Observatorio de la Economía Latinoamericana

 


Revista académica de economía
con el Número Internacional Normalizado de
Publicaciones Seriadas  ISSN 1696-8352

ECONOMÍA DO BRASIL

 

EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO, DESAFIOS E PERSPECTIVAS
 

Joaquim Carlos Lourenço
César Emanoel Barbosa de Lima

carlosadm2006@gmail.com


Resumo

Este estudo teve por objetivo mostra como se deu a evolução do Agronegócio brasileiro, identificando a sua situação no cenário mundial. Para isso, utilizou-se de abordagens bibliográficas que demonstra a evolução histórica, passando pelo ponto onde houve um maior impulso ate chegar à posição de destaque que é o de ser uma das maiores potências mundiais do Agronegócio. Apesar dos números positivos, o setor apresenta restrições e desafios que ameaçam sua permanência entre os maiores na atividade. Hoje um dos maiores entraves para o deslanchamento do setor é a logística de infra-estrutura do país. Contudo as perceptivas do Agronegócio são bastante promissoras, já que ele apresenta muitas vantagens do ponto de vista natural e econômico, podendo o país explorar melhor suas potencialidades.

Palavras-Chave: Agronegócio. Crescimento econômico. Restrição logística.

Abstract

This study it had for objective sample as if it gave the evolution of the Brazilian agribusiness, identifying its situation in the world-wide scene. For this, it was used of bibliographical boardings that the historical evolution demonstrates, passing for the point where it had a bigger impulse ties to arrive at the prominence position that is of being one of the biggest world-wide powers of the agribusiness. Although the positive numbers, the sector presents restrictions and challenges that threaten its permanence enter the greaters in the activity. Today one of the biggest impediments for the deslanchamento of the sector is the logistic one of infrastructure of the country. However the percipient ones of the agribusiness are sufficiently promising, since it presents many advantages of the natural and economic point of view, being able the country to explore its potentialities better.

Key Words: Agribusiness, Economic growth, Logistic restriction.
 


Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Carlos Lourenço y Barbosa de Lima: "Evolução do agronegócio brasileiro, desafios e perspectivas" en Observatorio de la Economía Latinoamericana, Número 118, 2009. Texto completo en http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/



Introdução

O cenário atual aponta que o Brasil será o maior país agrícola do mundo em dez anos. O agronegócio brasileiro é uma atividade próspera, segura e rentável. (BORGES, 2007). Com um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, o Brasil tem 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram explorados. Esses fatores fazem do país um lugar de vocação natural para a agropecuária e todos os negócios relacionados à suas cadeias produtivas. O agronegócio é hoje a principal locomotiva da economia brasileira e responde por um em cada três reais gerados no país. (MAPA, 2005).

O Brasil situa-se, no contexto mundial atual, como celeiro mundial em termos de agronegócio. Segundo Rodrigues (2006), o país possui 22% das terras agricultáveis do mundo, além de elevada tecnologia utilizada no campo, dados estes que fazem do agronegócio brasileiro um setor moderno, eficiente e competitivo no cenário internacional. Todo esse cenário brasileiro atual do agronegócio enquadra-se em uma evolução que remonta ao século XVI. Com isso, faz-se mister ressaltar seus antecedentes históricos até o cenário atual. O artigo tem como objetivo geral identificar o cenário atual do agronegócio brasileiro, por meio de uma pesquisa bibliográfica, e como objetivos específicos mostrar a sua evolução, suas restrições e desafios.

Agronegócio

Agronegócio também chamado de agribusiness, segundo Batalha (2002), é o conjunto de negócios relacionados à agricultura dentro do ponto de vista econômico. Costuma-se dividir o estudo do agronegócio em três partes. A primeira parte trata dos negócios agropecuários propriamente ditos (ou de "dentro da porteira") que representam os produtores rurais, sejam eles pequenos, médios ou grandes produtores, constituídos na forma de pessoas físicas (fazendeiros ou camponeses) ou de pessoas jurídicas (empresas).

Na segunda parte, os negócios à montante (ou "da pré-porteira") aos da agropecuária, representados pela indústrias e comércios que fornecem insumos para a produção rural. Por exemplo, os fabricantes de fertilizantes, defensivos químicos, equipamentos, etc. E, na terceira parte, estão os negócios à jusante dos negócios agropecuários, ou de "pós-porteira", onde estão a compra, transporte, beneficiamento e venda dos produtos agropecuários, até chegar ao consumidor final. Enquadram-se nesta definição os frigoríficos, as indústrias têxteis e calçadistas, empacotadores, supermercados e distribuidores de alimentos.

A definição correta de agronegócio é muito mais antiga do que se imagina e incorpora qualquer tipo de empresa rural. Em 1957, dois pesquisadores americanos reconheceram que não seria mais adequado analisar a economia nos moldes tradicionais, com setores isolados que fabricavam insumos, processavam os produtos e os comercializavam. (JUNIOR PADILHA, 2004).

Já para Callado (2006), o agronegócio é um conjunto de empresas que produzem insumos agrícolas, as propriedades rurais, as empresas de processamento e toda a distribuição. No Brasil o termo é usado quando se refere a um tipo especial de produção agrícola, caracterizada pela agricultura em grande escala, baseada no plantio ou na criação de rebanhos e em grandes extensões de terra. Estes negócios, via de regra, se fundamentam na propriedade latifundiária bem como na prática de arrendamentos.

O termo inclui todos os setores relacionados às plantações e às criações de animais, como comércio de sementes e de máquinas e equipamentos, as indústrias agrícolas, os abatedouros, o transporte da produção e as atividades voltadas à distribuição. Este tipo de produção agrícola também é chamada de agribusiness ou agrobusiness. ( WIKIPÉDIA, 2009).

O conceito de agronegócio implica na idéia de cadeia produtiva, com seus elos entrelaçados e sua interdependência. A agricultura moderna, mesmo a familiar, extrapolou os limites físicos da propriedade. Depende cada vez mais de insumos adquiridos fora da fazenda e sua decisão de o que, quanto e de que como produzir, está fortemente relacionada ao mercado consumidor. Há diferentes agentes no processo produtivo, inclusive o agricultor, em uma permanente negociação de quantidades e preços.

Davis e Goldberg (1957) definem, o agronegócio como sendo 'a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas; das operações de produção na fazenda; do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles'. Este conceito procura abarcar todos os vínculos intersetoriais do setor agrícola, deslocando o centro de análise de dentro para fora da fazenda, substituindo a análise parcial dos estudos sobre economia agrícola pela análise sistêmica da agricultura.

No Brasil, essa abordagem sistêmica foi utilizada explicitamente por Araújo, Wedekin e Pinazza (1990), com a finalidade de levantar as dimensões básicas do agribusiness brasileiro. Estes autores concluíram que o agribusiness brasileiro representava 46% dos gastos relativos ao consumo das famílias, o que correspondia ao equivalente a 32% do PIB brasileiro em 1980. Assim, o Agronegócio é toda relação comercial envolvendo produtos agrícolas.

Histórico e Evolução do Agronegócio Brasileiro

A história econômica brasileira, com suas implicações sociais, políticas e culturais, têm fortes raízes junto ao agronegócio. Foi à exploração de uma madeira, o pau Brasil, que deu nome definitivo ao nosso País. A ocupação do território brasileiro iniciada durante o século XVI e apoiada na doação de terras por intermédio de sesmarias, monocultura da cana-de-açúcar e no regime escravocrata foi responsável pela expansão do latifúndio. Antes da expansão deste sistema monocultor, já havia se instalado no país como primeira atividade econômica a extração do pau-brasil.

A extinção do pau-brasil coincidiu com o início da implantação da lavoura canavieira, que durante esse período serviu de base e sustentação para a economia. O processo de colonização e crescimento está ligado a vários ciclos agroindustriais, como a cana-de-açúcar, com grande desenvolvimento no Nordeste; a borracha dá exuberância à região amazônica, transformando Manaus numa metrópole mundial, no início do século, logo depois o café torna-se a mais importante fonte de poupança interna e o principal financiador do processo de industrialização; mais recentemente, a soja ganha destaque como principal commodity brasileira de exportação, (RENAI, 2007).

Da poupança da agricultura, instalam-se agroindústrias, como a do vinho e dos móveis, da carne bovina, de suínos e aves. O progresso do Sul do Brasil também está ligado ao agronegócio. A pecuária domina os pampas; a exploração da madeira nas serras e a agricultura se desenvolvem com a participação das várias etnias que compõem o mosaico populacional da região.

Em síntese, fica evidente que, a partir da década de 1930, com maior intensidade na de 1960 até a de 1980, o produtor rural passou, gradativamente, a ser um especialista, envolvido quase exclusivamente com as operações de cultivo e criação de animais; por sua vez, as funções de armazenar, processar e distribuir produtos agropecuários, bem como as de suprir insumos e fatores de produção, foram transferidas para organizações produtivas e de serviços nacionais e/ou internacionais fora da fazenda, impulsionando, com isso, ainda mais a indústria de base agrícola. (VILARINHO, 2006).

O agronegócio brasileiro passou por um grande impulso entre as décadas de 1970 e 1990, com o desenvolvimento da Ciência e Tecnologia, proporcionando o domínio de regiões antes consideradas “inóspitas” para a agropecuária. Isso fez surgir à oferta de um grande número de produtos. O país passou então a ser considerado como aquele que dominou a “agricultura tropical”, chamando a atenção de todos os nossos parceiros e competidores em nível mundial.

Atualmente, produtos oriundos do complexo de soja, carnes e derivados de animais, açúcar e álcool, madeira (papel, celulose e outros), café, chá, fumo, tabaco, algodão e fibras têxteis vegetais, frutas e derivados, hortaliças, cereais e derivados e a borracha natural são itens importantes da pauta de exportação brasileira (VILARINHO, 2006). A evolução da composição do Complexo do Agronegócio confirma que as cadeias do agronegócio adicionam valor às matérias-primas agrícolas onde o setor de armazenamento, processamento e distribuição final constituem o vetor de maior propulsão no valor da produção vendida ao consumidor, consolidado na forte rede de interligação entre a agricultura e a indústria.

Perspectivas Para o Agronegócio Brasileiro

Para Contini (2001), as perspectivas são promissoras. O Brasil detém terras abundantes, planas e baratas, como são os cerrados com uma reserva de 80 milhões de hectares, dispõe de produtores rurais experimentes e capazes de transformar essas potencialidades em produtos comercializáveis e detém um estoque de conhecimentos e tecnologias agropecuárias, transformadoras de recursos em produtos. Por qualquer ângulo que se analise o mercado, o tamanho que o Brasil adquiriu no campo do agronegócio é impressionante.

Por conta de condições extremamente favoráveis para a contínua expansão deste mercado, como farto espaço territorial, mão-de-obra acessível e diversas questões ligadas à conjuntura internacional, o país é visto por muitos especialistas como principal candidato ao posto de grande fornecedor alimentício global.

Até 2015, a participação nacional no mercado internacional de soja deve crescer dos atuais 36% para 46%. No caso do frango, o salto será de 58% para 66%. Nas áreas em que o país ainda tem uma fatia pequena do comércio mundial, as evoluções devem ser muito maiores. Na suinocultura, por exemplo, de acordo com previsões dos especialistas da área, o Brasil deve quadruplicar sua participação, conquistando metade do mercado internacional. "Num futuro próximo, a suinocultura será tão importante para a balança comercial do país quanto são hoje o frango e a carne bovina” (NETO, 2007 apud SEIBEL, 2007).

O agronegócio é o maior negócio mundial e brasileiro. No mundo, representa a geração de U$ 6,5 trilhões/ano e, no Brasil, em torno de R$ 350 bilhões, ou 26% do PIB (29%, segundo a Confederação Nacional da Agricultura - CNA). A maior parte deste montante refere-se a negócios fora das porteiras, abrangendo o suprimento de insumos, o beneficiamento/processamento das matérias-primas e a distribuição dos produtos. (STEFANELO, 2002). Estes são pontos que reforçam a importância do agronegócio no Brasil, além de sua grande competitividade, utilização de alta tecnologia e gerador de empregos e riquezas para o país.

Importância Econômico-Social do Agronegócio Brasileiro

O agronegócio é também importante na geração de renda e riqueza do País. No aspecto social, a agricultura é o setor econômico que ainda mais ocupa mão-de-obra, ao redor de 17 milhões de pessoas, que somados a 10 milhões dos demais componentes do agronegócio, representa 27 milhões de pessoas, no total. É o setor que ocupa mais mão-de-obra em relação ao valor de produção: para cada R$ 1 milhão, o número de ocupados, em 1995, era de 182 para a agropecuária, 25 para a extração mineral, 38 para a construção civil. (CONTINI, 2001).

O agronegócio como um todo envolve mais de 1/3 do PIB brasileiro. Mesmo reconhecendo-se os benefícios da transformação de uma sociedade agrária para uma industrial-urbana, não se pode esquecer que esta tem capacidade limitada de absorver mão-de-obra. Principalmente em regiões menos desenvolvidas, os setores da agricultura, da agroindustrialização e de áreas correlatas serão importantes para o crescimento da renda e do emprego. (RENAI, 2007).

No contexto da recente crise cambial, o agronegócio tem sido um fator que minimizou os desequilíbrios das contas externas do Brasil. A agricultura contribuiu decisivamente para as exportações com saldo comercial setorial positivo da ordem de US$ 40,18 bilhões de dólares em 2006 e de 49,7 bilhões em 2007. (Ver Tabela1).

Tabela 1 – Balança comercial do agronegócio brasileiro (US$ bilhões)
 

Período

Exportações

Importações

Saldo

2000

US$ 20.610

US$ 5.799

US$ 14.811

2001

US$ 23.863

US$ 4.847

US$ 19.016

2002

US$ 24.839

US$ 4.492

US$ 20.347

2003

US$ 30.639

US$ 4.791

US$ 25.848

2004

US$ 39.015

US$ 4.881

US$ 34.134

2005

US$ 42.000

US$ 5.000

US$ 37.000

2006

US$ 52.040

US$ 11.86

US$ 40.180

2007

US$ 58.400

US$ 8.700

US$ 49.700

2008

US$ 69.400

US$ 11.200

US$ 58.200

Fonte: Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2009)

A Tabela mostra o superávit do agronegócio brasileiro, evidenciando que o setor tem participação importante para o equilíbrio de nossas contas. De acordo com os números, o crescimento do superávit do ano 2000 até 2007 foi de 235% no período, um crescimento espetacular do setor.

No entanto, já sentindo os efeitos da crise, a balança comercial do agronegócio teve uma queda de 0,53% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio no primeiro trimestre de 2009, de janeiro a maio deste ano, saldo acumulado é de US$ 19,737 bilhões. Enquanto as exportações renderam US$ 24,103 bilhões, as importações chegaram a US$ 4,366 bilhões. Apesar do saldo, o resultado é 12,49% menor do que o registrado no mesmo período de 2008. (CNA, 2009).

Quando os efeitos da crise passar, as perspectivas acompanham as já anunciadas para o Brasil, de que o agronegócio pode sair dessa melhor do que entrou.

Desafios do Agronegócio no Brasil

Segundo indicadores da (Unctad), a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento, o Brasil será o maior país agrícola do mundo em dez anos. Em 2006 as exportações cresceram 19,29% em relação a 2005, em termos de saldo, a ampliação em 2007 foi de cerca de US$ 58,4 bilhões, um aumento de 10,8% acima dos US$ 52,04 bilhões de 2006. O país é líder mundial de exportação de açúcar, café, suco de laranja e soja. Assumiu também a dianteira nos segmentos de carne bovina e frango, depois de ultrapassar tradicionais concorrentes, como Estados Unidos e Austrália. Essas boas posições devem consolidar-se ainda mais nos próximos anos. (BORGES, 2007).

Esse montante coloca o Brasil entre os líderes mundiais na produção de soja, milho, açúcar, café, carne bovina e de frango. Mas todos esses bons resultados, assim como as expectativas futuras, correm sérios riscos de sofrer um pesado revés se os problemas relacionados à infra-estrutura logística - o maior obstáculo para o desenvolvimento do agronegócio do Brasil, não forem solucionados. Um dos grandes entraves é a infra-estrutura, em particular a precariedade da malha rodoviária do país.

De acordo com uma das pesquisas mais recentes sobre o assunto, elaborada pela CNT Confederação Nacional do Transporte (2007), dos 84.832 quilômetros avaliados, 37% encontram-se em estado péssimo de conservação e outros 32% possuem alguma deficiência. Em razão desse tipo de problema, regiões com potencial no agronegócio, como o Nordeste, ainda não conseguiram deslanchar. O agronegócio é justamente o que mais sofre com a ineficiência dos canais de transporte, cujas deficiências são responsáveis por prejuízo correspondente a 16% do PIB, segundo estudo do Centro de Estudos de Logística da Universidade do Rio de Janeiro.

O gargalo logístico envolve praticamente toda a infra-estrutura de transporte do país. As ferrovias, embora tenham recebido investimentos com a privatização, ainda estão longe de suprir a demanda do setor de agronegócio e se consolidar como uma alternativa viável ao transporte rodoviário. Além da ampliação da malha de 30 mil quilômetros de extensão (praticamente igual a do Japão, país 22 vezes menor que o Brasil) é urgente a modernização do maquinário. Com os trens e bitolas atuais, a velocidade média das composições não ultrapassa lentos 25 km/h. (BORGES, 2007).

Ainda de acordo com a mesma fonte, Ao mesmo tempo, deixamos de fazer uso de canais de transporte de grande potencial, caso dos 42 mil quilômetros de hidrovias, em que apenas 10 mil quilômetros são efetivamente utilizados. Como resultado, sistemas como o do Tietê-Paraná, com 2,4 mil quilômetros e que consumiu US$ 2 bilhões em investimentos públicos em vários governos, escoa apenas 2 milhões de toneladas de carga/ano, apenas 10% de sua capacidade total.

No transporte marítimo de cabotagem (outro canal com grande potencial no Brasil) assistimos a uma situação semelhante. Embora a privatização tenha contribuído para a modernização dos portos, o excesso de mão-de-obra (que chega a ser de três a nove vezes superiores aos portos europeus e sul-americanos) ainda mantém os padrões de produtividade baixos. Enquanto o índice internacional de movimentação é de 40 contêineres/hora, nos portos brasileiros essa média é de 27. É um dos motivos pelos quais todos os anos caminhões formam filas de até 150 quilômetros de extensão para descarregar suas cargas no porto de Paranaguá (PR).

Consciente de que sozinho não conseguirá reverter esse quadro, o governo federal já busca o apoio da iniciativa privada. Por meio do plano de Parceria Público-Privada, que pretende investir R$ 13,68 bilhões em 23 projetos de reformas em rodovias, ferrovias, portos e canais de irrigação nos próximos anos. Na certeza que só as Parcerias Público-Privada, não será suficiente para dotar o país de bom infra-estrutura, o Governo Federal criou o (PAC) Programa de Aceleração do Crescimento lançado no começo de 2007, foi concebido para eliminar esse descompasso e afastar o risco de gargalos nos próximos anos. (PAC, 2009).

O objetivo do programa é aumentar o investimento em infra-estrutura para: eliminar os principais gargalos que podem restringir o crescimento da economia; reduzir custos e aumentar a produtividade das empresas; estimular o aumento do investimento privado; e reduzir as desigualdades regionais. Os investimentos em Infra-Estrutura logística do PAC previstos até 2010 são de R$ 58 bilhões de reais.

É preciso destacar também que, além dos recursos, a iniciativa privada ainda tem muito a contribuir para o desenvolvimento da infra-estrutura do país, incentivando a criação de pólos intermodais de transporte (integração entre os sistemas rodoviário, ferroviário, marítimo, fluvial e aéreo) para redução de custos e aumento do nível de serviços.

Um exemplo do potencial desses pólos é representado por um estudo do Geipot (Empresa Brasileira de Planejamento em Transportes, ligada ao Ministério dos Transportes). Já em 2000, a empresa alertava que o melhor aproveitamento e a utilização racional dos canais de transporte seria capaz de economizar em cerca de US$ 75 milhões os custos anuais de escoamento de grãos. Para ilustrar o que estamos falando, basta destacar que um único comboio na hidrovia Rio Madeira tem capacidade para 18 mil toneladas de grãos, substituindo 600 carretas de 30 toneladas nos eixos Cuiabá (MT) / Santos (SP) e Cuiabá (MT) /Paranaguá (PR). Essa redução dos custos de transporte contribuiria diretamente para reduzir os custos de nossos produtos, tornando-os mais competitivos no mercado internacional. Isso sem falar da economia de combustível e de fretes, na redução do tráfego e desgaste das rodovias.

Outro obstáculo sério ao desenvolvimento pleno do agronegócio está relacionado ao sistema tributário. Com uma economia aberta ao exterior, isto é com possibilidade de exportar e importar qualquer produto do agronegócio, a carga tributária deve ser compatível com a dos nossos competidores. Como nossos concorrentes, inclusive no Mercosul, têm impostos baixos, fica difícil ao produtor brasileiro competir nos mercados externos; vezes há que perde o próprio mercado interno porque os produtos importados chegam mais baratos.

Não há como o produtor rural e a agroindústria serem competitivos com governos vorazes em criar novos impostos, aumentar os atuais e com mecanismos complexos de arrecadação, o que aumenta os custos de produção. A reforma tributária é urgente, com diminuição da carga e simplificação dos procedimentos na tributação. Além das medidas de controle sanitário que também estão na relação de assuntos importantes que vêm sendo negligenciados pelo governo.

O potencial de prejuízos que isso pode acarretar aos produtores já foi demonstrado nos últimos anos. Por causa do surgimento de focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul e no Paraná, segundo Seibel (2007) mais de 50 países impuseram embargo à carne bovina desses estados, que estão entre os maiores produtores nacionais. Além do embargo à carne bovina, o agronegócio brasileiro sofreu com o surto de gripe aviária, que prejudicou as exportações mesmo de países que não registraram casos da doença (como o Brasil).

Como se vê, os obstáculos para o crescimento do agronegócio brasileiro são imensos, mas as soluções também existem e precisam ser colocadas em prática. O que esperamos, é que tanto o governo nas esferas federal, estadual e municipal, quanto a iniciativa privada, mantenham a sua determinação em modernizar a infra-estrutura brasileira, e resolva os problemas domésticos para que o pais se torne a potência do agronegócio do futuro.

Considerações Finais

Como se observa, é indiscutível a importância do agronegócio à nossa economia. O agronegócio se tornou o setor chave para que o Brasil se inclua no comercio mundial. Apesar das grandes vantagens encontradas no agronegócio brasileiro e das suas boas perspectivas futuras, o mesmo encontra muitos problemas e desafios a serem superados que dependem, essencialmente, de investimentos tanto públicos como privados, bem como de mudanças nas políticas econômicas internas.

Como se vê, os obstáculos para o crescimento do agronegócio brasileiro são imensos, mas podem ser superados. Muito embora o potencial de comércio do agronegócio brasileiro seja muito grande, poderia ser ainda maior se houvesse políticas sérias agrárias e de infra-estrutura. Mesmo assim, o SAI brasileiro ocupa lugar de destaque entre os países produtores de alimento no mundo.

Cabe ainda lembrar que para o Brasil se tornar a grande potência mundial do agronegócio, o país precisa resolver problemas estruturais, pois somos competitivos em algumas cadeias produtivas e em outras não. Além do mais, as políticas econômicas impedem que o rendimento seja maior e os problemas de logística geram custos elevados.

Contudo, o agronegócio brasileiro é persistente e, apesar desses obstáculos, cresce sua participação no mercado internacional. Isto implica dizer que as nossas vantagens como terras abundantes, potencial de produção, climas favoráveis, imensa disponibilidade de água doce e energia renovável e sua capacidade empresarial, estrategicamente suplanta qualquer problema, fazendo do agronegócio o nosso maior negócio.

Logo, se faz necessário a criação de políticas públicas urgentes voltadas à infra-estrutura do país, através, por exemplo, do PPP, que discute com a iniciativa privada a reconstrução da malha logística do Brasil em todos os segmentos modais.

Cabe, ainda, ao Estado brasileiro promover a modernização de máquinas e equipamentos que dá suporte ao desenvolvimento da boa performance do campo. Se faz necessário ainda, a articulação, incremental e aplicação de políticas mais flexíveis e ágeis de crédito ao setor agrário. Os juros bem como as altas taxas de importação de aparatos agrícolas vêm, ao longo dos anos, restringindo a inserção de novas tecnologias e/ou tecnologias de ponta à agricultura de determinadas regiões, como o NE brasileiro.

Alardear o potencial do agronegócio brasileiro é o que tem sido feito pelo poder público, entretanto, buscar soluções práticas e definitivas, que dê sustentabilidade continuada ao setor, contigencialmente não tem passado de engodo da velha política brasileira. Nas contingências atuais, já passou da fase de discussão, deve-se calcar na viabilidade produtiva, nas diretrizes corretas fomentadas pelo Estado e na vertiginosa capacidade privada de produzir de racionalizar e de fazer, de fato, com que os investimentos se tornarem lucros financeiros e socialmente.

Referências

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JUNIOR PADILHA, João. B. O Impacto da Reserva Legal Florestal sobre a Agropecuária Paranaense, em um Ambiente de Risco. Curitiba, 2004. Dissertação (Doutorado em Ciências Florestais), Universidade Federal do Paraná.

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RODRIGUES, Roberto. O céu é o limite para o agronegócio brasileiro. Conjuntura Econômica, Rio de Janeiro, V.60, n.11, p.14-15, Nov.2006.

SEIBEL, Felipe. O novo salto do agronegócio. Exame. Disponível em: < http://www.portalexame.abril.com.br/berto/anuarioagrone>. Acesso em: 09 jan.2009.

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