MODELOS DE EDUCAÇAO SUPERIOR PARA OS POVOS INDÍGENAS LATINOAMERICANO: UM BALANÇO DA PRODUÇÃO BRASILEIRA
Por Soledad Bech Gaivizzo (CV) y Carlos Nelson dos Reis (CV)
Introdução
            No  Brasil, a temática da Educação Superior para dos povos indígenas ganhou  notoriedade no meio acadêmico no final da primeira década de 2000, após a implantação  de políticas públicas de ações afirmativas na educação. 
              As políticas  de ações afirmativas são medidas de caráter social utilizadas com o objetivo de  democratizar o acesso à direitos fundamentais, como educação para os segmentos étnico  sem situação de desvantagem social, que de outro modo estariam com o seu acesso  restrito a eles. Sob esta concepção, as políticas foram implantadas nas  Instituições Públicas de Educação Superior no Brasil, por meio de programas de cotas  para estudantes indígenas, afrodescendentes e oriundos do ensino público.
              A  discussão acerca das políticas de ações afirmativas destinadas a atender os  povos indígenas, nos últimos anos, vem assumindo outras dimensões, em função das  conquistas dos direitos indígenas garantidos na Constituição de 1988.
  Neste sentido, postula-se a  necessidade de reconhecer e de valorizar o patrimônio cultural dos povos  indígenas no ambiente acadêmico, por meio de propostas de educação  universitária que contemplem as especificidades e as particularidades desses povos.  Esta ideia tende a interferir nos modelos tradicionais de formação superior, que  historicamente foram estruturados a partir da tradição cultural e dos  enunciados científicos produzidos pela sociedade de mercado.
              Outros  modelos de educação universitária para atender as demandas dos povos indígenas  começam a ser debatidos no meio acadêmico, a favor da valorização e da  afirmação da identidade étnica, ou seja, da valorização dos distintos saberes e  modos de ser produzidos pelas sociedades indígenas. A proposta orienta-se pela  possibilidade de um diálogo intercultural1 .
              Nessa  perspectiva, a presente reflexão procura estabelecer uma primeira aproximação  com o debate acadêmico e científico acerca das políticas de ações afirmativas  para os povos indígenas no Brasil, o que faz por meio de um inventário do  estado da arte da produção acadêmica sobre a temática. Com isso pretende-se identificar  algumas das linhas de pensamento que têm permeado essa discussão nos últimos  dez anos.
O presente texto sistematiza  resultado de pesquisa bibliográfica na qual se analisou o conteúdo dos resumos  de dissertações e teses sobre a Educação Superior para os povos indígenas brasileiros,  defendidas nos programas de pós-graduação entre 2001-2011, disponíveis no Banco  de Teses da coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior –  Capes.
  Na construção da proposta  investigativa são apresentados os avanços da revisão de bibliografia, com o  intuito de traçar um esquema das tendências evidenciadas nas linhas de  investigação e nos debates em torno da relação estabelecida entre o direito  cultural diferenciado e a Educação Superior pública para os povos indígenas.
  Para isso, realizou-se uma  pesquisa na base de dados do Portal da CAPES, nas teses e dissertações ali  disponibilizadas, tendo como critério de busca as expressões: “políticas de educação  superior e povos indígenas”, “política de ação afirmativa e povos indígenas” e  “modelos de educação superior e povos indígenas” cujo resultado apontou para 22  trabalhos. A próxima etapa deu-se com base na seleção dos títulos, excluindo-se  as produções que tratam exclusivamente da Educação Escolar Indígena.
  Após essa fase minuciosamente  estudada, foram obtidos 14 trabalhos sobre a Educação Superior para os povos  indígenas, produzidos no período de 2001 e 2011, sendo destes 06 teses e 09  dissertações, com os quais se configurou o universo de dados, matéria-prima  dessa discussão. Para proceder ao tratamento de dados fez-se uma leitura  analítica dos resumos, levando-se em consideração os seguintes parâmetros de  análise: problemática, método, tipo de pesquisa, ano de defesa e  palavras-chave.
  Conforme informações contidas na  Tabela 1 foi a partir de 2007 que a Educação Superior para os povos indígenas  passou a ser tema mais recorrente nos programas de pós-graduação stricto sensu. O primeiro estudo  investigativo de pós-graduação foi defendido no ano de 2005, na Universidade de  Brasília (UnB), tendo como foco de análise o processo de inserção dos  professores formados nos cursos de Licenciatura Intercultural/Bilíngue e o seu  impacto na dinâmica da gestão e do ensino das instituições escolares em  Territórios Indígenas (TI). Após dois anos, em 2007, as produções defendidas  nos referidos programas começaram a ter como foco, também, a política e as  diferentes modalidades de acesso nas Instituições de Ensino Superior (IES)  públicas para os estudantes de origem indígena, ganhando centralidade em 2010,  com a produção de 3 teses e de 1 dissertação, que trataram especificamente  dessa temática.
  Tabela 1
  DISTRIBUIÇÕES DAS DISSERTAÇÕES E TESES SOBRE
  EDUCAÇÃO SUPERIOR E POVOS INDÍGENAS POR ANO
Nível  | 
    Anos  | 
    Total  | 
  ||||
2005  | 
    2007  | 
    2008  | 
    2010  | 
    2011  | 
  ||
Mestrado  | 
    -  | 
    01  | 
    02  | 
    03  | 
    03  | 
    09  | 
  
Doutorado  | 
    01  | 
    01  | 
    01  | 
    01  | 
    01  | 
    05  | 
  
Total  | 
    01  | 
    02  | 
    03  | 
    04  | 
    04  | 
    14  | 
  
Fonte: Elaborado com base no Banco de Teses e Dissertações da CAPES (2001-2011)
Tendo em vista esta quantidade de  produções de dissertações e de teses identificados sobre Educação Superior  focadas nos povos indígenas no Brasil, pode-se verificar que o estudo da  temática ainda é bastante incipiente. Fazendo um recorte temporal, percebe-se  que - a partir de 2010 - os números de pesquisas se intensificaram; são 06  trabalhos em dois anos, conforme a Tabela 1, o que pode estar sinalizando uma  possível tendência de crescimento quantitativo de investigações para os  próximos anos.
  Além disso, observa-se que as  produções não conseguiram acompanhar nem subsidiar, de modo geral, os debates  públicos em torno do acesso diferenciado para os estudantes de origem étnica às  IES públicas no país.
  No Brasil, o debate público entre os atores  governamentais e não governamentais sobre políticas de inclusão no sistema de  ensino superior para os povos indígenas, ocorreu no final da década de 1990,  apesar de haver alguns indígenas estudando nas universidades federais. A  questão do acesso ao sistema educativo não era uma pauta prioritária de  discussão do movimento indígena no Brasil2  (PALADINO  & ALMEIDA, 2012).  Por outro lado, o  debate público sobre as medidas de ação afirmativa para negros e estudantes de  escola pública, desde a década de 1980, já integravam o campo de  problematizações dos movimentos sociais no Brasil, a exemplo do Movimento Negro  Unificado (MNU).
   Em face desse  contexto, em 2001, após um longo processo de negociação e da pressão exercida  pelos movimentos sociais pelo seu direito coletivo à Educação Superior pública,  foi promulgada a primeira lei3  sobre reservas de vagas para estudantes indígenas em universidades públicas no  território nacional.
  Posteriormente, em abril de 2001,  surgiu no Estado do Paraná a primeira proposta de acesso diferenciado às IES  para negros, pardos e índios. Além disso, em 2001, a Universidade do Mato  Grosso (UNEMAT) criou o primeiro curso de Licenciatura Intercultural; a  Universidade de Brasília (UnB), por sua vez, foi a Instituição que protagonizou  a implantação de vagas suplementares para índios na esfera federal (ATHAYDE, 2010).
  Desde a primeira década de 2000,  o Brasil tem apresentado nos resultados educacionais para os povos indígenas em  termos quantitativos, fato observado pelo aumento dos estudantes indígenas nas  universidades. Em 2008, estimava-se a presença de aproximadamente de 5 (cinco)  mil estudantes indígenas. Já em 2011, estimava-se a presença de cerca de 7  (sete) mil estudantes indígenas no ensino superior (PALADINO &  ALMEIDA,2012). Tal fato reflete, em grande medida, a implantação das políticas  de ações afirmativas. Chama a atenção o fato de que o crescimento das  matrículas indígenas na educação superior não influenciou a produção científica  referente à temática.
  Sinaliza-se que não foram  identificadas produções que possuam países da América Latina como locus do estudo empírico, o que pode ser  considerado como uma insuficiência no que se refere aos estudos que abranjam  estes programas, que são tão disseminados na região latino-americana. O Brasil,  por exemplo, foi um dos últimos países a adotar políticas de ações afirmativas  no sistema educativo na América Latina, acompanhado do Paraguai, Uruguai e o  Chile.
  Com  relação à produção por área do conhecimento, a Educação caracteriza-se como a  principal área a produzir conhecimento sobre a Educação Superior para os Povos  indígenas, tanto pela via das dissertações, quanto por via das teses, contando  13 produções, seguida da Antropologia Social, com 02, da Sociologia e das  Políticas Públicas, ambas com 01 cada.
  A  tendência de predomínio da área de Educação sobre as demais é resultado, em  grande medida, do acúmulo dessa área em relação à temática da Educação Escolar  Indígena, que, desde “1978, (...) passa a  compor o universo de temas passíveis de investigação” (SANTOS &  SIQUEIRA, 2009, p.10). Entretanto, após a aprovação da Constituição de 1988, e,  posteriormente, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, nº.  9394/1996 - e das legislações específicas, houve uma onda de produções sobre a  temática nos programas de pós-graduação no Brasil. Até o final do ano de 2007,  a área totalizou 159 produções no campo da Educação Escolar Indígena. Tendo  este dado como ponto de partida, evidenciou-se que essa área vem, ao longo das  últimas décadas, consolidando-se como temática de pesquisa e, por conseguinte,  estendendo o seu campo de investigação de Educação Escolar Indígena para a  Educação Superior Indígena.
  Como tendências da abordagem  dessa temática estão as análises acerca das políticas de ações afirmativas no  Ensino Superior focadas nos povos indígenas. Nesse universo, constatou-se que  essa unidade pode ser subdividida em dois eixos: o ingresso de indígenas nos  cursos universitários de modalidade não específica e a formação de professores  indígenas na modalidade das licenciaturas interculturais. No entanto, pode-se  aferir que, como principal enfoque dos estudos está o programa institucional de  oferta de vagas suplementares para estudantes indígenas.
Esta unidade é caracterizada pela  análise dos programas de acesso diferenciado para os povos indígenas por  reservas de vagas, acréscimo de pontos no vestibular ou sistema de vagas  suplementares para a inclusão de estudantes indígenas nos cursos de graduação. 
  Apesar da constatação de que as  universidades vêm implantando vários programas de acesso diferenciado nos  cursos de graduação. As produções utilizam como referência o termo genérico de  cotas4 .  As políticas de ações afirmativas compreendem várias formas de ingresso, as  cotas é uma dessas formas (JODAS & MATTIOLI, 2007).
  Os recortes temáticos mais  frequentes nas dissertações e teses sobre os programas acerca da cota indígena  no sistema universitário público são: análise das características da demanda  dos povos indígena pelo acesso ao Ensino Superior; avaliação do desempenho dos  cotistas indígenas nos cursos de graduação; avaliação do processo de  implantação das ações afirmativas; identificação dos fatores responsáveis pelo  ingresso, permanência, desistência e conclusão dos estudantes indígenas;  concepção de inclusão e de inserção dos estudantes indígenas sobre as políticas  de ações afirmativas.
  Nesse contexto, as análises  vertem sobre as seguintes discussões: os modelos de inclusão versus o modelo de  inserção; o direito à diversidade cultural e o direito à diferença; as reivindicações  dos movimentos sociais sobre o indígena; a dicotomia índio/indígenas; o  conhecimento tradicional e ocidental; os saberes e processos de ensino e  aprendizagem diferenciados.
  Outro aspecto a ser considerado é  o fato de que o campo de análise da proposta de formação superior para os povos  indígenas se dá a partir da vertente do chamado multiculturalismo liberal  (MCLAREM, 1999), em detrimento de outras.
A licenciatura intercultural foi  incluída nesse estudo como uma política de ações afirmativa para ingresso no  ensino superior, uma vez que reserva as vagas de todo um curso para estudantes  oriundos das comunidades indígenas, ampliando o seu acesso às universidades  públicas (PALADINO & ALMEIDA, 2012). Trata-se de uma política para formação  de professores indígenas em nível superior, promovida pelo governo federal5 ,  em função da exigência histórica dos coletivos indígenas pela oferta de cursos  específicos para os professores de suas comunidades. O cerne da licenciatura é  formar professores de origem étnica para implantarem e executarem o modelo de  escola intercultural e bilíngüe 6.
  Ademais, as licenciaturas  constituem a primeira iniciativa de políticas educacionais de inclusão para discentes  indígenas à universidade As primeiras instituições foram: a UNEMAT7  e a Universidade Federal de Roraima8  (UFRR). (PALADINO & ALMEIDA, 2012).
  A maioria das produções que têm  como análise as licenciaturas interculturais pauta-se na expectativa de uma  proposta de formação universitária em sintonia com os critérios políticos pedagógicos  que derivam do novo modelo escolar. Neste contexto as produções têm como  recorte temático: a análise de programas e de formação de professores indígenas;  as ações dos movimentos indígenas pela educação escolar; as formas de  transmissão de conhecimento; a valorização da identidade cultural no processo  de ensino; a relação entre educação e direito; o papel do Estado de políticas  escolares; a interculturalidade/o multiculturalismo. 
  Desse modo, pode-se identificar  que a ênfase dada às produções sobre a temática está na análise e na avaliação  das políticas e dos programas de ações afirmativas nas IES públicas no Brasil,  com destaque para o acesso diferenciado dos estudantes indígenas ao sistema de  Ensino Superior. Ademais, o enfoque não varia significativamente entre as  dissertações e teses, pois, de modo geral, os estudos caracterizam-se pela  ênfase empírica, partindo de estudos de caso, relatos e análise das  experiências, com exceção de uma dissertação, que tem um viés mais teórico na  análise da concepção das políticas de ações afirmativas para as populações  indígenas e para a comunidade universitária.
  Dentre  as características das produções nessa área, estão as pesquisas qualitativas,  que têm como principais técnicas de coleta de dados, as entrevistas semi estruturadas  e os grupos focais com os estudantes, lideranças, comunidades e organizações  indígenas e, em menor escala, as entrevistas com os gestores e com os  professores universitários.
  As produções  sobre a temática identificaram que as políticas de ações afirmativas no Ensino  Superior para os povos indígenas produziram efeitos contraditórios; por um  lado, essas políticas permitiram, pela primeira vez na história da sociedade  brasileira, criar mecanismos de enfrentamento das desigualdades sociais no  âmbito da Educação Superior pública, aumentando o percentual de estudantes  indígenas matriculados nas IES públicas. Por outro, essas políticas não  conseguiram modificar as estruturas e os pilares constitutivos do modelo de  Educação Superior, que nas últimas décadas pautam-se por um modelo construído  para atender às demandas e à dinâmica da sociedade de mercado. Sob esta lógica,  para algumas produções, a universidade continua sendo usada como instrumentos  de dominação e de integração, não fomentando ao sujeito indígena a cultivar o  seu modelo de vida e de ser coletivo, deixando de concretizar a proposta de uma  educação diferenciada.
  Em relação a  esse último aspecto, as produções apontam para a necessidade de:
  -Serem elaboradas metodologias diferenciadas de ensino, com capacitação  para o corpo docente, além de políticas melhores de incentivo e apoio a  cotistas indígenas que apresentam como maior desafio sua permanência no sistema  de Ensino Superior (SALVIANO, 2008);
  - Uma alfabetização intercultural e de uma inclusão que modifique as  estruturas universitárias (LAZARIN2010);
  - Sinalizar para a discriminação étnica e para as inadequações no que se  refere às condições de permanência oferecidas aos indígenas, como conteúdos e  metodologias em vigor (ATHAYDE, 2010);
  - Permanência, a qual vem sendo viabilizada a partir de ações  fragmentadas, ou seja, (...) trata-se de uma inclusão, de certo modo,  excludente, na medida em que, por um lado, absorve as demandas dos indígenas no  que tange à garantia de acesso, e, de outro, não lhe provê as condições básicas  de manutenção de estudo (CARVALHO, 2010);
  - Uma política planejada de acesso e permanência dos indígenas na  instituição, que conduza ao bom desempenho acadêmico (PEREIRA, 2011);
  - Discussão e de construção de uma política de conhecimento propriamente  indígena (HOFFAMANN, 2008).
Considerações finais
            De  modo geral a produção científica em 10 anos de publicação – de 2000 a 2011 –  sobre a temática permitiu que fosse verificada a existência de uma determinada  dinâmica acerca da discussão sobre ações afirmativas para os povos indígenas no  Ensino Superior, iniciando-se na defesa dos princípios de Justiça social e a  reparação histórica de efeitos discriminatórios tendendo para questões mais  direcionadas à promoção da inclusão de estudantes indígenas no sistema de  ensino superior público no território brasileiro.
              Ademais,  os estudos constatam que as Universidades não conseguiram impulsionar mudanças  no modelo de Educação Superior, ou seja, adaptá-lo e/ou adequá-lo a realidade e  às demandas dos povos indígenas. Embora as análises dessas experiências tenham  apontado os limites e as possibilidades da inserção dos estudantes indígenas no  sistema de Educação Superior brasileiro - o que contribui para análise crítica  sobre o papel da Educação Superior para essas populações -, as produções não  explicitam os caminhos possíveis que as instituições educativas devem percorrer  para adequar a sua proposta de formação a fim de atender o direito cultural diferenciado.  Outro elemento que se destaca, após essa breve análise, é que as produções  sobre essa temática não têm como locus de análise os países da América Latina, que - desde o final da década do século  XX - vêm construindo, por meio de políticas estatais, a implantação de  instituições educativas que buscam desenvolver outros modelos de Educação  Superior orientados para atender os segmentos populacionais de origem étnica,  como no caso de alguns países, quais sejam: México, Bolívia e Colômbia.
  Referências 
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1 O termo interculturalidade, cunhado nos anos 1980, no contexto dos debates do multiculturalismo, tem sido utilizado com sentidos bastante díspares e referido a projetos políticos nem sempre convergentes. No caso específico das relações entre o Estado e povos indígenas na América Latina, ele tem sido empregado, sobretudo, para qualificar relações entre diferentes culturas, colocando acento na noção de igualdade entre elas, de forma a distinguir-se, assim, do termo pluriculturalidade, associado apenas ao reconhecimento da presença de diferentes culturas dentro de espaços nacionais, sem preocupação de conceituar as relações entre elas. No campo da educação, ele tem sido acionado para indicar a necessidade de diálogo entre saberes indígenas e os saberes ocidentais, destacando tanto a necessidades das populações indígenas terem acesso ao acervo de tradições identificadas como ocidentais, como a importância das culturas indígenas serem valorizadas e reconhecidas pelas sociedades dos Estados nacionais em que estão inseridas (HOFFMANN, 2008, p.11).
3 O Estado do Paraná, por meio da Lei nº. 13134, de 18 de abril de 2001, determinou a criação de três novas vagas em cursos regulares nas Instituições Estaduais de Ensino Superior a serem destinadas e ocupadas por índios (vagas adicionais) (TAHYDE, 2010).
4 Reserva de vagas: a universidade estabelece, em com o total de vacâncias disponíveis em cada curso para o ingresso de alunos, uma percentagem é reservada aos indígenas; vagas suplementares: a universidade oferece vagas a mais, fazendo com que os beneficiados que ingressem por esse meio não disputem vagas com os que ingressaram através do vestibular convencional e acréscimo de pontos: o estudante indígena realiza vestibular comum, mas aos resultados que obtém acrescenta-se uma quantidade de pontos determinada pela instituição de Ensino Superior (PALADINO & ALMEIDA, 2012; JODAS & MATTIOLI, 2007).
5 A fim de cumprir com os preceitos constitucionais referentes à formação de professores indígenas em nível superior, o Ministério da Educação criou o Programa de Formação Superior e Licenciaturas Indígenas (Prolind), uma iniciativa da Secretaria de Educação Superior em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secad).
6Na Constituição de 1988, foi assegurado aos povos indígenas em relação à educação o seu direito a uma educação diferenciada, respeitando os modos próprios de ensino e aprendizagem dos povos indígenas. Está assegurado, portanto, o direito dos povos indígenas de ensinar e de serem ensinados nas suas línguas maternas, assim como de receber uma educação escolar de acordo com processos próprios de aprendizagem, isto é, que respeite os modos e os ritmos da educação tradicional, a que se produz no cotidiano doméstico.
7 A UNEMAT, no campus dos Bugres, criou o Projeto 3 Grau Indígena, que formou, no período de 2001 a 2005, 198 professores de 35 povos indígenas, sendo 80% deles pertencentes a povos do estado do Mato Grosso e os demais do Amazonas, do Acre, Ceará, Paraíba, Bahia, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. O curso institucionalizou-se como Faculdade Intercultural em dezembro de 2008(PALADINO & ALMEIDA, 2012).
8 UFRR criou em 2003 o curso de licenciaturas Interculturais. Iniciou com uma turma de 60 professores indígenas. No ano de 2009, formaram-se 180 professores indígenas (PALADINO & ALMEIDA, 2012).