Maria Luiza Rodrigues Moreira*
Matheus Melo de Souza**
Universidade do Estado do Pará, Brasil
Email: luizadriguesmoreira@hotmail.com
RESUMO
                        Este  artigo é uma retrospectiva de literatura dos conceitos de Clima Organizacional  e Satisfação no trabalho. O objetivo geral deste trabalho é sistematizar parte  dos estudos produzidos ao longo do tempo sobre o clima organizacional e fazer  uma correlação com a satisfação no trabalho, sendo estes fatores importantes  para o desenvolvimento de diversos tipos de ambientes de trabalho, como  empresas públicas ou privadas. O foco deste trabalho foi talhado a partir dos  estudos sobre estes dois construtos, que corroboram com a correlação percebida.  A pesquisa foi dada como exploratória, reunindo estudos sobre os diferentes  conceitos de Clima Organizacional e Satisfação no trabalho, desde as primeiras  impressões, seguindo pela construção do saber científico desta linha de  pesquisa, findando nos estudos que confirmam a relação entre as duas teorias,  servindo como base para futuros estudos na área.
Palavras-chave: Percepção; Ambiente de trabalho; Organização.
RESUMEN
                        Este artículo es una retrospectiva de literatura de los conceptos de  Clima Organizacional y Satisfacción en el trabajo. El objetivo general de este  trabajo es sistematizar parte de los estudios producidos a lo largo del tiempo  sobre el clima organizacional y hacer una correlación con la satisfacción en el  trabajo, siendo estos factores importantes para el desarrollo de diversos tipos  de ambientes de trabajo, como empresas públicas o privadas. El foco de este  trabajo fue tallado a partir de los estudios sobre estos dos constructos, que  corroboran con la correlación percibida. La investigación fue dada como  exploratoria, reuniendo estudios sobre los diferentes conceptos de Clima  Organizacional y Satisfacción en el trabajo, desde las primeras impresiones,  siguiendo por la construcción del saber científico de esta línea de  investigación, concluyendo en los estudios que confirman la relación entre las  dos teorías, sirviendo como base para futuros estudios en el área.
Palabras-clave: Percepción; Ambiente de trabajo; Organización.
ABSTRACT
                        This article is a retrospective of the literature on  the concepts of Organizational Climate and Satisfaction at Work. The general  objective of this work is to systematize part of the studies produced over time  on the organizational climate and correlate with job satisfaction, being these  factors important for the development of different types of work environments,  such as public or private companies. The focus of this work was drawn from the  studies on these two constructs, which corroborate with the perceived  correlation. The research was given as exploratory, gathering studies on the  different concepts of Organizational Climate and Satisfaction in the work, from  the first impressions, followed by the construction of the scientific knowledge  of this line of research, ending in the studies that confirm the relation  between the two theories, serving as a basis for future studies in the area.
Keywords: Perception; Workplace; Organization.
Classificação JEL: M14 - Cultura corporativa; Responsabilidade social.
                        UNESCO  6 dígitos: 6109 Psicologia pessoal e ocupacional - 04 relações  de gestão de trabalho.
Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato: 
María Luiza Rodrigues Moreira y Matheus Melo de Souza (2019): "Satisfação no trabalho e o clima organizacional: um breve levantamento teórico-conceitual", Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, (diciembre 2019). En línea: 
https://www.eumed.net/rev/oel/2019/12/trabalho-clima-organizacional.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/oel1912trabalho-clima-organizacional
1 INTRODUÇÃO
Quando ficou latente o  poder do trabalho sobre o ser humano e para a suas relações interpessoais em  sociedade, mostrou-se imperativo, que fossem expostas as diferentes  características que constituem a relação do homem com o trabalho e a forma pela  qual sua vida tornou-se por ele gerida.
Robbins (1999) enfatiza  que as organizações, para serem bem-sucedidas, necessitam que a força  trabalhadora, ou seja, os seres humanos, sejam colocados em estado de relevância.  A valorização do fator humano nas organizações, é vista como primordial, para o  melhor funcionamento das mesmas. Os estudos relacionados a esta questão  costumam focalizar os seguintes fatores: Motivação, Satisfação, Liderança,  Valores, Cultura Organizacional, Estrutura Organizacional, Mudança  Organizacional e Clima Organizacional.
O Clima Organizacional  é diretamente relacionado com o estudo das percepções que os trabalhadores  constroem acerca de diferentes aspectos do seu trabalho. O relacionamento entre  os trabalhadores deve ser salubre para que a empresa ou orgão possa render  plenamente, isso está ligado diretamente com a satisfação do trabalhador e sua  produtividade.  
Segundo Chiavenato  (1988), o grau de Satisfação no trabalho depende diretamente do clima organizacional  oferecido, ou seja, um clima desfavorável leva à insatisfação, enquanto que se  for favorável, ocorrerá maior satisfação do trabalhador, e consequentemente, ao  melhor engajamento do mesmo. Os fatores individuais não foram considerados pelo  autor. Para ele, os fatores externos seriam a causa principal da satisfação, ou  não, no trabalho.
 As organizações dependem diretamente da força  trabalhadora, pois sem ela não existiriam as empresas. Elas são formadas por  pessoas, por isso este artigo possui relevância, pois sem o cuidado necessário  com a força motriz de evolução, que são os trabalhadores, as organizações não  teriam como sobreviver na competição do mercado. O órgão/empresa possui suas  demandas, porém seus funcionários também, assim, para que ocorra um meio termo  dos interesses de ambos, um clima organizacional favorável contribuirá para que  todos sejam atendidos. Diante do exposto, este artigo analisa a importância do  clima organizacional como um dos fatores de maior impacto na satisfação no trabalho,  e como consequência, obtendo resultados eficientes na organização.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Clima Organizacional
Toro (2001),  afirmou que até a década de 1980 ainda eram precários os ânimos orientados ao  estudo e compreensão do clima organizacional, quando o enfoco dominante, ainda  era sobre a qualidade de vida no trabalho.
            Os estudos  iniciais, que posteriormente, constituiriam a estrutura para a atual linha de  pesquisa sobre clima organizacional, podem ser descobertos no experiência  aplicada por Mayo em 1927, em uma indústria da Wester Electric Company,  estabelecida no bairro Hawthorne, em Chicago. Denominado, então, como  “Experimento de Hawthorne”, O pesquisador Mayo demonstrou que modificações nas  estruturas físicas e sociais no meio de produção podem promover alterações  pungentes e comportamentais significativas nos operários, como cansaço,  incidentes de trabalho, uma rotatividade de funcionários sendo demitidos ou  contratados e baixa no cumprimento do serviço e eficiência.
            Este tema  abrange uma condição fundamental na recente psicologia organizacional, porém, a  dimensão de resoluções, métodos de medida e as conclusões adquiridas, inúmeras  vezes divergentes, constituem uma importante multiplicidade no mapeamento do  moderno construto. (James & Jones, 1974).
            As  elementares observações sobre esta linha de pesquisa, estão apontados entre os  anos 30 e 60, envolvendo um considerável destaque ao sistema organizacional  (Kundu, 2007). A atenção nessa época estava direcionada para a reconhecimento  das condições que compunham o construto ou, mais especialmente, para a análise  das dimensões do clima organizacional.
            A resolução  mais relevante desse tempo foi fornecida por Forehand e Gilmer (1964), os quais  apresentaram clima organizacional como um soma de variáveis que caracterizam a  sistema de outras organizações; induzem os comportamentos dos trabalhadores na  organização e são moderadamente duradouras ao longo do período determinado. Ainda  que o conceito dos autores seja teoricamente superficial, ele é inerente pela  sua compreensão em considerar múltiplos níveis de concepções (indivíduo,  organização e outras organizações) e por estimar a construção de continuidade  temporal, o que causa modificações reais nas formas futuras de análise do  construto.
            Na década de  1990, múltiplas pesquisas e aplicações do clima organizacional colaboraram para  o desenvolvimento do conceito, de maneira que ele começasse a ser definido com  mais lucidez e desvinculado de outros termos (Jiménez & Madrigal, 1996;  Regis Filho & Lopes, 1994).
            Para  Bowditch e Buono (1992) o Clima Organizacional é uma percepção lacônica da  atmosfera da empresa, que afetam diretamente a performance, os modelos de  influência mútua entre os coparticipantes, na satisfação com o trabalho e a  organização e nos desempenhos que geram uma tradicional ausência de um  funcionário de seu local de trabalho.
            É perceptível  que a alta competitividade, descrita como consequência das mudanças do  progresso hegemônico, contribui para a criação de cargos que demandam complexas  exigências nas empresas. Assim sendo, a alta exigência e a criação de novos  cargos, também complexos, resultam no desemprego; afinal, tal é a exigência,  que apenas alguns se enquadram dentro do perfil e requisitos estabelecidos.  Pode-se, então, inferir, a partir daí, que todas as mudanças ocorridas dentro  das organizações alteram efetivamente o Clima da organização, uma vez que,  segundo Palácios (2001), o Clima Organizacional é resultante da participação de  um conjunto de características da organização.
            Na concepção  de Ricardo Luz (2003), “clima organizacional é a atmosfera psicológica que  envolve, num dado momento, a relação entre a empresa e seus funcionários”.
            Para  Patterson, Warr e West (2004), o clima organizacional é um fenômeno duradouro e  multidimensional, de caráter perceptual, compartilhado pelos colaboradores de  uma organização. Seu objetivo seria orientar e regular as ações de cada ator  dentro da organização, continuamente de acordo com os preceitos e padrões  determinados por ela.
            Os autores  Ferreira, Fortuna e Tachizawa (2006) afirmam que o Clima Organizacional é a  qualidade do ambiente da empresa. Os trabalhadores da organização percebem ou  experimentam o clima no ambiente interno, onde os membros da organização  convivem entre si e, por este motivo há uma ligação com o grau de motivação e  satisfação deles. Quando o Clima Organizacional é favorável concede a  possibilidade de satisfazer as necessidades desses membros, porém quando é  desfavorável essas necessidades não são satisfeitas.
            Chiavenato  (2008) afirma que toda organização possui uma atmosfera psicológica própria. O  ambiente interno e o clima organizacional, de cada empresa, estão relacionados  com o prazer daquilo que os integrantes têm por necessidades, podendo ser:  saudável ou doentio, quente ou frio, negativo ou positivo, satisfatório ou  insatisfatório. Está subordinado ao estado em que cada trabalhador sente em  relação à empresa. 
            Clima  organizacional são os sentimentos e as percepções que estão ligadas a realidade  objetiva da organização. Essas percepções podem ser a satisfação, insatisfação  ou indiferença; eles são afetados exponencialmente por todos os componentes,  desde o local físico até os objetivos. Tudo influencia na maneira como as  pessoas se sentem em relação à empresa (Maximiano, 2012).
            Quando  existir a vontade de medir o clima organizacional, é fundamental pensar sobre a  teoria explanada por Puente-Palacios e Martins (2013) de como este conceito  trata de uma condição da organização, pois é visto de uma forma geral na ciência  o estabelecimento do clima enquanto um propriedade meso, ou em outras palavras,  está posto no nível das associações, áreas ou elementos do trabalho. Em outro  sentido, embora também seja coletiva, a medição, no geral, existe no nível  individual, uma vez que a organização não produz essas informações diretamente,  mas por meio dos trabalhadores.
O autor Marques (2008),  define que o clima organizacional não pode ser inventado, como se produz  determinada coisa em um dado instante, mas é algo cuja existência é sentida,  ativa e influente, dentro do ambiente laboral, e decorre substancialmente, de  variáveis internas, das decisões tomadas e da maneira como os trabalhadores são  guiados pelos seus líderes, afetando diretamente o indivíduo no que se refere à  percepção que ele possui da empresa, conduzindo-o a determinado comportamento.
            Chiavenato (2008)  esclarece que o clima organizacional é formado por fatores codependentes. As  variáveis de entrada controlam as variáveis dependentes e essa correlação leva  a determinados resultados. Se as variáveis de entrada suscitarem influência  positiva nas variáveis dependentes a produtividade, a eficiência e a eficácia  no trabalho serão elevadas, e assim, melhor será o clima organizacional. Em  contrapartida, se as variáveis de entrada gerarem influência negativa nas  variáveis dependentes, os fatores como produtividade, eficiência e a eficácia  no trabalho serão inferiores e resultariam em um clima organizacional menos  atrativo.
Todas essas  definições apresentadas tornam realidade que o Clima é de extrema importância  para o indivíduo, pois é a forma como este entende e reage o ambiente laboral  que está inserido, levando-se em conta as características individuais. É  importante, ainda, acrescentar que o mesmo sujeito pode, num dado momento,  interpretar o ambiente de trabalho de uma forma e, tempos depois, pode fazê-lo  de maneira diferente.
            Neste  sentido, a origem do Clima está relacionada ao próprio indivíduo ou grupos que  percebem a Organização, os quais reagem às variáveis situacionais, de acordo  com suas interpretações, ou seja, a partir do que psicologicamente tais  variáveis significam para ele.
            Sobre este construto  e sua complexidade, a grande atenção está em produzir conhecimento quanto a  linha de pesquisa de clima organizacional relacionado ao modo da análise de sua  dimensionalidade, sendo essencial para a variedade funcional da formação do construto.  Entretanto, existem distancias a serem percorridas quanto aos estudos que estão  surgindo, por exemplo, há uma vital diferença entre as pesquisas orientadas por  Campbell et al. (1970), em que descobriram quatro dimensões indispensáveis ao conceito,  enquanto DeCottis e Koys (1991), mostraram experimentalmente a capacidade de o clima  organizacional ser previsto em 54 dimensões possíveis.
            A partir  destes conceitos, compreende-se o clima organizacional como um fator que irá produzir  o ambiente de trabalho, ambiente este permeado por uma complexa rede de  expectativas e percepções individuais ou de grupos, alicerçados também por  referências organizacionais que irão determinar o comportamento de seus  colaboradores, criando um ambiente com características peculiares.
            
            2.2 Satisfação no Trabalho
            Durante o século XX, a linha de pesquisa sobre a  satisfação no trabalho, no meio laboral do indivíduo, estava no ápice das mais  estudadas pelos pesquisadores (O’Reilly III, 1991). Nas primeiras décadas daquele  século, Taylor (1947) ponderava que satisfação no trabalho era um construto  relacionado à filosofia do trabalhador acerca da colaboração da administração  com sua visão de seus próprios interesses. Para Taylor, os fatores como fadiga  e o recebimento de um salário eram diretamente influenciadores da satisfação e  produtividade no âmbito organizacional.
            É necessário colocar em pauta a necessidade de  reconhecimento da Teoria dos Dois Fatores de Herzberg, Mausner e Snyderman  (1959) como sendo a primeira teoria criada para melhor averiguação da  satisfação com o trabalho. Ela pressupunha a existência de dois grupos de  variáveis responsáveis, separadamente, pela satisfação no trabalho. Os fatores  vistos como “motivadores”, tais como o próprio trabalho, o desempenho, a  promoção e o reconhecimento pelo trabalho executado e, por outro lado, os  fatores ocasionadores da insatisfação no trabalho ou “higiênicos”, como  supervisão, relações interpessoais no trabalho, política de organização e  salário.
            Outro modelo que explica satisfação no trabalho é  resultante dos estudos de Lofquist e Davis (1969), Porter (1962) e Wofford  (1971). O modelo aplica a teoria das necessidades de realização, ou seja, é  dito que a satisfação no trabalho é determinada pelo nível atendido das necessidades  básicas do indivíduo pelo trabalho exercido.
            Em 1976, Locke, em sua tentativa de criar uma  complexidade na literatura cientifica da área, propôs um outro modelo para  explicar satisfação no trabalho. Ele afirmou que este construto era determinado  por dois grandes fatores que relacionavam-se: os agentes, que reuniam características  como o relacionamento entre os chefes, colegas e subordinados, as políticas da  empresa e o estilo da gerência; e os eventos, que se caracterizam por aspectos  tais como o trabalho em si, o pagamento, a política de promoção, o  reconhecimento verbal e as condições de trabalho.
Para Fraser (1983) a satisfação no trabalho é  considerada um fenômeno complexo e de difícil definição, pois possui uma  subjetividade e sua percepção pode ser alterada tanto de indivíduo para  indivíduo, de circunstância ou de tempo para a mesma pessoa. Estando sujeita as  influências de forças internas e externa do ambiente laboral.
            Na década de 90, o construto de satisfação no  trabalho começou a abordar a noção de saúde do trabalhador, dentro e fora da  atmosfera de trabalho, e foi considerado um conceito que trata da afetividade  no contexto laboral. Nesta configuração, a satisfação careceria ser ressaltada  por meio da conexão que o trabalhador estabelece com seu trabalho, dos atributos  afetivos nela envolvidos e de sua abrangência quanto a outras extensões da vida  do labutador, como a saúde e a qualidade de vida (Siqueira & Padovan,  2004). 
            Os autores Jardim et al. (2004) referenciaram a relação  relevante entre satisfação no trabalho e síndrome de Burnout (síndrome do  estresse profissional), ou seja, o descontentamento no trabalho é a força  motriz para a ocorrência da síndrome de Burnout. Esta síndrome frequentemente  atinge trabalhadores da área da saúde e educação, tornando-se uma resultante do  esgotamento no trabalho de forma permanente.
            Em 1992, Quarstein, McAfee e Glassman postularam  que satisfação era causada por características e ocorrências situacionais. As  características são formadas por aspectos que os indivíduos avaliam antes de  aceitar o trabalho, como pagamento e condições de trabalho, por exemplo. São  mais estáveis. Já as ocorrências situacionais consistem nos aspectos do  trabalho que não podem ser pré-avaliados e aparecem, quase sempre, de uma forma  inesperada, depois que os indivíduos se encontram no trabalho. São  transitórios.
            Para Spector (2002), a Satisfação no Trabalho,  nasceria da conexão adequada entre o indivíduo e seu trabalho. Então, assim, é  notável que indivíduos diferentes tendem a preferir características diferentes  de trabalho, fazendo com que seja necessário diagnosticar as diferentes formas  que cada trabalhador se sinta satisfeito sob determinadas condições de  trabalho.
            Seguindo esse aspecto, o autor considera que a  Satisfação no Trabalho reflete como uma pessoa se sente com relação ao seu  trabalho, de forma geral e em suas muitas variáveis. Em outros termos, pode-se  dizer que Satisfação no Trabalho é o quanto as pessoas gostam de seu trabalho.
            Ainda nessa linha, Martinez e Paraguay (2003)  ponderam que a satisfação no trabalho deve ser compreendida como uma atitude e  conjuntura emocional de caráter prático dos indivíduos com respeito a sua atividade  profissional. Dessa forma, a apuração do coeficiente de satisfação é importante  o suficiente para o acontecimento ser aferido, sendo analisada também a sua  analogia com outros construtos, como desempenho laboral, a ausência do funcionário  no espaço laboral, comprometimento e produtividade.
            Por sua vez, Chiavenato (2006) defende uma  perspectiva abrangente da expressão satisfação no trabalho, considerando que o  conceito pode estender-se como “uma atitude generalizada em relação ao trabalho”,  e, complementando, conceitua atitude como “um estado mental de prontidão que é  organizado pela experiência e que exerce influência específica sobre a resposta  da pessoa aos objetos, situações e outras pessoas”.
            Pode-se, então, assim estabelecer que os princípios  de satisfação no trabalho mais claramente assentes e divulgadas no processo  científico são as que refletem a valor  das  condições psicossociológicas na empresa, sobre o acordo existente entre  situações ou condições, em um dado momento ou contexto, causam a satisfação no  trabalho, reforçando a Teoria de Locke, feita no fim dos anos 60 (Locke, 1969).  Perante os elementos abordados sobre satisfação no trabalho, está visível como  não há somente um acontecimento, mas uma intensa cadeia de meios que podem ser inseridos  e transformados objetivando o desenvolvimento da saúde dos trabalhadores.
2.2.1 Determinantes  da Satisfação no Trabalho.
            Os autores Sneed &  Herman (1990), em pesquisa com trabalhadores do serviço de alimentação de um  hospital, conferiram associação estatisticamente expressiva entre satisfação no  trabalho e a existência de bons salários e benefícios, adequado relacionamento  social no trabalho e perspectivas de desenvolvimento profissional dentro da  organização.
            Para Bauk (1985), as  variáveis consideradas como as mais instigadoras do estresse e da insatisfação  no trabalho são a carência de noção sobre oportunidades de avanço e ascensão no  trabalho e a maneira como ocorre a estimativa de desempenho profissional. Outros  fatores são a carga de trabalho excessiva, a influência do trabalho no âmbito  pessoal, a ausência de comando e influência indispensáveis ao cumprimento de  seu labor.
            Sendo influenciado  pelas variáveis apresentadas por esses estudos, Cavanagh (1992, p.707) produziu  uma pesquisa utilizando 221 enfermeiras chefes de um hospital, proporcionando,  como resultado final, um modelo teórico dos fatores determinantes pertinentes à  satisfação no trabalho (Figura 1),   em  que  há   associações  positivas e  associações negativas definidas com base nos testes de Correlação de Pearson e  da Covariância de Matrix.
Os autores Bowditch  & Buono (1992), afirmaram que o Clima Organizacional está diretamente relacionado  à Satisfação no Trabalho. Ainda é conferido que o Clima Organizacional é proporcional  a um contexto macro, em outras palavras, no espaço laboral como um todo, enquanto  isso, a satisfação é proporcional a um contexto micro, ou seja, é a percepção  do comportamento do indivíduo na organização. Assim, fazendo esses contrapontos,  torna-se possível tentar correlacionar o nível de interdependência que um  construto possui, ou não, sobre o outro.
            A Satisfação e o Clima  organizacional são os únicos constructos mensurados através da percepção. Para  Robbins (1999), a percepção pode ser definida como o processo pelo qual os  sujeitos constituem e interpretam suas impressões sensoriais, cujo objetivo, é tentar  explicar e dar algum sentido ao ambiente laboral em que estão inseridos.
            O autor Chiavenato  (1988), corrobora com a concepção de que o Clima Organizacional está  diretamente relacionado à Satisfação no Trabalho. Dada a intersecção entre os  conceitos, algumas inquirições têm sido concretizadas com o desígnio de explorar  a relação entre satisfação no trabalho e clima organizacional. 
            Salinas, Laguna e  Mendoza (1994), enfatizam que a alteração no clima de uma determinada organização  intervém na satisfação dos colaboradores da própria. E também mencionam que a  satisfação no trabalho proporciona uma ligação copiosamente estreita com o  clima organizacional. 
            Em uma pesquisa  realizada por Melo (2011), foi reconhecido que variáveis como os fatores físicos,  sociais e psicológicos causam uma influência no clima da organização, e como consequência,  esses fatores influenciam no sentimento de bem-estar do trabalhador. Assim,  essa sensação de bem-estar, percebido pelo trabalhador, corresponde à  satisfação que o indivíduo possui quanto ao trabalho realizado (Martins, 2008).  No entanto, segundo Tamayo e Borges (2001), esses construtos se diferem, pois,  a satisfação mensura o nível do “gostar” do trabalhador quanto aos aspectos  oferecidos pelo ambiente laboral, enquanto o clima organizacional é aferido  pela existência ou não desses fatores. Com isso posto, as relações de influência  ocorrem quanto as variáveis abordadas nos dois conceitos e as contestações são  quanto ao juízo crítico de percepção.
            Um estudo de caso  realizado no Chile por Vega, Botello, Rivera e Partido (2008), cujo alvo foi  adaptar e legitimar instrumentos destinados a medir o Clima Organizacional e a  Satisfação no Trabalho. Os participantes foram 547 trabalhadores de  organizações estatais (57,3% do gênero masculino, 39 anos na média), submetidos  às variantes ajustadas dos instrumentos da Escala de Clima Organizacional e  Questionários de Satisfação Laboral S21/26 e S4/82. Os resultados da análise  fatorial despontaram valores correspondentes para a escala de clima organizacional  (Alfa de Cronbach entre 0,64 e 0,86, com exceção da dimensão ‘pressão’, cujo  valor foi 0,33). Os autores sopesaram que a pesquisa corroborou o ajustamento  das medidas dos conceitos para a população chilena e comprovou a conexão  existente entre os construtos.
            Diante de todos esses  estudos que se contrapõe ou corroboram entre si, é nítido de notar e concluir  que a interdependência entre os dois conceitos expostos, Clima Organizacional e  Satisfação no Trabalho é uma linha com poucas afirmações e muitas discussões.  Desta forma, faz-se necessária a elaboração e a realização de uma série de  pesquisas, visando constatar se realmente existe relação entre Clima e  Satisfação, levando-se em conta todas as considerações anteriores.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
            Com o advento da  humanização das relações de trabalho, as organizações estão cada vez mais  voltadas para manter os seus funcionários engajados e satisfeitos com o  ambiente laboral. No entanto, as boas relações de convivência, quando postas  como fator único para mensurar o clima do ambiente de trabalho e a satisfação,  não são o suficiente para fazer a análise e atingir resultados consistentes e  determinantes.
            Seguindo este objetivo,  a concepção desta pesquisa, é de avaliar e construir as mais viáveis ligações entre  Clima Organizacional e Satisfação no Trabalho, demonstrando se a Satisfação no  Trabalho está, ou jamais esteve totalmente associada, mutuamente, ao Clima  Organizacional. Esta pesquisa tem um caráter contributivo utilizando o processo  de estudo estabelecido, tornando-se uma primitiva ajuda no objetivo de integrar  compreensão a essa linha de pesquisa tão complexa e nova.
            Devido ao constante  desenvolvimento de conceitos e novas relações de trabalho no mundo das  organizações e embasado nos estudos teóricos e pesquisas empíricas expostos  nesse trabalho, é fundamental ressaltar a importância do surgimento de novos  estudos sobre os construtos apresentados. Seguindo essa linha, o presente artigo  tentou explorar a complexidade das duas teorias, e por esse motivo, torna-se  essencial que novas pesquisas sejam formuladas para que essa correlação possa  ser mais bem averiguada.
            Um outro ponto  importante, é a necessidade de que psicólogos com especializações em ambientes  organizacionais ou na saúde do trabalhador, possam estar mais ligados a esta  linha de pesquisa, pois, como profissionais da área, o acesso aos recursos  torna-se mais fácil a criação de teorias ou métodos capazes de confirmar as  dimensões apresentadas na correlação.
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*Graduanda em Administração, Universidade Federal do Pará (UFPA) – Autora Principal. E-mail: luizadriguesmoreira@hotmail.com