Revista: TURYDES
Turismo y Desarrollo local sostenible / ISSN: 1988-5261


LOCAL X LUGAR, DICOTOMIAS NO BINÔMIO EM APROPRIAÇÃO PARA A PESQUISA EM TURISMO

Autores e infomación del artículo

Renan de Lima da Silva *

Eduardo Mauch Palmeira**

Universidade de Caxias do Sul, Brasil

renan.turismo@gmail.com


Resumo: Este trabalho tem como objetivo tratar sobre as dicotomias entre apresentações de espaços de pesquisa no binômio Local X Lugar de pesquisa, buscou para tanto duas concepções metodológicas baseadas em orientação e revisão bibliográfica pensada a partir de Krippendorf 2002 e Clifford 2002, para orientar sobre a necessidade de uma pesquisa voltada para uma aproximação do pesquisador com o espaço pesquisado de uma maneira mais subjetiva e com uma construção diferenciada para pesquisas qualitativas em turismo, e também, baseadas em proposições etnográficas, demonstrar a apresentação de um local de pesquisa segundo dados especificamente e numa proposta de relato de pesquisa, como resultados, obtivemos uma apresentação de local de pesquisa e mais uma apresentação do lugar de pesquisa segundo as bases definidas teoricamente na pesquisa, um lugar de pesquisa baseado em uma construção de estudo prático que teve como resultado a alma do lugar apresentada pelos próprios residentes.
Palavras chave: Lugar; Local; Santa Catarina; Praias.
Resumen:Este trabajo tiene como objetivo tratar sobre las dicotomías entre presentaciones de espacios de investigación en el binomio Local X Lugar de investigación y para eso se buscó dos concepciones metodológicas basadas en orientación y revisión bibliográfica pensadas a partir de Krippendorf 2002 y Clifford 2002. Basado en estos autores se busca orientar sobre la necesidad de una investigación con miras a la aproximación del investigador con el espacio investigado de una manera más subjetiva y con una construcción diferenciada para investigaciones cualitativas en turismo y, también, basadas en proposiciones etnográficas. Además de eso, demostrar la presentación de un local de investigación según los datos específicos del mismo y en una propuesta de relato de investigación. Como resultados, obtuvimos presentaciones del local y del lugar de investigación según las bases definidas teóricamente en la investigación, un lugar de investigación basado en una construcción de estudio práctico que tuvo como resultado el alma de esto lugar presentada por los propios residentes.
Palabras clave: Lugar; Local; Santa Catarina; Playas

Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Renan de Lima da Silva y Eduardo Mauch Palmeira (2018): “Local X Lugar, dicotomias no binômio em apropriação para a pesquisa em turismo”, Revista Turydes: Turismo y Desarrollo, n. 25 (diciembre / dezembro 2018). En línea:
https://www.eumed.net/rev/turydes/25/santa-catarina.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/turydes25santa-catarina


Introdução
            O objetivo deste trabalho é apresentar o local em que desenvolvi minha pesquisa de mestrado, de que forma esse local passou a fazer parte da construção do meu conhecimento e da minha forma de pensar, mais do que simplesmente relatar dados sobre a localidade onde desenvolvi a investigação, o objetivo aqui apresentado e demonstrar empiricamente uma nova maneira de desenvolver uma apresentação de local de pesquisa para o desenvolvimento de trabalhos que levem em consideração uma lógica mais subjetiva, de modo que, não tem como objetivo se descolar de praticas ja consagradas no desenvolvimento da pesquisa mas demonstrar possibilidades que agregam aos estudos e pesquisa qualitativos.
            O que apresento, é a vivência e a experiência por qual passei nos dois momentos em que visitei pessoalmente a localidade, e principalmente quando, em certo sentido, esta me visitou e começou a fazer parte de mim e das minhas inferências, sendo essa apresentação recheado de subjetividade e objetividade, entretanto, como experiencia de pesquisa, demonstro aqui em formado de relato por orientação de pesquisa etnográfica como apresentado na experiência etnográfica de Clifford (2002), escrevo em primeira pessoa por me tornar parte constituinte e resultante do desenvolvimento dessa pesquisa.
            De fato, criei um vínculo afetivo de interesse com o lugar. Fui percebendo e sentindo sua cultura, seus sujeitos, sua comunidade, o que se associou aos meus referenciais epistemológico-teóricos. Em função disso, foi feita a opção por olhar, a partir desses sujeitos, o desenvolvimento da atividade turística na praia, o que vai ser discutido mais detalhadamente posteriormente.
            O território do campo de pesquisa apresentou-se, para mim, em dois momentos, de duas formas diferentes. Primeiro, tornou-se meu local de pesquisa, por ser aquele no qual o meu interesse científico se intensificou e onde vi a possibilidade de desenvolvimento de um trabalho de qualidade, com as características que considero relevantes para o turismo. O segundo momento em que esse se torna meu “lugar” de pesquisa é aquele em que se estabelece a afetividade com o local, com a cultura e com a comunidade. Os moradores foram se tornando meus amigos, após a minha primeira visita, de tal forma que o local foi se tornando também um pouco meu. Assim, penso ter conseguido me aproximar e procuro apresentá-lo como um dos meus lugares, segundo a definição de Yázigi (2001), em que esse autor define o lugar como sendo um local com alguma afinidade pessoal para você.
            Ao produzir esta pesquisa, fui lidando com os seguintes questionamentos: O que é realmente conhecer um lugar? Quando e como podemos dizer que conhecemos uma cidade, um país, um estado? Quantos lugares de um mesmo lugar precisamos conhecer para poder dizer que dele conhecemos algo?
            A partir desses questionamentos, pensei na estruturação do que apresento a seguir. No intuito de caracterizar o meu local de pesquisa, vou explanar, em referência à forma como o conheci, como gostaria que as pessoas o conhecessem e como ele passou a ser não só meu local de pesquisa, mas também, meu lugar de pesquisa, acreditando que tal percepção, de condições para o desenvolvimento de pesquisas mais humana e voltada para as subjetividades que se apresentam em pesquisas de cunho qualitativo que tem esse viés.
            Nesse sentido, faço uma reflexão sobre conhecer, local de pesquisa e lugar de pesquisa, a partir do texto de Yázigi (2001) e da forma como esse local se apresentou para mim. Optei por, num primeiro momento, mostrar o local, segundo uma perspectiva sistemática mais fria. Num segundo momento, faço uma apresentação mais subjetiva e afetiva do lugar, detalhando aspectos físicos de suas particularidades, como forma de explicitar também o meu lugar de pesquisa e por fim, apresento relatos que comprovam os benefícios que entender um local de pesquisa pode apresentar para o desenvolvimento da pesquisa em questão.
            A primeira vez que ouvi falar de Laguna foi através de matérias em revistas de surfe. Nessas publicações, o local aparecia como um dos melhores ‘picos’ para a prática do surfe em ondas do Brasil, tornando-se, em minha imaginação, um paraíso do surfe em terras sul-americanas.
            A segunda vez que Laguna surgiu, agora como potencial local de pesquisa, foi já durante o mestrado, quando decidia qual seria o território escolhido para a aplicação das teorias estudadas. A conversa com um dos meus professores, ex- morador de Laguna, fez retornar, na minha memória, o imaginário de Laguna, expresso nas revistas, que já havia perdido. Este professor, que por algum tempo viria a ser meu orientador, me apresentou Laguna como seu lugar, detalhando como o conhecia e relatando sua afetividade. Nessas conversas, ele me contou um pouco mais sobre a constituição geográfica do local e falou a respeito de seus familiares, que ainda estavam lá, como sua mãe, irmãs e sobrinhos, sendo um desses sobrinhos, um importante surfista local. A partir daí, fui atrás de dados relevantes para caracterizar o local que escolhia para constituir a minha pesquisa.
            Os dados que vou apresentar agora são, nesse primeiro momento, alguns aspectos concretos, como forma de apresentar a constituição física do local. A seguir, conto a minha experiência empírica, onde pretendo demonstrar o momento em que tive contato pessoal com o local e como passei a ter afetividade com ele. Nesse sentido, passei a me referir a ele como “meu lugar de pesquisa”.
Aproximações com o local de pesquisa
            Partindo de uma perspectiva macro para a abordagem do micro ambiente, vou apresentar dados do Estado de Santa Catarina, do município de Laguna, chegando até o bairro do farol de Santa Marta, onde ficam localizadas espacialmente as praias.
            Santa Catarina, segundo o site da Secretaria de Turismo do Estado, tem cadastrado para o Ministério do Turismo dez divisões em regiões para o turismo. São elas: Caminhos da Fronteira, Caminho dos Cânions, Caminho dos Príncipes; Costa Verde & Mar; Grande Florianópolis; Grande Oeste; Encantos do Sul; Serra Catarinense; Vale do Contestado e Vale Europeu (SANTUR, 2014). Todas essas regiões, em suas descrições e municípios que as compõem, em sua maioria, têm um grande número de atrativos naturais, sendo esses, em alguns casos, praias locais com práticas e praticantes de surfe.
            A partir de dados da demanda turística estadual, o estado de Santa Catarina demonstra afinidade com o Turismo de Sol e Praia, e também com o turismo voltado para contemplação de áreas naturais. Tem significativa arrecadação a partir do turismo, uma prática que demonstra ser de extrema relevância para o estado. Há números expressivos de ocupação hoteleira e arrecadação, em virtude da visitação de turistas nacionais e internacionais – em sua maioria, da região sul do Brasil.
            Segundo dados da pesquisa de demanda turística em janeiro de 2013 (SANTUR, 2014), o Estado de Santa Catarina recebeu 2.071.520 turistas, entre nacionais e internacionais, sendo 1.926.761 nacionais. Estes deixaram mais de um bilhão de reais (o dado preciso é R$ 1.443.355.231,73), nesse mesmo período, sendo, em sua maioria, da região sul do país - quase 42% do Rio Grande do Sul e Paraná, e cerca de 40% do próprio estado de Santa Catarina. Houve gastos médios diários de cerca de 94 reais e uma permanência de oito dias, em meios de hospedagem, sendo que, nesse período, foi registrada uma ocupação hoteleira no estado de cerca de 60%. Entre os pesquisados, a maioria (40%) declarou que a motivação para a viagem está relacionada aos atrativos naturais.
            O município de Laguna está localizado em uma das regiões turísticas listadas pelo Ministério do Turismo, no estado de Santa Catarina, mais especificamente a Região Encantos do Sul. Tem uma população total de 42 mil 138 habitantes (LAGUNA, 2014).
            Laguna tem uma temperatura média anual de 19,7o C, sendo a máxima absoluta em torno de 36,3o C e mínima de 16,5o C, entretanto no inverno, a mínima registrada é de 5,2oC. A vegetação é diversificada, típica de Mata Atlântica, e também apresenta áreas de restinga e mangue. Em termos econômicos, predomina a pesca, agropecuária, comércio e serviços (LAGUNA, 2014).
            Tem sua constituição iniciada por índios, segundo levantamento arqueológico do IPHAN, o que foi possível concluir a partir da reserva de sambaquis, constituição tipicamente indígena, encontrada, catalogada e tombada como patrimônio pelo órgão (IPHAN, 2015).
            A história do povoamento dessa localidade ocorreu a partir do Tratado de Tordesilhas (1494). Portugueses visando à proteção e à expansão de seu território instalaram, na localidade, um povoamento com objetivo de prover mantimentos e armamentos por barco, para a fortificação das fronteiras locais. Como pode ser visto no mapa a seguir, eles se estabeleceram nesse litoral, por sua hidrografia. Segundo o IPHAN (2015) e o site do Município de Laguna (2014), sua boa balneabilidade e geografia, próxima ao Rio da Prata, estruturaram a localidade como um ponto para a recepção de navios vindos da Europa. Posteriormente, com os bandeirantes, o município serviu também como rota comercial do tropeirismo. (IPHAN, 2015) (LAGUNA 2014).
            Economicamente, o povoamento teve bases de constituição portuária, e em 1847, sendo nesse mesmo tempo promovido à cidade. Apesar dessa origem, quando houve investimento para que o local fosse conhecido nacionalmente como área de economia portuária, o município viveu uma decadência econômica e a condição de economia portuária não prevaleceu. Segundo o site do Município (LAGUNA, 2014), algumas características hidrográficas historicamente também facilitaram a escolha da localidade para povoamento pela coroa portuguesa, pela balneabilidade única no sul do país e a possibilidade de escoamento náutico de suprimento partindo do município.
            Na Década de 1970 teve no turismo e agropecuária uma nova ascensão. Isso foi possível, a partir principalmente de seus atrativos naturais. Entre esses, suas praias, em especial a praia do Mar Grosso (IPHAN, 2015) e (LAGUNA, 2014).
            As características culturais do município de laguna têm suas bases também na sua estreita ligação com o mar e com o ambiente natural. A gastronomia e o artesanato típicos do local demonstram isso pelas suas características constitutivas, segundo Dall Agnol (2009). A autora descreve o artesanato típico do local, como uma renda de produção caseira artesanal, feita pelas mulheres de pescadores para a produção de redes de pesca e também de utensílios domésticos.
            Dall Agnol (2009) descreve os frutos do mar como fundamento da gastronomia local e, segundo a pagina on-line do IPHAN (2015), também a fécula de mandioca e a farinha de mandioca. Ainda, segundo o site do município de Laguna (2014), lista como pratos típicos “o caldo de peixe acompanhado de pirão, a maionese de camarão, camarão à parmegiana, camarão ensopado e outros pratos que conquistam pelo sabor e aroma. O visitante pode encontrar o peixe assado na brasa, risotos de camarão e siri e principalmente o camarão local”.
            Os dados da demanda turística do município de Laguna, segundo o site da Secretaria de Turismo do Estado (SANTUR, 2014), demonstram uma afinidade entre a demanda do estado e a do município especificamente, com números bem parecidos.
            Segundo o estudo, em janeiro de 2013, o município de Laguna recebeu 50 mil 669 turistas, entre nacionais e internacionais, sendo 50 mil 35 nacionais. Esses turistas deixaram 32 milhões, 137 mil 176 reais, nesse mesmo período. Foram, em sua maioria, da região sul do país, quase 30% do Rio Grande do Sul e Paraná, e 63,84% do estado de Santa Catarina mesmo, em contraponto ao estado, que teve cerca de 40% dos dois estados e 40% de Santa Catarina mesmo.
            Houve gastos médios diários de 82,80 reais, sendo que, no estado, esses gastos correspondem a cerca de 94 reais. Em relação à permanência, foi registrada a média de oito dias, em meios de hospedagem. Nesse mesmo período, a ocupação hoteleira no município foi de cerca de 69%, sendo que, no estado, a permanência média é de nove dias em meios de hospedagem, e a ocupação, de apenas 60% (SANTUR, 2014).
            Os atrativos naturais tiveram a preferência de 58,26% dos pesquisados, como motivação declarada para a viagem. Trata-se de preferência semelhante à registrada no estado, que teve um pouco menos 44,77% (SANTUR, 2014).
            O comércio e os serviços oferecidos no município de Laguna garantem o desenvolvimento do turismo. Assim, com base no turismo veranista de ambientes naturais e na maior procura pelos visitantes, verifica-se uma potencialidade ainda maior, pelas praias que ainda não foram alvo de um planejamento específico para a atividade. É o caso das Praias do Farol.
            Sendo assim, pude entender que a atividade turística, nas praias analisadas, se inicia a partir do interesse pelos ambientes naturais, em especial os das praias locais. Conforme o site do município de Laguna (LAGUNA, 2014), são mais de vinte praias, e todas com uma relação com a atividade do surfe extremamente importante; entretanto, muitas dessas praias ficam afastadas do centro econômico do município.
            De certa forma, pelo acesso mais distante, nem sempre registram o mesmo desenvolvimento. A Figura 2 demonstra o espaçamento existente nessas praias e dá ideia da distância do Farol de Santa Marta, em relação ao centro do Município de Laguna:
            O local de escolha é o bairro do Farol de Santa Marta, mais especificamente três praias, aqui denominadas conforme a fala dos moradores. No próprio bairro, eles denominam essas praias como sendo a extensão do quintal de suas casas. São elas: Prainha, Praia do Cardoso e Praia da Cigana.
            O Farol de Santa Marta é um bairro mais afastado, que não vem tendo o reconhecimento do município quanto ao seu potencial turístico. A Praia do Cardoso, uma das três praias do bairro, por exemplo, não é citada pelo site do município, apesar de todo o reconhecimento para o surfe nacional. O bairro fica localizado a mais ou menos 25 quilômetros do centro econômico do município, como demonstrado na figura a seguir.
            Segundo Arantes e Santos (2010), a constituição do Bairro Farol de Santa Marta também tem seu povoamento a partir da pesca e da ligação cultural com o mar. Os autores afirmam que os primeiros moradores, após o faroleiro, foram os pescadores artesanais. Mesmo com a temporalidade e as dificuldades econômicas, essa atividade se mantém até a atualidade. Já as práticas turísticas, de trocas de serviços, são mais recentes e assumem características diferenciadas de acordo com o momento do ano, que envolvem aspectos sazonais, tanto da pesca quanto do turismo.
            A foto a seguir dá um panorama sobre o ambiente da praia, visto do ponto de vista dos pescadores, ou seja, a partir da área em que eles ficam em relação aos turistas. Essa perspectiva se assemelha em muito ao olhar considerado nesta pesquisa a partir da comunidade. Este é o viés que interessa.
            O turismo, de uma forma geral, é bem incipiente nas Praias, de modo que, por sua distância do centro econômico do município, esse território tem seu desenvolvimento para o turismo por conta própria, fato que pode ser considerado um descaso com o potencial turístico da localidade em relação a outros pontos do município.
            Conforme já salientado, um fato representativo é a não consideração, pelo site de Laguna, do Cardoso como praia do município, passando direto da Prainha para a Cigana, na lista de referência das praias no site.
            Apesar de não ter o reconhecimento para o turismo local, no entanto, a Praia do Cardoso para o surfe nacional recebeu, no ano de 2012 (Alma Surf 2014), o Prêmio Greenish de maior onda surfada no Brasil, que todo ano premia a maior onda surfada e o melhor tubo. O surfista local, responsável pelo feito, é um dos entrevistados neste trabalho, que me cedeu a imagem desta onda, apresentada a seguir.
            Estas mesmas praias também são usadas pela primeira equipe de Town In, do Brasil, que é uma modalidade de surfe de ondas gigantes, a Atow Inj. A associação de Town In da Laje do Jaguá usa as Praias do Farol como local de treinamento em ondas normais, e, para ondas grandes, quando possível, a Praia do Cardoso em determinados períodos do ano, por suas correntes oceânicas e suas formações de fundo do mar (ATOW INJ, 2014).
            O surfe aparece como uma das práticas esportivas realizadas pelos turistas de Santa Catarina. Conforme os dados de demanda turística estadual e o apresentado a partir de um panorama do significado dessas praias para o Surfe Nacional, é possível afirmar que o surfe tem sido uma prática, tanto de turismo, como prática esportiva.
 Aproximações com o lugar de pesquisa
            A metodologia escolhida para este trabalho, conforme já salientado, tem orientação antropológica, o que implica na observação participante como técnica de pesquisa. Nesse sentido, é de extrema importância o que afirma Malinowsky (1978, p.21): “[...] o pesquisador deve, antes de mais nada, procurar afastar-se da companhia de outros homens brancos, mantendo-se assim em contato o mais íntimo possível com os nativos”.
            O conjunto de aspectos que se entrelaçam no objeto de estudo me levou à escolha por uma prática com a qual tenho forte vínculo. Tive como fatores motivacionais dessa escolha os princípios dos critérios de Malinowsky. Decorreu daí o meu olhar para as potencialidades das práticas turísticas desse local, segundo o olhar da sua comunidade, em função da minha vinculação em relação ao surfe e ao ambiente em que ele é praticado, considerando também a relevância do local para a prática desse esporte e para o turismo, e o fato de conhecer algumas pessoas do local.
Segundo Yázigi (2001, p.24),
Alma são materialidades, práticas e representações com uma aura que se contrapõe ao que chamaríamos de ‘desalmado’. Não creio que possa ser entendida por processos lógicos. Há alma quando há paixão das gentes pelo lugar. A alma orbita além da ciência, e tem de ser entendida num plano mais elevado que o formato acadêmico.
            Partindo dessa reflexão, justifico a escrita deste segundo momento. Em princípio, quero dar o meu entendimento e de que forma este foi aplicado a minha experiência. De certa forma, o que eu apresentei até agora neste texto pode ser considerado um corpo, um corpo sem alma. No momento em que entrei em contato com esse corpo, quando contrapus a minha cultura e os meus fazeres com os da localidade, através da minha experiência de campo, houve uma transformação, passou a ter alma. Acredito que essa personalidade do lugar seja o que eu entendo como a alma do mesmo e, a partir desse entendimento, posso dizer que este não é só um local, mas também, o lugar da minha pesquisa.
            Com o entendimento de que os fazeres desse local são a alma do meu agora lugar de pesquisa, parti para buscar a compreensão dos sujeitos atores desses fazeres e optei por olhar, a partir desses, o turismo na localidade. Desse modo, ouvi da própria alma do lugar, o que ela é para o turismo. Assim, o que eu vejo de turismo nessa alma não só o que aparece no corpo dos dados.
            Na busca por esse entendimento, além do técnico, quis entender um pouco mais dessa paixão de que o autor fala no trecho citado, acreditando que esteja impregnada de uma subjetividade, que pode ser a sustentação para as atividades, que, mesmo sem planejamento, se mantêm no local - por exemplo: a prática de surfe, a troca de serviços, o lazer do sol e da praia, entre outros.
            Essa subjetividade, ainda segundo Yázigi (2001, p.19), enfrenta o desafio de ultrapassar o “[...] difícil dilema de escolher entre cair na mesmice da globalização ou de buscar um caminho condizente com o diálogo, com raízes territoriais e culturais”. E complementando o que Yázigi diz, Krippendorf (2000) defende em A Sociologia do Turismo, que a comunidade tem e deve ter o direito de decidir os caminhos do desenvolvimento do turismo. Sendo assim, o difícil dilema de Yázigi, de certa forma, se mostra com possibilidades de respostas a partir da comunidade, sendo essa resposta, ouvir da comunidade, da alma do lugar, suas escolhas e a forma como essa alma se enxerga, pois, o “Homem apaixonado pelo meio cria a alma do lugar” (YÁZIGI, 2001 p.45).
            Dessa forma, numa tentativa de apresentar a alma, o lugar e não só sua estrutura física, seu corpo, quero transcrever um pouco das minhas experiências e de como esse local passou a se transformar em um lugar. Igualmente, chama a atenção e procuro demonstrar aqui o quanto esse lugar nos apaixona pelo tanto que a comunidade demonstra ser apaixonada por ele.
            Meu primeiro contato, descrito em trechos tirados do meu diário de campo, é a epígrafe deste trabalho:
“Visite-me: a incerteza do fazer do pesquisador, ser colocado, em um ambiente adverso, culturalmente diferente do seu e completamente imerso em outra sociedade. É desesperador! Me vejo sentado, olhando para o mar, a praia mais linda que já tinha visto, possibilidades inúmeras, entretanto, o medo era tão grande... chorar diante da minha primeira visita, e, ao me “revisitar”, perceber que essa desconstrução é então a porta de entrada da minha visita, e a reconstrução a chegada do meu primeiro visitante.”
            Antes de tudo, destaco o entendimento pessoal de que sempre me senti como um visitante daquilo que me desperta curiosidade. Durante toda a minha trajetória acadêmica, eu sou e sempre fui um visitante e um visitado, um visitante em relação ao que me provoca inquietações e um visitado daquilo que me acolhe nesse processo.
            Esse é um dos motivos de me considerar visitante daquilo que quero conhecer, visitado por aquilo que aprendo e “revisitado” pelas reflexões acerca de tudo aquilo que acredito, principalmente por a primeira dessas crenças ser a de que aquilo que acredito é uma perspectiva, um ponto de vista, e, como tal, mutável e moldável em situações. A primeira vez que fui visitado, já no mestrado, o primeiro contato foi também uma descoberta.
            Quando decidi pesquisar as relações entre o planejamento da atividade turística, de forma duradoura, e o vínculo da comunidade local com os visitantes, não havia ainda entendido de que forma faria tais inferências. Após ler Sociologia do Turismo, de Krippendorf (2000), obtive o entendimento de que esses vínculos podem trazer inúmeros malefícios à comunidade, quando ocorrem numa lógica apenas econômica. Havendo uma interação respeitosa, há possibilidade de uma atividade com benefícios múltiplos. Para o autor, entretanto,
[...] essa tomada de Consciência está longe de se traduzir, em todos os lugares, pelos fatos. Apesar de todas as advertências, a transformação irresponsável da natureza nas zonas turísticas e dos autóctones em servidores do turismo continua alegremente em outras regiões dentro do cenário bem conhecido que, infelizmente, não foi rejeitado pelo mercado até o momento (KRIPPENDORF, 2000, p.100)
            Ao pensar em disciplinas relativas à experiência turística, na cultura contemporânea, e nas relações entre turistas e culturas locais, as ideias ficaram mais claras. Imediatamente fui consumido por um desejo, aflição, animação e curiosidade em me tornar visitante daquilo que me trazia esses sentimentos.
            O Turismo sempre se mostrou para mim um ‘caos’, que se manifesta no estabelecer relações e que se descompõe após esses vínculos. Essa desconstrução que me constrói é a curiosidade desestabilizante pelo outro inerente ao turismo, que aqui é posta:
[...] o ser humano viaja pelo mundo antes mesmo de ter plena consciência de ser ‘humano’ ou de viver em um planeta perdido na vastidão incognoscível de um universo estranho e aterrador. Com o despertar de sua consciência, surgiu também a capacidade de admirar este mundo e temê-lo. (TRIGO, 2013, p. 19-20)
            Para o mesmo autor, “[...] o medo é a parte da aventura, da descoberta. Desde os primórdios da história, o mistério foi parte inseparável da busca do conhecimento.” (TRIGO, 2013, p.20). Essa incerteza e curiosidade desestabilizantes há muito motivam esse tipo de visita.
            A mesma instabilidade que me faz visitar enquanto turista e ser visitado pela pesquisa enquanto visitante da mesma move também meu estilo de vida. É o que pode ser percebido pelo fato de que sempre fui instigado pela adrenalina; pela beleza e sensação dos esportes que me tiravam do eixo, tiravam meu chão; pela plástica das formas de tudo aquilo que representava a condição de não saber ‘que fim terá’, ou seja, o rumo dos acontecimentos; pela necessidade de superar a mim mesmo, na percepção de que a competição é só comigo. A partir disso que sempre me visitou, despertei o desejo de querer saber sobre, de levar para a vida os pressupostos da experiência da incerteza. Por esse motivo, comecei a andar de skate, a surfar e também escolhi, no turismo, pesquisar locais e lugares que representassem tais desestabilidades.
            O homem contemporâneo busca, no turismo, a possibilidade de uma mudança na rotina, mas, uma mudança que tenha níveis de segurança, que não seja tão perigosa como antes, quando os processos de descoberta inerentes às mudanças geravam riscos à vida dos que se aventuravam.
            O meu primeiro momento de visita ao que seria meu objeto de pesquisa, foi através da proposta de um professor. Ele me deu referência de um local e uma pessoa no Farol, isso não só me fez ter esse professor como referência do local, mas foi também a minha primeira interpretação sobre o Farol de Santa Marta.
            Após toda essa preparação, retorno ao momento de visitação. A epígrafe deste ensaio é também o momento mais representativo de desestabilidade e reconstrução, visita e visitação. Trata-se não da minha primeira ida ou da minha chegada a Laguna, ou mesmo ao Farol, e sim da minha primeira visita real como pesquisador, do momento em que a desestabilidade era inquietante e angustiante.
            O caso aconteceu em uma primeira tentativa, no meu primeiro dia, quando não encontrei nada nem ninguém do que esperava, em um momento em que não sabia, nem tinha como saber para onde ir. Essa experiência é descrita por James Clifford (2002), através da Antropologia, onde, para o autor, o pesquisador não é e nem deve ser comunidade local, tão pouco é ou deve ser somente um visitante. Essa incerteza cria, e eu percebi na pele, um sentimento de aculturação. Foi efetivamente o que senti e que descrevo como solidão.
            Esse sofrimento, nesta situação específica, é emblemático. Ao longo desse meu primeiro contato, percebi que o estar pesquisador é recheado desse sentimento, que é sofrido, mas, ao mesmo tempo, ajuda na interação e no envolvimento. Estar lá para pesquisar é lembrar que é necessário voltar para essa pesquisa, ir a campo, em um processo recheado de incertezas. Pode-se não ter o que se espera e se frustrar, ou ter muito além de tudo aquilo que se quer, e se esquecer do objetivo da “visita”. O sentimento de solidão ajuda nisso, e foi o que me formou e transformou, já no inicio da minha pesquisa.
            A experiência como um todo foi de descoberta, desde o princípio. Esse primeiro contato representou e representava um conhecer para poder; entretanto, o que encontrei foi muito além do esperado, e eu esperava encontrar o inesperado. Desestabilizar e desconstruir para então reconstruir em minha primeira visita, me surpreender ao já ser visitado. E, vale lembrar, a intensidade disso foi enorme.
            Essa incerteza e o meu primeiro dia me levaram aos dias seguintes com mais cautela. Era inerente à lógica processual que, a qualquer situação, a pesquisa podia simplesmente não rolar, como o mar... Ao mesmo tempo em que posso encontrá-lo, num dia, com altas ondas, posso imediatamente, no dia seguinte, deparar-me com um mar ‘flat’ (mar sem onda) lindo, mas sem o mínimo de possibilidade para o surfe. E de fato, esse flat aconteceu, nas Praias do Farol. “O Cardosão”, a Cigana e a Prainha, como chamam os surfistas locais, representavam para mim praias muito além daquilo que eu podia esperar. Eram lindas e diferentes de tudo aquilo que eu normalmente encontrava em outras visitas a outros locais.
            Esse encantamento somou-se ao fato de meus contatos serem feitos nas Praias do Farol. Desse modo, foram ali as minhas primeiras conversas com comunidade local. As minhas primeiras relações e impressões são também impressões e representações para aqueles que eu pesquiso. Deixo claro aqui que esse estudo é uma interpretação minha do que vivi, entendendo a experiência como Geertz (1989), um texto passível de interpretação, mas como tal, eu não o interpreto sozinho.
Certamente é difícil dizer muita coisa a respeito da ‘experiência’. Assim como ‘intuição’, ela é algo que alguém tem ou não tem, e sua inovação frequentemente cheira a mistificação [...]. As Experiências tornam-se narrativas, ocorrências significativas ou exemplos [...] (CLIFFORD, 2002, p.35-41)
            O meu interesse era entender a logística social do ambiente turístico local, suas interações, tipologias e de que forma era o contato da comunidade com os turistas, se isso agradava, gerava alguma degradação ou problema. E é claro o entender de que forma o surfe se instalava nessa comunidade, que tem, em seus primórdios de concepção, a pesca como forma de subsistência.
            Assim o meu primeiro contato foi a procura do seu Adilson, pescador e dono de restaurante, que fica de frente para o mar do Cardoso. Ele transformou seu barracão em restaurante para a família, em uma época que o turismo estava em alta e a pesca em baixa.
            Ao chegar ao local, percebi imediatamente uma logística diferenciada na colocação dos restaurantes. Na praia, havia uma parte onde os turistas ficavam tomando banho de mar, uma parte menor onde ficavam os restaurantes e, mais no cantinho ainda, um espaço onde ficavam os pescadores. Quando cheguei, seu Adilson não estava. Então, pude conversar então com seus dois filhos Rafael2 e Adilton3. A preocupação, na fala dos dois, era justamente com o fazer do pescador que estava se perdendo.
            No momento, Adilton disse: “viu, vai até lá pra você conhecer, tá dando peixe”. Quando voltei, perguntei para entender, o que era para eles ser pescador, e me surpreendi, ao perceber que, mesmo com o aumento na quantia de peixe, eles se sentiam perdendo aquilo que os identificava. A pesca, na fala deles, está se perdendo. Eles me disseram que os filhos já não estão querendo mais, e alguns até têm vergonha de ser pescador. Isso, ao mesmo tempo que eles, com muito orgulho, dizem: “sou pescador”.
            De fato, o relato deles é marcado pela preocupação com o segmento da cultura, do ser pescador, da pesca artesanal e do passar de pai para filho. Eles afirmavam: “tem aqueles que dá pra pesca e tem os que não dá”. Explicam que isso já se percebe “desde pequeno”. O contato com o turismo e o desenvolvimento de acordo com os fazeres do turismo, no entanto, fez muitos não quererem mais dar segmento à atividade pesqueira e passarem, a de certo modo, não auxiliar mais os pais na sua profissão.
            Percebi que não se tratava de não querer que seus filhos fizessem outra coisa, além da pesca, mas, sim, de querer que eles soubessem o que era aquilo e de onde tinham vindo. Questionei sobre o surfe e a logística das práticas dos moradores locais, e me surpreendi com a insatisfação na influência que o surfe tinha nos locais. Eles me disseram que, quando os surfistas começaram a chegar, muitos se encantaram. Viam na televisão e, ao invés de ajudar o pai na pesca, estavam lá “com uma prancha embaixo braço”. Pela forma como falavam, pude perceber que a preocupação não era por não poder surfar, e sim, pela perda de identidade.
            Visando ter o melhor entendimento da ligação do surfe nessa comunidade, outro sujeito da minha pesquisa também tem o nome de Rafael, sendo apelidado como Faísca, denominação que será utilizada a partir deste momento neste texto. Surfista local, ele representa o meu primeiro contato com os surfistas locais e foi porta de entrada para os meus contatos seguintes com outros.
            Em minha primeira conversa na sua casa, mesmo com pouco tempo, já me chamou a atenção a referência as Praias do Farol, como sendo “Hawaii brasileiro”. Rafael Faísca ganhou, no ano de 2012, no Cardoso, um prêmio de maior onda surfada. Conhecê-lo foi uma grande oportunidade, e me trazia extrema confiança nas informações sobre as praias.
            Quando então tive oportunidade de ter uma conversa mais aprofundada com ele, no posto de bombeiros, onde ele trabalha, falamos um pouco mais sobre surfe. Ele me contou sobre a ligação da comunidade do Farol, o surfe e o turismo, e me disse o tipo de relação que esses estabeleciam.
            Nessa conversa, queria saber, para ele um surfista local, o que representava o surfe. Ele me disse que, antes de saber andar, a mãe dizia que ele já tentava nadar. Estava na areia desde sempre, pegando sol e na expectativa e tentativa de poder surfar. Aprendeu a andar na praia. Segundo ele, o surfe representa tudo e muito em sua vida, seu emprego atual e seu empreendimento, sua identidade.
            Então me interessei em saber como era o contato dele e dos surfistas com os turistas e o que a comunidade pensava disso. O entendimento que ele me trouxe nesse momento é também o que posteriormente será o ponto das conversas. Ele me disse que o turismo começou em uma época de escassez de peixes. Os surfistas vinham pegar onda e acabavam consumindo. O acesso era ruim, por isso vinha pouca gente, mas, segundo ele, “o boca a boca fez aumentar a quantidade, inclusive de moradores”.
            Ele tem o entendimento de que hoje a comunidade depende desses turistas e da relação com a pesca. Por tanto, dentro do mar, não há grandes problemas. A logística de ordem nas ondas é sempre respeitada, e o morador local sabe da importância desse turista, sendo assim, uma relação harmoniosa. Esse foi exatamente o grande ponto, em nossa conversa. Ele destacou, no entanto, a existência de conflitos e brigas, no mar, com aqueles que tinham uma casa de verão na praia. Segundo ele, “eles vêm das cidades das redondezas e se acham locais [...] como não dependem da renda daqui, não respeitam os turistas nas ondas”. Faísca contou que houve momentos em que aconteceram brigas com esses veranistas e os locais, por conta desse desrespeito. Percebi, assim, que as segundas residências são de grande relevância, para o desenvolvimento das atividades do turismo.
            Encerrando nossa conversa, como visitante e turista, quis entender melhor a forma e as ondas na praia do Cardoso. Ele me disse ser de correntes oceânicas; por isso, o tamanho das ondas. Perguntei sobre as séries e, olhando para o mar, ele me disse para olhar ,que dava para ver. Estava vindo uma série limpa, em intervalos de 30 segundos. “É como normalmente são, a não ser as ondas gigantes”. Finalizando com esse trecho de nossa conversa, percebi que, como as séries do Cardoso, acabei construindo essa pesquisa.
Considerações Finais  
            A meu ver, a partir desses primeiros relatos, pude perceber que, ao passo que se ganha com a interação, também se perde, o visitar a comunidade é interessante para o turista e para a comunidade, mas o veraneio vem trazendo consigo não só um desenvolvimento econômico, mas também, uma perda socioambiental para alguns na sociedade. E, por mais que beneficie, de certo modo, a comunidade já pede alguma forma de proteção nas referências e nos patrimônios de sua cultura.
            Entendo esse tipo de necessidade como relevante para o planejamento de um espaço turístico, com tamanho potencial. A forma de desenvolvimento das atividades turísticas no local gera um contato extremamente próximo com o ambiente e com a comunidade, entendo que essa percepção tem muita relevância para as pesquisas desse tipo.
            Para alem de percepções frias, à imensa necessidade do conhecimento e da construção dos locais de pesquisa enquanto lugares, esses com alma e passiveis de interpretações mais humanas, sociais, e que levem em consideração a sensação de desterritorialização que esse localidade pode construir, de modo que, o sentimento de reconstrução que a desterritorialização causa seja compreendido a partir da percepção de que o lugar em si forma a pessoa, sendo esse lugar recheado de subjetividades culturais criados pelas relações socioculturais estabelecidas nesse espaço.
            O que se compreende, com esse estudo que apresentamos, é que essa apresentação e escolha do lugar de pesquisa, facilita a transmissão do entendimento e motivação da escolha do objeto de pesquisa, além de contribuir para a construção de pesquisas que apresentem o autor como forma e formador enquanto sujeito da sua pesquisa.


REFERÊNCIAS
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* Mestre em Turismo - UCS - Universidade de Caxias do Sul, Tecnólogo em Gestão de Turismo - UNIPAMPA - Universidade Federal do Pampa/Jaguarão, Integrante do AMORCOMTUR! Grupo de Estudos em Comunicação, Turismo, Amorosidade e Autopoiese (CNPQ - UCS). renan.turismo@gmail.com
** Mestre em Gestão de Organizações Públicas - UFSM-RS; Mestre em Integración Económica Global y Regional, pela Uni-versidad Internacional de Andalucía (UNIA) Málaga - Espanha; Especialista em Tecnologia de Informações para Competiti-vidade Empresarial (UCPEL-RS); Graduado em Ciências Econômicas (UCPEL-RS); Economista na Universidade Federal do Pampa (Unipampa); Professor da Faculdade IDEAU de Bagé; profpalmeira@gmail.com


Recibido: Noviembre 2018 Aceptado: Diciembre 2018 Publicado: Diciembre 2018

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