Luciano Amaral*
Andrieli de Fátima Paz Nunes**
Deoclécio Junior Cardoso da Silva***
Universidade Federal de Santa Maria. Ecuador
Correo: lucianoaml@gmail.com
RESUMO
A Teoria das Organizações comumente é considerada abstrata e vaga em muitos aspectos. Somando-se a isso, a diversidade de teorias organizacionais e a riqueza conceitual desta temática proporcionam oportunidades relevantes de reflexões e apreciações críticas. Desse modo, o presente ensaio teórico busca desenvolver, contextualizar e relacionar muitas dessas teorias, de forma a demonstrar a importância de seu estudo às organizações, gestores e colaboradores. Para tanto, as teorias estão relacionadas em um contexto narrativo organizacional fictício e, sempre que oportuno, associadas entre si.
Palavras-chave: Teoria das Organizações. Comportamento Organizacional. Ensaio Teórico.
ABSTRACT
Organizational theory is commonly considered abstract and vague in many respects. In addition, the diversity of organizational theories and the conceptual richness of this theme provide relevant opportunities for reflection and critical appreciation. Thus, this theoretical essay seeks to develop, contextualize and relate many of these theories, in order to demonstrate the importance of their study to organizations, managers and collaborators. To this end, the theories are related in a fictional organizational narrative context and, whenever appropriate, associated with each other.
Keywords: Theory of Organizations. Organizational behavior. Theoretical essay.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato: 
Luciano Amaral, Andrieli de Fátima Paz Nunes y Deoclécio Junior Cardoso da Silva (2019): “Teoria das organizações: reflexões e apreciação crítica em um contexto fictício”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (agosto 2019). En línea:
 https://www.eumed.net/rev/caribe/2019/08/teoria-organizacoes.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/caribe1908teoria-organizacoes
Renato  graduou-se, em 1998, no curso de Engenharia Mecânica pela Escola de Engenharia  de São Carlos, da Universidade de São Paulo, e, desde logo, iniciou trabalhando  em uma siderúrgica na mesma cidade. Após quatro anos atuando, adquiriu  experiência em grandes rotinas de produção, operacionalização de maquinário e  gerenciamento de equipes, onde o auxiliou a ser contratado em uma montadora de  automóveis de grande porte, denominada Carrys.
   Trabalhando na Carrys, localizada na  grande São Paulo, Renato iniciou no cargo de Chefe de Produção Júnior, onde  pôde vivenciar experiências organizacionais que o fizeram sentir-se realizado  profissionalmente. Ademais, sempre visando o crescimento profissional e  pessoal, buscou desenvolver novas rotinas e melhorias dos processos,  acompanhando in loco todo o processo  de otimização de peças e montagens. De forma recorrente, Renato visitava outros  setores, desde o chão de fábrica até departamentos como o de marketing e gestão  de pessoas, de forma a obter compreensão da realidade organizacional e  funcioidnto do ramo de atuação da empresa. Renato tinha grande prestígio  junto aos gestores e colegas colaboradores, devido à sua alta capacidade  técnica, bom relacioidnto e comportamento proativo.
   Em 2007, Renato é promovido ao cargo  de Chefe de Produção Sênior. Durante sete anos em que atuou neste cargo, pode  concluir diferentes cursos de capacitação oferecidos pela empresa e, posteriormente,  formou-se no curso técnico em mecânica automotiva, no Centro de Educação  Profissional, em São Paulo. 
   Em 2013,  frente à grave crise que afetou a economia brasileira, e em especial o setor  automotivo, a Carrys, após longa negociação com os sindicatos, ofereceu aos  seus colaboradores um Plano de Demissão Voluntária-PDV àqueles que possuíam  mais de 10 anos de casa. 
   Renato, imbuído de todo conhecimento  adquirido no ramo siderúrgico e automotivo, e de um elogiável espírito  empreendedor, resolve aderir ao PDV, com vistas ao que talvez poucos ousariam  realizar em uma época não propícia: trocar uma longa carreira de sucesso  profissional para iniciar o seu próprio negócio, juntamente a um sócio, Ramon,  colega de trabalho e amigo de longa data. Renato tinha convicção de que uma  empresa de fornecimento de motores para veículos automotivos elétricos,  localizada no interior do estado de São Paulo, poderia ser um sucesso. Esta  certeza vinha desde mais de uma década atuando no ramo automotivo, onde sempre  vislumbrou um grande nicho, em vista de os veículos elétricos serem “uma  tendência atual e realidade futura irreversível”, segundo ele.
   No dia  seis de janeiro de 2014, é criada a empresa Alpha Motores Elétricos SA. 
Apreciação  Crítica: Por que as firmas existem? Em 1937, no  artigo The Nature of the Firm, o britânico Ronald Coase explica que as  "firmas" são organizadas para atuarem nos mercados, com o objetivo de  diminuir os custos de transação, que são os incorporados por terceiros nas  negociações econômicas do mercado (custos de informações, custos contratuais,  dentre tantos outros). Para Coase (1937), firmas, como instituição de  aprovisioidnto para facilitar o fornecimento de bens e serviços nos mercados,  são resultado da procura de mecanismos de redução dos custos de transação,  custos estes incorridos para ir ao mercado oferecer ou procurar bens e  serviços. Para o autor, os agentes econômicos não atuam diretamente no mercado,  e as firmas são criadas e estruturadas para isso. Por essa razão, a Teoria da  Firma busca explicar a forma de proceder da sociedade empresária, quando esta  desenvolve a sua atividade produtiva, para a produção de bens ou de serviços  com mais eficiência. 
                A Teoria da Firma mostra-se estreita  e limitada atualmente, pois não abarca temas modernos e de acordo com o  dinamismo ambiental nas organizações. A firma acaba sendo reduzida a uma  estrutura de incentivos, de forma a orientar as trocas entre os indivíduos.  Também há pouco espaço para evolução na Teoria da Firma, visto que ela apenas  se adaptaria às imposições do mercado, sob um imperativo tecnológico,  objetivando consolidar uma estrutura organizacional mais eficiente. A teoria  impede a compreensão da firma como um agente de mudança. Para Madhok (1996), a  Teoria dos Custos de Transação-TCT é inadequada e superficial, uma vez que  ignora a noção essencial da firma como um conjunto de conhecimentos e os  processos subjacentes a ela. A TCT será tratada com mais detalhes  posteriormente.
                Ao  não dar atenção aos fenômenos da inovação e do aprendizado produtivo, a Teoria  da Firma negligência temas atuais como mudanças tecnológicas e informação, tão  necessários às organizações. Para uma “firma”, nos dias de hoje, não apenas os  recursos possuídos são importantes, mas aquisição de novas habilidades e  capacitações são fundamentais para sua sobrevivência.
   Tomando como exemplo o  contexto hipotético, a Teoria da Firma parece ter pouco a dizer sobre os  objetivos individuais e comportamentais empreendedores de Renato.
 
     
   A empresa Alpha  instalou-se na cidade de Marília/SP. Renato e Ramon eram os diretores. Ao mesmo  tempo que estava localizada próxima a grandes siderúrgicas, sua posição  geográfica também era favorável à logística de distribuição de material,  serviços e mão de obra. Sua chegada à cidade gerou boa repercussão e aceitação  dos habitantes e empresas da região. Recebendo incentivo tributário, já que a  intenção do poder público era de que a região se tornasse um polo industrial.  Ainda durante a construção das instalações, foram realizados recrutamentos e  seleção de pessoal. 
   Ramon ficou responsável por desenvolver o logotipo da empresa  e coordenar as áreas de relações públicas e marketing, que posteriormente ficaria  a cargo de um colaborador a ser contratado.
            Renato tinha um  planejamento audacioso, porém reconhecia que inicialmente a Alpha deveria  atender a um segmento mais reduzido e oferecer produtos mais simples, de forma  a, gradativamente, conquistar a confiança e ser conhecida no mercado. Então, a  organização iniciou produzindo motores de equipamentos eletrodomésticos e de  jardinagem. O setor é muito competitivo e os distribuidores devem trabalhar em  sinergia com os lojistas, de forma que possam entender as nuances das regiões  do País em que atuam e também as variações que esses mercados apresentam. Essas  oscilações decorrem de vários fatores, tais como: renda per capita, condições  de rodovias, existência de zonas industriais, etc. Em três meses atuando, a  Alpha já havia firmado parceria com três empresas para fornecimento de produtos  e diversas outras para aquisição de peças. Um dos requisitos exigidos de  empresas parceiras era de que a Alpha iniciasse, desde logo, implantação de  rotinas e processos com vistas à obtenção de certificação ISO 9000 1.  A matéria-prima vinha de siderúrgicas da região e pequena parte era importada.  A grande parte das peças é fabricada na Alpha, que também realiza a montagem  dos motores. O processo (fluxo de matéria-prima, recursos financeiros e  informação) ocorre por Supply Chain Management 2, tendo suporte através por software. Renato pretende que futuramente mais de  70% das peças sejam produzidas na empresa, quando houver possibilidade de  expansão física. 
   A empresa logo teve  de se ajustar à grande gama de exigências legais, sanitárias, trabalhistas e  contratuais. Entre os tributos que uma empresa do ramo industrial deve pagar,  citam-se Imposto de Renda, Contribuição Social sobre o Lucro, Confins,  Previdência Social, ICMS, etc. Também há exigências normativas, legais e  sindicais que são comuns a empresas do ramo.
   
  Apreciação Crítica: Na Teoria das Organizações, as teorias ambientais  ganham destaque não apenas por serem relativamente numerosas, mas por terem  perspectivas diferenciadas. Antes de abordá-las, é importante que se defina o  meio ambiente. De forma geral, o ambiente é conceituado como tudo o que está  fora da organização e a influência real ou potencialmente (THOMPSOM, 1967). Na  Escola Clássica de Administração, havia fronteiras claras distinguindo o  interior das organizações do seu exterior. O ambiente era praticamente  desconsiderado. Dill (1958) é apontado como um dos primeiros autores a  demonstrar as restrições impostas pelo ambiente à alta administração. Diversos  estudos nesse sentido o sucederam, enfatizando o determinismo ambiental sobre a  organização (EMERY; TRIST, 1965; THOMPSON, 1967). Seguiram-se outras pesquisas  empíricas que relacionam contingências ambientais com as características  organizacionais, como BURNS; STALKER, 1961; CHANDLER, 1962; TRIST, 1963; LAWRENCE;  LORSCH, 1967; KATZ; KAHN, 1970. Já Woodward (1965) e Perrow (1973) abordaram o  determinismo tecnológico sobre as organizações.
   A  Teoria da Ecologia Populacional teve seus primeiros pressupostos lançados por  Hannan e Freeman (1989), e sua base é constituída pela teoria econômica da  firma e pela ideia da seleção natural de Darwin. As firmas são encaradas como  atores racionais limitados, com alto grau de inércia organizacional  (estrutural), que interagem em um ambiente altamente competitivo. Esta interação  determina variações ambientais que impõem restrições à população de firmas,  selecionando aquelas que estão mais aptas a sobreviver e, eliminando  naturalmente as mais fracas. A organização tem pouca influência em seu destino,  possuindo o ambiente um caráter determinista.
   A Teoria da Contingência Estrutural pressupõe que as organizações devam  proceder a adaptações contínuas ao ambiente, e a tecnologia também influenciará  a sua estrutura. Assim, as organizações são sistemas inseridos em sistemas  maiores, aos quais devem adaptar-se para sobreviver. Essa premissa é também  chamada,, de imperativo ambiental. Há também, a clara negação ao “one best way”  de Frederick Taylor: nada é absoluto dentro de um ambiente complexo, não há uma  única forma de atingir os objetivos, tudo depende das características  ambientais, ou seja, “it depends”. A Teoria da Contingência Estrutural acaba  por colocar as organizações em uma posição excessivamente passiva frente ao  ambiente, de pura adaptação (MOTTA; VASCONCELOS, 2006). Os autores  contingenciais, em especial Tom Burns, Paul R. Lawrence e Jay W. Lorsch - pouco  falam sobre a ação das organizações no seu contexto ambiental. Nesse ponto,  percebe-se que ambas as teorias, expostas até aqui, se aproximam. 
   É certo que as variáveis ambientais trazem grande  influência às organizações, obrigando-as a ajustarem-se. Porém, será que as  organizações, como integrantes do ambiente, não podem também ser agentes de  mudança, ou, ao menos, agentes de influência ambiental? Deve-se ter cautela,  para dizer no mínimo, que ao se pensar que, por exemplo, empresas que  trabalham em monopólios, oligopólios ou grandes redes associativas sejam apenas  agentes adaptativos ao ambiente. Da mesma forma, novos produtos e novas  tecnologias são desenvolvidos por organizações - esses produtos e tecnologias  não poderão exercer influência social? Para Perrow (1972), é necessária uma  releitura da noção de ambiente como é frequentemente apresentada. Para o autor,  a organização deve ser vista como criando, moldando e definindo seu ambiente.  Nesse sentido, as organizações podem ser consideradas também, na visão de  Perrow, como responsáveis por moldar a sociedade e o ambiente.
   A Teoria da Dependência de Recursos – TDR também  reconhece que as organizações são dependentes do ambiente em relação aos  recursos de que necessitam. Porém, a TDR apresenta uma visão bem menos passiva  das organizações em comparação à Teoria da Ecologia Populacional e a Teoria da  Contingência Estrutural. Segundo a TDR, o grau de dificuldade de uma  organização em obter recursos dependerá da complexidade, dinamismo e riqueza do  ambiente em que estiver inserida. As organizações procurarão obter os recursos  através de relações pessoais e influências mútuas com outras organizações. A fim  de evitar a diminuição dos recursos, buscam influenciar os acontecimentos do  seu ambiente e as interações com outras, buscando ser ativas politicamente para  garantir o acesso aos recursos necessários à sua sobrevivência. O ambiente é  visto como um resultado de processo de estruturação e de influência mútua entre  organizações. Nessa teoria, recursos são uma variável de poder: quanto mais  raros e especializados os recursos em uma organização, maior poder ela terá  sobre outras (PFEFFER; SALANCIK, 1979). Cita-se como São exemplos às  formas cooperativas, as fusões, e a movimentação de pessoal entre empresas.  Logo, a TDR pode ser vista conjuntamente com a Teoria de Custos de Transação,  já mencionada anteriormente, na medida em que compartilham pressupostos semelhantes.
   A Teoria de Custos  de Transação – TCT foca o custo das transações comerciais de troca realizadas  entre a organização e os demais atores ambientais. Esses custos são oriundos da  realização das transações e da necessidade de atividades de suporte, como  negociações, monitoração e controle das trocas. Quanto mais incerto for o  ambiente, maior a vulnerabilidade das organizações para a realização de trocas  e, consequentemente, maior o esforço que despenderam para controlar a  incerteza, via o estabelecimento de contratos com outros atores ambientais. Tal  mecanismo implica na necessidade de obtenção de informações, negociação, e  desenvolvimento de dispositivos de controle, aumentando o custo das transações.  Segundo esta teoria, um dos principais objetivos das organizações é otimizar os  custos de suas transações, estabelecendo quais atividades serão desenvolvidas  pela firma e quais serão realizadas por outros atores ambientais. Trata-se da  integração ou coordenação vertical das organizações (COASE, 1937; WILLIANSON,  1975). 
   Dessa forma, por meio do exposto, é possível fazer  uma associação entre os pressupostos da Teoria da Dependência de Recursos e da  Teoria de Custos de Transação: 
Com o advento de estratégias de “just in time” e  estoque zero, montadoras de equipamentos motores, como é o caso fictício  exposto, ficam dependentes de que os seus fornecedores entreguem a  matéria-prima dentro do prazo definido e padrão exigido. Caso contrário,  atrasos trazem grandes prejuízos, em especial paralisação da produção e perda  de clientes. Por isso, o surgimento da norma ISO 9000 permite unificar os  procedimentos de qualidade e diminuir os custos de transação, uma vez que  auditorias externas utilizadas para garantir e controlar o “just in time” ficam  unificadas e terceirizadas com organizações certificadoras responsáveis pela  emissão da ISO 9000.
   A TCT e a TDR mostram-se limitadas no sentido de  focar suas análises em grupos organizacionais e/ou interações políticas do  ponto de vista organizacional.
   No que se refere a Teoria Institucional, a mesma  fornece uma visão mais rica das organizações. Nessa teoria, as organizações são  influenciadas por pressões normativas, muitas vezes oriundas de fontes  externas, tais como o Estado, outras decorrentes de dentro da própria organização.  Sob certas condições, essas pressões levam a organização a ser orientada por  elementos legitimados por procedimentos padrão. As organizações são levadas a  incorporar as práticas e procedimentos definidos pelos conceitos predominantes  racionalizados de trabalho organizacional e institucionalizados na sociedade.  As organizações, atuando em um mesmo campo organizacional, podem ser distintas  em vários aspectos, porém muito semelhantes em outros. Para DiMaggio e Powell  (1991), entende-se por campo organizações que constituem uma área reconhecida  da vida institucional: fornecedores-chave, consumidores de recursos e produtos,  agências regulatórias e outras organizações que produzam serviços e produtos  similares. Deste modo, é possível traçar uma relação paralela entre o campo, da  Teoria Institucional, e o Supply Chain Management. 
   Assim, a Teoria Institucional busca caracterizar as  organizações de forma mais ampla, considerando também outros elementos que  orientam a ação do homem como ser social, como símbolos, aspectos morais,  mitos, crenças, regras e procedimentos. 
A partir do exposto, as teorias abordadas acabam  focalizando em uma ou mais perspectivas em detrimento de outras. Neste ponto,  parece que a compreensão mais abrangente do ambiente e da realidade  organizacional é encontrada da Teoria da Complexidade, de Edgar Morin (2005). A  Complexidade, conforme Morin (2005) trata-se de um conjunto de agentes que  interagem gerando um sistema complexo. As estratégias de comportamento desses  agentes mudam de acordo com a história das interações. Neste sentido, a complexidade  estuda os sistemas adaptativos complexos, ou seja, estuda qualquer conjunto de  elementos ou agentes que interagem dinamicamente entre si. O pensamento complexo admite que o conhecimento  das partes depende do conhecimento do todo, da mesma forma que  o conhecimento do todo depende do  conhecimento das partes. Sob essa perspectiva, o mundo é visto em sua  totalidade, interconectado, e não como soma de partes separadas. Portanto, a  complexidade integra o modo de pensar e se opõe à redução de partes ou ao  mecanicismo do pensamento cartesiano. Além disso, a  complexidade é entendida como um paradigma que permeia o pensamento do saber  não fragmentado, relacional, interdisciplinar e holístico, cuja base de estudo,  enquanto teoria, permeia uma melhor compreensão dos seres humanos e das  organizações. Nesse ponto, é grande a  proximidade com a Teoria Geral dos Sistemas. 
   Na visão complexa de mundo, a organização é um  Processo Dialógico Complexo, autopoiético, auto-organizador, estruturante –  facilitador de mudança e do desenvolvimento, principalmente humano e social. Os  seres humanos são percebidos como cidadãos e gerenciados como “talentos”  humanos que têm imaginação e são considerados capazes de pensar e de criar para  irem além do seu conhecimento e de experiências prévias. 
   Historicamente, a grande parte das teorias  administrativas podem ser vistas como uma luta pela ordem, pelo controle e pela  previsibilidade. As premissas atuais de valorização do indivíduo e planificação  das organizações não diferem disso. Grande parte dos objetivos ainda são o  proceder da mesma forma: sair de “a” e chegar a “b” da visão estratégica da  organização. O diferencial é que, nos dias atuais, muitas vezes assume-se que  uma melhor forma de fazer isso é dar maior liberdade para que os vários grupos  ou indivíduos nas organizações tomem suas próprias decisões, em vez do uso puro  e simples de comandos e controles diretos. Uma importante implicação da  complexidade, no entanto, é mostrar que não há um caminho certo para chegar a  “b”. A complexidade vem no sentido de afirmar que os resultados de longo prazo  para organizações complexas como empresas, mercados ou economias, não são  passíveis de serem conhecidos. Isso se deve porque as relações entre as ações e  seus resultados são não-lineares; por meio de intrincados feedbacks, as causas  podem se transformar em efeitos e os efeitos em causas, de maneira que, na  prática, ligações causais nem sempre podem ser traçadas.
   Depois  de vislumbradas algumas das principais teorias ambientais da Teoria das Organizações,  surgem questioidntos que se tornam difíceis de serem conclusivos. O ambiente  externo é tecnicamente determinado ou é socialmente construído? As mudanças  organizacionais são explicadas pela ação interna ou pela determinação  ambiental?
             Renato  caracteriza-se por ser um diretor centralizador e disciplinador. É convicto de  que uma estrutura burocrática rígida é a melhor forma de gerenciar uma  organização altamente técnica, para obter, segundo sua visão, o melhor controle  dos processos. É centralizador no sentido de que gosta de ter o poder de  decisões em suas mãos. Seu conhecimento técnico também traz respeito e  admiração perante colaboradores. Em suma, Renato possui na Alpha autoridade  racional-legal e carismática. 
   Já  Ramon possui uma visão diferenciada e não tão autocrática de gestão. Para ele,  é importante dar autonomia aos colaboradores, deixando a centralização para  áreas mais específicas da empresa. Ele também considera que um colaborador  motivado é mais importante do que apenas o conhecimento técnico aplicado.
   Em  consequência, os setores operacionais da organização, onde o trabalho é mais  rotineiro, possui organização mais rígida, bem departamentalizada e definida.  Nos setores gerenciais e estratégicos, já há uma maior autonomia, com  flexibilidade de tarefas e trabalhos em equipe. 
   Desde  sua fundação, em 2014, aos dias atuais, ocorrem confraternizações entre  funcionários, escolha de funcionário do mês em alguns setores, concurso interno  de ideias para melhoria dos processos, dentre outras  bonificações/gratificações. Ainda que essas ações acarretem alguma divergência  e falta de engajamento de alguns colaboradores, Renato e Ramon as consideram  importantes como ferramentas de motivação e integração, no sentido de aumentar  a identificação dos colaboradores com a organização. 
   Seguidamente  ocorrem conflitos entre colaboradores, em especial na área de produção. Na  Alpha, talvez, por seu pequeno tempo de existência, não há uma política definida  para a solução de conflitos. Geralmente, cabe ao chefe do departamento/setor  resolver a situação. Ramon e Renato também possuem uma visão divergente de  conflitos. Para este, conflitos são nocivos à organização e podem demonstrar  que os colaboradores não estão engajados com os objetivos principais da Alpha.  Já Ramon os percebe como algo natural em qualquer organização ou relação  interpessoal, e utiliza como exemplo a própria divergência de visão de gestão  que ambos possuem em relação a diversos aspectos, o que também acarreta alguns  conflitos.  
   Em  2018, a Alpha se mostra uma empresa em plena expansão. Já comercializa alguns  motores elétricos para motocicletas, além de motores para eletrodomésticos que  já produzia anteriormente, e atualmente gera 300 (trezentos) empregos diretos e  indiretos, gerando a expectativa de que novos investimentos sejam atraídos para  a região. Ainda há um longo caminho a ser percorrido pela organização até que  os objetivos iniciais de Renato e Ramon sejam atingidos. Até lá, novos  objetivos deverão ser criados e tantos outros desafios precisarão ser  superados.
  
  Apreciação Crítica: As organizações são um âmbito de atividade  política, sem que possuam necessariamente esse objetivo. Essa atividade  política comporta focos arbitrários de interesses e mercados, cujas estruturas  e processos são resultados de complexas acomodações realizadas por agentes  sujeitos, perseguindo uma diversidade de objetivos. Portanto, um campo permeado  e concretizado por relações de poder (SIMÕES, 2001).
   O poder tem sido diversamente  abordado nos estudos organizacionais, bem como em outras disciplinas das  ciências sociais. O aumento do tamanho, complexidade e importância à sociedade  das organizações faz com o que o assunto ganhe cada vez mais relevância.
   Interessa, antes de tudo, conhecer a etimologia da  palavra poder. A palavra oriunda do latim potere, significa “ser capaz”,  “autoridade”. Assim, a etimologia remete a agir, mandar, exercer a autoridade.  De acordo com o dicionário de filosofia (Blackburn, 1997), poder é a capacidade  de mobilizar forças (políticas, sociais, econômicas) para atingir determinado  resultado. Esse poder pode ser exercido de forma deliberada ou não.
   Para  Weber (2004), o poder significa toda probabilidade de impor a própria vontade  numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento  dessa probabilidade. Para Buckley citado por Bernardes (1995, p. 63), “poder é  o controle ou influência sobre as ações dos outros no intuito de atingir as  próprias metas, sem o consentimento desses outros, contra a vontade deles, ou  sem seu conhecimento ou compreensão”. 
   É  importante observar que um indivíduo ou um grupo exerce poder sobre outra  pessoa ou coletividade desde que induza o dominado a agir contra seus próprios  interesses, seja porque é coagido, seja porque é enganado, mas sempre em  benefício dos desejos do dominador (BERNARDES, 1995).
   Diante do exposto, percebe-se que o poder apenas  faz sentido enquanto existir em sociedade ou grupos sociais. Não há sentido pensar  em poder e remetê-lo a um homem solitário em uma ilha deserta. De acordo com  Weber (2004), o poder está a serviço de uma estrutura social.   
   Bourdieu  (1998) busca revelar as formas implícitas de dominação de classes, defendendo a  tese de que a classe dominante não domina completamente e não força seus  dominados a se conformar com a dominação. O autor defende a existência do poder  simbólico, mediante o qual as classes dominantes são beneficiárias de um  capital simbólico, disseminado e reproduzido por meio de instituições e  práticas sociais, que lhes possibilita exercer o poder.
   De acordo com Bourdieu (1998), o poder simbólico é  o poder que consegue impor significações como legítimas e os símbolos  afirmam-se como instrumentos de integração social, tornando possível a  reprodução da ordem estabelecida. Para o autor, é o poder invisível o qual só  pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que  lhes estão sujeitos ou mesmo que o exercem.  Invisível e  imperceptível, expressa-se numa forma transformada e legitimada das outras  formas de poder. 
   Nesse ponto cabem questioidntos. Aqueles que  exercem o poder simbólico, realmente não o sabem? Ou mais, será que aqueles que  estão sujeitos a esse poder são tirados da oportunidade ou impedidos de saber,  de forma que esse poder simbólico ganhe legitimidade?
   Thompson (2008) define o poder simbólico como  capacidade de intervir no curso dos acontecimentos, de influenciar as ações e  crenças, de criar acontecimentos, através da produção e transmissão de  formas simbólicas. Segundo ele, aqueles que objetivam conquistar poder  político, ou exercê-lo de maneira durável e efetiva, precisam utilizar o poder  simbólico com o intuito de cultivar e sustentar a crença na legitimidade.
   Mas como esse poder simbólico se dá nas  organizações? Para que o poder simbólico tenha efeito, é necessário que tenha  legitimidade. As organizações se valem de mecanismos para o exercerem, como  tradições, histórias, práticas, rituais, disposição de ambientes, dentre  outros. O tema cultura organizacional nos ajuda a entender parte desses  mecanismos, pois se trata de um sistema de valores compartilhados pelos seus  membros.
   Assim, no ambiente organizacional, encontram-se  diversos processos que condicionam os indivíduos a uma postura de subordinação  e aceitação, diante de “verdades” que são instrumentos de dominação, uma vez  que auxiliam na integração das classes dominantes, distinguindo-as das demais,  através da legitimação da ordem. Esse poder exercido pelas organizações pode ser  entendido como violência simbólica, que são expressões arbitrárias da realidade  social. 
   Nas organizações, a ocorrência dessa violência  simbólica ocorre muitas vezes de forma velada, sendo difícil sua identificação.  Porém, outras vezes percebe-se nas recompensas financeiras e simbólicas,  relações interpessoais, definição de papéis e tarefas, no processo de  comunicação e definição de tarefas etc. Conforme as organizações definem suas  estratégias de atuação, o poder e a violência simbólica podem tornar-se mais ou  menos perceptíveis. Exemplos não faltam: confraternizações com os colaboradores  com cargos mais altos na hierarquia, distribuição diferencial de benefícios aos  funcionários, uso de insígnias, salas dos colaboradores localizadas mais  próximas dos cargos de alto nível, mensagens parabenizando por datas especiais,  dentre tantos outros. 
   Essas “verdades” consagradas pelas organizações,  muitas vezes acabam por maquiar estratégias sutis utilizadas para exercer um  poder simbólico que influenciam na forma como cada colaborador estabelece seus  vínculos com a organização.
   O status é outra forma de que o poder simbólico se  reveste. Andar com o carro do ano, utilizar o celular de último modelo ou roupa  de marca são manifestações do poder simbólico. As organizações acabam sendo  partes responsáveis nesse processo, no momento que estimulam o consumo e criam  tendências. Mas o status também ocorre dentro das próprias organizações, de  diversas formas, e na maioria das vezes relaciona-se à ocupação de cargos ou  funções de alto nível e a maiores salários. 
   No viés das relações simbólicas da sociedade,  interessa pensarmos no papel das mídias em nosso cotidiano. Nesse contexto, as  mídias estimulam comportamentos, moldam opiniões e percepções. Além disso, são  capazes de forjar o que se entende por “senso comum”. O campo jornalístico é um  palco para o poder simbólico. Bourdieu (1998) considera que as relações de  comunicação são sempre relações de poder que dependem do capital material ou  simbólico acumulado pelos agentes. 
   Através da disseminação da informação, o jornalismo  trabalha com a relação simbólica, auxiliando a construir a nossa realidade  social, experiência de mundo e de vida. Porém, muitas informações – ou partes  da realidade- são omitidas ou deturpadas. Nesse sentido, a manipulação também  pode ser vista pelo seu aspecto simbólico, podendo ser encarada como uma  violência simbólica. É comum vermos noticiários diferentes anunciarem a mesma  situação de formas diferentes, o que pode gerar margem a diferentes  interpretações. Percepções diferentes podem gerar interpretações diferentes. 
   A  teoria de Bourdieu pode ser questionada quanto à tentativa de generalização e  de sua utilização. A ideia de que, nas relações de dominação, há uma disposição  de consentimento do dominado à posição de poder do dominador, talvez não deva  ser tomada como forma de universalizar peculiaridades dessa relação. De forma a  ilustrar com exemplificação, em um contexto escravista, o sujeito escravizado  tem sua condição humana e autonomia revogadas. Dessa forma, não parece razoável  dizer que o dominado consinta com a operação material e simbólica do dominador.
   Já  Foucault tem uma visão diferente do poder, que será tratada a seguir e  posteriormente será feita uma breve comparação com o poder de Bourdieu. 
   De  acordo com Foucault (1979), o poder não se estabelece apenas como um mecanismo  de força- de uma macroestrutura para uma microestrutura, mas se estabelece em  micro relações, que permeiam toda a sociedade, não estando em uma instituição,  nem em ninguém. Não está no rei, no chefe, em uma pessoa, mas nas relações  sociais existentes.
   O  poder funciona e se exerce em rede. Nas suas malhas, os indivíduos não só  circulam, mas estão sempre em posição de exercer este poder, e de sofrer sua  ação; nunca são alvo inerte ou consentido do poder, são sempre centros de  transmissão. Em outros termos, o poder não se aplica aos indivíduos, passa por  eles (FOUCAULT, 1979). 
   Ao  mencionar que o poder funciona em rede, Foucault (1979) cita as relações de  poder em todas esferas sociais: começando pelo relacioidnto pai/mãe-filho,  depois estendendo-se para marido-mulher, professor-aluno, médico-paciente,  patrão-empregado, Estado-cidadão...o poder encontra-se no exercício das  relações humanas. Dessa forma, o poder é uma prática  social constituída historicamente. São formas heterogêneas em  constante transformação. Constata Foucault que o poder está por toda parte e  provoca ações e uma relação flutuante. 
   Foucault  (2002) resolveu estudar as prisões, pois, dentro delas, o poder não tem se mascara  nem se esconde...assim, é possível reconhecer todos os mecanismos que ali  existem. 
   No modelo de prisão  chamado “pan-óptico”, onde impera a lógica “vejo sem ser visto, e sou visto sem  ver”, de vigilância constante, nos adestra, condiciona e educa. É o poder  sutil, e está muito presente no nosso cotidiano. 
   Entramos em bancos, lojas, andamos no trânsito e  estamos sendo vigiados constantemente. Essa vigilância, que acarreta a perda de  liberdades, é amparada e legitimada em um discurso sobre a segurança, e  potencializada pela facilidade técnica existente. Os indivíduos acabam  condicionando seu comportamento e adestram seu modo de ser para que sejam aceitos  socialmente. Assim, acabam perdendo a sua própria identidade pelo “medo” do  julgamento social. O nosso livre-arbítrio parece, quem sabe, não ser tão  “livre” assim. 
   Em suma, Foucault (2002) parece pretender  demonstrar que tudo se resume ao homem, o sujeito do poder. Esse sujeito que,  somado a todos os outros, constitui a sociedade.
   Podem-se destacar  semelhanças e divergências entre ambas as teorias. Porém, entende-se que,  embora partam de pontos de vista diferentes, elas podem ser complementares de  certa forma.
   Bourdieu relaciona o poder difuso e simbólico ao  poder político e econômico, enfatizando sua função eminentemente legitimadora,  diferentemente de Foucault, que busca compreender o poder do ponto de vista de  seus efeitos, sem que, necessariamente, possua uma base especifica, uma origem  (política, social ou econômica) que seja. 
   Entre as semelhanças, percebe-se que os autores  veem o poder como difuso e oculto em modos de ver e descrever o mundo  amplamente aceitos e, frequentemente, não questionados.
   Bobbio  (1989) também traz o assunto, em especial o poder invisível, que segundo ele,  trata-se do poder que não está prescrito nas normas, nem explicitado no  organograma. Segundo ele, há uma grande fatia de poder submersa nos escalões de  chefia, supervisão e mesmo dentro das gavetas de pessoas sem posições de mando.  Isto ocorre porque o poder também envolve a manipulação das sistemáticas  operacionais, exemplificando, envolve-se com poder uma pessoa, que, de alguma  forma, exerce atividades que redundem em maior ou menor eficácia da  organização. O “poder invisível” se estabelece em paralelo ao formal e pode ser  reforçado pela cultura organizacional. Ele se sustenta graças ao agrupamento e  redes informais de comunicação, podendo contribuir para as finalidades do  sistema-organizacional ou resultar em prejuízos.
   É oportuno mencionar que se deve desconsiderar a  ideia de que o poder somente é exercido por um ator que impõe sua vontade para  outro ator. O Estado detém poder, as leis, e toda a estrutura para exercer o  seu poder. E certamente tem uma carga de poder grandiosa. Para Weber (2004), o  Estado é uma relação de poder. Dessa forma, os estudos de Max Weber, Émille  Durkheim e da Teoria Geral do Estado podem enriquecer o assunto.
   Os conflitos são presentes em todos os ambientes,  organizacionais ou não, pois sempre que houver a convivência entre um grupo de  pessoas, inevitavelmente haverá divergências de ideias, objetivos, entre outros  fatores. O tema conflito pouco foi tratado pelos autores da abordagem clássica  da administração. Para a Escola de Relações Humanas, em especial para Elton  Mayo, o conflito constitui-se numa chaga social e deve ser evitado. Mayo não  reconhece a possibilidade de interesses antagônicos na empresa. Diferentemente,  Follet (1997), autora considerada, por muitos, precursora da Escola das  Relações Humanas, vê o conflito como "não sendo bom, nem ruim", mas  como o aparecimento da diferença, de opiniões, de interesses, o que estimula o  ambiente de trabalho criativo e gerador do conhecimento. Assim, para a autora,  o conflito pode ser fonte de engrandecimento e fonte produtiva de ideias e  resultados em uma organização.
   Os estruturalistas discordam de que haja harmonia  de interesses entre patrões e empregados (como afirmava a teoria clássica) ou  que essa harmonia deve ser preservada pela administração por meio de uma  atitude compreensiva e terapêutica (como afirmava a teoria das relações  humanas). Os conflitos embora nem todos desejáveis, são elementos geradores das  mudanças e da inovação na organização. O conflito organizacional é um produto  de processos dinâmicos em constante modificação dentro de uma estrutura (BLAU; SCOTT,  1970). Dessa forma o conflito é um estado antagônico de ideias, pessoas ou  interesses e não passa, basicamente, da existência de opiniões e de situações  divergentes ou incompatíveis. Segundo Berg (2010) os conflitos organizacionais  podem ter algumas causas principais, por exemplo, as mudanças que ocorrem  principalmente por pressão do mercado, forçando mudanças organizacionais  internas a se adaptarem sempre que necessário. Outra possível causa é pelos  recursos limitados, este por sua vez, é fruto de enxugamentos promovidos pelas  organizações para tornarem-se competitivas. As limitações dizem respeito às  pessoas, dinheiro, espaço, tempo e ainda o choque entre metas e objetivos.  Embaraços entre um departamento e outro ou uma diretoria e outra são comuns, em  função de metas e objetivos que se chocam, por falta de sintonia e comunicação  entre as áreas.
   Considerando  estes argumentos, se o conflito é algo inevitável e está intrinsecamente ligado à  natureza humana, pensa-se que cada organização  deve encontrar formas de que ele exista abertamente e seja gerenciado.  Estimular o conflito produtivo significa estimular o movimento, atitude  proativa e, mais do que tudo, a atitude crítica do indivíduo. A consciência  crítica questiona, investiga, desafia regras e dogmas, e, muitas vezes, busca  soluções. Permite ao indivíduo alcançar um nível de pensamento conceitual, de  liberdade. O grande desafio das organizações, por conseguinte, é fazer  com que os conflitos revertam em resultados.   
 
  REFERENCIAL TEÓRICO
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*Mestrando em Administração pela Universidade Federal de Santa Maria. lucianoaml@gmail.com