmo por serem as comunidades mais numerosas no TCS.
3 – A ATUAÇÃO DO CODETER NO TERRITÓRIO CONE SUL
Ao  participarmos de uma pesquisa de campo em abril de 2013 em Iguatemi (MS), foi  possível participar da assembleia do CODETER e acompanhar a votação de projetos  pensados para o Território Cone Sul (Foto 01). A viabilização dos projetos  envolveria R$ 300.000,00 e seriam aprovados por prioridade territorial, ou  seja, os projetos deveriam ser de natureza territorial, motivo pelo qual o debate  em torno dos projetos envolveu visível processo de convencimento durante o  evento.
          Durante  a discussão dos projetos percebemos uma movimentação em busca de apoios aos  projetos. Os municípios envolvidos buscam parcerias para votarem no projeto que  beneficiará os interesses do município. Os participantes são os representantes  dos municípios (poder público) e os agricultores familiares7  de diversas localidades. 
          Apesar  de observarmos a participação de todos os grupos previstos para compor o  CODETER, pela importância da reunião, que discutia onde ampliar recursos, a  participação dos agricultores familiares foi bastante tímida, e também não  identificamos a presença de representantes das  comunidades indígenas. Nessa reunião (Foto 01) de que participamos, tivemos  a impressão de que os representantes do poder público são as peças-chave para o  colegiado efetivar-se e agir enquanto tal. 
          Sobre a participação efetiva da sociedade civil  organizada no Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Cone Sul, o próprio  Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (2011) avalia negativamente a  capacidade participativa do Colegiado do ponto de vista da diversidade dos  “atores”. É o que se expressa:
          Apenas os/as assentados/as de reforma agrária possuem uma efetiva participação  representativa junto ao Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Cone Sul.  Existe um númmero baixo de representação dos agricultores familiares  tradicionais e grupos de artesanatos. Já os indígenas e pescadores artesanais  existentes neste território, até o momento não estão ocupando seu espaço de  representação dentro da política participativa de desenvolvimento territorial,  demandando a realizaão de ações que fortaleçam o processo de reconhecimento,  identidade e empoderamento, bem como o respeito à diversidade procedendo à  inclusão social/participativa destes segmentos da sociedade. (Mato Grosso do  Sul, PTDRS, 2011, p. 36).
Nos trabalhos de campo realizados, comprova-se a  avaliação/diagnóstico que o Plano Territorial de Desenvolvimento Rural  Sustentável – PTDRS (2011) tem em relação à participação dos assentados pela  reforma agrária no colegiado (CODETER). Do que se pode observar, a participação  expressiva e qualitativa desse segmento do movimento social organizado está  vinculada à prática política acumulada nos movimentos, cuja  cultura de assembleias e de articulação  politica é latente. Já os indigenas, observa-se que, pela mesma questão  cultural, têm dificuldade de ocuparem o espaço de representação que lhes é  próprio. Além disso, em conversas realizadas durante visitas realizadas em  aldeias (Cerrito e Porto Lindo, em Eldorado e em Japorã), foi possível notar  desconhecimento sobre essa oportunidade de participação. Na verdade, não  conhecem nem mesmo o Programa Territórios da Cidadania (apesar de serem  atendidos pelo Programa). Certamente tal condição de desconhecimento, no  processo de definição de investimentos no programa, é um obstáculo para uns  (índios) e uma vantagem para outros (assentados da reforma agrária).                
                              Sobre essa situação  encontramos, também no PTDRS (2011, p. 35), a avaliação de que “[...] a  presença da agricultura familiar é expressiva no Território Cone Sul, fruto da  política de reforma agrária Federal”. Essa condição certamente responde a uma  nova situação fundiária no territorio Cone Sul, com expressiva presença de  pequenos proprietários e assentados e favorecendo políticas voltadas para a  agricultura familiar. Trata-se de compreender que, historicamente, na busca da  ocupação das fronteiras, os assentamentos formam uma opção geopolítica. Neste  começo de século XXI, a estratégia está na busca de diversificação da produção  com agregação de valor usando pequenas frações de terra para ocupar o  território e promover a geração de renda. sobretudo pela produção de alimentos,  mas não apenas.
          Ratifica-se  que os municípios que compõem o território Cone Sul apresentam características  socioeconômicas distintas uns dos outros. Por essa razão, a conjuntura política  entre os atores do território é delicada e inspira uma análise reflexiva sobre  as condições locais de cada município para que se possa compreender a dinâmica  territorial existente.  
              As demandas, da mesma forma que as  características dos municípios do TCS, também não são iguais. São diferenciadas  e pontuais para cada município, mas também dentro de cada município em função  das diferenças sociais e culturais entre os grupos. Apresentam-se, pois,  aspectos próprios da participação que agregam desiguais em condições de  “iguais”, mantendo, assim, a desigualdade. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pela  observação em algumas reuniões de que participamos, foi possível verificar que  alguns dos representantes são mais motivados. Alguns demonstram mais  envolvimento com a causa. Todavia, o CODETER é um espaço de representatividade  e de poder, espaço no qual as diferenças políticas e os interesses de grupos  interferem na lapidação do território. O território pode ser modelado conforme  a vontade “política” do grupo.
          As  relações políticas no espaço que corresponde ao TCS são cruciais para a  impressão da característica desejada para o território. Este será o produto das  forças políticas que se enfrentam no CODETER para defender interesses políticos  ou institucionais que determinam a produção e reprodução do espaço do  território Cone Sul.  
          Devemos  lembrar que, para haver repercussão no espaço que corresponde o TCS, os debates  ocorridos no CODETER são ações orientadoras para tais produções ou reproduções  espaciais. Nessas ações do CODETER existem, no entanto, contradições ou,  melhor, ao mesmo tempo em que o CODETER deveria ser o motor de planejamento do  TCS, enfrenta problemas relativos à participação. A realização das reuniões e  assembleias cumprem a agenda do Programa Territórios da Cidadania, no entanto,  não congrega a maioria das representatividades dos 8 munícipios do TCS. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ARAÚJO,  T. B. Gestão social para desenvolvimento sustentável e democrático dos  territórios. In: ARAÚJO, T. B. et al. Gestão  social dos territórios. Brasília, DF: ICCA, 2009. p. 35-51 (Série  Desenvolvimento Rural Sustentável. v. 10).
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BRASIL.  Programa Territórios da Cidadania. Disponível em: <http://www.territorios  dacidadania.gov.br/dotlrn/clubs/territriosrurais/one-community>. Acesso em:  4 jul. 2012.
          CODETER. Regimento interno do colegiado de  desenvolvimento territorial Cone Sul. Iguatemi, 2010.
          FREY,  K. Governança interativa: uma concepção para compreender a gestão pública  participativa? Política & Sociedade,  n. 5, p. 119-138, out. 2004. Disponível em: <http:// www.periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/view/1982>  Acesso em: jul. 2012.
          HAESBAERT,  R. Desterritorialização, multiterritorialidade e regionalização. In: Ministério  da Integração Nacional. Para pensar uma Política Nacional de Ordenamento  Territorial. Anais da Oficina sobre a  Política Nacional de Ordenamento Territorial, realizada em 13-14 de  novembro de 2003. Brasília, 2005. 
          MATO  GROSSO DO SUL. SEPROTUR – Secretaria de  Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do  Turismo. Disponíveol em: <http://www.seprotur.ms.gov.br>. Acesso em:  27 jun. 2013, 19:20.  
          ONU.  Organização das Nações Unidas. Programa  das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Disponível em: http://www.pnud.org.br/IDH/DH.aspx.  Acesso em: 30 jul. 2013.
2 “O Programa Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais (Pronat) é implementado pela SDT desde 2003 e conta com a parceria de diversas instituições da sociedade civil, nos governos federal, estaduais e municipais. O Pronat começou a operar em 2004 em 65 territórios. Em 2006, abrangia 118 e, atualmente, conta com 164 territórios rurais compostos por 2,5 mil municípios. Deste total, 120 foram incorporados ao Programa Territórios da Cidadania, criado pelo governo federal em 2008 e coordenado pela Casa Civil da Presidência da República. A SDT atua nos territórios apoiando a organização e o fortalecimento institucional dos atores sociais locais na gestão participativa. O Pronat conta com colegiados de âmbito territorial, fóruns constituídos em cada território por instituições da sociedade civil e do poder público, responsáveis pelo planejamento territorial, pela articulação institucional, elaboração de propostas e projetos técnicos, acompanhamento e controle social das ações do Programa e de outras políticas públicas que concorrem para o desenvolvimento sustentável dos territórios”. Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário. Disponível em: http://portal. mda.gov.br/portal/sdt/programas/Territorios_rurais. Acesso em: 30 jul. 2013.
3 Segundo Haesbaert (2005, p. 19), “[...] a multiterritorialidade é, se não a forma dominante, pelo menos a forma contemporânea ou ‘pós-moderna’ da reterritorialização, a qual muitos autores, equivocadamente, preferem caracterizar como desterritorialização. Ela é consequência direta da predominância dos territórios rede, sobrepostos e descontínuos, sobre os territórios zona, exclusivistas e contínuos, que marcaram aquilo que se pode denominar de modernidade clássica, dominada pela lógica territorial exclusivista de padrão estatal”.
4 Segundo Araújo (2009, p. 35), “[...] o conceito de desenvolvimento sustentável que, normalmente, é representado com três círculos para indicar as dimensões econômica, social e ambiental, supondo que o cultural está considerado dentro do social. [...] Estamos tratando de um conceito novo, e não do conceito com o qual trabalhamos no século XX. Uma mudança é que a dimensão ambiental se impôs no debate, assim como a dimensão social e cultural”.
5 Site oficial do Programa: http://www.territoriosdacidadania.gov.br/dotlrn/clubs/territriosrurais/one-commu nity. Acesso em: jun. 2012.
6 A SEPROTUR é a Secretaria de Estado Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo. Trata-se de uma secretaria estadual com o objetivo de “Viabilizar o desenvolvimento das principais cadeias produtivas do Estado, qualificando e agregando valor à produção, integrando os diversos agentes, tornando-os competitivos e capazes de ampliar e diversificar a oferta de produtos, gerar empregos e incrementar a renda da população sul-mato-grossense”. Fonte: Mato Grosso do Sul. In:http://www.seprotur.ms.gov.br. Acesso em: 27 jun. 2013.
7 Na assembleia havia agricultores familiares de todos os municípios envolvidos. Ocorre, no entanto, que a ida desses agricultores foi promovida pelas prefeituras. Não havia produtores por conta própria. Os presentes tinham comparecido em carros disponibilizados pelas prefeituras.