
			Revista académica de economía  
con 
el Número Internacional Normalizado de 
Publicaciones Seriadas ISSN 
1696-8352
  
  
  
  André Luiz Nascimento da Silva   (CV)
    Pablo Queiroz Bahia   (CV)
    Heriberto Wagner Amanjás Pena    (CV)
   heripena@yahoo.com.br
FACI/UEPA/UFRA
  
  
  
RESUMO
  O presente estudo visa apresentar informações  atinentes a uma empresa do segmento da construção civil e que encontra  dificuldades no controle de seus estoques. Para elucidar quais métodos podem  contribuir para tal apresentação necessita-se conhecer os modelos existentes  para controlar os estoques, e saber de que maneira elas podem contribuir de  forma isolada ou conjunta, dentre os quais podemos citar que serão descritos no  estudo monográfico a realização de cálculos matemáticos dos custos que envolvem  os estoques, o ponto de pedido, o nível do lote econômico, o intervalo de  revisão e os modelos de gestão de estoques, além da apresentação de suas  variações. 
  PALAVRAS CHAVE. Controlar os  Estoques, Cálculos Matemáticos e Modelos de Gestão de Estoques. 
ABSTRACT 
  The present study aims to  present information pertaining to a company's construction segment and finds it  difficult to control their inventories. To clarify what methods may contribute  to such submission need to know existing models to control inventories, and learn  how they can contribute individually or jointly, among which we can mention that  will be described in monographic study performing calculations mathematical costs  involving stocks, the reorder point, the level of economic lot, the revision  range and models of inventory management, beyond the presentation of its  variations. 
  KEYWORDS. Controlling Inventories, Mathematical  Calculations and Models of Inventory Management. 
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Nascimento da Silva, A., Queiroz Bahia, P. y Amanajás Pena, H.: "Políticas de reposição de estoques aplicadas ao gerenciamento de materiais em uma obra de médio porte na cidade de Castanhal – Pará", en Observatorio de la Economía Latinoamericana, Número 187, 2013. Texto completo en http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/13/estoques.hmtl
1. Introdução
O novo cenário econômico do país vem  propiciando o desenvolvimento há todos os que nele se integram, tal percepção  pode ser observada na elevação do consumo da população, reflexo do aumento da  oferta de emprego nos vários segmentos empresariais, dentre os quais destaca-se  o segmento da construção civil, como um dos mais influenciados pelo crescimento  principalmente no tocante a geração de empregos. 
          Segundo fontes do jornal (G1, 2013) o  governo visando a inserção do público feminino nos mercados que outrora eram  exclusivamente dominado por homens, lançou um programa de qualificação que  treina as mulheres para ingressarem em trabalhos ‘masculinos’, como os setores  da construção civil, por ser uma área profissional em plena expansão, e que  possui um quantitativo monopolizado do sexo masculino de 96,5%, conforme  informações da Secretaria de Políticas para as Mulheres.
          O visível crescimento da construção civil é  atribuído, em grande parte, ao bom desempenho econômico vivenciado pelo país,  tanto que as liberações para infraestrutura realizadas pelo BNDES (Banco  Nacional Desenvolvimento Econômico e Social) no ano 2012 foram em torno de R$  23,4 bilhões em empréstimos para projetos, que permitiu a alavancagem do  segmento, através de investimentos e programa de concessões para infraestrutura  social. Tal percepção tem como objetivo por parte do governo, remover gargalos  para o crescimento econômico, que possam contribuir para que o país sedie tanto  a copa do mundo em 2014 quanto as olimpíadas em 2016. Paralelamente a este  incentivo, o governo criou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o  qual tem como objetivo dar maior celeridade às obras e aos investimentos  públicos e privados do país, sendo por isso a prioridade número um do governo  (G1, 2013).
          Outros grandes incentivadores do  crescimento das construções são as empresas privadas representadas por entidades  bancarias e investidores como forma de movimentar e elevar o capital investido,  razão esta que contribuiu para elevação do preço do metro quadrado em grande  parte das cidades e consequentemente o aumento do preço dos imóveis. 
          A execução das atividades da construção  civil está pleiteada sobre um planejamento de projeto, que necessita  rigorosamente de controle, para que não ocorram problemas capazes de  desencadear a interrupção das atividades, refletindo na elevação do custo da  obra e na demora de sua entrega.
          O presente trabalho visa alinhar os  planejamentos na consecução das atividades desenvolvidas pela empresa, através  do processo de PCP (Planejamento e Controle da Produção) que para, Pozo (2009),  pode ser apresentado como um sistema de transformação e principalmente como  elemento de coordenação das atividades de vários departamentos de uma empresa.  Juntamente com a gestão de estoques que, ainda conforme Pozo (2009) é de suma  importância para controlar e disponibilizar os produtos necessários ao processo  produtivo, provisionando suas variáveis, e com isso evitar a interrupção no  andamento de suas atividades, sem uma prévia programação.
          A pretensão com a elaboração do estudo de  caso é apresentar situações reais, existente na empresa estudada possibilitando  visualizar as oscilações em suas demandas e consequentemente a identificação de  seus limites, que ocorrerá através de cálculos matemáticos, que permitirão  determinar o nível mais adequado do ponto de pedido e do intervalo de revisão,  e com base nessas informações avaliar se o comportamento corresponde à  necessidade real da construtora. A aplicabilidade dos modelos de ponto de  pedido e de intervalo de revisão permite que as decisões a serem tomadas pelo  gestor sejam melhores, através da visualização antecipada dos níveis de  produtos movimentados para execução da obra.
          O presente estudo monográfico teve como motivação para sua elaboração o  estudo de caso da empresa de engenharia civil que tem como óbices seus  estoques. Para tal, necessita identificar os produtos mais demandados,  levando-se em consideração os métodos de Ponto de Pedido e os Intervalos de  Revisão Periódica, pretendendo se a partir daí identificar os itens com maior  relevância, e apresentar mediante suas circunstâncias o questionamento que melhor  descreva a atual situação da empresa que é: De que maneira medidas como o  cálculo do ponto de pedido, do intervalo de revisão periódica e de lotes  econômicos podem contribuir para melhorar o controle dos produtos armazenados e  movimentados pelo estoque da empresa?
1.1. OBJETIVOS DO ESTUDO
Propor, a partir dos conceitos de gestão de estoques, políticas de ressuprimento baseadas nos elementos de ponto de pedido e nos modelos de revisão, de forma a proporcionar maior mobilidade e destreza nas ações realizadas pelo consumo da obra.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A busca incessante das empresas por melhorias que auxiliem os estoques no dimensionamento real de sua demanda permite determinar a estrutura, a melhor localização física, minimização de capital imobilizado e as condições mais adequadas para acondicionar os produtos. Para que possa dispor da quantidade dos produtos para execução de suas atividades, no qual a sua falta ou seu excesso, quando mal planejado pode desencadear em resultados irreversíveis e prejudiciais para o desenvolvimento da empresa.
2.1 DEFINIÇÕES DE ESTOQUES 
              
          Para Godinho (2010, p. 163), o estoque  representa itens guardados por um tempo para posterior consumo dos clientes  internos ou externos, ou seja, é um “buffer”  (pulmão) entre o suprimento e a demanda.
          Os estoques podem ser apresentados como a  disponibilização dos produtos no momento solicitado, que possibilitam ao gestor  um diferencial e uma vantagem competitiva, através da definição dos produtos,  de acordo com a sazonalidade e as especificidades dos produtos a serem  estocados.
2.2 SURGIMENTO, OBJETIVOS E A FUNÇÃO DOS ESTOQUES
A iniciação dos estoques conforme relatos bíblicos ocorreram para que o povo do Egito se antecipasse na estocagem e posteriormente sua armazenagem, para se resguardarem das dificuldades de alimento, interpretação esta que ocorreu pelo hebreu José ao sonho de Faraó, descrito no livro de Gênesis, Capítulo 41, nos seguintes versículos:
V.25- “Então disse José a Faraó: o sonho de Faraó é um só; o que  Deus há de fazer, notificou-o a Faraó”; 
          V.29 - “E eis que vêm sete anos, e haverá grande fartura em toda a  terra do Egito”.
          V.30 - “E depois deles levantar-se-ão sete anos de fome, e toda  aquela fartura será esquecida na terra do Egito, e a fome consumirá a terra”;
          V.35 - “E juntem toda a comida destes bons anos, que vêm, e amontoem  trigo debaixo da mão de Faraó, para mantimento nas cidades, e o guardem”;
          V.36 - “Assim será o mantimento para provimento da terra, para os  sete anos de fome, que haverá na terra do Egito; para que a terra não pereça de  fome”; 
Na atual conjuntura, a identificação dos  fornecedores parceiros (Stakeholder), é primordial para consecução das  atividades e principalmente para vantagem competitiva possibilitando assim o  menor tempo, a maior qualidade e a quantidade necessária dos produtos conforme  sua demanda, proporcionando estratégias a todos os envolvidos e interessados no  processo.
          O objetivo do estoque pode ser apresentado  como a disponibilização dos produtos na devida quantidade, para que não ocorra  a interrupção de suas atividades, permitindo o desenvolvimento de estratégias  tendo como base a movimentação dos produtos estocados em um dado período,  evitando assim o estoque elevado de produtos não tão demandados, garantindo o  nível de satisfação dos clientes e o controle para maior eficiência dos  recursos internos por ela gerenciados.
              “Gerenciar  estoques é também equilibrar a disponibilidade dos produtos, ou serviços ao  consumidor, por um lado, com os custos de abastecimento que, por outro lado,  são necessários para um determinado grau dessa disponibilidade”. (BALLOU, 2006,  p. 277) 
          A função dos estoques pode ser apresentada  como a integração das partes envolvidas, e a minimização de conflitos, para a  aquisição dos recursos fundamentais para a execução de suas atividades, e que consequentemente  possibilitarão o alcance de seus objetivos (DIAS, 2009).
2.3 TIPOS DE ESTOQUES
As classificações dos tipos de estoques  ocorrem como forma de identificar os diversos tipos de estoque, levando-se em  consideração suas funcionalidades e o fluxo de produtos, resultando em planejamentos  mais precisos, a partir das informações coletadas com a regulação e o controle  dos produtos movimentados.
          Godinho e Fernandes (2010) mencionam os  estoques em dois momentos, sendo o primeiro em estoque de manufatura, que são:  os Estoques de insumo, Estoques em processamento, Estoques de itens finais, e o  segundo descrito como: Estoques cíclicos ou regulares, Estoque de segurança,  Estoques em trânsito, Estoques sazonais ou por antecipação, Estoques  especulativos e Estoques não aproveitáveis. 
2.4 MODELOS DE ESTOQUES
Os modelos de estoques permitem a perfeita harmonia entre a demanda e a necessidade de manter os níveis ideais de estoques, é apresentado de formas distintas, considerando sua relevância para seus usuários, para tanto são classificadas em: demandas dependente que é a dependente da demanda independente, e conforme Accioly, Ayres et. Al (2008) “o seu comportamento não será determinado pelo mercado”, porém necessita normalmente que o cálculo de sua demanda seja aplicado através da ferramenta de planejamento dos recursos matérias (MRP-Material Requirements Planning). Já a demanda independente que é o modelo que não depende de outros processos e reagirá ou através da revisão contínua que é a reposição sempre que o ponto de pedido atingir o limite definido, ou através da revisão periódica que é o estabelecimento de intervalos de tempos, para reposição dos produtos, de forma previamente definida, e a aplicabilidade de ambos os método das revisões tem como fator determinante a baixa criticidade de seus itens. Bertaglia (2009) descreve que “a demanda independente é determinada pelo mercado”.
2.5 CUSTOS DE ESTOQUES
              
          Godinho e Fernandes (2010) Apresentam que  os custos dos estoques podem ser valores que influenciam todas as etapas do  estoque, de forma a se avaliar o melhor custo benefício para empresa, sem que  haja a necessidade da elevação de seus custos. Por sua vez, outros autores,  inclusive Godinho e Fernandes, ramificam os custos e os conceituam em: Custos  de aquisição (Ca): É o valor pago na obtenção do produto. (BERTAGLIA, 2009. p.  346). Custos de pedido: É o custo de monitoramento individual dos pedidos e que  independem do tamanho do lote do pedido. Custo de manter estoque: Wanke (2011, p.  80) discorre que o Custo de manter estoque (Cme) ou estoque médio, corresponde  à metade do tamanho do lote menos as faltas de um período da demanda. Custo de  Oportunidade: é considerado um dos principais por compreender uma porcentagem  do investimento realizado em estoque, no qual esse percentual é conhecido como  taxa de atratividade (GODINHO e FERNANDES, 2010, p.167). Custo de Armazenamento  e manuseio: compreende a somatória dos custos ligados à armazenagem. Custo de falta: É quando a disponibilização do  produto pode ser postergada ou perdida, e com isso se dimensionar o impacto e a  viabilidade, definindo se a partir disso a necessidade da elevação do nível de  serviço e o aumento do estoque de segurança para não ocorrerem faltas. Custo de  operação do sistema de controle de estoques: É o custo em TI (Tecnologia da  Informação) e que envolve Hardware e Software para controlar o estoque. A  implementação em TI requer geralmente de altos investimentos e para maior exequibilidade,  necessita-se que atenda as decisões do estoque (o que, quando e quanto pedir).
2.6 CURVA ABC E POLÍTICAS DE ESTOQUE
            A  análise de Pareto como também é conhecida a classificação ABC, permite a  melhora do custo beneficio dos estoques, através de instrumentos que  identificam os itens movimentados pelo estoque e possibilitam classificar a  importância dos produtos conforme suas variações em alta que são os itens A,  média os itens B e baixa os itens C.
              A  política de estoques pode ser apresentada como uma reação de forma planejada,  que possibilita a realização de medidas que identifiquem e prevejam de forma  antecipada a movimentação inesperada dos produtos mantidos em estoque. Tanto  que, Bowersox (2010, p. 228 – 229)discorre:  A política de estoque consiste em normas sobre o que comprar ou produzir,  quando atirar e quais as quantidades. Inclui também decisões de posicionamento  e alocação de estoque em fábricas e centros de distribuição.
2.7 LOTE ECONÔMICO
O tamanho do lote econômico, normalmente é utilizado como critério para minimização dos custos totais. Quando se considera a demanda constante, os únicos custos relevantes são incorridos na liberação de ordens de compras e os custos de oportunidades de manter estoques. (WANKE, 2003. pág. 27).
TLE = ![]()
2.8 PONTO DE PEDIDO
O ponto de pedido é o nível determinado para que haja a solicitação de compras, sem que ocorra a compra desnecessária ou repetida do produto. Como forma de minimizar os imprevistos os estoques de segurança são utilizados para os produtos com incerteza e que possuem uma oscilação que impossibilita determinar o consumo médio, por esta razão aumenta-se o pedido através de uma margem de segurança, para permitir que a empresa não seja surpreendida com a falta do produto.
PP = D x TR + ES
2.9 ESTOQUE DE SEGURANÇA
O estoque de segurança é a maneira de determinar um nível de produtos que levando em consideração as variáveis, possam ser mantidos sobre sua salvaguarda, para que em caso de falta do produto, suas atividades tenham continuidade, eliminando interrupções nas atividades desenvolvidas pela empresa, ocasionadas por falta de produto.
Para  Godinho (2010, p. 173) o estoque de segurança serve para absorver os efeitos  das variações da demanda e das variações do leadtime de suprimento.
          O  estoque de segurança é calculado:
s = n x D
Onde:
          s  = estoque de segurança
          n  = Fator de segurança
          D  = Demanda média durante leadtime      
3 METODOLOGIA
                      
          O presente estudo pode ser denominado como  pesquisa, uma vez que, (SILVA, 2005) descreve que a pesquisa significa, de  forma bem simples, procurar respostas para indagações propostas.
3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS PESQUISAS
Para VERGARA,  (2007) os tipos de pesquisas podem ser classificados de duas formas:
          Quanto aos fins, pode ser descrita como uma  pesquisa metodológica por dispor de instrumentos que associados às informações  dos estoques, possibilitam melhor gestão dos seus responsáveis. Quanto aos  meios é uma pesquisa que se apresenta como pesquisa de campo por realizar  investigação empírica no local do estoque para elucidar seu desenvolvimento, e  a outra é a bibliográfica, que assim se caracteriza por possuir em seu  desenvolvimento a utilização de recursos que contribuam para o embasamento  teórico, que ocorreram por intermédio de livros e materiais dispostos na  internet.
          Por sua vez,  Silva e Menezes (2005) discorrem que o desenvolvimento da referida pesquisa  pode classificar-se quanto a sua natureza em pesquisa aplicada por tratar-se de  uma situação vivenciada por uma empresa, objetivando-se a partir dos  resultados, sua aplicação prática, com o intuito de melhorar a evolução de suas  atividades. E a forma abordada do problema é compreendida como pesquisa  quantitativa, que assim se classifica por necessitar de informações  quantificáveis, que contribuirão para análise de seus dados.
3.2 LIMITAÇÕES DO MÉTODO
O presente estudo identificou como dificuldade para seu desenvolvimento a resistência dos responsáveis pela alimentação dos produtos movimentados pelo estoque em alimentarem as informações no sistema, ou seja, input (entrada) e output (saída) de produtos no estoque, que por sua vez resulta em inconsistência de informações, das quantidades de produtos existentes no estoque, e por esta razão necessita-se realizar um balanço a cada período e de forma esporádica, para verificar a veracidade das informações.
4. ESTUDO DE CASO
A empresa em estudo atua no segmento da  construção civil, e por questão de ética e para manter a integridade da empresa  e das informações por ela apresentadas, terá como nome fictício de Construtora.  De forma breve seu histórico pode ser apresentado como uma empresa estabelecida  no mercado a mais de oito anos, e que devido ao seu tempo de existência  possibilitou know-how (experiência)  de mercado aos seus interessados.
          Em razão do maior quantitativo de  fornecedores se encontrarem na região metropolitana, a empresa adquiriu dois  veículos, sendo o maior com capacidade de transporte 6000kg e o menor 1500kg,  para abastecerem as obras. Pois após o pagamento ser computado ele pode ser  apanhado imediatamente, caso contrário os produtos comprados na região  metropolitana levam em torno de 24 a 72 horas para serem entregues, dependendo  do fornecedor e do local a ser entregue, e em algumas circunstâncias ocorre  acréscimo monetário para entregar, por sua vez, os produtos vendidos pelos  fabricantes, levam em média para serem entregues 15 a 30 dias, e geralmente o  valor do frete encontra-se incluído no preço final.
          Os custos inerentes aos estoques não são  previstos pela construtora, por isso ela deixa de visualizar os custos de  aquisição, armazenagem e pedido, além do custo de mão de obra dedicada para  manutenção dos estoques e das avarias, porque a falta de parâmetros desencadeia  no não dimensionamento do custo de oportunidade em razão do capital imobilizado  nos estoques, ou melhor, valores que ela deixa de faturar por ter seu capital  parado com os estoques, que na atualidade é de aproximadamente R$ 251.000,00.  Por esta razão o presente trabalho objetivou-se em levantar tais informações  que são de fundamental importância para a saúde da empresa e determinantes para  seu bom andamento. 
4.1 CLASSIFICAÇÃO ABC
A primeira etapa de realização da  classificação ABC ocorreu em razão do elevado quantitativo de produtos  movimentados pela construtora, e por está razão atentou-se que o quantitativo  de produtos movimentados era de aproximadamente 3.100 produtos, o que geraria uma  classificação muito grande e o seu detalhamento exigiria um maior tempo, por  isso achou-se melhor limitar o presente estudo aos vinte e cinco produtos com  maior custo para a construtora, objetivando-se a partir das informações  coletadas em estudo a realização da classificação ABC, levando em consideração  seus consumos, os custos unitários, as classificações e a representatividade  dos mesmos para empresa.
          Ao se realizar a classificação ABC  utilizou-se como critério principal que os produtos a serem estudados tivessem  valores que influenciassem os custos da empresa, através da soma de seu consumo  no ano de 2012, juntamente com sua especificidade e quantidade demandada. Outra  questão levantada é que os produtos deveriam gerar estoque e possuírem certa  periodicidade de consumo.
Na segunda etapa identificou-se que entre  os produtos com maior custo para construtora, os quais eram apresentados  através dos vinte e cinco produtos utilizados na classificação ABC, atentou-se  que ainda havia produtos com altos custos, porém, não condiziam com o objetivo  do trabalho, por serem produtos adquiridos sob encomenda especifica e imediata  para uma etapa da obra. Por isso, o estudo após a classificação ABC, limitou-se  aos dois produtos com maior custo e com maior recorrência para construtora no  ano de 2012, que foram o VERGALHÃO NERV. CA-50 3/8 e o outro foi o TIJOLO  CERÂMICO 8 FUROS.
          Após a definição dos dois produtos  (Vergalhão Nerv. CA-50 3/8 e Tijolo Cerâmico 8 Furos), torna-se necessário que  seus contextos sejam compreendidos, para só então avaliar as variáveis que  poderão influenciar em seus custos. 
          O Vergalhão Nerv. CA-50 3/8  é um produto muito utilizado nas obras de construção civil, podendo se  mencionar que o ápice do consumo ocorre principalmente na etapa de fundação,  por necessitar que suas bases estejam preparadas para suportar as estruturas  dimensionadas pelo projeto de execução. Após a consecução da etapa de fundação,  se iniciará uma nova etapa, a qual será denominada pelo presente estudo de  etapa de estruturação, sendo este momento caracterizado principalmente pela  construção das paredes, para dividir e separar ambientes, e por isso nesta  etapa que ocorre o maior consumo de milheiros do Tijolo Cerâmico de 8 Furos  durante a execução da obra.
4.2 LEVANTAMENTO DE DADOS
A construtora em estudo  permitiu que a obtenção de seus dados fosse possível através da  disponibilização de tais informações, por intermédio do sistema por ela adotado  e que o presente estudo denomina de Sistecontrol, e que possui como atribuição  principal controlar tanto as movimentações de produtos quanto as finanças, juntamente  com o auxilio dos responsáveis da empresa pela compra e pela execução das  obras, para esclarecerem dúvidas ou informações que venham surgir.
          Como forma de complementar a  análise das informações apresentadas pelo sistema realizou-se perguntas para  elucidar tais questionamentos, dentre os quais podemos citar:
As compras realizadas na região metropolitana e com entrega dentro da mesma região metropolitana, que é Ananindeua, Belém e Marituba, o valor do frete já se encontrava embutido no preço, por sua vez para outros municípios pode haver um adicional, além de aguardar a entrega, pois ela ocorre geralmente pela ordem de compras. Enquanto que as compras realizadas em outros estados, poderia ou não haver a inclusão do valor do frete no produto.
O tempo de entrega dos produtos pelos fornecedores se dá da seguinte forma compras realizada na região metropolitana e com entrega na região metropolitana pode ocorrer dentro do prazo de 24 até 72 horas, e fora da região metropolitana ocorrerá conforme a distância. Já as compras sobre encomenda ou de outros estados podem demandar por um prazo de 15 a 45 dias úteis. Por esta circunstância a construtora objetivando dar maior mobilidade e agilidade em seus pedidos, adquiriu dois caminhões, um de 6000kg e outro de 1500kg, como forma de reduzir o lead time de entrega pra compras realizadas na região metropolitana.
Durante a realização do estudo observou-se que a empresa não dimensionava seus custos.
As mãos de obras envolvidas estão descritas na tabela abaixo.
ESTOQUES  | 
          |||
Função  | 
            Salário  | 
            Diária  | 
            Hora  | 
          
Almoxarife  | 
            983,00  | 
            32,77  | 
            4,47  | 
          
Aux. Almox.  | 
            737,00  | 
            24,57  | 
            3,35  | 
          
Motorista CG  | 
            1071,00  | 
            35,70  | 
            4,87  | 
          
Motorista CP  | 
            758,00  | 
            25,27  | 
            3,45  | 
          
Servente  | 
            710,00  | 
            23,67  | 
            3,23  | 
          
TABELA 2: VALORES DA MÃO DE OBRA
          Fonte: Tabela elaborada pelo aluno
Já a variável diretamente influenciadora dos custos dos estoques é o valor do Diesel que atualmente para deslocar tais produtos até Castanhal cerca de aproximadamente 70 km de distância do escritório central para o escritório da obra, consome 60 reais em abastecimento para locomover os produtos adquiridos pela empresa.
A construtora não dimensiona o percentual dos produtos avariados, e por falta de parâmetros matemáticos que dimensionem o percentual real avariado, ocorre sua especulação que gira em torno de 5% dos produtos avariados.
4.3 DIMENSIONAMENTO DE CUSTOS
Após a definição dos  produtos a serem estudados que foram os produtos que conforme a classificação  ABC, são os mais demandados, com maior frequência de compra, altos preços de  consumo e gerassem estoque, obteve-se como resultado os produtos vergalhão e o  tijolo. O dimensionamento de seus custos possibilitou a realização dos cálculos  do Custo de aquisição (Ca), Custo de pedido (Cp) e Custo operacional (Co),  conforme abaixo:
          O produto Tijolo a partir de  seus custos de compra que é de R$ 570,00 por milheiro, não possui valor de  frete, pois se encontra embutido no valor da compra, mas quando o produto  chegar à obra necessitará de dois serventes, que levam aproximadamente duas  horas para descarregar cinco milheiros, seu lead time é de 1 mês, a quantidade  pedida por mês é de aproximadamente dez milheiros, totalizando seu consumo em  trinta milheiros, a um valor total de compra de R$ 17.100,00 resultando assim  mensalmente Ca de R$ 570,00, a um Cp R$ 573,87 e Co de 20,5%.
          Enquanto que o produto  Vergalhão é adquirido na região metropolitana e pelo fato de sua entrega  ocorrer por intermédio do fornecedor que necessitará do tempo aproximado de 72  horas para entregar, após a efetivação do pagamento, além de poder haver a  cobrança adicional conforme citado anteriormente. Por esta razão a construtora  optou em pegar o produto comprado no caminhão próprio, reduzindo seu lead time  para dois dias, porém acrescentando mais R$ 60,00 de Diesel para o combustível  do veículo, a cada viagem para Castanhal. O Vergalhão é adquirido por vara que  custa R$ 20,65, a quantidade média consumida por mês de 165 varas e o total  consumido no decorrer de um período é de 1324 varas. Gerando um valor total de  R$ 27.106,72. Ao se calcular o custo semanal obtém se um Ca de R$ 20,65, a um  Cp de R$ 23,04 e Co 57%.
4.4 DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS DE ESTOQUES
Realizado os cálculos dos  Custos de aquisição, Custo de pedido e Custo operacional, tornou-se possível  evoluir o estudo e adentrar em informações que possibilitassem melhor compreender  as oscilações no decorrer de seu consumo. Para tanto, considera-se que as  atividades desenvolvidas pela empresa no decorrer de uma semana são de 5 dias  úteis e no decorrer de um ano é de 300 dias úteis para ambos os produtos.
          O comportamento do Tijolo  consumido com o decorrer da obra permitiu a partir das informações coletadas,  se realizar cálculos que pudessem auxiliar o gestor na visualização da  movimentação dos produtos e na tomada de decisões, como por exemplo a compra e  o consumo. Com base nos dados da demanda que são as informações acerca das  quantidades compradas, realizou-se o cálculo da média para obter sua demanda  média de 5 milheiros, e ao realizar a soma dos mesmos dados de demanda se  encontrou a demanda total de 60 milheiros. A demanda ponderada que é a divisão  da demanda total sobre a divisão dos dias úteis no ano sobre os dias úteis  semanais trabalhados teve como resultado 1 mês. O desvio padrão que é calculado  com base nos dados da demanda do referido período teve como resultado zero. A  taxa de demanda que é calculada através da demanda total dividida sobre os dias  úteis no ano, que será dividido pela multiplicação dos dias úteis semanais por  quatro, que são os números de vezes que se repetem durante o mês resultando  assim a uma taxa demandada de 4 milheiros por mês. O lote econômico que é a  raiz de duas vezes o custo de pedido, vezes a demanda total dividido sobre o  custo de aquisição que será multiplicado sobre o custo de oportunidade,  multiplicado por um menos a demanda ponderada dividida, pela capacidade  semanal, obteve-se o quantitativo de 31 milheiros. O ponto pedido é a demanda  média multiplicada pelo lead time mais o estoque de segurança, que resulta na  solicitação sempre que a cota de tijolo atingir 5 milheiros. E o seu custo total  que é o custo de aquisição, multiplicado pela demanda total, somado ao custo de  pedido, multiplicado pela demanda total, que é dividido pelo lote econômico  somado pelo custo de aquisição, multiplicado pelo custo de oportunidade,  multiplicado novamente pelo lote econômico, dividido por dois resulta a um  valor de capital necessário para atender a politica de reposição de R$  37.127,58. O intervalo de revisão que é o lote econômico dividido pela taxa de  demanda requererá uma rotatividade a cada 7 meses. No entanto apesar do estoque  de segurança ser considerado o mesmo estoque mínimo, não haverá por ser zero,  porém o estoque máximo que é a soma do lote econômico com estoque de segurança  gera um quantitativo de 31 milheiros.
          4.5 ANÁLISE DE RESULTADOS
Já no modelo de revisão periódica para o  mesmo produto Tijolo tem o lote econômico com um quantitativo de 31 milheiros,  que fora o período de entrega que é de um mês, levaria mais seis meses para ser  totalmente consumido, requerendo assim um intervalo de revisão de 7 meses, a  uma taxa demandada média de 4 milheiros por mês, implicando na diminuição do  nível de serviço para 86,487%, e redução do estoque médio para 12 milheiros.
          Após a realização dos cálculos em ambos os  modelos, observou-se que o modelo de revisão contínua, para o produto tijolo  possui maior quantitativo quando comparado ao modelo de revisão periódica, por  possuir um nível de serviço mais eficaz em 8,111% e com um estoque médio  superior em 1 milheiro. Em suma o modelo contínuo é o mais vantajoso por  possuir um nível de serviço mais eficaz, o estoque médio maior e a quantidade a  ser comprada só ocorrerá quando o quantitativo, ou melhor, seu ponto de pedido  atingir 5 milheiros, eliminando assim as compras desnecessárias e os excessos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
            O  objetivo pela realização do presente estudo, em uma empresa do segmento de  construção civil, teve como estimulo principal a identificação de oportunidades  que possibilitariam a aplicabilidade da gestão de estoques dentro da empresa.
          Com a evolução do estudo observou-se a  relevância do estoque e as inúmeras vantagens que proporciona a seus usuários  quando bem dimensionado. O atual cenário que vem sendo muito favorável e  oportuno para este segmento, e que se acentuou mais ainda pelo fato do país  sediar a copa de 2014 e os jogos olímpicos de 2016, para tanto o gestor  necessita visualizar e dimensionar os impactos que os produtos mais solícitos  podem resultar para construtora. Pois o excesso do produto desnecessário  resulta no aumento dos custos de estoque, e consequentemente na elevação de  capital imobilizado desnecessário. A sua falta gera parada e consequentemente  aumento no custo e no prazo da obra. Para evitar estes problemas e obter  vantagens competitivas, o gestor de estoques necessita estar bem instruído e  atualizado sobre as informações pertinentes a sua alçada, para que possa  identificar previamente os gargalos.
          O estudo ateve-se após a realização da  classificação ABC, a dois produtos que foram assim escolhidos por serem  produtos que possuíam significativa importância para empresa, principalmente no  tocante a frequência de compra e custo, no decorrer do ano de 2012. O primeiro  produto selecionado foi o tijolo cerâmico de oito furos e o segundo produto foi  o vergalhão nervurado ca 50-3/8.
          Com a realização dos cálculos matemáticos  pode se visualizar que para o produto tijolo, o nível da quantidade de produto  que atende as necessidades da obra pelo modelo de revisão contínua apresenta um  ponto de pedido de 5 milheiros, a uma quantidade pedida de 31 milheiros,  gerando para o modelo de revisão periódica um intervalo de revisão de 7 meses.  O que por está e outras informações apresentadas anteriormente apresenta, o  modelo de revisão contínua como o mais interessante por ter um nível de serviço  com maior eficácia e maior estoque médio, além das compras só ocorrerem quando  o ponto de pedido alcançar o quantitativo de 5 milheiros.
          Desta maneira as medidas do calculo do  ponto de pedido contribuem na realização da compra somente do necessário, que  ocorrerá quando o produto atingir o limite determinado. O intervalo de revisão  periódica serão os intervalos para realização de novas compras e o lotes  econômicos são as quantidades estabelecidas para realização das compras, sem  que haja a desproporção dos custos durante a aquisição dos produtos. 
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