Revista: Turydes Revista Turismo y Desarrollo. ISSN 1988-5261


A ARQUITETURA HOTELEIRA COMO SIGNIFICADO PARA SUSTENTABILIDADE ENQUANTO USO DE RECURSOS LOCAIS E SOCIAIS 1

Autores e infomación del artículo

Luciano Torres Tricárico*

Josildete Pereira de Oliveira**

Diva de Mello Rossini***

Universidade do Vale do Itajaí, Brasil

tricarico@univali.br

RESUMEN

El objetivo de esta presente investigación es señalar el hecho de que en el transcurso de la construcción del concepto de arquitectura sostenible tubo y tiene manifestaciones empíricas de arquitectura de hoteles que pueden aumentar el concepto de la sustentabilidad. Se utilizó la investigación bibliográfica y documental; de carácter exploratorio; bajo una  semiótica peirceana. Se concluyó que muchas arquitecturas de hoteles pueden revelar conceptos de sutentabilidad; aunque no asociados a ellas.

Palabras clave: hotel, arquitectura, sustentabilidad, hotelería, recursos locales

ABSTRATC

The objective of this research is to note the fact that throughout the course of the construction of the concept of sustainable architecture there were and are empirical manifestations of hotel architecture that give rates to increase of the sustainability concept. Bibliographical and documentary research was used; research exploratory; on the bias of a semiotic of Charles Sanders Peirce. It was concluded that the hotel architecture can reveal ideas of sustainability, although not associated with it.

Key words: hotel, architecture, sustainability, hotel management, local resources.



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Luciano Torres Tricárico, Josildete Pereira de Oliveira y Diva de Mello Rossini (2016): “A arquitetura hoteleira como significado para sustentabilidade enquanto uso de recursos locais e sociais”, Revista Turydes: Turismo y Desarrollo, n. 20 (junio 2016). En línea: http://www.eumed.net/rev/turydes/20/arquitetura.html


  1. INTRODUÇÃO

Procura-se aqui exemplificar uma série de situações na arquitetura hoteleira que possam evidenciar a prática da sustentabilidade aplicada ao espaço da edificação, muito antes do que se vem abordando pela história da arquitetura acerca da introdução da sustentabilidade na construção.  De modo que não cabe aqui levantar uma bibliografia acerca da sustentabilidade enquanto disciplina para a área da arquitetura, mas evidenciar uma história da hotelaria como contribuição ao surgimento do ideal de sustentabilidade em edificações.
Certamente que conteúdos de sustentabilidade sempre estiveram presentes quando dos assentamentos humanos, pois as intempéries da natureza já exigiam a confecção de proteção e abrigo que indiciavam a introdução de melhores condições do habitar frente aos ventos, à insolação, às chuvas, microclimas locais, entre outras. O importante é localizar, dentro de uma história da arquitetura, quando o ideal de sustentabilidade passou a ser entendida e conscientemente não apenas para proporcionar a melhor morada, mas também para integrar condições de reservas, do não desperdício de energias, de não prejudicar gerações futuras com as intervenções atuais, entre outras; ou seja, trata-se de entender a sustentabilidade sistematizada como conceito aplicado à arquitetura, formulado enquanto teoria.
O ideal de sustentabilidade permeia o universo das edificações e da arquitetura desde seus primórdios; haja vista que na Roma Antiga o arquiteto Vitruvius (século I a.C.) inferiu em seus tratados o papel do sol e do vento na escolha da implantação e traçados das cidades e dos edifícios; assim como, também o fez, o imperador Ulpiano (século II d.C.). Neste momento, nota-se, por exemplo, o heliocaminus, o qual conceituava uma tratadística acerca da locação de cidades a partir do trajeto do sol; o calidarium que versava sobre o aquecimento da água; e o ipocausto consistia num túnel subterrâneo para aquecimento do ar. No entanto, diante da Revolução Industrial (a partir do século XIX), com o uso indiscriminado do carvão mineral e o ferro; depois o aço, o gás e o petróleo; denotam a interrupção e rompimento de ciclos naturais dos materiais construtivos e do uso de energias nas edificações, chegando mesmo até o século XX – eis as “caixas de vidro” do estilo internacional da arquitetura moderna – com o uso indiscriminado da iluminação elétrica, sistemas artificiais de ambientação, climatização forçada através do uso de energias, o uso de elevadores, entre outros; aumentando os custos energéticos da edificação. Tudo isso aliado à crise do petróleo na década de 70 do século XX e a necessária discussão entorno da crise de um modelo de desenvolvimento progressista pautado na indústria (essencialmente norte-americano) que vinha se configurando essencialmente depois da Segunda Grande Guerra (Bastos e Baroso-Krauser).
            De sorte que as idéias que sistematizariam os conceitos de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo se iniciam somente na década de 80 do século XX, com um retorno de valores da cidade e da edificação da era pré-moderna e pré-industrial, como que um retorno e busca por sistemas passivos da natureza, aproveitando-se das condições climáticas naturais para a melhor ambientação (Bastos e Baroso-Krauser).
            Vale exemplificar que foi na década de 80 do século XX que a OMS (Organização Mundial da Saúde) registrou a Doença do Ambiente Interno, um estado mórbido para aqueles que sofriam com ambientes fechados. Sabe-se, a partir de então, que a renovação do ar por meio natural elimina em grande parte a ação de poluentes. Surge nessa década de 80 do século XX tanto o conceito de Arquitetura Bioclimática (Green Architecture) como os primeiros laboratórios de Arquitetura Bioclimática. A partir disso então, verificam-se, por exemplo, signos para o desdobramento da sustentabilidade na arquitetura: na década de 90 do século XX se conceitua Arquitetura Eco-Eficiente; a Agenda 21, ainda que com planos de ação global, pôde desdobrar condições para escalas locais e setoriais na construção civil; assim se nota na Agenda Habitat II, assinada na Conferência das Nações Unidas de Istambul (1996). A partir dos anos 2000, efetiva-se o conceito de arquitetura sustentável, a qual deveria encerrar: sustentabilidade econômica (lucratividade e crescimento através do uso eficiente de recursos como mão-de-obra, materiais, água e energia); sustentabilidade ambiental (evitar os efeitos prejudiciais ao ambiente através de uso cuidadoso de recursos naturais, minimização de resíduos, proteção e melhoria do ambiente) e sustentabilidade social (oferecendo resposta às necessidades dos “atores sociais” envolvidos no processo de construção, desde o planejamento até a demolição, incluindo-se alta satisfação do cliente e do usuário, fornecedores comprometidos ambientalmente, respeito aos funcionários e comunidades locais) (Bastos e Baroso-Krauser).
            Fato é que durante todo esse percurso da construção do conceito de arquitetura sustentável houve e há manifestações empíricas da arquitetura hoteleira que dão índices para o incremento, a epistemologia do conceito e, essencialmente para a verificação empírica da teoria. Deve-se, portanto, fazer jus à hotelaria como contribuinte para o ideal de sustentabilidade nas edificações; aqui especificamente tratada como sustentabilidade enquanto recursos locais e sociais.  

  1. METODOLOGIA DE PESQUISA

A pesquisa se caracterizou como bibliográfica, documental e empírica; essencialmente nesse encadeamento cronológico. A partir da análise do “estado da arte” da literatura, entendeu-se que a bibliografia é constantemente “desatualizada” em razão da “rapidez” das mudanças conceituais de sustentabilidade aplicadas ao espaço; bem como das manifestações empíricas da hotelaria com, cada vez mais, intervenções inéditas se utilizando dos valores sustentáveis.
Daí a necessidade da busca de informação in loco para as devidas escolhas de hotéis; neste momento então, houve a busca em sítios eletrônicos que fazem a propaganda hoteleira. Para esses dois últimos casos houve a “leitura” de material documental (veiculado em sítios eletrônicos de divulgação do hotel) e “leitura” espacial dos ambientes hoteleiros, sendo útil o método interpretativo da semiótica peirceana na sua lógica da representação. Ou seja, entenderam-se as imagens de divulgação e os espaços do hotel como representação.
Com os estudos da semiótica de Charles Sanders Peirce, a lógica da representação se dá por signos que substituem o objeto, não propriamente em todos os seus aspectos, mas naqueles que se quer representar.
Entendeu-se a arquitetura hoteleira como dado não verbal, o que caracteriza a busca da realidade do espaço socialmente construído como gerador de informação; assim, parte-se da leitura do espaço e sua representação (fotografias e vídeos dos espaços de hotéis divulgados em sítios eletrônicos) na tentativa de novas hipóteses. Por se tratar de sistema espacial, é notória sua plurisignificação inerente, originando uma gama de interpretações com várias possibilidades relacionais. Deve-se considerar que o método não se inicia com a formulação de uma teoria que é aplicada ao objeto no intuito de deduzir alguma relação teórica; mas, parte-se do objeto representado como gerador de novas interpretações. Em determinados momentos da pesquisa ocorreu uma simultaneidade entre objeto representado/teoria; deste modo é que a leitura bibliográfica serviu para estimular a interpretação, entendendo-a como repertório informacional e não como “mecanismo” justificativo. O percurso metodológico, ao “encarar” a bibliografia, deu-se com os objetivos de se elencar as diversas formas de aplicação dos recursos de sustentabilidade à hotelaria, sistematizar e classificar todo esse aporte elencado, interpretar tal sistematização à luz de identificar padrões até então não efetivamente reconhecidos por essa bibliografia levantada. Vale ressaltar que diante desse objeto de pesquisa – sustentabilidade aplicada à hotelaria – a bibliografia é inexoravelmente “extrapolada” para a análise documental e empírica; notadamente porque alguns dos conceitos de sustentabilidade observados em hotéis não foram abordados pela bibliografia específica.

  1. Sustentabilidade através do uso de recursos locais e sociais em meios de hospedagem

            Dois hotéis dentro do Parque Yellowstone nos EUA, o Hotel Old Faithful Inn (já em 1902) e o Canyon Hotel (de 1910), foram feitos com técnicas construtivas locais, respeitando-se uma economia da indústria da construção daquele lugar; bem como emprego de materiais naturais também do local: bases de pedra, madeira e cascalho se “misturando” com a paisagem. Outro exemplo do uso da cultura local foi o Hotel Ahwahnee, no vale de Yosemite, Califórnia, utilizando-se a arte dos índios da localidade em que se implanta o hotel como motivo para os tecidos e murais dos ambientes internos (Donzel, 1989:33-34). De outra forma, o Hotel Bervely Wilshire construído em 1928 no centro de Bervely Hills, EUA, foi construído em estilo “missão espanhola”, como uma metáfora da reificação da memória material dos primeiros colonizadores espanhóis na Califórnia.
As décadas de 1920 e 1930 assistiram nos EUA o desdobramento do que se convencionou chamar mais tarde por motéis como hospedagem em meio às estradas. Este meio de hospedagem naquele contexto era de fácil acesso sócio-econômico, uma vez que eram oferecidas cabines separadas denominadas por auto courts ou cabines turísticas. Após a Segunda Grande Guerra, quando os EUA se despontam como grande potência econômica mundial e o desdobramento de fácil acesso ao consumo, os direitos trabalhistas que garantiam as férias (e o necessário acesso ao ócio para o trabalhador) e a implementação de estradas interestaduais por todo o país, facilitaram a frequência das viagens para pessoas que necessitavam apenas de um local para tomar banho e pernoitar, pois muitas vezes a alimentação era estocada no próprio automóvel; daí a sistematização do motel (numa idéia conjunta dos termos motor e hotel) e que até hoje serve ao propósito de acomodações simples para pernoites (Chon, 2003:89).
            Um desdobramento nos serviços e nos espaços dos motéis foi o surgimento da cadeia dos Holidays Inns quando em 1952 Kemmons Wilson construiu em Memphis (EUA) seu primeiro hotel à “beira de estrada”, só que diferentemente de um motel, ele possuía quarto maior, acomodações para crianças que não pagavam a estada, televisão, telefone e uma Bíblia – denotando claramente a preocupação com a família toda em viagem – e o fez com preços acessíveis. Mais tarde, o mesmo Wilson criou a cadeia de motéis Wilson Inn com acomodações mais sofisticadas, introduziu micro-ondas e pias para o preparo rápido de comida trazida no automóvel, e com isso conseguiu também garantir preços acessíveis para o cidadão norte-americano (Chon, 2003:90). De sorte que a garantia ao ócio e lazer através da viagem e do turismo interno nos EUA pôde formular a “sentença” que o tornou conhecido dentro deste viés:
“Enquanto outros países construíam castelos para sua realeza, os americanos construíam hotéis-palácio para pessoas comuns (...)” (Chon, 2003:91)
Deve-se notar que os hotéis de centro de pequenas cidades têm um importante papel na sociedade local. Eles oferecem uma gama de serviços que devem atender não somente um hóspede de negócios ou pequenos eventos locais, mas também eventos ligados essencialmente aos cidadãos, como casamentos, bailes, formaturas, banquetes, restaurante, etc; uma vez que o uso essencialmente para eventos exógenos ao público local inviabilizaria financeiramente o empreendimento hoteleiro (Chon, 2003:119).
Os hotéis bed and breakfast pode proporcionar um excelente café da manhã, e logo depois o seu proprietário anfitrião pode também se ocupar em ser um cicerone para os atrativos turísticos da região onde se insere o hotel (Walker, 2002:105). A polivalência deste anfitrião pode lhe conferir redução de gastos com funcionários e folhas de pagamento, além da compreensão de várias instâncias da cadeia de produção de serviços no turismo. Em relação às pousadas, também é possível verificar que o proprietário assume muitas funções essências, geralmente delegando funções contábeis, propaganda e manutenção predial e de equipamentos (Petrocchi, 2002:53). Ainda com esse viés, podem-se notar as boarding-houses, guesthouses ou até pensões, operadas pelos proprietários, atendem às classes mais baixas e também dão signo à flexibilidade dos usos urbanos ao adaptarem casas e conjuntos antes estritamente residenciais (Dias, 1990:82); acomodações de tipo social, para jovens, holiday villages, hostels, campings e caravannings também são opções tidas como uma das mais baratas enquanto alojamento turístico (Dias, 1990:84-85).
Em áreas rurais, as spread-out villages se apropriam de construções rurais antigas e obsoletas oferecendo diárias a baixo custo (Dias, 1990:86). No mesmo sentido de oferta de tarifas baratas, há o fracionamento da diária praticado pelos hotéis de aeroportos; sendo assim, as diárias variam com frações de quatro, seis e oito horas, conhecidas como tarifa do dia, tarif de jour, toalette ou over-day-tariff (Dias, 1990:92). Assim, podem-se elencar, por exemplo, o Sleep Box, o Capsule Hotel (VLNR), o TravelPode (Travelodge) e o Everland Hotel (LB), que não são necessariamente construções, mas instalações temporárias e móveis instadas em lugares de passagem, entrepostos e baldeações para algumas horas de espera e descanso (Spolon, 2011:179).
De outra forma, pode-se inferir sobre a contribuição dos spas (e não somente como meio de hospedagem) em relação a uma sustentabilidade da saúde do corpo (Chon, 2003:284).
De modo geral, a hotelaria tem trabalhado com uma diversidade sócio-cultural da força de trabalho para enfatizar as características locais como atrativo, bem como para atender a uma (também) diversidade entre os hóspedes (Walker, 2002:156). Dessa maneira, as acomodações se apresentam como diferentes categorias para atender à diversidade de hóspedes e suas condições financeiras (Lehn, 2004:27).
Outra condição que vem se vinculando com o ideal de sustentabilidade é a participação como forma de sustentabilidade social. Esta condição pode se dar tanto na gestão interna ao hotel como um constructo que integra os hóspedes e ocupantes externos em um meio de hospedagem. Em relação à primeira condição, Petrocchi (2002:43) nota que a qualidade de um hotel passa pela implantação de um modelo democrático da gerência perante os funcionários de um hotel. Nesse sentido, foi precursor o trabalho de Robert Huyot à frente da rede de hotéis Intercontinental já no início dos anos 60 do século XX, notando-se efetiva participação administrativa de seus colaboradores em tomada de decisões e distribuição de responsabilidades (Dias, 1990:42). Érika Koga assinala que o sucesso de um ecolodge está na inserção da população local e incentivo de costumes tradicionais enquanto se elabora o projeto; verificando ainda nessa fase a logística de operação do empreendimento e o uso de recursos materiais e energéticos próprios do local, gerando-se a sua própria energia através de fontes preferencialmente renováveis como a solar e a eólica, conforto ambiental sem o uso de equipamentos elétricos ou eletrônicos e o uso de ambientações com água e vegetação (incorporando-se a fruição de sons, olfatos e frescor que delas podem suscitar) (Koga, 2002:49, 52, 57).
Pode-se destacar, também com o sentido do ideal de participação, a hotelaria como suporte de encontros coletivos; principalmente em meios de hospedagem de base comunitária e até de acepção rural.
            Pode-se ainda interpretar que o fato de muitos hotéis serem suportes para a vida social nas cidades: salas para convenções, ballrooms para jantares, chás beneficentes, bailes e o restaurante do hotel, podendo-se interpretar então um nível de interpessoalidade nestes espaços, os quais contribuem para uma “educação” do respeito mútuo na esfera pública.
Muitos resorts também podem oferecer lazer para comunidade local através de práticas de day use.  
            No Brasil, já há um “amadurecimento” por parte dos gestores públicos em entender o turismo como uma atividade sustentável que deve integrar o fator social como tal. Isso pode ser verificado, por exemplo, no “Programa Brasileiro de Certificação em Turismo Sustentável”, o qual prevê uma estratégia de certificação participativa, independente e voluntária, dando legitimidade aos setores sociais, ambientais e econômicos envolvidos na prática do turismo no Brasil (Koga, 2002:44). Disso, desdobram-se ações como hotéis resorts (por exemplos) que podem criar ambientes educacionais participativos, restaurantes com comida “saudável”, festivais gastronômicos locais que enfatizem a identidade entre moradores (inclusive), ambientes externos para encontros participativos e que se integram à paisagem natural, promoção de atividades artísticas e esportivas (mesmo fora das instalações do hotel) dando mostras de interesse pela cultura local, atividades especiais em comemorações temáticas (Dias dos Pais, Dia das Mães, Dia dos Namorados, etc) que acentuam laços afetivos e comunitários, contratação por parte do hotel de mão-de-obra local em sua maioria (Koga, 2002:48).
Numa fase de “consciência ambiental”, muito provavelmente concomitante com um período onde há ênfases nas trocas informacionais (pela lógica da comunicação de uma era Eletroeletrônica), a hotelaria vem trabalhando com o ideal de conforto para com hóspede inclusive como satisfação de sua consciência: se se desejam coisas boas para si, não seria justo que outras pessoas sofram por causa disso. Tal ideal pode ser verificado, por exemplo, na escolha de materiais de construção que não venham de cadeias produtivas exploradoras ou que gerem pobreza; portanto, utilizando-se de culturas construtivas locais e vernaculares na construção de hotéis (Otto, 2011:4).
Uma crescente consciência da necessidade de um turismo social já vinha sendo destaque desde o Relatório da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) de 1973. Isso foi demonstrado no fornecimento de incentivos financeiros e subsídios para formas mais baratas de alojamento turístico, como no desenvolvimento de parques de campismo, albergues, centros de férias para crianças, aldeamentos turísticos e outros de caráter familiar (tipo self-catering em acomodação). Crescente utilização também é feita de hotéis turísticos durante períodos fora de temporada, principalmente para os idosos e portadores de necessidades especiais (Lawson, 1976). 
Apartamentos de aluguel também podem ser interpretados como meio de hospedagem, quando servem para indivíduos ou famílias em período sazonal e a trabalho em uma cidade; por isso, cumprindo, de alguma maneira, a oferta de moradia.
Pode-se ainda pensar o uso adequado de recursos ao se fazer reciclagens; assim, vale o exemplo do Hotel Scandia, que conseguiu empregar 97% de seus materiais de construção reciclados. O Intercontinental Hotel Group repassa o alimento descartado não perecível para instituições de caridade; propõe a captação e o reuso de águas pluviais em bacias sanitárias; utiliza-se de energia eólica para o gerador do hotel; as janelas são feitas em vidro reciclado, bem como seu mobiliário (Hercos, 2008).

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Pode-se interpretar que o hotel operaria então de forma didática e pedagógica para com seus hóspedes, de maneira a fomentar e instigar esse ocupante a praticar os hábitos “ecologicamente” corretos nele praticados, “estendidos”, de alguma maneira, para os lares. E mais: numa “retroalimentação”, os hóspedes também conscientes das questões ambientais exigiriam dos empreendimentos hoteleiros um compromisso em oferecer serviços, espaços e gestão compatíveis com o mais alto nível de responsabilidade ambiental; ou seja, se o hóspede cliente exercita padrões e comportamentos com consciência ambiental em suas casas, também o querem fazer quando estão em viagem.
Entende-se, a partir de todo um referencial bibliográfico, documental e empírico aqui arrolado a partir da arquitetura de hotéis, seu contributo para enfatizar e “nortear” a inserção de conteúdos de sustentabilidade para outras várias manifestações da arquitetura.

  1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bastos, L. e Baroso-Krauser, C. (2014): Sustentabilidade de Arquitetura: histórico e abordagem do estado da arte. Disponível  em: http://www.fau.ufrj.br/apostilas/conforto/sus1proarq.pdf. Consultado em 14/11/2014 às 14:30
Donzel, C. (1989): “Grand American Hotels”. The Vendomi Press, New York.
CHON, K. S. (2003): “Hospitalidade: conceitos e aplicações”. Pioneira Thomson Learning, São Paulo.
Dias, C. M. de M. (1990): “Home away from home”. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação. Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), São Paulo.
Hercos, A. C. P. (2008): “Relacionando a gestão ambiental com a hospitalidade”. Monografia de Conclusão de Curso em Especialização de Gestão e Serviços de Hospitalidade. Universidade Anhambi-Morumbi (UAM), São Paulo.
Koga, É. S. (2002): “Empreendimentos hoteleiros dentro de unidades de conservação”. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Turismo e Hotelaria da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), São Paulo.
Lehn, S. (2004): “A fruição do lazer em resorts: aspectos simbólicos imaginários que possibilitam e mantêm a modalidade de prestação de serviços”.Dissertação de mestrado. Pós-graduação em Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), Balneário Camboriú.
Otto, G. (2014): A nova era da arquitetura e decoração dos hotéis. Disponível em: http://www.printfriendly.com/print/v2?url=http:/hoteliernews.com.br/2011/11GabrielaOtto. Consultado em 15/11/2014 às 14:35
Petrocchi, M. (2002): “Hotelaria: planejamento e gestão”. Futura, São Paulo.
Spolon, A. P. G. (2011): “Hotelaria, Cidade e Capital”. Tese de doutoramento. Faculdade de Arquitetura e Urbananismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), São Paulo.
WALKER, J. R. (2002): “Introdução à Hospitalidade”. Manole, Barueri.

1 Trabalho oriundo de pesquisa financiada pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil) a partir de 2013 com término em 2014.

* Graduado, mestre e doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP) – Brasil.

** Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA, BA, Brasil); mestre em Natureza, Meio Ambiente, Sociedade e doutora em Geografia pela Université de Caen Basse, Normandie, França.

*** Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI, Brasil). Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC, Brasil); Doutora em Administração e Turismo pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI, Brasil).

Recibido: 06/04/2016 Aceptado: 20/06/2016 Publicado: Junio de 2016

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