Observatorio de la Economía Latinoamericana


Revista académica de economía
con el Número Internacional Normalizado de
Publicaciones Seriadas ISSN 1696-8352

ECONOMÍA DO BRASIL

USO E COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS DA ÁREA DE CONCESSÃO FLORESTAL MAMURU- ARAPIUNS, ESTADO DO PARÁ-AMAZÔNIA-BRASIL





Etiane de Souza Silva (CV)
Francisco de Assis Oliveira (CV)
Heriberto Wagner Amanajás Pena (CV)
professorheriberto@gmail.com
IDEFLOR, UFRA, UEPA





RESUMO – Objetivando avaliar o potencial de uso e comercialização de espécies arbóreas e palmeiras que fornecem produtos florestais não madeireiros - PFNMs. Foram amostrados 20% das famílias, buscando-se registrar as espécies vegetais e seus usos, demanda e visão de comércio dos comunitários em relação aos PFNMs, permitindo obter dados quali-quantitativos de produtos florestais, incluindo cascas, óleos, palha e demais subprodutos. Na Arapiuns, as espécies mais citadas foram Oenocarpus distichus, Astrocaryum chambira, Mauritia flexuosa, Copaifera reticulata, Jessenia bataua, Himatanthus sucuuba. Na Mamuru, Oenocarpus distichus, Euterpe oleracea, Aniba canelilla, Himatanthus sucuuba, Brosimum parinarioides, Jessenia bataua, Aspidosperma sp., Bertholletia excelsa e Endopleura uchi foram as mais citadas. A Mamuru apresentou um número maior de espécies comercializadas (20) com relação à Arapiuns (12), bem como, valores maiores para os produtos e subprodutos. Sugere-se a implementação de política de manejo florestal para PFNMs, que possibilite a regulamentação destes produtos e, desta forma, incentive a exploração sustentável.

Palavras-chave: comunidade, manejo florestal, Amazônia.

USE AND MARKETING OF NON-TIMBER FOREST AREA GRANT FOREST IN THE FIELD OF FORESTRY GRANT MAMURU-ARAPIUNS.

ABSTRACT - To evaluate the potential use and marketing of tree species and palm trees that provide non-timber forest products - NTFPs. 20% of sampled households, trying to record the plant species and their uses, demand and trade vision of community in relation to NTFPs, allowing to obtain qualitative and quantitative data of forest products, including bark, oil, straw and other by-products. In Arapiuns, the species most frequently cited were. In Arapiuns, the species most frequently cited were Oenocarpus distichus, Astrocaryum chambira, Mauritia flexuosa, Copaifera reticulata, Jessenia bataua, Himatanthus sucuuba. In Mamuru, Oenocarpus distichus, Euterpe oleracea, Aniba canelilla Himatanthus sucuuba, Brosimum parinarioides, Jessenia bataua Aspidosperma sp., Bertholletia excelsa and Endopleura uchi were the most cited. The Mamuru presented a greater number of species traded (20) with respect to Arapiuns (12), as well as higher values ​​for products and byproducts. We suggest the implementation of forest management policy for NTFPs, which allows the regulation of these products and thus encourage sustainable.

Keywords: community forest management, Amazon.

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Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

de Souza Silva, E., de Assis Oliveira, F. y Amanajás Pena, H.: "Uso e comercialização de produtos florestais não madeireiros da área de concessão florestal Mamuru- Arapiuns, estado do Pará-Amazônia-Brasil", en Observatorio de la Economía Latinoamericana, Número 201, 2014. Texto completo en http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/14/productos-florestais.hmtl


1. INTRODUÇÃO
As florestas fornecem uma variada gama de produtos, tanto madeireiros como não madeireiros. Contudo, a maior parte dos estudos e pesquisas é voltada para os produtos provenientes da madeira (SAQUETTA et al., 2010)
O PFNM é aquele oriundo da floresta que não seja madeira, como os componentes vegetais (folhas, frutos, flores, sementes, palmitos, raízes, bulbos, cascas, fibras, cipós, entre outros), óleos essenciais, exsudatos, bambus, plantas medicinais, ornamentais, fungos, e pequenos animais (WICKENS, 1991; SHANLEY e MEDINA, 2005; MACHADO, 2008).

Lima e Moura (2004) consideram que o termo retrata todos os produtos de origem vegetal, não oriundos da fibra da madeira. Já Gautam e Watanabe (2004) definem os PFNMs como produtos vegetais obtidos a partir da floresta quando não há supressão das árvores.

A atividade de extração de PFNM tem que buscar o equilíbrio entre a produção econômica e a conservação da floresta, mediante a melhoria da qualidade geral das operações de extração, preservando e conservando os recursos naturais e ao mesmo tempo mantendo trabalho e renda aos extrativistas (BALZON et al., 2004).

Uma das formas de valorização econômica de florestas, mantendo-as em pé, é a utilização sustentável de recursos florestais não madeireiros (SHANLEY et al., 1998). Este tipo de uso, além de conservar a floresta e manter os seus serviços, é uma atividade acessível e constante às famílias rurais, particularmente àquelas com menor renda (SCHWARTZ et al., 2008).

Até poucos anos estes produtos eram considerados com desinteresse, manifestado inclusive na definição "minor forest outputs" (pequenas saídas florestais). Entretanto, estes produtos podem gerar retornos consideráveis na manutenção de populações de países do terceiro mundo (ARNOLD e PÉREZ, 1995). No entanto, Santos et al. (2003), acrescentam que o desafio em transformar muitos desses produtos em alternativas comerciais, sociais e ecológicas viáveis, é a correta quantificação e projeção do seu valor.

 Visando melhor utilização dos recursos florestais não madeireiros, bem como sua contribuição para o desenvolvimento socioeconômico das populações tradicionais de regiões florestais, ao mesmo tempo em que possibilita a sua conservação, o estudo objetivou avaliar o potencial de uso e comercialização de espécies arbóreas que fornecem produtos florestais não madeireiros.

2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Área de estudo
O estudo foi realizado em área de concessão florestal da Mamuru-Arapiuns (Gleba Mamuru, Nova Olinda I e II), a qual tem uma área de aproximadamente de 600.000 hectares, localizado nos municípios de Santarém, Juruti, Aveiro e Itaituba, no Estado do Pará (Figura 01).

O clima da região é quente e úmido, com temperatura média anual entre 25 a 28 º C. A concentração de chuvas ocorre entre janeiro a julho, resultando em uma precipitação média anual de 1.820 mm (IGBE, 1992). O solo é do tipo Latossolo amarelo para as áreas de terra-firme e Gleissolo háplico em áreas alagáveis (EMBRAPA, 2007).

Conforme Manflops (2010) a área de estudo apresenta quatro tipos florestais, sendo:
- Floresta Ombrófila Densa Terras Baixas Dossel Emergente - Dbe (246.321,394 ha). Situada em áreas de terrenos sedimentares do terciário/ quaternário – terraços, planícies e depressões aplanadas não susceptíveis a inundações, apresentando uma florística bastante típica, caracterizada por ecótipos de dossel emergente (IBGE, 2012);
- Floresta Ombrófila Densa Terras Baixas Dossel Emergente + Aberta com Palmeiras - Dbe+Abp (304.918,307 ha). São consideradas vegetações em processo de transição de um dossel denso para aberto, caracterizando-se pela alteração na fisionomia ecológica, sendo revestidos com a presença de palmeiras (IBGE, 2012);
- Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras - Abp (4.444,451 ha). Apresenta dossel aberto, são, em geral, revestidos por comunidades florestais com palmeiras por toda a Amazônia e até mesmo fora dela (IBGE, 2012);
- Floresta Ombrófila Aluvial Dossel Uniforme - Dau (9.057,537 ha). Tipicamente com vegetação densa, com muitas palmeiras no estrato dominado e na submata (IBGE, 2012).

A hidrografia da região é caracterizada por apresentar quatro bacias principais: a Bacia do Rio Amazonas, constitui-se na principal bacia, pois favorece o acesso à região (entrada/saída); Bacia do Rio Tapajós, o rio Tapajós, principal formador da Bacia, tem o encalce defronte da “Área de Influência” do estudo; Bacia do Rio Arapiuns, localizada entre as bacias do Tapajós e do Amazonas; e Bacia do Rio Mamuru, parte de sua área esta no estado do Amazonas e parte no estado do Pará (MAFLOPS, 2010).

2.2 Amostragem e Coleta dos Dados
A amostragem foi do tipo não probabilística intencional (ou por julgamento). A suposição básica da amostra intencional é que, com bom julgamento e estratégia adequada, podem ser escolhidos os casos a serem incluídos, chegando assim a amostras que sejam satisfatórias para as necessidades da pesquisa (MATTAR, 1993).

A amostragem abrangeu 20% das famílias de 20 comunidades (Cachoeira Aruã, Câmara, Curi, Monte Sião, Novo Horizonte, Novo Paraíso, São José, São Luiz, Fofoca Monte Verde, Apoio, Nova Fronteira, Pantanal Areia, Guaranatuba, Jaratuba, Marinzal, Mocambo, Monte Carmelo, N.Sª Lourdes, Sabina e Sumaúma). A coleta de dados teve foco nas espécies florestais que produzem produtos ou subprodutos florestais não madeireiros ocorrentes na área e/ou no entorno da Mamuru-Arapiuns. A relação dessas espécies foi obtida no Relatório de Pesquisa Sócio Ambiental realizado na área e entorno da Mamuru-Arapiuns pelo Instituto Sócio Ambiental e dos Recursos Hídricos da Universidade Federal Rural da Amazônia (Apêndice 1).

Buscou-se registrar as espécies vegetais e seus usos, demanda e visão de comércio dos comunitários em relação aos produtos florestais não madeireiros. Foram utilizados questionários temáticos: comunidades; unidade de produção familiar; produtos florestais de uso múltiplo, usos tradicionais e sua comercialização com objetivo de nortear e registrar as informações relevantes fornecidas pelas pessoas-chave (líder comunitário, professores, agente de saúde, motosserristas, caçadores, comerciantes, entre outros) tanto na área da Mamuru, como na área da Arapiuns. As informações desses questionários foram obtidas, através do Relatório de Pesquisa Sócio Ambiental realizado na área e entorno da Mamuru-Arapiuns pelo Instituto Sócio Ambiental e dos Recursos Hídricos da Universidade Federal Rural da Amazônia.

2.3 Análise e Processamento dos Dados
            Os dados qualitativos foram processados de modo dissertativo procurando analisar a situação de cada área de estudo. Os dados quantitativos foram tabulados e processados utilizando estatística descritiva. A tabulação e o processamento dos dados foram realizados por meio do programa Microsoft Excel 2003.

A lista de espécies foi identificada com auxílio de técnicos do Laboratório de Botânica da Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA, Campus Tapajós. A sinonímia e a grafia dos taxa foram atualizadas mediante consulta ao banco de dados do Missouri Botanical Garden, disponível na página http://mobot.mobot.org/W3T/Search/ vast.html.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Produtos florestais não madeireiros de uso tradicional
            Na Arapiuns, existem espécies de uso múltiplo, dentre as 20 espécies mais citadas, destacam-se Oenocarpus distichus, Astrocaryum chambira, Mauritia flexuosa, Copaifera reticulata, Jessenia bataua, Himatanthus sucuuba, a presença das palmeiras entre as mais citadas, demonstra a estreita relação de uso, tanto para alimentação, como para artesanato e artefatos úteis na dinâmica doméstica. Quanto ao uso, o óleo foi o mais freqüente (28,8%), seguido da casca (26,6%), palha (20%), fruto (13,3%) e outros usos (10,3%) (Tabela 1).

Quanto à Mamuru, dentre as 26 espécies de múltiplo uso, destacam-se Oenocarpus distichus, Euterpe oleracea, Aniba canelilla, Himatanthus sucuuba, Brosimum parinarioides, Jessenia bataua, Aspidosperma sp., Bertholletia excelsa e Endopleura uchi. Entre os produtos mais utilizados a casca (37,1%) e o fruto (37,1%) foram os mais citados (Tabela 2). Entre as espécies, o produto casca, é o mais freqüente, sendo extraída em 57,6% das espécies principais.

De acordo com Gama et al., (2007), a avaliação do potencial florestal de um ecossistema baseia-se, principalmente, nas informações sobre o valor desses produtos para a sociedade. Nas áreas, as espécies que merecem destaque são:
Geissospermum sericeum e Aniba canelilla – servem de matéria-prima para a indústria de cosméticos, sendo comercializados internacionalmente; Endopleura uchi – pode ser utilizado para produção de picolé, sorvete, vinho (suco), a casca para usos medicinais, suas sementes no artesanato, defumação, amuleto (SHANLEY e MEDINA, 2005); Iryanthera juruensis – a madeira serve na construção em geral, sua casca tem usos medicinais e têm uso extensivo nas indústrias de cosméticos (SILVA et al., 2001); Jessenia bataua – seu fruto serve para fazer “vinho” e óleo, este apresenta propriedades medicinais (SHANLEY e MEDINA, 2005); Mezilaurus sp. – a madeira deste gênero é recomendada para construção civil e naval; Stryphnodendron pulcherrimum – sua casca e folha apresentam usos medicinais para o tratamento de úlceras, diarreias e diabetes; Brosimum acutifolium –madeira utilizada em serraria, apresenta propriedades medicinais, seus frutos são apreciados por animais (SALOMÃO et al. 1995); Hymenaea courbaril, – sua casca possui uso medicinal contra gripe, bronquite e diarreia. A madeira possui alta durabilidade. A resina de jatobá, conhecida como jutaicica, também pode ser usada como remédio (SHANLEY e MEDINA, 2005); Tetragastris altissima –utilizada em serraria e seus frutos são consumidos por animais silvestres (SALOMÃO et al., 1995). As palmeiras Oenocarpus distichus e Euterpe oleracea, produzem frutos utilizados como vinho (suco), sorvete e picolé. Além disso, produz palmito comestível, sua palha serve para casa, cesto e tapete. O caroço para adubo e, quando secos, para fazer colares e pulseiras. O estipe (tronco): construções rurais como ripas e caibros (SHANLEY e MEDINA, 2005).

A diversidade de espécies listadas de maneira espontânea pelos comunitários reflete a riqueza florística local, o que está ligado à conservação da floresta da região e ao fato destas populações explorarem efetivamente estes ambientes à procura de produtos da floresta (ALMEIDA et al., 2010).

3.2 Produtos florestais não madeireiros para consumo e comercialização
Na Arapiuns, quanto à finalidade o maior percentual (81,5 %) foi de espécies exclusivas para consumo familiar, 11,1 % das espécies tem finalidade exclusiva para venda e 7,4 % das espécies servem para consumo e venda. Na Mamuru observou-se que 44,7 % das espécies são utilizadas para o consumo, entre essas 25,5% são exclusivamente de uso caseiro; 31,9 % das espécies servem para consumo e venda e 23,4 % são espécies destinadas exclusivamente para venda. Nesse contexto, observa-se que os PFNM vêm assumindo papel de destaque, pois se apresentam como fonte alternativa de renda possuindo potencial de incentivo econômico para frear a devastação das florestas (FIEDLER, 2008).

Dentre as espécies comercializadas merecem ênfase Stryphnodendron pulcherrimum por ser a única a comercializar a casca e o Astrocaryum chambirapelo maior valor agregado a palha em relação às demais espécies. Além disso, a comercialização do óleo esta presente em 50 % das espécies vendidas (Tabela 3), por se destacarem no que diz respeito ao fornecimento de propriedades farmacológicas. No entanto, existem várias dificuldades no comércio de produtos medicinais, dentre as quais a falta de certificação de controle de qualidade exigida pela ANVISA, pois a ausência do selo de qualidade restringe a venda dos óleos (GONÇALVES, 2012).

Na Mamuru registrou-se um número maior de espécies comercializadas (20) com relação à área do Arapiuns (12), bem como, valores maiores para os produtos e subprodutos (Tabela 4). A alta demanda e produção de sementes de Dipteryx odorata (11,4 t/ano), cascas de Eugenia sp. (17,1 t/ano), de produção de óleo de copaíba (13,1 l/família) e de casca de Geissospermum sericeum (1,7 t/ano) e Aspidosperma sp. (1,5 t/ano), são os produtos mais representativos, em função de sua reconhecida importância medicinal, e da grande procura por parte da população local.

Copaifera multijuga e Dipteryx odorata são espécies comercializadas no mercado regional, nacional e internacional, como também muito utilizadas pelos comunitários para uso doméstico embora não constituam, ainda, uma atividade geradora de renda complementar nas comunidades, representando uma atividade potencial para a população local (ALMEIDA et al., 2010). Além disso, as espécies Brosimum acutifolium e Himatanthus sucuuba apresentam demanda de comercialização para mais de um produto florestal (casca e exsudado).

Portanto, é preciso agregar valor, aprimorar as etapas tecnológicas, melhorar a qualidade do produto, fazer extratos e preparados, e isolar princípios ativos (CASTELLANI, 2002), pois na maioria das vezes, esses produtos são comercializados na forma bruta, sendo os intermediários e as indústrias farmacêuticas os maiores beneficiados desse processo (GONÇALVES et al., 2012).

Quanto aos preços dos PFNMs são muito variáveis, parte dessa variação pode ser explicada pelas diferenças na distância entre as áreas produtoras e os centros de comercialização, pela qualidade do produto, assim como pelo diferencial de informação dos produtores sobre o mercado (TORRES, 2001). Os PFNMs podem consistir na principal fonte de renda e alimentação familiar dos extrativistas, seja por meio de sua exploração em manejo ou em cultivos domesticados (WUNDER, 1998).

Entretanto, apesar da grande importância socioeconômica dos PFNMs, constata-se que, o processo de informação e regulamentação de uso e comercialização desses produtos ainda é bastante deficiente. Tal fato advém da temporalidade e variabilidade de sua produção e mercados, sendo que essa escassez de informações se constitui como barreira à sua conservação e ao desenvolvimento de estratégias mercadológicas necessárias ao crescimento e desenvolvimento dessa atividade (FIEDLER, 2008). 
As principais palmeiras utilizadas na área da Mamuru-Arapiuns foram: Euterpe oleracea, Oenocarpus distichus, Jessenia bataua, Mauritia flexuosa e Astrocaryum chambira, respectivamente. Estas espécies, de um modo geral, merecem destaque junto às populações tradicionais devido a sua importância ecológica e potencial econômico, estando relacionados principalmente a alimentação, medicamentos e construção (GOMES-SILVA et al., 2004). Tais espécies devem ser evidenciadas no momento do planejamento e manejo florestal comunitário familiar.

Por ano, as comunidades, na área da Mamuru, coletam cerca de 15.332,0 kg de fruto de Euterpe oleracea. Desse total apenas 3% é comercializado, com o valor médio do quilo do fruto de R$ 1,00 e o restante destinado ao consumo, este resultado aponta a importância do fruto para a alimentação das comunidades locais. Na Arapiuns 100% dos frutos coletados são consumidos pelas comunidades. Pode-se constatar que a exploração dos produtos não madeireiros é valiosa tanto para as populações rurais, que têm dependido dela para subsistência e para propósitos culturais e sociais, como para a população urbana que compra os produtos, processa e comercializa-os (PEDROZO et al., 2011).

De acordo com Amazonas (2005), Euterpe oleracea possui relevante importância socioambiental dado seu grande consumo local (o vinho de açaí é um alimento básico da população) e para pequenas indústrias na Amazônia. Seu fruto, rico em antioxidantes e aminoácidos contribuem para o aumento do consumo e consolidam perspectivas de mercado. Estes fatores podem justificar a inserção deste produto como alternativa de renda na área da Mamuru, desde que observadas às boas práticas de manejo, pois 98% da produção são extrativistas, ou seja, vêm da floresta.

Na Arapiuns, a finalidade de uso do fruto do Jessenia bataua é exclusivamente o consumo. Na Mamuru, o consumo é de 94% dos frutos coletados, sendo que o restante é comercializado ao preço de R$ 1,50 kg-1. Do fruto pode-se fazer vinho e extrair o óleo, que segundo Golmes-Silva et al., (2004) é comestível e apresenta qualidades cosméticas e propriedades medicinais.

Mauritia flexuosa, em ambas as áreas, não é comercializado, vale destacar, que é uma das espécies preferidas para o consumo familiar, seu uso é comum, seu fruto é tradicionalmente, principalmente como alimento (MIRANDA et al., 2001) e aproveitam sua estirpe para artesanato (ROCHA e SILVA, 2005).

4. CONCLUSÕES
As palmeiras são as espécies mais utilizadas, devido ao consumo alimentar por parte das populações tradicionais e o potencial de usos conhecidos, é interessante que tais características sejam consideradas por ocasião do planejamento e manejo da floresta.

Entre os produtos florestais não madeireiros, mereceram destaque: o óleo da Copaifera, Carapa guianenses e do Caryocar villosum,e a palha do Astrocaryum chambira devido ao valor de mercado.

            É necessário ainda à implementação de uma política de manejo florestal para PFNMs, que possibilite a regulamentação destes produtos e, desta forma, incentive a exploração sustentável, principalmente por meio do manejo florestal comunitário familiar.

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