Contribuciones a la Economía


"Contribuciones a la Economía" es una revista académica con el
Número Internacional Normalizado de Publicaciones Seriadas
ISSN 16968360

 

CARTA ABERTA AOS GURUS DA ECONOMIA

 

Graccho M. Maciel
graccho67@uol.com.br

 

Por não me julgar competente o suficiente para dizer todos os males que observo em meu país, utilizei-me do excelente livro de Mr. Bernard Maris, Carta Aberta aos Gurus da Economia que Nos Julgam Imbecis, a quem peço a licença de reproduzir na tradução da Editora Bertrand, a quem agradeço por não ter permitido que tão importantes idéias ficassem omitidas do grande pú-blico brasileiro e sul americano, como soem acontecer com muitas outras.

“Se a economia é uma religião, então o Federal Reserve (Banco Central Ame-ricano) é sua igreja e seu Presidente o Sumo Sacerdote, mas o maior econo-mista continuará sendo João Paulo II.”

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Maciel
, G.M.: "Carta aberta aos gurus da economia" en Contribuciones a la Economía, julio 2008 en http://www.eumed.net/ce/2008b/


CARTA ABERTA

AOS GURUS DA ECONOMIA QUE NOS JULGAM IMBECIS

Pág 57 e seguintes

Quando os papas abjuram ...

Os papas nunca são tolos que se deixem enganar. Eles deixam a devoção para os humildes, para os submissos, para os analfabetos ou para os Trissotin.

Maurice Allais, economista renegado, porque nunca se deixou enganar, dizia: "Es-tes 45 últimos anos foram dominados por toda uma sucessão de teorias dogmáticas, sempre sustentadas com a mesma auto confiança, mas totalmente contraditórias entre si, igual e totalmente irrealistas, e abandonadas uma após outra sob a pressão dos fatos. O estudo da História e a análise aprofundada de erros anteriores foram sendo excessiva e progressivamente substituídos por simples afirmações, muitas ve-zes alicerçadas em puros sofismas, em modelos matemáticos irrealistas e em análi-ses superficiais das circunstâncias do momento".

"Le désarroi de la pensée économique" (A perda da razão (ou desnorteamento) do pensamento econômico), Le Monde, 29 dejunho de 1989. Frase repetida, palavra por palavra, no Le Figaro de 19 de outubro de 1998.

[E já se passaram mais de 20 anos e a América Latina continua a ouvir a mesma cantilena dos que rastejam em volta do poder, exploram as classes pobres e depois voltam a trabalhar nos banco. Nota do Coordenador]

Aqui na França é tranqüilizador. O retorno à História. O retorno às fontes da eco-nomia política. E os "puros sofismas", os "modelos matemáticos irrealistas" abando-nados... Faz bem ouvir isso. É um retorno ao velho Friedrich List e seu Sistemas de Economia Política.

Melhor ainda: Hicks, outro grande economista, um dos papas da virgindade wal-rasiana e do mês de Maria, também converteu-se ... à História. Finalmente. Hicks abjurou. Arrependeu-se. Oh, ao ler esse personagem culto e que escreve com uma elegância realmente rara entre os pedreiros da equação, não pudemos deixar de pensar que ... que estivesse blefando! Que usasse a lógica (mesmo manejando o jar-gão econômico) só para se divertir. Que refletisse sobre economia tal como os outros conversam eruditamente sobre o sexo dos anjos. Sua enorme teoria austríaca do ca-pital - alguns volumes para demonstrar uma evidência: se a taxa de juros baixa, o investimento aumenta - não era mais do que um jogo sobre os modelos demográfi-cos. Nós já sabíamos. Sabíamos também que ele havia apunhalado Keynes pelas costas e que não estava muito orgulhoso disso. Acabou reconhecendo os fatos.

Conquistado o Nobel, ele se dedicou cada vez mais à história do pensamento, de-pois à história dos fatos econômicos. Enfim, disse, substancialmente, em tom um tanto lasso, muito hicksiano, que tudo que havia construído ao longo da vida não era mais do que jogos feitos junto à lareira, puzzles, catedrais de palitos de fósforo. In-fantilidades lógicas. Que a História era a única economia possível. Que a noção de lei econômica não tinha sentido. Reconheceu, em suma, que havia traído Keynes, logo após a publicação da Teoria Geral, interpretando-a por meio de um diagrama2 do qual retirou, evidentemente, a incerteza, e que, no entanto, era Keynes quem tinha razão. O diagrama, chamado de IS-LM, escandalosamente ensinado aos estudantes como sendo uma síntese da teoria walrasiana e da teoria keynesiana.

"Os teóricos do equilíbrio não sabiam que estavam derrotados ... Eles acredita-vam que Keynes podia ser absorvido por seu sistema de equilíbrio." Mas já estavam derrotados em 1937, quando Keynes se referia a "forças obscuras da incerteza e da ignorância que atuam nos mercados". Em 1979, Hicks finalmente abandonou a noção de lei universal em economia publicando uma veemente análise crítica: Causalidade e Economia. E morreu com um sorriso nos lábios.

Outros, porém, já haviam abdicado antes dele. Pareto, desesperado com muitas coisas, pondo Walras na fogueira depois de tê-lo adorado e reconhecendo que a eco-nomia não passava de uma tentativa inútil de fazer psicologia em outros termos - ah, mas isso é tão verdadeiro! E a "confiança"! A "transparência!" O "temperamento san-güíneo dos empresários"! E Marshall dizendo a Keynes, pouco antes de morrer: "If I had to live my life over again, I should have devoted it to psychology ... " ("Se me fosse dado viver de novo, eu dedicaria minha vida à psicologia ... "Essays in Biogra-phy Coll. Writings Londres, McMillan 1972).

E Keynes, lendo Freud e escrevendo anonimamente para seu próprio jornal a fim de dar testemunho de sua admiração pelo mestre de Viena, descobrindo em Freud suas teorias do dinheiro, da "libido poderosa dos empreendedores" e até mesmo da depressão. Keynes que, para fazer aceitar sua Teoria Geral, teve que adotar o jargão vigente, improvisar duas ou três equações com multiplicações tomadas de emprésti-mo a Kahn e que nada lhe acrescentaram, teve que parecer hermético para ser apre-ciado pelo establishment e fazer ver, sub-repticiamente, a impostura da economia como física social e a inexistência do equilíbrio nos mercados (Bravo, Maynard! Digno de seus amigos Blunt e outros, alunos especiais em Cambridge).

E Gunnar Myrdall, o economista (Prêmio Nobel de 1974) que gastou seu fôlego criticando os economistas e debochando dos econometristas; e Klein, o econômetris-ta (prêmio Nobel de 1980) que também caçoa dos economistas ... E Maurice Allais, que, por ocasião de sua nova indicação ao Nobel, disse que, no fundo, a economia não é mais do que psicologia ... E Arrow, Prêmio Nobel, que é autor, juntamente com Debreu e Hahn, da teoria do equilíbrio e que estourou de rir assim que viu seu Nobel garantido ... E Robert Solow, Prêmio Nobel, a quem se deve esta maravilhosa frase: "A prisão é o auxílio-desemprego americano", e que, depois de anos de casuística matemática, também reconheceu que, em "ciência" econômica, decididamente, as instituições, a História e a política é que são importantes. Jamais o equilíbrio, a ra-cionalidade, a concorrência, a eficácia e outras besteiras.

E o próprio Edmond Malinvaud, majestade dos pés à cabeça, que pregava ser-mões a Hicks por ter abandonado o círculo dos adoradores da "ciência" econômica ... E que também, no final de sua carreira ou, melhor, de sua vida, quando a ave de Minerva enfim se ergue, e todo homem ousa olhar de frente o que foi e o que fez, cantou sua estrofe antieconomia matemática! Paremos por aqui e rezemos! Aleluia! Até Malinvaud! "Por que os economistas não fazem descobertas?", questionou ele na Revista de Economia política em 1996. Bem claro, não?

Por que os economistas não fazem descobertas científicas?

Porque a economia não é propícia a descobertas científicas. Fazem-se descobertas em teologia? Ou em casuística? Em casuística, vai-se juntando caso a caso. De mi-lhares a milhões de casos.

A economia tornou-se uma imensa acumulação de casos particulares.

Não sem razão o editor chefe do Wall Street Journal, um dos jornais de economia mais respeitados do mundo, abriu seu livro sobre os últimos mais famosos economis-tas com o título: Os Profetas Perdidos, e comenta que

“Na melhor das hipóteses a economia é uma pseudo-ciência, e na pior, é um jogo de adivinhação praticado por vigaristas expertos”

Que lucidez há nesse texto! É toda a história da "ciência" na França e no Ocidente! Aproximando os engenheiros dos literatos, os brancos dos aborígines, os citadinos dos camponeses. Mostrando como a matemática impressiona os ingênuos e ignoran-tes, que logo dizem ou fazem mais do que é preciso, por medo de não se mostrar suficientemente refinados ... Os piores ao ordenar os fuzilamentos foram sempre os que tinham medo de passar por frouxos ... Hoje em dia mesmo, muitos autores vitu-peram a "qualidade da ciência" porque têm diante dos olhos equações que não com-preendem. É permanente a função terrorista da matemática.

A cientificidade é o tormento dos economistas. Então, para terem ares de sábios, exibem, bem ostensivamente, sua parafernália técnica. "A matemática, de instru-mento, que jamais deixou de ser, passou a ser emblema, signo da ciência, destinada a impressionar os que estão fora e assegurar os do lado de dentro: o economista, pela matemática, exorciza sua inquietação de usurpador." [Frédéric Lordon, "Le désir de faire sciences" (O desejo de fazer ciência"), Actes de Ia Recherche en Sciences Sodales , nº119, setembro de 1997.]

Obrigado, Edmond Malinvaud, por finalmente reunir-se aos que dizem em alto e bom som o que o mundo todo sabe e murmura baixinho: o rei está nu.

A dança macabra

Aniquilada toda a coerência do modelo de equilíbrio geral, cada um pode ir para seu canto, cuidar de sua vida, sem entrar mais pela seara alheia. Um vai tratar do contrato de trabalho, outro das relações entre os acionistas e os dirigentes, um ter-ceiro das relações entre deputados e eleitores ou dos eleitos e dos governantes, mais um irá para o direito, algum mais para a filosofia política (o que se dá cada vez mais e é algo digno de respeito; há também um número enorme de bares a serem cons-truídos e lotados com pessoas desocupadas e sentenciosas), este se ocupará da eco-nomia dos transportes, aquele da ecologia (aqui também há um bocado de gente, tanto o pensador em ecologia, quanto o tolo que busca a taxa ótima para que o bu-raco de ozônio tenha um formato ótimo, para que o Reno tenha um número ótimo de peixes navegando suas águas ou para que a taxa de câncer de uma população seja optimal), outro da economia industrial, outro etc. etc. Pelo menos a nova geração é lúcida. Fica trabalhando em seu canto, sem pretensões. Chega de grandes sistemas, viva o cada um para si e o optimum para todos.

É, eu disse mesmo o optimum e não o mercado. Os jovens economistas sabem que o optimum não é o mercado. Sabem que aplicam um jargão e um instrumento a todo e qualquer campo social. Pelo menos têm a desculpa de que o fazem com co-nhecimento de causa e com um certo cinismo (só o cinismo pode explicar que Rhône-Poulenc se preocupe com a ecologia, Bouygues com comunicação ou Becker1 com problemas de fecundidade) [Gary Becker. Prêmio Nobel de Economia de 1992, um dos maiorais do cálculo custo/beneficio a ser aplicado a todos os aspectos da vida, sobretudo ao casamento, à vida familiar e, igualmente, ao crime. à educação etc..]. Morto o sistema de Walras, os economistas precipitaram-se para o pátio de recreio. E sobre a teoria dos jogos.

Não deixa de ser fascinante que a economia contemporânea tenha aí estabelecido moradia. Como o próprio nome indica, a teoria dos jogos é uma enorme empresa lógico-lúdica que possibilita fazer perguntas difíceis, propor adivinhações e charadas, construir os silogismos tão apreciados pelos lógicos de calças curtas ou compridas e pontificar sobre toda e qualquer questão social: as relações empregado-res/empregados, o assédio sexual, a atitude dos criminosos e dos fraudadores (que o jargão econômico chama, adequadamente, de "passageiros clandestinos"), o trabalho feminino, as escolhas educacionais, as relações acionistas/patrões, geren-tes/assalariados, Estado/empresas, os conflitos de todo tipo, as estratégias publicitá-rias, tudo, absolutamente tudo que compõe a vida de uma sociedade. Os conflitos entre homens e animais podem ser tratados pela teoria dos jogos. As relações afeti-vas ou sexuais, também.

A teoria dos jogos é a página Jogos do Suplemento do Mickey (embora com nível um pouquinho mais elevado: "Um comportamento ótimo está escondido nesse mode-lo: será que você consegue descobri-lo?"). E os economistas tornaram-se encantado-res escoteiros-mirins do jogo de corridas, da fórmula de acender o fogo, da "qual é o maior número de três algarismos", do "você deve dar banho no seu gato ou pagar o acionista em função dos dividendos e de sua importância?" ou “você deve casar ou comprar uma bicicleta?”

Ousem, senhores economistas! Ousem dizer que vocês têm prazer nisso! O ver-dadeiro prazer do lógico ou do matemático, para os quais a questão da utilidade não tem o mínimo valor. É supérflua. Digam que vocês são matemáticos dos melhores, garotos em viaturas de pedal que julgam estar conduzindo o que para os outros são bólidos - mas que seu prazer, no caso, é o mesmo. Nós já fomos crianças. Então as-sumam seu lado autodidata, de pintores de domingo, de construtores de catedrais de palitos de fósforo; assumam seu piquenique na grama, com um copo de termodinâ-mica, uma pincelada psi, uma colherada de bom senso; assumam seu chopinho de fim de seminário, no qual vocês trocam impressões com os outros pilotos de mode-lismo, contemplando seus barquinhos no lago das Tuileries e sonhando navegar um oceano de verdade.

Sabe, Edmond Malinvaud, seu apelo em relação à "utilidade da pesquisa", suas recomendações quanto à "atenção na avaliação da pesquisa", à "maior exigência de serem anunciados os limites de alcance dos resultados" são ambíguos!

Se é para dizer a seus colegas "Reconheçam que vocês, utilitaristas, maníacos da utilidade, se tornaram conquistadores do inútil", tudo bem. Deixe que eles subam aos píncaros que não levam a parte alguma e aí se divirtam. Mas, se é para fazê-los, mais uma vez, pensar na utilidade e na seriedade de uma ciência que deveria estar mais próxima do real, não há acordo possível. Nada pior do que um economista tími-do. Ele deixa porta aberta aos inventores de histórias e aos falsificadores. Gozem seu prazer sem limites, senhores economistas! Vocês têm o social e a matemática! Sejam ainda mais surrealistas! Pontilhistas! Expressionistas! Borrem a grande tela branca da vida com grandes pinceladas! - desculpem: com lemas e teoremas. E apregoem, alto e forte, que vocês vão cortar a grama de sob os pés dos experts, esses ladrões de saber.

A teoria dos jogos foi uma fantástica renovação de ar para os economistas incrus-tados nas sínteses macroeconômicas dos anos 60, nas pesadas recensões estatísticas em que se analisavam crescimentos, faziam-se comparações internacionais, estudos de desenvolvimento, todos esses ingentes esforços de 'Justapor-se ao real". Até os nomes dos jogos são estranhos e divertidos: o dilema do prisioneiro, a guerra dos sexos, a pomba e o gavião, o teorema do folclore ...

Com a teoria dos jogos, veio o período das brincadeiras à mesa do bar, da anedo-ta estudantil elevada às cumeeiras do pensamento. Um enorme ramo da economia, chamado de "economia industrial ou economia da informação", pôde, em total impu-nidade, contar os apuros do gerente enredado na vigilância dos acionistas, as astú-cias do trabalhador qualificado free-lance, as macaquices do vendedor de carros em promoção seduzindo um boboca, a maldade do automobilista escondendo da compa-nhia de seguros seu comportamento, as caretas do publicitário diante das ordens que lhe dão etc., repetindo de forma irresponsável tudo que os Administradores já havi-am construído para benefício de gerentes, empresários e empregados. E isso de ma-neira absolutamente abstrata e lúdica, embora com pretensão à solidez das vigas mestras, do cimento e do madeiramento das obras, à dura realidade do ruído e do suor ... A economia industrial não diz mais do que três dedos de psicologia de bote-quim. Mas ela o diz com 'Jogos", interações estratégicas com raciocínios recorrentes, hipóteses de conhecimento comum ("eu sei que você sabe que eu sei"), eixos de de-cisão, argumentação que pesa seus 100 quilos de bom senso ("suponhamos que o manager deseje provisoriamente, em situação de incerteza, manter sua remunera-ção"). Ela permite aos economistas, a todos os economistas, levar um bom tempo, sem cansar ninguém, enrolando raciocínios cotidianos em metros e metros de equa-ções a serem arrumadas no baú de joguetes da "indústria". Indústria, o termo tem o peso de toneladas de petróleo e seus tanques de refinaria. Soa mais sério do que dizer:. “Eu o agarro pela barbicha, e você também" (Refrão de uma cançoneta infan-til francesa: "Je te tiens, tu me tiens par Ia barbichette". N.T.)- o que é, porém, a própria base de raciocínio dos jogos. Vocês não começariam um curso dizendo: "A-tenção! Hoje vamos brincar de cantar: 'Vou pegar vocês pela barbicha'." Vocês diri-am: "Vamos estudar os modelos principal agente, a teoria das incitações e alguns equilíbrios de -Nash." Nash é aquele mesmo que julgaram louco porque provou em um sistema de equações que se todos agissem em função de seus próprios interes-ses como queria Adam Smith, o resultado do sistema seria o pior possível, todos perderiam. Por isso diziam que ele era louco e encomendaram um filme para que ele fosse totalmente desacreditado. O filme chamou-se Uma Mente Brilhante e mostra Nash como participante de uma conspiração imaginária, coisa de louco.

O fim do sistema de equilíbrio geral foi uma espécie de queda do Muro de Berlim. Um delírio. Todos os economistas, mesmo os mais canastrões, os mais empoeirados, os liberais mais descabelados ou os marxistas mais ferrenhos, passando por pompo-sos keynesianos que nada entenderam de Keynes, adotaram a teoria dos jogos. Ago-ra acabou. A teoria morreu. Brinca-se. É divertido. Dança-se sobre o cadáver. Faz-se um joguinho para explicar as relações entre o Estado e os sindicatos, o duelo franco-alemão, a luta da Companhia de Águas com a Lyonnaise, o futuro da Rede Ferroviá-ria ou o Monicagate americano ... O mesmo jogo explica tudo. Enfim, os economistas estão em um mesmo campo: o do vazio. "A teoria dos jogos é a matriz econômica, contendo a própria teoria do equilíbrio" diz Bernard Nossiter. Totalmente de acordo. Ela é a matriz do comportamento humano. Ela explica a estratégia de Gérard Lam-bert, pela manhã entre sua bike e o metrô, a de Napoleão preferindo ter o sol nas costas num dois de dezembro ou de John Meriwether, patrão do fundo LTCM, fazendo uma aposta de 50 milhões de dólares nas letras do tesouro russas e vendo tudo se perder por seguir os conselhos de dois economistas, Merton e Scholes, ambos prê-mios Nobel, que usaram suas equações para administrar um fundo de ações e mer-cado futuro, conseguindo perder mais de 150 milhões de investidores que neles a-creditaram e jogaram no LCTM – Long Term Capital Management, de triste memória.

Ah, que é um bocado divertido, él

Não há dúvida de que, para quem olha de fora, manter-se-á um arzinho trágico de quem faz truques muito complicados, sendo falta de educação do público tentar desvendá-los. Só faltava os economistas terem que se explicar diante dos cidadãos pelo avanço da desigualdade e da fome depois de aplicadas suas receitas! Os médi-cos, as enfermeiras, os advogados, os vendedores de Dioxina, os jornalistas, é lógico que sim, os políticos também, por que não?, mas os economistas! E, além do mais, dizer o quê? Eles têm o privilégio único de poder discursar sobre a vida dos homens em sociedade, aconselhá-los, orientá-los, censurá-los, fazê-los passar fome em cer-tas situações, sem ter nunca que prestar contas. Além disso, seu blablablá é tão complicado, que ninguém entenderia nada mesmo e seria preciso ficar tentando compreender!

Ousemos dizer o seguinte: a teoria dos jogos, a economia pós-walrasiana, é a o-portunidade única para os mestres, os verdadeiros: eles podem, finalmente, divertir-se em paz.

O problema é que, como sempre, experts irão aproveitar-se dessa nova "ciência" para desfilar pelos salões a passos soltos. Ou, libertos da coleira do modelo geral, irão buscar os optima em seu canto. Mas sempre repetindo: "Viva o mercado e o op-timum", esses hipócritas, justamente agora, quando não têm mais o direito de fazê-lo, quando não mais estão na sociedade e, sim, recolhidos à sua pequena horta de legumes.

É catastrófico.

"Jamais insistiremos suficientemente no fato de que a ciência experimental pro-grediu graças ao trabalho de homens incrivelmente medíocres ou até mais do que medíocres ... Pois antes os homens podiam dividir-se, simplesmente, em instruídos e ignorantes, alguns mais ou menos instruídos e outros mais ou menos ignorantes. O especialista não é um douto, pois ignora completamente tudo o que não faz parte de sua especialidade, mas também não pode ser considerado um ignorante, pois é um homem de ciência, que conhece muito de sua bem pequena porção do universo. É, portanto, um instruído-ignorante", como os classifica Ortega y Gasset em A revolta das Massas escrito em 1930.

Mas essa frase cruel não se aplica exatamente aos economistas. Para eles é ainda pior. Primeiro, porque não fazem experiências. Depois, porque são, muitas vezes, lúcidos. Eles sabem que estão condenados a encerrar-se em seu canto, a ficar culti-vando seu canteirinho particular. Mas será que tiram partido disso? Que aplicam o adágio "Para vivermos felizes, vivamos escondidos e cultivemos nosso jardim"?

Os filósofos usufruem da inutilidade da filosofia? Sim. E os casuístas usufruem da casuística? Sim.

Os economistas usufruem da inutilidade da economia? Claro que sim. Com ele mantém seus gordos empreguinhos nos bancos enquanto aconselham governantes incautos a manter as crenças na fraude da oferta e demanda, inventada apenas para proteção dos ricos e dos mercadores, tornada religião para que ninguém a possa dis-cutir ou sequer entender porque invertem os eixos quando desenham o gráfico. Des-de que acreditem e tenham fé em que os preços saem sozinhos subindo uma escada erguida por uma entidade mágica chamada mercado, e que nada podemos fazer a respeito, então sua função está cumprida: eles cuja ciência era a administração da casa, entregaram a casa aos ladrões e aos que marcam os preços das mercadorias.

Ou será que estão dentro da casa no exato momento em que outros, em seu no-me, a saqueiam??? Então, senhores economistas, porque não voltar às origens e dis-cutir a questão da distribuição? Por que hoje 80% da renda está nas mão de 15% das pessoas enquanto as 85% passam fome ou vivem na extrema pobreza depois dos governantes cumprirem suas lições e seguirem seus conselhos?

Eis um retrato de suas brilhantes recomendações segundo sitio da ONU na WEB: ATÉ QUANDO ???


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