Observatorio Economía Latinoamericana. ISSN: 1696-8352


FLUXO DE CAIXA: UMA FERRAMENTA DE CONTROLE NO PLANEJAMENTO PESSOAL

Autores e infomación del artículo

Silvio Akira Hirassaka*

Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) Brasil

silvio.hirassaka@umc.br

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Resumo: O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a importância da utilização da ferramenta conhecida como Fluxo de Caixa no planejamento financeiro pessoal e familiar, possibilitando o gerenciamento correto dos recursos financeiros que implicarão diretamente na gestão de bens e patrimônios. Compreende-se que a população em geral não tem o hábito de realizar o controle dos seus recebíveis assim como de seus pagamentos, impactando diretamente em sua situação financeira, necessitando assim recorrer a empréstimos bancários, utilização de cartões de crédito de forma abusiva e descontrolada, ou na pior das condições, tornar-se inadimplente no mercado em função de atrasos ou da não quitação das dívidas contraídas. A mudança desta cultura só será possível a partir do momento em que houver uma conscientização da necessidade de se utilizar ferramentas que o auxiliem no controle de tudo que se recebe e de todos os seus gastos e, sobretudo mostrar que com disciplina e determinação tudo estará ao seu alcance. Para melhor entendimento da importância desta ferramenta, foram abordados conteúdos relativos à administração financeira, planejamento financeiro, inclusive, a importância do fluxo de caixa para os indivíduos, conceituando, estruturando e exemplificando de forma simples, coerente e concisa. E tudo isso demonstrará que os indivíduos podem ter um comprometimento do desempenho financeiro favorável, aumentando a sua liquidez e o poder de geração de caixa por um longo período, não prejudicando as suas operações. Utilizou-se um método bibliográfico neste estudo, e desta forma considerou-se que é extremamente importante o conhecimento e a implantação do Fluxo de Caixa para controle das movimentações diárias a fim de possibilitar ter uma visão ampla, minimizando os riscos financeiros.

Palavras Chaves: Finanças; Ferramenta; Fluxo de Caixa; Controle; Planejamento Pessoal.

Abstract: This paper aims to demonstrate the importance of using the tool known as Cash Flow in personal and family financial planning, allowing the correct management of the financial resources that will directly imply the management of assets and equity. It is understood that the population in general does not have the habit of controlling their receivables as well as their payments, directly impacting their financial situation, thus requiring recourse to bank loans, abusive and uncontrolled use of credit cards, or in the worst of conditions, become defaulted on the market due to delays or non-discharge of debts incurred. The change of this culture will only be possible once there is an awareness of the need to use tools that help you control all that is received and all of your expenses and above all show that with discipline and determination everything will be at the reach. In order to better understand the importance of this tool, we have discussed contents related to financial management, financial planning, including the importance of cash flow to individuals, conceptualizing, structuring and exemplifying in a simple, coherent and concise manner. And all this will demonstrate that individuals can have a favorable financial performance compromise, increasing their liquidity and the power of cash generation over a long period, not harming their operations. A bibliographic method was used in this study, and in this way it was considered extremely important to know and implement the Cash Flow to control the daily movements in order to allow a broad view, minimizing the financial risks.

Keywords: Finance; Tool; Cash flow; Control; Personal Planning.

Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:

Silvio Akira Hirassaka (2018): "Fluxo de caixa: uma ferramenta de controle no planejamento pessoal", Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, (diciembre 2018). En línea:
https://www.eumed.net/rev/oel/2018/12/fluxo-caixa.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/oel1812fluxo-caixa


Introdução

Nos dias atuais é possível notar que o planejamento financeiro tem se tornado cada mais importante para a vida financeira das famílias brasileiras. A falta de perspectiva de curto e longo prazo faz com que as pessoas não consigam controlar os recursos financeiros disponíveis assim como poupar para o futuro. Diante disso, percebem-se cada vez mais pessoas endividadas, sem flexibilidade alguma no orçamento, o que faz com que tenham de recorrer a empréstimos bancários, empréstimos de familiares e, até mesmo de agiotas para conseguir captar recursos a fim de cumprir com suas obrigações financeiras.
Diante do atual cenário econômico, no qual muitos indivíduos e famílias passam por dificuldades financeiras, advindas da falta de planejamento financeiro, é fundamental que seja feito um trabalho no sentido de propagar a importância do controle das finanças pessoais, algo que poucos o conhecem. Como consequência, o que se tem são famílias em sérias dificuldades financeiras que dependem de crédito, que no Brasil é caro devido as altas taxas de juros, para cobrir seu orçamento. E tudo isso, em muitas situações, ocorrem em função de não possuir um controle adequado de seus proventos e gastos, prejudicando em seu planejamento financeiro pessoal.
O retrato desse cenário encontra-se na população em geral que, em sua maioria, precisam continuar trabalhando para sustentar seu padrão de vida, não conseguindo, portando, viver apenas de salários ou de benefícios.
A população mais jovem também compartilha das mesmas dificuldades de lidar com o dinheiro. Logo, suas escolhas presentes impactarão seu padrão de consumo futuro. Dessa forma, quanto mais cedo houver a preocupação de poupar para o futuro, maior a probabilidade de usufruir de um patrimônio construído no longo prazo.
Neste sentido, o objetivo principal é verificar a possibilidade da utilização da ferramenta conhecida como fluxo de caixa para realizar o controle dos recursos financeiros e possibilitar o planejamento para a construção de um patrimônio tendo em vista os fundamentos utilizados na gestão financeira de empresas.
No decorrer do presente trabalho é possível compreender que o fluxo de caixa é uma ferramenta necessária para o controle dos recursos financeiros de qualquer pessoa, possibilitando gerenciar e planejar a entrada e saída de dinheiro, além de nortear a construção de um cenário patrimonial que permita aos membros da unidade familiar consigam se manter, principalmente com os rendimentos de um patrimônio construindo a partir do período de atividades advindas do trabalho.
Os fundamentos utilizados na gestão financeira de empresas serão conceituados para que seja possível verificar as possibilidades de gerir, da mesma forma, o patrimônio pessoal.
Num segundo momento, far-se-á um estudo aprofundado sobre a importância do fluxo de caixa, tendo como a principal finalidade demonstrar que todo o dinheiro que o indivíduo possui necessita ser controlado, possibilitando assim ter uma visão real de sua situação econômica e financeira.
Fundamentação Teórica

Todas as pessoas, independente do seu poder aquisitivo, necessitam controlar e planejar as finanças pessoais ao longo do tempo, recebendo recursos financeiros, investindo ou desembolsando-o de acordo com a sua necessidade.
O planejamento financeiro pessoal é uma das ferramentas que possibilitam o crescimento do patrimônio do individuo e das famílias, e na medida em que é feito o controle das receitas e despesas, torna-se possível prever quando e quanto será destinado para as aplicações financeiras.
Para isso, pode-se utilizar uma ferramenta conhecida como Fluxo de Caixa, que auxiliará no controle dos registros diário das movimentações financeiras assim como na tomada de decisão, tornando-se um instrumento que possibilita o crescimento exponencial do patrimônio ao longo prazo, lembrando-se, porém, que é necessário que uma parte dos rendimentos seja poupada a fim de que sejam feitos aportes constantes com o objetivo de gerar uma rentabilidade que supere suas despesas mensais.
Para melhor compreender as fases de controle, construção e gestão do patrimônio, é necessário conceituar os fundamentos do planejamento e da administração financeira, proporcionando uma visão ampla de todo o processo estratégico atrelado ao fluxo de caixa.

Metodologia

A realização desta pesquisa torna-se relevante em função da necessidade de das pessoas físicas em conhecer a sua real situação financeira, pois nos dias atuais, para manter-se com uma saúde financeira relativamente confortável, necessita-se a implantação de melhores controles para análise e tomada de decisão, gerando informações confiáveis para a realização de um planejamento pessoal eficaz.
Este tema, como pesquisa originou-se na identificação das dificuldades financeiras enfrentadas pelos “chefes de família” por não ter um orçamento doméstico, assim como em função da falta de importância dada no processo de planejamento, gestão e controle financeiro, fatores determinantes ao surgimento de grandes dificuldades para a tomada de decisões de investimentos e captações de recursos financeiros.
A metodologia de pesquisa teve como sua principal base as pesquisas bibliográficas de finanças empresariais e pessoais que tratam sobre o planejamento e administração financeira, acrescentando-se a vivência e atuação profissional nas áreas em questão.

O Planejamento Financeiro Pessoal  

O planejamento pessoal financeiro decorre da necessidade de se manter ordenado, em meio a crise, ou pelo fato de alguma emergência que necessite de recursos financeiros.
Para evitar o desperdício de tempo e dinheiro, toda e qualquer atividade deve ser precedida sempre de um planejamento bem elaborado e conciso, pois, torna-se a fase mais importante na concepção do controle e da independência financeira. Assim, fará-se um estudo afim de entender os conceitos de planejamento e controle. Esses conceitos serão fundamentais para melhor aproveitamento e compreensão de caminhos que podem ser traçados para atingir os objetivos financeiros de uma unidade familiar.
Segundo Marques e Neto (2016, p. 20) no livro Gestão Financeira Familiar – como as empresas fazem: “o planejamento está presente em vários contextos e atividades empresariais e pessoais”.
De fato, planejar é a primeira etapa, que visa encadear as sequências de atividades necessárias para se atingir um objetivo, ou seja, considera-se o inicial para projetar o futuro tendo como base os dados passados, atuais e cenários futuros. E no atual momento que enfrentamos em nosso país, a pessoa que consegue seguir o planejamento elaborado, consegue manter-se estruturado para atravessar o momento de instabilidade econômica; quem não segue nenhum planejamento, que vive na risca, com o orçamento apertado, no momento que precisar de recursos financeiros, vai precisar de capital de terceiros, (empréstimos, cheque especial, cartão de crédito) isso acarretará juros, e mais dividas para o próximo mês.

Em linhas gerais, planejar é o esforço de gerar uma visão prospectiva do futuro. Somente com um planejamento bem elaborado é que os componentes da unidade familiar poderão ter uma perspectiva de sua situação financeira esperada no futuro, bem como uma previsão das movimentações financeiras pertinentes a esta expectativa. (MARQUES; NETO, 2016, p.19).

Percebe-se que quando o assunto é planejamento financeiro, incluímos os recursos financeiros necessários para atingir o objetivo de construir um patrimônio capaz de gerar uma renda maior que o padrão de consumo do indivíduo ou família.

 Planejar, no contexto financeiro, significa estabelecer antecipadamente as ações a serem empreendidas e projetar (ou Orçar) as movimentações dos recursos financeiros necessários ao atingimento das metas e dos objetivos traçados. Portanto, essencialmente, o planejamento financeiro ou orçamento está associado a simulação de movimentações financeiras decorrentes das atividades cotidianas e das ações empreendidas para alcançar as metas e objetivos estabelecidos. Sendo assim, semelhante a uma organização empresarial, as unidades familiares deveriam basear seu planejamento financeiro em suas situações financeira e patrimonial atuais. (MARQUES; NETO, 2016, p. 20).

Planejar é um ponto essencial quando se quer alcançar um objetivo. Logo, quando se fala em planejamento financeiro pessoal, o cuidado aos detalhes fará diferença na hora da execução do plano. É como uma semente que tem que ser regada todos os dias, depois de elaborado com todas as receitas, gastos, e investimentos, é hora de colocar novas metas, novos sonhos, para que possa tirar o máximo proveito do seu planejamento, o dia a dia é fundamental para a pratica de saber controlar seus gastos, no começo é um pouco difícil, mas com o passar do tempo, vai se tornando natural, e tendo a certeza que o planejamento é essencial para uma vida equilibrada.
Segundo Marques e Neto (2016, p. 20) no livro Gestão Financeira Familiar – como as empresas fazem: “o planejamento está presente em vários contextos e atividades empresariais e pessoais”.
Para que as expectativas não sejam distorcidas, é importante que o planejamento tenha certa flexibilidade. Quanto mais rígido for o planejamento, maior será o esforço para corrigir a rota diante de cenários imprevisíveis que certamente aparecerão durante o processo.
No entanto, somente o planejamento não faz com que a meta seja atingida, é preciso também controlar cada etapa no processo.

O Controle Financeiro

Controlar é uma forma de fiscalizar as etapas do processo necessárias para que o indivíduo ou a família não seja surpreendido ao se deparar com um caminho maior que o previsto para chegar ao patrimônio desejado.
No que tange o planejamento financeiro, o controle é uma ferramenta que acompanha o planejamento, haja vista que essas duas atividades isoladas não terão a mesma eficácia na construção do patrimônio.
De acordo com Marques e Neto (2016, p. 25):

Controlar representa uma atividade complementar e posterior a um planejamento feito. Consegue-se um maior controle, caso haja previamente um planejamento traçado, uma vez que são estabelecidos parâmetros claros e objetivos sobre os quais podem ser realizadas comparações e verificações de desempenho – financeiro, no caso. Apesar de não impeditivo uma família ou individuo ter controle sobre suas movimentações financeiras sem planejamento prévio, os propósitos e benéficos aqui apresentados serão maiores caso ele seja feito dentro de um contexto mais amplo de planejamento financeiro.
O controle consiste, de maneira geral, em verificar se os planos e objetivos estão sendo realizados conforme o planejado e, consequentemente, se as metas estipuladas estão sendo atingidas. A função de controle, portanto, é acompanhar a execução das atividades e as movimentações financeiras delas decorrentes.

De fato, todo planejamento realizado por um indivíduo deverá ser acompanhada de um efetivo controle, uma vez que torna-se necessário analisar se tudo aquilo que foi previsto está sendo realizado. Caso haja alguma variação a maior ou a menor, todo o planejamento deverá ser revisto afim de ajustar os números e trazer informações mais reais possíveis.
Para Chiavenato (1997, p.273), o controle tem por finalidade:

...... de assegurar que os resultados daquilo que foi planejado, organizado e dirigido se ajustem tanto quanto possível aos objetivos previamente estabelecidos. A essência do controle reside na verificação se a atividade controlada está ou não alcançando os objetivos ou resultados desejados. O controle consiste fundamentalmente em um processo que guia a atividade exercida para um fim previamente determinado.

Todo o processo de controle tem como uma das principais funções regular as operações a padrões pré-estabelecidos, e a sua ação dependerá de informações recebidas, sejam elas de caráter retroativo, atual ou previsto, pois, permitem a oportunidade de ação corretiva. Dessa maneira, este mecanismo deve ser definido de acordo com os resultados que se pretende obter a partir dos objetivos, planos, políticas, organogramas, procedimentos traçados, envolvendo uma comparação com padrões previamente estabelecidos para permitir a tomada de ação corretiva quando um desvio inaceitável ocorrer.
Além disso, nota-se que um dos grandes problemas que provocam a dificuldade financeira das famílias está na falta do efetivo controle das movimentações financeiras de entrada e saída de recursos financeiros. Apesar de muitos realizarem todo o planejamento necessário ao longo do tempo, não fazem os devidos acompanhamentos e comparações para analisar as possíveis distorções que venham a ocorrer, impossibilitando assim uma maior visão de suas disponibilidades.
De acordo com (CERBASI, 2015), o controle rígido de seus gastos, fará com que saiba exatamente aonde vai cada centavo gasto, tendo mais qualidade no seu consumo e para quem pensa que planejamento financeiro é apenas para que é “mão de vaca”, ele vem nos mostrar ao contrário, que com seu orçamento bem alinhado, terá possibilidades de pequenos luxos, isso inclui viagens, roupas, lazer, porque seu orçamento estará ajustado para esses itens.
Um planejamento bem elaborado associado a um controle rígido e acompanhamento constante, possibilita aos “gestores das residências” uma maior previsibilidade e consistência das informações para a tomada de decisão, uma vez que a administração financeira será embasada em informações confiáveis e previsíveis, evitando assim possíveis problemas com falta de recursos e consequentemente reduzindo a dificuldade financeira das famílias.

A Administração Financeira

Atualmente, a administração financeira tornou-se uma ferramenta essencial para uma gestão de sucesso de pessoas físicas e pessoas jurídicas. Com ela se tornou possível visualizar como estão sendo aplicados e gerenciados os recursos financeiros (patrimônio, investimentos, fornecedores, caixa, etc.) de empresas e indivíduos. Será definindo através de conceitos básicos, a melhor compreensão do que é a administração financeira.
O termo finanças na interpretação de Gitman (2010, p.03), pode ser definido como: “a arte e a ciência de administrar o dinheiro”, para ele, finança refere-se ao processo, às instituições, aos mercados e aos instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre pessoas, empresa e órgãos governamentais.
De acordo com Chiavenato (2014, p.12) administração financeira “é a área da administração que cuida dos recursos financeiros da empresa”. Assim como Gitman, ele afirma que administração financeira se trata de tudo aquilo que envolve transferência de recursos entre pessoas, empresas e governos. Ele afirma também que a aplicação de princípios econômicos e financeiros no sentido de maximizar a riqueza da empresa e do valor de suas ações, também está envolvida na administração financeira.
Com vistas às argumentações dos autores, a administração financeira basicamente é, um composto de ações e procedimentos administrativos que compreendem o planejamento, a análise e o controle dos recursos financeiros da empresa, conforme já exposto em capítulos anteriores. Ela tem inúmeros objetivos, porém o principal dela é o aumento do lucro da empresa.
“A administração financeira tem como objetivo gerenciar os recursos financeiros da empresa para poder maximizar os lucros, a riqueza dos proprietários, as vendas, aumentar a participação de mercado etc.” (MEGLIORINI, 2011, p.5).
O gerenciamento das entradas e saída de dinheiro possibilita aos gestores aumentar a sua lucratividade
Chiavenato (2014) reafirma o que Megliorini disse, que o objetivo básico da administração financeira é a maximização de lucro, isto é, aumentar o valor de mercado de capital dos proprietários ou acionistas de uma empresa. O autor complementa que, a administração financeira segue constantemente três objetivos, que são os seguintes:

  • Manutenção de permanente situação de liquidez: gerência de um certo fluxo de entradas e saídas de caixa sob controle;
  • Obtenção de recursos adicionais para suas operações ou planos de expansão: menores custos por meio de estudos de viabilidade econômico-financeira;
  • Manutenção do equilíbrio entre objetivos de lucro e de liquidez financeira: assegurar que os planos de expansão adotados pela empresa estejam de acordo com as possibilidades de obtenção de recursos próprios ou de terceiros;

Concluindo o conceito de Chiavenato (2014, p.14), a administração financeira além dos três objetivos básicos citados acima, tem mais dois objetivos, que de acordo com o autor, são os principais da área:

Os dois objetivos principais da administração financeira são: o melhor retorno possível do investimento – que é a rentabilidade ou lucratividade – e a sua rápida conversão em dinheiro – liquidez. Com esses dois objetivos em mente, podemos conceituar adequadamente a administração financeira. A administração financeira procura tornar os recursos financeiros lucrativos e líquidos ao mesmo tempo. Assim, é a área responsável pela gestão dos recursos financeiros da empresa, proporcionando as condições que garantem o equilíbrio ótimo entre sua rentabilidade e liquidez.

É possível perceber, que de acordo com os autores, o principal objetivo da administração financeira é melhorar os resultados financeiros apresentados pela empresa e também aumentar o valor do patrimônio da mesma, ou seja, aumentar o lucro, e com isso aumentar o valor de mercado da empresa e o retorno para os proprietários, com isso, o conhecimento na área se torna muito importante para conseguir alcançar esses objetivos.

O Fluxo de Caixa

Considerando como uma ferramenta de extrema importância para o controle dos recursos financeiros das organizações, o fluxo de caixa apresenta-se como uma proposta de solução para a gestão financeira pessoal.
Este demonstrativo é utilizado tendo como principal objetivo o registro de todas as movimentações financeiras em um determinado período de tempo, sendo representado pelas entradas (recebimentos) e saídas (desembolsos) de recursos financeiros.
Segundo Oliveira (2005),

O fluxo de caixa é um instrumento de gestão financeira que projeta para os períodos futuros todas as entradas e saídas de recursos financeiros da empresa, indicando como será o saldo de caixa para o período projetado. (OLIVEIRA, 2005, p.56)

            É notório que este relatório, além de possibilitar controlar as movimentações, permite também apurar o saldo final em termos monetários, ou seja, o indivíduo saberá o quanto haverá de superávit ou déficit em suas operações diárias, mensais ou anuais. Adicionalmente, torna-se um poderoso instrumento para a realização de um planejamento financeiro, pois, far-se-á projeções com base em informações detalhadas, demonstrando assim até ponto poderá investir, gastar ou permanecer com as atividades normais.

 “O Demonstrativo dos Fluxos de Caixa é uma ótima ferramenta a ser utilizada na gestão do capital de giro, pois com ela podemos atender a algumas das necessidades dos tomadores de decisão dentro da empresa, ajudando tanto na gestão financeira como na complementação das questões de capacidade de produção, de recebimento, de pagamento, no resultado da empresa, entre outros.” (NASCIMENTO, 2014, p.112)

O descompasso do fluxo de caixa nas organizações ocorre em função das negociações realizadas pelo departamento comercial, ou seja, o prazo médio de recebimento de vendas é inferior ao prazo médio de pagamento dos fornecedores. Porém, se aplicado ao ambiente familiar, esse descompasso ocorre quando uma determinada pessoa física contrai gastos superiores aos seus rendimentos (quando as saídas de dinheiro são maiores do que a entrada), resultando em falta de recursos necessários, impulsionando assim a captação junto as instituições financeiras pagando altos juros praticados.
Portanto, entende-se que para o controle de toda e qualquer movimentação das disponibilidades, torna-se relevante implementar uma ferramenta de planejamento e controle das operações realizadas, sejam de baixo, médio ou alto valor. Assim, haverá a determinação de um sucesso operacional e estratégico ao longo de vários anos.
A Implementação do Fluxo de Caixa no Planejamento Pessoal

Para que se possa realizar a implementação do fluxo de caixa no dia a dia das pessoas físicas, é importante relacionar todos os ganhos e gastos. Assim, em posse dessas informações, haverá a possibilidade de criar uma estrutura para iniciar o planejamento e controle dos registros. Ressalta-se, porém que, esta estrutura não deve ser padrão, dependendo das atividades realizadas por cada cidadão. No quadro 01, apresenta-se um modelo de Fluxo de Caixa para o planejamento pessoal.

  • Saldo Inicial: representa o valor em termos monetários disponível no inicial do período da elaboração do Fluxo de Caixa, ou seja, é o que há de disponibilidade referente a sobra do período anterior.
  • Entradas: corresponde a todos os valores recebidos, seja através de proventos mediante trabalho assalariado ou por outros valores a receber. Ou seja, estão disponíveis como “dinheiro” em uma respectiva data.
  • Saídas: corresponde aos pagamentos de despesas pessoais familiares realizados em um determinado período de tempo, tais como as despesas domésticas, despesas com alimentação, educação, saúde, combustíveis entre outros. São considerados como desembolsos necessários para a sobrevivência e o bem estar de todos os indivíduos.
  • Saldo Operacional: é o resultado obtido mediante aos recursos recebimentos (entradas de caixa) subtraído dos pagamentos efetuados (saídas) no período em questão. Tem como principal objetivo demonstrar se os valores recebidos naquele momento são ou não suficientes para cobrir todos os gastos realizados, não considerando o saldo inicial do mês.
  • Saldo Final: Representa o saldo que fica disponível ao final do período, obtido pela soma do Saldo Inicial com o Saldo Operacional. Possibilita verificar a real sobra e falta de dinheiro naquele momento considerado e passa a ser o saldo inicial do próximo período em que irá se apurar a movimentação dos recursos financeiros.

Para que haja um melhor entendimento da estrutura do Fluxo de Caixa e dos conceitos abordados anteriormente, apresenta-se um modelo de aplicação desta ferramenta para demonstrar a sua importância para o planejamento pessoal.

No exemplo exposto no quadro 02 pode-se verificar que o valor do Saldo Final do mês de Janeiro é de R$ 2.750,00, montante composto pelo Saldo Inicial do mês de R$ 1.000,00 adicionado ao Saldo Operacional (Entradas – Saídas) de R$ 1.750,00. Ou seja, a sobra do referido mês está maior em função de uma sobra de caixa de períodos anteriores.
Já no mês de Fevereiro, apresentou-se um Saldo Final de Caixa de R$ 4.446,00 e um Saldo Operacional de R$ 1.696,00, ou seja, um valor de R$ 54,00 menor se comparado ao mês de Janeiro. Isso ocorreu em função da redução de alguns gastos e o aumento de outros, proporcionando em um aumento das despesas e a diminuição do resultado operacional.
No mês de Março, nota-se que houve um aumento na sobra de caixa, resultando em R$ 6.169,00, um aumento de R$ 1.723,00 se comparado ao período de Fevereiro.
Para a avaliação e controle eficiente do dinheiro disponível, é necessário que o indivíduo atente-se aos valores de entradas e saídas, uma vez que poderá verificar se os ganhos estão acima ou abaixo dos gastos realizados. Adicionalmente, com base nessas informações, poderá garantir recursos suficientes para destiná-los aos investimentos, sejam eles em imóveis, veículos ou em aplicações financeiras que gerem rentabilidade alta.
A estruturação bem elaborada do Fluxo de Caixa Pessoal só se mostra eficiente a partir do momento em que há a coleta de todos os dados (recebimentos e gastos), não podendo-se omitir informações alguma. Caso isso venha a acontecer, distorcerá todos os resultados, prejudicando toda a tomada de decisão e o andamento da vida pessoal familiar.

A Necessidade da Utilização do Fluxo de Caixa no Planejamento Pessoal

            Muitas familiares estão com sérias dificuldades financeiras e a cada dia que se passa têm se tornado mais constante e pior. Alguns não possuem uma renda muito alta para manter-se durante o mês, enquanto as outras, mesmo recebendo recursos financeiros suficientes para a sobrevivência de todos os integrantes da família, deparam-se com gastos acima do esperado, em muitos casos despesas que ocorrem desnecessariamente. E todas estas operações, caso não sejam controladas, contribuirão para que as pessoas físicas fiquem cada vez mais endividadas em um ambiente totalmente predatório e capitalista. A partir do momento em que identificam a necessidade de dinheiro, recorrem a captação de recursos de terceiros com taxa de juros altíssimas, prejudicando ainda mais a sua gestão financeira.
O descompasso e desequilíbrio de caixa é um indício de muitos problemas originados do passado, sendo que na maioria das vezes os gestores dos lares não possuem conhecimento necessário para aplicar ferramentas corretivas para melhorar o seu planejamento e o seu controle, agravando ainda mais a situação presente e projetando um futuro financeiro muito ruim,
O gerenciamento do caixa é conhecido pelo processo de controle das disponibilidades tendo como base a sua compreensão e planejamento das necessidades financeiras presentes e futuras e a sua implementação na vida pessoal torna-se cada vez mais necessário no dia a dia.

Silva (2010) destaca que: Uma das funções do administrador de caixa será a comparação entre o fluxo de caixa previsto e o realizado, objetivando identificar eventuais variações e as causas de suas ocorrências. A análise do fluxo de caixa auxiliará no entendimento da proveniência e do uso do dinheiro na empresa e poderá levar as medidas administrativas de correção de rota no gerenciamento dos negócios da empresa. (SILVA, 2010, p.447).

            Estabelecer um controle eficiente de recebimentos e pagamentos é muito importante para se registrar a Ferramenta de Fluxo de Caixa com dados corretos, assim como criar critérios para desenvolver um planejamento escrito do que poderá ou não ser gasto, se será ou não necessário para a sobrevivência dos integrantes da família.

“É importante o planejamento do fluxo de caixa, porque irá indicar antecipadamente as necessidades de numerário para o atendimento dos compromissos que a empresa costuma assumir, considerando os prazos para serem saldados. Com isso, o administrador financeiro estará apto a planejar com a devida antecedência, os problemas de caixa que  poderão surgir em consequência de resoluções cíclicas das receitas ou de aumentos no volume de pagamentos.” (ZDANOWICZ, 1998, P. 127).

Quando elaborado o fluxo de caixa de maneira eficaz, onde constam todas as informações neles contidas de entradas e saídas, sobre cada movimentação da empresa, será possível apresentar as necessidades que se possui, como exemplo incluir gastos com imprevistos, devendo assim fazer uma previsão e introduzir no fluxo de caixa.
As decisões tomadas através da análise desta ferramenta são conforme as reais necessidades da organização e principalmente utilizando suas atuais disponibilidades, não havendo, portanto, a aquisição de novas dívidas como, por exemplo, empréstimos ou financiamentos para a possível solução de problemas internos.
Desta forma, observa-se que os recursos financeiros disponíveis não são utilizados somente para realizar pagamento de despesas, mas também para serem administrados para fazer investimentos, manter uma vida pessoal estável e proporcionar conforto para os cônjuges e seus filhos por muito tempo.

Considerações Finais

O presente trabalho procurou demonstrar a importância do Fluxo de Caixa na administração financeira de uma pessoa física, sendo para melhor controlar as suas movimentações financeiras assim como possibilitar um melhor planejamento, garantindo assim uma estabilidade financeira e econômica para todos os integrantes que formam a família.
Uma ferramenta muito utilizada no ambiente empresarial, mostrou-se importante e indispensável para a administração diária, permitindo visualizar o quanto haveria de recebimentos (entradas), desembolsos (saídas) e sobra de caixa em um determinado período, possibilitando ao gestor doméstico realizar as devidas correções e planejar melhor as suas ações para uma tomada de decisão eficaz.
Ressalta-se a importância de destacar que a estruturação do fluxo de caixa poderá alterar em função de diversas variáveis, não tendo assim um padrão único de controle. Cada indivíduo irá criar o demonstrativo que atenderá as suas necessidades, porém sempre aplicando o mesmo conceito da ferramenta apresentada.
A necessidade de realizar ou não empréstimos bancários dependerá das informações contidas neste controle. De nada adiantará criar implementar o Fluxo de Caixa se os dados coletados não forem de cunho verdadeiro, distorcendo toda os resultados apurados.
Portanto, através do presente artigo, foi possível verificar que o Fluxo de Caixa não só pode mas como deve ser implantado para o melhor controle das movimentações de recursos financeiros, possibilitando uma administração de caixa eficiente e uma melhor direção ao planejamento e controle pessoal.

Referências Bibliográficas

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MARQUES, Érico Veras; NETO, Jocildo Figueiredo Correia. Gestão Financeira Familiar: Como as empresas fazem. 1. ed. Rio de Janeiro: Alta Books, 2016.
MEGLIORINI, Evandir. Administração Financeira. São Paulo: Pearson, 2011.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval; GARCIA, Manuel Enriquez. Fundamento de Economia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

*Docente na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) silvio.hirassaka@umc.br

Recibido: 19/12/2018 Aceptado: 27/12/2018 Publicado: Diciembre de 2018

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