Camila Correa da Silva*
Jadson Justi**
Universidade Federal do Amazonas, Brasil
milacorreads@gmail.com
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo analisar as práticas pedagógicas de uma instituição pública de ensino médio técnico situada no Estado do Amazonas, Brasil, no que tange à realidade do aluno surdo. Este estudo contribui com discussão crível a fim de que esses alunos garantam seus direitos previstos na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e na Constituição Federal de 1988, pressupondo a qualidade na educação em nível técnico dos alunos com surdez. Metodologicamente esta pesquisa é caracterizada como descritiva, com abordagem qualitativa. Conclui-se que é fundamental que aconteçam na instituição de ensino profundas transformações em seus suportes físicos, material e pessoal, em sua proposta pedagógica e no setor administrativo responsável pela direção educacional. Dessa forma, é verossímil compreender que o modelo da inclusão presume um espírito democrático, que leve em consideração o processo de ensino-aprendizagem do aluno, bem como a motivação pela participação coletiva.
Palavras-chave: Inclusão, Surdez, Educação.
DESAFÍOS PARA LA EFECTUACIÓN DE LA EDUCACIÓN INCLUSIVA DEL ALUMNO SURDO
RESUMEN
Este artículo tiene por objetivo analizar las prácticas pedagógicas de una institución pública situada en el Estado de Amazonas, Brasil, en lo que se refiere a la realidad del alumno sordo. Este estudio contribuye con discusión sistemática a fin de que esos alumnos garanticen sus derechos previstos en la Política Nacional de Educación Especial en la Perspectiva de la Educación Inclusiva y en la Constitución Federal de 1988, presuponiendo la calidad en la educación a nivel técnico de los alumnos con sordera. Metodológicamente este estudio se encuadra como descriptivo, con abordaje cualitativo. Se concluye que es fundamental que ocurran en la institución de enseñanza profundas transformaciones en sus soportes físicos, material y personal, en su propuesta pedagógica y en el sector administrativo responsable de la dirección educativa. De esta forma, es necesario comprender que el modelo de la inclusión supone un espíritu democrático, que tenga en cuenta el proceso de enseñanza-aprendizaje del alumno, así como la motivación por la participación colectiva.
Palabras clave: Inclusión, La sordera, Educación.
CHALLENGES FOR THE EFFECTIVENESS OF INCLUSIVE STUDENT DEAF
ABSTRACT
This article aims to analyze the pedagogical practices of a public institution located in the State of Amazonas, Brazil, regarding the reality of the deaf student. This study contributes with a systematic discussion so that these students guarantee their rights foreseen in the National Policy of Special Education in the perspective of the Inclusive Education and in the Federal Constitution of 1988, presupposing the quality in the education in technical level of the students with deafness. Methodologically, this study is classified as descriptive, with a qualitative approach. It is concluded that it is fundamental that profound transformations take place in the educational institution in its physical, material and personal support, in its pedagogical proposal and in the administrative sector responsible for the educational direction. Thus, it is necessary to understand that the inclusion model takes into account the student's teaching-learning process, as well as the motivation for collective participation.
Keywords: Inclusion, Deafness, Education.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato: 
Camila Correa da Silva y Jadson Justi  (2018): “Desafios para a efetivação da educação inclusiva da pessoa surda”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (noviembre 2018). En línea:
 https://www.eumed.net/rev/caribe/2018/11/educacao-inclusiva-pessoasurda.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/caribe1811educacao-inclusiva-pessoasurda
1 INTRODUÇÃO
Dando início à  proposta de pesquisa, apresenta-se aqui o interesse pela temática, que se  mostra indispensável para este estudo, porque o debate é de fato necessário,  levando em consideração o contexto histórico das pessoas com surdez, as lutas e  conquistas que perpassam décadas e que se mantêm na contemporaneidade por ainda  observar muitos desafios e tabus a serem superados. A Educação Inclusiva é uma  temática amplamente discutida atualmente e, nos últimos anos, o debate se  desenvolveu significativamente na sociedade brasileira. Como resultado, tem  promovido a formação e organização de políticas públicas educacionais para a  inclusão de estudantes com necessidades educacionais especiais.
   Ainda se  referindo a processos inclusivos, a Conferência Mundial sobre Necessidades  Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, realizada em Salamanca, Espanha, em  junho de 1994, promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a  Ciência e a Cultura, teve como resultado a Declaração de Salamanca, considerada  um dos principais documentos mundiais que visam à inclusão social, onde  problematizam as causas da exclusão institucional e proclamam que as  instituições comuns representam o meio mais eficaz para combater as atitudes  discriminatórias. Isto, somado aos direitos assegurados pela Constituição  Federal Brasileira de 1998, como o direito da educação para todos; da  preservação da dignidade; e da busca de identidade como cidadão, apresentou-se  como fundamental para a emergência de debates, estudos, trabalhos e,  consequentemente, para a elaboração da Política  Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, pelo  Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade  e Inclusão (Dutra et al., 2008).
   A inclusão  institucional vem ganhando maior dimensão ao longo dos anos, de forma  simultânea com o desafio de quebrar paradigmas, almejando assegurar uma  educação de qualidade para todos. No espaço educacional inclusivo, os  estudantes passam a conviver com a diferença, tornando-se seres humanos  compromissados com a solidariedade e o altruísmo. Esse momento possibilita a  construção e perpetuação da cidadania, o reconhecimento e o respeito às  diferenças inerentes a cada sujeito, a luta contra o preconceito, o  desenvolvimento de consciência reflexiva sobre os direitos e deveres e, por  fim, confiabilidade no poder de desenvolvimento de cada cidadão.
   Dessa maneira,  esta pesquisa analisa a atuação da equipe pedagógica de uma instituição de  ensino médio técnico do Amazonas, Brasil, quanto à efetivação de uma política  de Educação Inclusiva para seus alunos surdos, tendo em vista os direitos  assegurados a essa população por meio do Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de  2005, que regulamentou a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe  sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), que visa ao acesso à escola para  os alunos surdos, dispondo sobre a inclusão da LIBRAS como disciplina  curricular, a formação e a certificação de professor, instrutor e  tradutor/intérprete dessa linguagem, o ensino da Língua Portuguesa como segunda  língua para alunos surdos e a organização da educação bilíngue no ensino  regular, como também os previstos nas Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação  Inclusiva (Brasil, 2002, 2005; Dutra et al., 2008).
   Os autores  desta pesquisa acreditam que sua realização é pertinente ao meio acadêmico, a  fim de atingir os objetivos propostos e levantar sugestões para melhorias das  políticas públicas educacionais, tendo em vista o trabalho do assistente social  com esse público, abrindo debates para uma possível atuação do profissional nos  problemas e desafios que norteiam o processo de formação dos alunos com surdez.  A hipótese desta pesquisa se embasa na afirmativa de que mesmo os alunos surdos  estando efetivamente inclusos em um ambiente educacional regular, não seja  suficiente para garantir que sua educação esteja respaldada qualificativamente  em uma política pública que favoreça uma ação pedagógica pertinente.
1.1 Da marginalização à emancipação política: contexto histórico das pessoas com deficiência
Traçar marcos  históricos desse público é necessário sob a perspectiva de superação de  preconceitos ou quebra de tabus, haja vista que, para superar o preconceito  transmitido, legitimado e sustentado durante o processo de socialização com as  pessoas com deficiência, deve haver a preocupação em conhecer a história dessa  população, os traços e aspectos importantes que proporcionem uma atitude  reflexiva e crítica sobre eles (Pacheco; Alves, 2007).
   Carvalho, K.  (2012), ao descrever a maneira como as pessoas com deficiência eram tratadas,  salienta que não havia nenhuma atenção no que se refere à educação ou qualquer  outra forma de socializar esse grupo. Ou seja, eram pessoas entregues à própria  sorte, deixadas e esquecidas às margens da sociedade, alimentando socialmente  preconceitos e ideias que apresentam a deficiência como sinônimo de  incapacidade e propícios a punições severas, como de marginalização, abandono e  até mesmo de eliminação.
   As práticas  discriminatórias que foram sendo reproduzidas na sociedade desde a antiguidade  relatam tratamentos hostis às pessoas com deficiência. Esclarece Gugel (2016)  que, segundo Aristóteles (384-322 a.C.), em Política,  as pessoas nascidas com qualquer deficiência eram eliminadas em Esparta, e que  os romanos abandonavam suas crianças deformadas e seus filhos excedentes, já  que era necessário para a composição e o planejamento das cidades, ou seja,  muitas foram as justificativas para a discriminação da pessoa com deficiência,  variando sempre conforme o contexto social, cultural ou político vigente de  cada época.
Na Idade Média, a Igreja Católica teve papel fundamental na discriminação no que se refere às pessoas com deficiência, já que para ela, o homem foi criado à “imagem e semelhança de Deus”. Portanto, os que não se encaixavam neste padrão eram postas à margem, não sendo considerados humanos. Entretanto, isso incomodava a Igreja, principalmente em relação as famílias abastadas. (Honora; Frizanco, 2009: 19).
Partindo desse  princípio, cada época tinha influenciadores, os quais desempenhavam sempre um  papel fundamental para a organização e definição das relações sociais. E a  Igreja Católica na Idade Média assumia o papel de reprodutora de ideologia,  mantendo seu domínio sobre a sociedade (Hoffmann, 2010). Em relação às pessoas  com deficiência, o século XV foi o período em que elas passaram a ter o  interesse da Igreja de forma meramente caritativa, por entender que a doença  representava punição. As iniciativas voltadas a essas pessoas seguiram com a  ideia de separá-las do convívio em sociedade; e com esse objetivo de segregação  é que foram surgindo instituições na Alemanha do século XVIII que serviam como  depósitos para pessoas com deficiência, sem o cuidado de tratá-las ou  inseri-las na sociedade. Essas medidas também foram reproduzidas por outros  países até o início do século XIX (Zavareze, 2009).
   Partindo dessa  realidade, a exclusão do convívio social, intensa rejeição testemunhada pelas  histórias registradas, foi levando a outras direções, cuja participação da  pessoa com deficiência como indivíduos de direitos na sociedade civil passou a  ser aceita de maneira ainda preconceituosa e omissa, com o surgimento do termo  integração, o qual apontava o acesso à vida social desde que eles se  dispusessem a realizar esforços (Leonart, 2007).
   No contexto  nacional, as primeiras organizações voltadas para as pessoas com deficiência  foram: o Conselho Brasileiro para o Bem-Estar dos Cegos (1954), a Federação  Nacional das Associações de Pais e Amigos de Excepcionais (1962), a Federação  Nacional das Sociedades Pestalozzi (1970) e a Federação Brasileira de  Instituição de Excepcionais (1974), e, em 1980, ocorreria a formação da  Coalizão Nacional Pró-Federação de Entidades de Pessoas Deficientes, que  congregava entidades de deficientes de todo o país e que realizou o 1º e 2º  Encontros Nacionais de Pessoas Deficientes (Brasília, DF, em 1980; Recife, PE,  em 1981) e, consequentemente, se tornou o Movimento pelos Direitos das Pessoas  Deficientes (Silva, 2014).
   Esse é o marco  inicial que sinalizou mudanças para esse seguimento populacional a partir de  debates e convenções que direcionam as definições de deficiência para além das  limitações.
A convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência trouxe uma importante inovação no sentido de não se confundir deficiência com incapacidade. Ela toma a deficiência como apenas um fator que gerará impedimentos maiores ou menores conforme as barreiras externas forem reduzidas ou eliminadas por medidas de acessibilidade. (Gonzaga, 2012: 21-22).
Nota-se que mesmo diante de iniciativas importantes para romper com as amarras já definidas e estabelecidas por preconceitos, que feriram a “carne” não apenas das pessoas com deficiência como também da própria sociedade, segue-se a tentativa de cicatrizá-las, principalmente quando se trata de uma sociedade diversificada, sendo perceptíveis e marcantes as diferenças. Conclui-se que é daí que vêm os preconceitos, aos quais se apresentam ainda como uma barreira para realizar mudanças no sentido de avançar na luta contra o preconceito (Lima, 2010).
1.2 Abordagem sobre a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
No ambiente  educacional, o favorecimento de grupos a partir da marginalização de outros  ganhou mais legitimidade por meio de políticas e comportamentos pedagógicos que  retratavam a organização social em vigor. Mesmo em face da democratização  educacional e da relação entre inclusão e exclusão, grupos que não seguem as  normas de comportamento são ameaçados pela segregação (Dutra et al., 2008).
   A exclusão  causada pela segregação tem sido a principal causa para análise nas propostas  inclusivas. A partir da proposta de que um mundo inclusivo é um mundo no qual  todos têm a oportunidade de acesso e de ser e de estar na sociedade de forma  participativa; porém, as distanciando das relações entre o acesso às  oportunidades e as características individuais, que são marcadas por interesses  econômicos, ou pela caridade pública (Carvalho, R., 2010).
   Em seu percurso  de construção e desenvolvimento, uma política pública encontra enormes  dificuldades, defrontando-se com situações minuciosamente limitadoras, desde os  princípios ideológicos presentes até o afastamento de quem pensa e constrói  essa política da realidade na qual ela será colocada em prática. Segundo  Barbosa (2005), é de suma importância ter consciência de todos os fatores para  minimizar a problemática, por exemplo, a necessidade de recursos acessíveis ou  inexistentes.
   Sobre as  políticas públicas concernentes à uniformidade de possibilidades na Educação  Inclusiva, é imprescindível principiar uma proximidade com as instituições  educacionais e a sua realidade, conversando com elas, para, dessa maneira, por  meio de uma correlação de ações pedagógicas conjuntas, implementar-se uma  política de atendimento integral, que possa contemplar as suas necessidades.
   A implementação  das políticas públicas voltadas a uma Educação Inclusiva necessita da  compreensão reflexiva da sociedade e da própria instituição educacional diante  da pluralidade humana; o andamento de cooperações entre o ambiente educacional  comum e os centros especializados; o reconhecimento da falta de investimentos  financeiros para qualificação em todas as modalidades e, por fim, o amparo  ininterrupto ao profissional da educação (Carneiro, 2008).
1.3 Serviço Social e a Educação
A perspectiva  social vivenciada no ambiente educacional, bem como as muitas representações da  questão social, impulsiona o reconhecimento da relevância de atividades  profissionais que tenham a interdisciplinaridade como base educacional. Essa  base pode resultar na existência de profissionais que culturalmente não  integram o corpo educacional, como o Assistente Social.
   Ao ponderar  sobre a incorporação e atuação do Assistente Social no ambiente educacional, é  relevante compreender que esse profissional, em parceria com os professores,  começa a enfrentar desafios em comum, atuando conjuntamente para encontrar  soluções favoráveis para determinados problemas de ordem social e pedagógica. É  importante refletir sobre as possibilidades que atentem para esse assunto, pois  diz respeito a toda a sociedade, e que afeta amplamente o processo ensino-aprendizagem  dos estudantes.
   Abordar o  Serviço Social no campo educacional é analisar a sua colaboração para a  permanência dos direitos, levando em consideração a conjuntura social na qual  os estudantes estão inseridos. A atuação do Assistente Social na educação  possibilita o auxílio à consumação de pesquisas de caráter público, a fim de  que seja viável a indicação de oportunidades às dicotomias sociais  experimentadas pelos alunos, sob a ótica de condições de vida mais adequadas  aos discentes e sua família, bem com a todos aqueles e aquelas que integram o  corpo educacional (Brasil, 2001).
   Ao compreender  a Educação Inclusiva e ponderar sobre uma educação que precisa ser amplamente  difundida, o trabalho em equipe faz toda a diferença perante os problemas  enfrentados pela instituição educacional, considerando suas particularidades e  políticas educacionais. A atuação profissional juntamente com os professores,  que tornam possível a garantia e o cumprimento da Educação Inclusiva,  representa um caminho que ainda precisa ser percorrido com mais intensidade,  seja no reconhecimento da questão social como elemento de ação profissional,  seja na reflexão sobre as manifestações da questão social entranhadas no dia a  dia profissional.
   Partindo do que  foi exposto anteriormente, compreender a Educação Inclusiva e suas nuances  sociais engloba a participação de todos os estudantes agindo como  fortificadores da educação especial, que recomendará uma possibilidade  diferente no cotidiano dos sujeitos que apresentem determinada deficiência,  oportunizando, assim, o desenvolvimento, a incorporação social e, igualmente, a  motivação dessas pessoas. De acordo com Margarezi (2010: 29), hoje ainda há
[...] grandes desafios à educação, sendo o maior deles o de garantir o acesso aos alunos com deficiência em classes das escolas regulares, em todos os níveis, etapas e modalidades de educação. Muitos alunos apresentam altas habilidades, superdotação, condutas típicas de síndromes, quadro psicológico ou psiquiátrico, com deficiência física, sensorial ou intelectual, decorrente de fatores genéticos inatos ou ambientais, de caráter temporário ou permanente.
Assim, o  ambiente educacional possui uma função relevante referente à receptividade  social desses alunos, com a intenção de solucionar os problemas como ideias  pré-concebidas que permeiam a política de educação em similaridade com a  ausência de organização que oportunize a inclusão e a permanência na  instituição de ensino.
   Por  conseguinte, os alunos que apresentam determinada deficiência possuem o direito  assegurado pela Constituição brasileira de 1988 de serem aceitos de forma  inclusiva, com atividades de ensino-aprendizagem e organizacionais que  compreendam e deem base à inclusão social, com procedimentos metodológicos,  estruturas e intervenções que encarem satisfatoriamente esses impasses com a  finalidade de transformar o contexto existente no envolvimento ambiente  educacional e sociedade, deixando de lado a realidade de exclusão que assola  inúmeras instituições brasileiras (Brasil, 1988).
   Ter consciência  da importância do profissional Assistente Social diante dos desafios  enfrentados diariamente pela Educação Inclusiva no ambiente educacional é  refletir a respeito das ações que assegurem os direitos dos estudantes com  deficiência. No entanto, essas ações abrangem amplos impasses que necessitam  ser solucionados, e que a pessoas que fazem uso da Política de Educação tenham  fundamentação para a conquista de melhores oportunidades de educação,  promovendo a inclusão e permanência no ambiente educacional. É necessário  considerar ferramentas pedagógicas que possam ser desenvolvidas continuamente  no campo da Educação Inclusiva.
   A  responsabilidade do Assistente Social ultrapassa os muros do ambiente  educacional se direcionada para a realidade vivenciada de cada estudante,  particularmente daqueles que necessitam de uma atenção especial por causa de  suas limitações mentais e/ou físicas. Examinando essa realidade, esse  profissional, juntamente com os professores, pode encontrar problemas que  dificultam a permanência desses alunos no ambiente educacional, tais como: a)  falta de estrutura familiar; b) precárias condições de vida; c) desconhecimento  de aportes legais provenientes do Governo; d) acessibilidade nas mais variadas  instituições sociais.
   Considera-se  relevante a compreensão das circunstâncias econômica e social que o Brasil  vivencia, assim como as manifestações da questão social, relacionada de forma  direta à desigualdade social derivada da ideologia capitalista. De acordo com  Boschetti (2008: 20):
O Serviço Social, ao se constituir como uma profissão que atua, predominantemente, na formulação, planejamento e execução de políticas públicas como educação, saúde, previdência, assistência social, transporte habitação, tem o grande desafio de se posicionar criticamente diante da barbárie que reitera a desigualdade social, e se articular aos movimentos organizados em defesa dos direitos da classe trabalhadora e de uma sociedade livre e emancipada, de modo a repensar os projetos profissionais nessa direção. Esses são os compromissos éticos, teóricos, políticos e profissionais que defendemos no Brasil e em nosso diálogo com o mundo.
Diante do exposto, o desempenho interdisciplinar do Assistente Social caracteriza-se como uma forma determinante de solucionar impasses sociais e educacionais. Esse profissional encontra na instituição de ensino uma função de sistematizador de políticas sociais importantes à formação cidadã, objetivando reduzir os efeitos deletérios da desigualdade. Ademais, é responsável pela formulação e pelo cumprimento de atividades que possam prevenir e enfrentar acontecimentos procedentes que espelham comportamentos violentos, adversidades entre estudantes, assim como entres os demais colaboradores da instituição educacional.
2 METODOLOGIA
Esta pesquisa  engendra-se como descritiva, com abordagem qualitativa. De acordo com Rauen  (1999), a pesquisa descritiva tem como finalidade conhecer e interpretar a  realidade, tendo como interesse descobrir e observar fenômenos, descrevendo-os,  classificando-os e interpretando-os.
   Ainda se  referindo à caracterização metodológica, Minayo (2008) menciona que os  instrumentos de trabalho de campo na pesquisa qualitativa permitem uma mediação  entre o marco teórico-metodológico e a realidade empírica. Essa abordagem apresenta-se  pertinente para esta pesquisa, tendo em vista que, para que ela obtenha  sucesso, é necessário o contato direto e indireto com o objeto de estudo,  almejando conhecer os fatores que norteiam as pessoas nos seus mais variados  aspectos, tendo como pressuposto perceber e contextualizar o mundo a sua volta,  preservando sempre a objetividade, ou seja, mantendo um certo grau de  distanciamento pessoal. Ao se referir à expressão “grau de distanciamento”, os  autores deste estudo referem-se a não inferência (influência) do ponto de vista  pessoal sobre os dados que foram coletados, bem como a discussão com a  literatura pertinente.
   Menciona-se,  ainda, que a escolha do molde metodológico desta pesquisa se justifica por sua  lógica cientificista e pela possibilidade de elas serem as mais pertinentes  para se atingir o objetivo proposto. É válido salientar que, para não ocorrerem  conclusões precipitadas em respeito à temática, os pesquisadores consideraram a  característica técnico-metodológica que englobou um controle rígido de  teorização, coleta de dados e discussões adequadas para a condução de um estudo  científico, especificamente com alunos surdos, vinculados com a academia  educacional técnica.
   Este estudo foi  realizado em uma instituição pública de ensino médio técnico do município de  Parintins, AM, Brasil. Os participantes desta pesquisa foram: professores de  alunos surdos, alunos surdos regularmente matriculados, como também os  técnicos: assistente social, pedagogo e intérprete de LIBRAS. Os critérios de  inclusão adotados foram: a) ser aluno surdo regularmente matriculado na  instituição em questão; b) ser professor que tem/teve contato com alunos surdos  em sala de aula; c) ser profissional técnico efetivo: assistente social,  pedagogo ou intérprete de LIBRAS.
   Em relação aos  recursos humanos, este estudo foi realizado unicamente por seus autores,  contando voluntariamente com o auxílio de uma intérprete de LIBRAS para mediar  a coleta de dados com os participantes surdos. Em relação aos recursos  materiais, foi utilizada uma sala específica para o desenvolvimento da coleta  de informações, disponibilizada pelo Núcleo de Apoio à Pessoa com Necessidades  Educacionais. Também ocorreu coleta de dados sobre as práticas pedagógicas  voltadas para os estudantes com a utilização de formulário de entrevista para  conhecer os dados e as condições da instituição de ensino perante a temática  “inclusão”.
   Em relação aos  instrumentos utilizados, foram criados três protocolos para avaliação:  Protocolo 1 (direcionado aos professores de alunos surdos) que conteve as  seguintes questões: a) Qual a metodologia de ensino utilizada em sala de aula  para os alunos surdos? b) Quais as estratégias utilizadas para o uso da  linguagem técnica com os surdos? c) Você já buscou auxílio do Serviço Social no  que se refere à busca de informações necessárias (dúvidas) a respeito do  público surdo e seus direitos?; Protocolo 2 (direcionado aos profissionais  técnicos) que conteve as questões: a) Qual o seu entendimento sobre o processo  de inclusão? b) Quais as atividades desenvolvidas na instituição para os alunos  em sala de aula considerando a presença da surdez? c) Quais a sua contribuição  e as atribuições perante a Educação Inclusiva?; O Protocolo 3 (direcionado ao  aluno surdo) foi constituído das questões: a) As atividades em sala de aula  satisfazem/satisfaziam as suas necessidades de aprendizagem? b) Você se  sente/sentiu incluído nas atividades em grupo? c) Você encontra/encontrou  alguma dificuldade em sala de aula? Quais? d) Você já buscou/buscava os atendimentos  do setor do Serviço Social?
   É relevante  aqui destacar que no Protocolo 3, direcionado aos alunos surdos, foram  aplicadas também questões sociodemográficas, tendo em vista que os preponentes  deste estudo consideraram indispensável conhecer um pouco sobre a realidade do  participante, seja no âmbito educacional, quanto ao externo a esse ambiente,  com o intuito de conhecer o perfil desses alunos e suas condições, para então  dar andamento ao estudo. As questões sociodemográficas contemplaram dados de  identificação e questões gerais. No que tange aos dados de identificação, foram  perguntados: a) idade; b) sexo; c) estado civil. Em relação às questões gerais  que foram direcionadas: a) Sua família utiliza a língua de sinais com você? b)  Você sente que as pessoas têm dificuldades em compreendê-lo? c) Com que idade  você passou a frequentar a escola regular? d) Qual curso técnico você é  matriculado na instituição? e) Você tem dificuldades para se concentrar nas  tarefas relacionadas ao seu dia a dia? (exemplos: dirigir, estudar, ler,  escrever, trabalhar) f) Você tem conhecimento dos seus direitos como surdo? g)  Quem orientou você quanto aos seus direitos como surdo?
   No que tange  aos procedimentos, primeiramente foi enviado o Termo de Autorização Institucional, um documento formal para a  realização da pesquisa em suas dependências. Após o aceite formal da direção,  os pesquisadores entraram em contato com o setor de Serviço Social, que  gentilmente convidou possíveis participantes voluntários para a coleta de dados  com base nos critérios de inclusão adotados para este estudo. Os autores  realizaram uma palestra para o público que englobou surdos, professores e  técnicos (assistente social, pedagogo e intérprete de LIBRAS).
   Aos presentes  na palestra foram detalhados todos os procedimentos que seriam realizados,  explicações em relação às questões éticas, esclarecimentos no que se refere à  possiblidade de recusa em participar do estudo e que, caso se recusasse, tal  ato não resultaria em nenhum prejuízo. Foi esclarecido, também, que a  participação seria integralmente voluntária e anônima, apenas as falas dos  participantes seriam usadas para a exposição no trabalho científico para fins  acadêmicos.
   Após a  palestra, os autores entraram em contato com os ouvintes que aceitaram participar  do estudo. Explicações sobre os objetivos, seleção dos participantes, sigilo,  devolutiva da pesquisa e desistência, bem como esclarecimentos de eventuais  dúvidas, foram realizadas antes de qualquer procedimento por parte dos  pesquisadores para os integrantes do estudo. Destaca-se ainda que, para todos  os voluntários foi marcado um horário dentro do expediente educacional/laboral,  ressaltando que foi de acordo com a disponibilidade de cada um no que tange a  seus horários de trabalho. Antes de qualquer procedimento por parte dos  pesquisadores, foi entregue para os participantes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que contemplou aspectos  relacionados ao sigilo de identidade, aceite por escrito por meio de  assinatura, telefones para contato e aspectos éticos gerais da pesquisa. Após a  assinatura, estando de acordo em participar da pesquisa de forma voluntária, o  participante ficou com uma via em seu poder e a outra com os pesquisadores.
   Para manter o  sigilo de identidade, doravante os três professores serão identificados por P1,  P2 e P3; e os participantes surdos, por AS1, AS2 e AS3.
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
3.1 Levantamento do perfil sociodemográfico
Antes da  análise ou conclusões a serem tomadas, foi necessária a aplicação do Questionário Sociodemográfico com os  alunos surdos, a fim de ter um breve conhecimento das particularidades desse  público, buscando conhecer de onde são e quais as condições em sua totalidade,  o que envolve as relações familiares e sociais, apresentando como fundamental  para desenvolver um trabalho que almeja apontar supostas estratégias para o  enfrentamento da exclusão da pessoa surda.
   Como resultados  às questões do Questionário  Sociodemográfico, foram obtidas as seguintes porcentagens das respostas dos  participantes AS1, AS2 e AS3:
   a)  Se a família utiliza a  língua de sinais com eles: 66,7% responderam que sim e 33,3%, regularmente;
   b)  Se sentem que as pessoas  têm dificuldades em compreendê-los: 100% responderam que encontram dificuldades  somente com algumas pessoas;
   c)  Idade que passaram a  frequentar a escola regular: 100% responderam que foi na faixa etária de 12 a  18 anos de idade;
   d)  Cursos técnicos que são  matriculados no Instituto Federal do Amazonas: 33,3% são em informática e  66,7%, em meio ambiente;
   e)  Dificuldades que possuem  para se concentrarem nas tarefas relacionadas ao dia a dia: 100% responderam  ter muitas dificuldades;
   f)   Conhecimento que possuem  sobre os direitos como surdos: 100% responderam conhecer.
   As respostas  dos alunos surdos entrevistados apresentaram vários pontos em comum. O que é  pertinente discutir é em relação à idade e, como base, toda a legislação que  fundamenta a Educação Especial e Inclusiva, pois não se pode desconsiderar a  observação da notável incoerência entre aquilo que se propõe e o que se  encontra no desempenho diário da atual circunstância pela qual a instituição  educacional perpassa.
   A inclusão  representa um processo em contínua expansão no decorrer da história do ser  humano, porém, por espelhar uma labiríntica circunstância transpassada por  ideias pré-concebidas e marginalizações, ainda se vê, no momento atual  educacional, pessoas que não conhecem os direitos garantidos pela legislação  que dizem respeito às pessoas com deficiência, transtornos globais do  desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, assim como a compreensão da  ótica de Educação Especial e Inclusiva. A deficiência como fenômeno humano, “[...]  individual e social é influenciada em parte pelas representações socioculturais  de cada comunidade, em diferentes gerações, e pelo nível de desenvolvimento  científico, político, ético e econômico dessa sociedade.” (Bruno, 2006: 9).
   Os dados  revelam que ainda se tem a dificuldade de uma comunicação da população ouvinte  com a comunidade surda, o que mostra uma fragilidade ou até mesmo um descaso de  todas as dimensões responsáveis (Estado, família e sociedade) pelo  desenvolvimento de suas habilidades. Quando isso é mencionado, pensa-se nas  várias dificuldades que os surdos apresentam no uso da Língua Portuguesa, como  também da sua escrita, levando em consideração a faixa etária desses alunos.
   Historicamente,  o ambiente educacional configurou-se pela exclusividade de atendimento a um  determinado grupo de pessoas, legitimando, assim, a marginalização, mediante  políticas e ações pedagógicas disseminadoras de organização social. Desde o  processo de democratização do espaço educacional, é notável o antagonismo  inclusão/exclusão, no momento em que os sistemas educacionais tornam mais  universal a acessibilidade, porém permanecem marginalizando conjuntos de  pessoas vistos como externos às normas da instituição de ensino (Dutra et al.,  2008).
   É observada nas  respostas dos participantes a ausência da participação da família no processo  de ensino de seus direitos. As práticas de exclusão emergem e reproduzem muitas  vezes por ter a própria família como principal protagonista. Destaca-se que não  se pode apenas elaborar políticas públicas que assegurem direitos, é necessário  o envolvimento da sociedade em participar e fomentar métodos de ensino que  desenvolvam a participação e interesse de todos, como também a fundamental  importância da interação da família para impulsionar o desenvolvimento com o  acompanhamento de ações de interesse do estudante surdo dentro da instituição  de ensino.
   Fica evidente a  carência de iniciativas inclusivas institucionais. É sabido que as instituições  de ensino inclusivas precisam oferecer condições apropriadas à acessibilidade,  à permanência e à consecução de qualidade na educação de alunos com  necessidades especiais. Desse modo, precisam ser levadas em consideração as  necessidades pedagógicas distintas provenientes das diferenças e/ou  deficiências de cada aluno, reconhecendo a periodicidade de aprendizagem,  característica a cada situação, objetivando assegurar educação favorável,  segundo determina o artigo 59, inciso I, da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de  1996:
Art. 59. Os sistemas de  ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:
   I – currículos, métodos,  técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas  necessidades; (Brasil, 1996).
De acordo com  Soares (2009), um dos impasses, que não beneficiam a efetivação do que se  encontra na legislação e harmonioso com os princípios da ótica pedagógica  inclusiva, é a desqualificação docente no que tange aos procedimentos  educacionais e metodológicos apropriados às necessidades pedagógicas especiais  dos alunos que possuem alguma necessidade especial.
   Os artigos 27 a  30 do Capítulo IV, da Lei Brasileira de  Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto  da Pessoa com Deficiência) (Lei nº 13.146, de 6 de setembro de 2015),  garantem o direito à educação; no entanto, não garantem a permanência dos  alunos na instituição de ensino, muito menos um processo ensino-aprendizagem  eficiente, uma vez que inúmeros são os elementos vinculados institucionalmente,  que englobam o improdutivo processo formativo dos educadores e, do mesmo modo,  os ajustamentos da estrutura física e falta de ferramentas de ensino,  igualmente o assistencialismo de diversos centros educacionais e o meio  familiar dos alunos com necessidades especiais, que concentram suas práticas na  deficiência do aluno e não na motivação ao aprimoramento e manifestação de  força individual (Brasil, 2015).
   No entanto,  esse é um dos evidentes desafios enfrentados pela educação contemporânea, a  transformação e adequação das normas da prática educativa em razão dos  distintos graus de desenvolvimento, estados cognitivos, sensoriais e  neurofisiológicos. Dessa forma, é imprescindível destacar que a inclusão de  estudantes com deficiência não depende unicamente do nível de severidade da  deficiência ou grau de desenvolvimento cognitivo, mas também das circunstâncias  de convívio, socialização e adequação do próprio estudante na instituição de  ensino comum (Bruno, 2006).
3.2 Equipe pedagógica: uma discussão das práticas voltadas aos alunos surdos
De acordo com  Sá (2010: 14), em uma conjuntura histórica de exclusão e opressão revelam-se os  surdos, pessoas frequentemente “[...] colocadas às margens do mundo econômico,  social, cultural, educacional e político; pessoas narradas como deficientes e  incapazes, desapropriadas de seus direitos e da possibilidade de escolhas [...]”.
   O que se  questiona em meio aos marcos históricos mencionados é se com a criação de  políticas voltadas para a comunidade surda, obteve-se progresso no que tange ao  exercício pleno dos seus direitos humanos, no que se refere ao seu processo de  formação educacional.
   Para isso, é  imprescindível assinalar a importância de conhecer de que maneira o aluno surdo  está sendo inserido no sistema educacional, em especial em uma instituição de  ensino técnico, por não existir nelas discussões sobre o processo de  ensino-aprendizagem do surdo. Salienta-se que foi realizada uma análise geral  de todas as perguntas feitas de acordo com o Protocolo 1, com ressalva às que  se apresentaram indispensável citar.
   É relevante  conhecer quais as estratégias utilizadas pela equipe pedagógica para  desenvolver o preparo dos alunos surdos para o exercício da cidadania e qualificação  profissional, e qual o olhar do surdo perante tais práticas, bem como se elas  proporcionam a ele a garantia de uma educação de qualidade e equidade,  respaldada em uma política educacional inclusiva. E para tecer análises,  preocupou-se em coletar informações primeiramente com os servidores técnicos da  instituição, a citar: pedagogo, assistente social, intérprete de LIBRAS e  professores – entendendo que esses profissionais formam a equipe pedagógica, em  uma perspectiva de planejar/elaborar práticas pedagógicas pertinentes para o  desenvolvimento e manutenção dos alunos surdos.
   Preocupou-se  iniciar com o olhar do Pedagogo, considerando-se que este tem em suas  atribuições profissionais, segundo Almeida e Soares (2010), a função primordial  no ensino, pois é compreendido como um mediador das práticas pedagógicas  desenvolvidas na instituição, sempre atento às necessidades e aos impasses  educacionais, dentre eles, a educação especial e seus desafios quanto à  inclusão. Partindo do exposto, foi levada ao Pedagogo a questão de quais eram  as práticas pedagógicas utilizadas com os alunos, haja vista haver presença de  alunos surdos em sala de aula:
Essa questão é direto com a subcoordenadora do núcleo especializado. Ela nunca me procurou pra dizer “ah, como é que eu posso trabalhar?”, que na verdade ela trabalha na tradução, o professor fala e ela explica. Essa questão pedagógica eu não sei como eles trabalham.
É evidente a  falta de informação entre o profissional pedagogo e a intérprete de LIBRAS, a  qual se encontra hoje como subcoordenadora do setor vinculado a pessoas com  necessidades especiais, o que se apresenta como um agravante sob a perspectiva  inclusiva, pois o pedagogo precisa intervir de maneira participativa nas  práticas desenvolvidas na instituição de ensino, contribuindo para a  transformação do ambiente educacional, onde a democracia encontra um solo  fértil. O papel do pedagogo é instigar e determinar a prática educativa para  alcançar uma educação com mais qualidade que levem em consideração todos os estudantes,  sem distinções.
   Almejando mais  esclarecimentos quanto às práticas pedagógicas na instituição de ensino,  indagou-se ao participante sobre os documentos que constam as metodologias e  prática de ensino da instituição:
Pedagogo: Ah, na teoria deveria ter, mas eles não nos procuram. Porque existe uma sala de atendimento especial. Na verdade, eu não sei como acontece essa questão pedagógica deles. No geral, no setor pedagógico, a gente faz o acompanhamento dos planejamentos dos professores, a gente faz os atendimentos individuais.
Enfatiza-se  mais uma vez a importância de se trabalhar a temática, pois se nota a carência  do conhecimento sobre o processo de inclusão dentro daquele espaço educacional;  não basta apenas saber da existência de uma política, é necessária a busca pela  sua efetivação. O que se pode confirmar a partir dos relatos é que a ausência  de estratégias pedagógicas abre precedentes na discussão do trabalho no que se  refere à negatividade das ações de inclusão.
   O desafio de  transformar ações de exclusão move-se com o entendimento de não somente  considerar a multiplicidade de ideias, mas, imprescindivelmente, de promover a  inclusão, o reconhecimento em um constante aprendizado com aqueles que pensam  diferente e que vai além de todas as limitações do conformismo, uma vez que  novas compreensões de mundo é requerer transformações em todos os espaços,  particularmente o educacional. Com isso, é notável que “[...] a aproximação aos  temas da diversidade da diferença e da acessibilidade, pressupõe uma mudança  necessária de paradigmas de postulados científicos atuais e de relação com os  sistemas educativos e sociedades atuais.” (Camacho, 2004: 12).
   Existe a  possibilidade de examinar que os momentos de modificações e desenvolvimento  possuem um encaminhamento somente com uma única finalidade, a inserção do surdo  no âmbito social e no meio educacional, com a intensão de assegurar a  acessibilidade, procedimentos metodológicos de ensino eficientes para a  inclusão de estudantes com necessidades educacionais nas instituições de  ensino, um modelo educacional que apresente a capacidade de adequação contínua,  de inserir e semear o respeito à diversidade, isto é, na formação de um  ambiente educacional que possibilite o acesso de todas as pessoas com e sem  deficiência, todas com os mesmos direitos de acesso e equidade ao processo de  ensino-aprendizagem, proporcionando uma formação qualificada.
   Partindo para  as respostas do participante intérprete de LIBRAS, pode-se compreender que a  abordagem sobre a Educação Inclusiva, igualdade e oportunidades para todas as  pessoas, respeito à diversidade e ao diferente, encontra-se em desenvolvimento  na contemporaneidade. No âmbito dos segmentos beneficiados a partir dessa  abordagem, podem-se encontrar os participantes com necessidades educacionais  especiais que se mobilizam para defenderem seus direitos e seu valor como  cidadãos partícipes da construção social.
   Uma pessoa  surda necessita encarar cotidianamente a fronteira do processo comunicativo.  Esse impasse circunscreve a qualidade de sua convivência em sociedade e pode,  dessa forma, impossibilitar que ela conquiste um processo formativo em nível  superior e, portanto, um favorável lugar no mercado de trabalho. Pessoas  ouvintes que conhecem e se comunicam por meio da Língua de Sinais podem servir  como mediadores na comunicação entre as pessoas surdas e as ouvintes que não  conhecem essa língua. Tal situação fornece efetividade para a minimização dos  problemas encontrados no que se refere à comunicabilidade. Essas pessoas são  denominadas Intérpretes de Língua de Sinais, mas ao indagar ao participante intérprete  de LIBRAS da instituição sobre essa dinâmica, ela esclarece:
Meu papel é intermediar a comunicação do aluno surdo e do ouvinte e enquanto as práticas pedagógicas eu estou como subcoordenadora do Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Especiais [...]. O que precisa ser entendido é que não é só o núcleo que é responsável, toda a instituição. Então, é preciso um trabalho coletivo pra que eles permaneçam porque não adianta só o Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Especiais fazer o seu papel e quando o aluno vai pra sala de aula ele não tem esse apoio do professor, ele não tem apoio dos colegas porque nem sempre os colegas aceitam o aluno.
Em estudo sobre a instituição inclusiva com o trabalho de intérpretes, Zampieri (2006: 83) evidencia que esses, pela iminência com os assuntos relacionados às pessoas com surdez, podem oferecer subsídios significativos ao docente, referente ao desenvolvimento da aprendizagem do estudante:
Para que alunos ouvintes e alunos surdos possam ter um grau de desenvolvimento satisfatório na mesma sala de aula, o trabalho de parceria entre a intérprete e a professora, para além de desejável, é fundamental. A intérprete tem condições de contribuir nas questões relativas às especificidades de aprendizagem das crianças surdas, pois visualiza com mais clareza as necessidades destes alunos, bem como as formas pelas quais eles se apropriam do processo de aprendizagem.
Mas, nota-se a  inexistência de parceria entre professor e intérprete, até mesmo da própria  comunidade educacional como um todo nesse processo. Por meio da fala da  profissional intérprete, o educador encontra-se incumbido pelo ensino e seu  pleno desenvolvimento, por oportunizar o saber científico ao estudante surdo, e  o intérprete assume a responsabilidade de modificar a informação de uma para  outra língua. No momento em que há a presença do estudante com surdez, os dois  profissionais da educação são importantes: o educador necessita do intérprete  para lhe ajudar nos fatores da surdez e da LIBRAS, e o intérprete precisa de um  favorável desempenho e conhecimento do educador para que sua atividade  pedagógica alcance efetividade contínua.
   No entanto,  essa questão passa despercebida por muitos professores da instituição, porque  muitos não têm a sensibilidade, tampouco tomam atitudes para enxergar o aluno  em sala de aula como um cidadão detentor de direitos, assim como qualquer  outro, cometendo assim a marginalização e exclusão desses estudantes:
Intérprete de LIBRAS: [...] outra dificuldade é a relação professor e aluno [...]. Tem aluno que não simpatiza por aquele professor que vê que o professor não tem interesse de ajudar e quando eles sentem isso eles perdem o interesse pela aula, eles apresentam muitas dificuldades com os professores nesse sentido porque o professores eles realmente não tem interesse de ajudar o aluno, ele entra, sai da a aula dele e vai embora, não sabe se o aluno tá com dificuldade se não tá, mas só que no final do semestre, do módulo, o aluno tem que ter uma nota pra ele passar só que muitas vezes ele fica reprovado porque não teve essa comunicação com o professor numa dificuldade, por exemplo, de pedir ajuda do professor, eles não pedem ajuda pro professor, eles pedem ajuda pra mim , então as dificuldades deles são nesse sentido [...].
A comunidade  surda no Brasil já foi beneficiada com leis, decretos e portarias que  apresentam como finalidade garantir sua admissão ao processo comunicativo e  informativo, em diversas realidades. No entanto, o estabelecimento da  legislação necessita de pessoas responsáveis pelo desenvolvimento humano e  social, cuja falta de conhecimento a respeito da surdez e dos entendimentos  alicerçados em ideias pré-concebidas influencia o desenvolvimento da inclusão  de sujeitos surdos na comunidade social, especialmente no ambiente educacional.
   Na educação  regular, referindo-se às pessoas com deficiência, a acessibilidade em  determinados ambientes, aos saberes humanos e aos dados informacionais que permeiam  os institutos federais de educação, encontra-se petulante quanto às ferramentas  pedagógicas e humanas, sobre as quais descansa a completa incumbência de uma  inclusão infalível, que transpasse o relacionamento com o diferente. O ideal de  inclusão comunitária, permitido e homologado pelo poder estatal, vem  referindo-se ao intérprete de LIBRAS somente como um caminho de acessibilidade  aos surdos, nas proposituras legislativas e nos textos que orientam os  trabalhos pedagógicos sob o prisma jurídico. Ainda na fala da Intérprete de  LIBRAS:
[...] Outra dificuldade deles é em sala de aula com os alunos porque são poucos os alunos que se sensibilizam no sentido de ajudar eles, né? Como por exemplo nas atividades em grupo, se o aluno não tomar iniciativa de entrar no grupo ninguém convida ele pra entrar no grupo. As vezes o próprio professor monta os grupos, mas quando ele não monta e deixa livre, em aberto, cada grupinho se junta por afinidade, né? Claro! E muitas das vezes o aluno surdo acaba ficando sozinho [...].
A partir do  exposto, indaga-se: Qual a verdadeira finalidade do intérprete na instituição?  A comunidade acadêmica vem realmente utilizando a língua de sinais para uma  comunicabilidade eficiente com o aluno surdo? Em relação ao preconceito, será que  se encontra enraizado?
   De acordo com  Lacerda e Poletti (2009), somente a presença do intérprete não assegura a  verdadeira inclusão do estudante com surdez. É necessário que as ações em sala  de aula sejam analisadas continuamente, de modo a conhecer e compreender as  necessidades do estudante. Caso a instituição de ensino não olhe com atenção  para o procedimento metodológico empregado e para a matriz curricular proposta,  as práticas acadêmicas podem ser bastante inacessíveis ao aluno surdo, apesar  da presença do intérprete.
   O convívio em  uma comunidade social que exclui, cujas ações exprimem ideias preconceituosas,  que rebaixam e menosprezam seres humanos com deficiência, origina  discriminações e entendimentos sem nenhum fundamento nos sujeitos conhecidos como  “normais” perante os padrões sociais estigmatizadores estabelecidos. Esses  princípios insignificantes são desconstruídos no decorrer da formação da  identidade do intérprete de Língua de Sinais. Ternura, entusiasmo e  envolvimento participativo formam as premissas para que esse processo se  desenvolva de forma consciente e para que o intérprete desempenhe sua função,  permitindo com que a pessoa com surdez potencialize seu espírito autônomo e  faça valer seu direito de se comunicar em sua própria língua e com isso tenha  um conhecimento pleno de si mesmo e sobre a realidade que o circunda.
   As vertentes  internacionais de aceitação das diferenças e inclusão social influenciam  moderadamente os seres humanos, atores competentes para intervir na  transformação da sua própria ação. Conhecer e compreender os interesses da  pessoa que pensa diferente, levar em consideração seus direitos e renegar ações  há muito ultrapassadas, fundamentadas em ideias que reduzam a pessoa, é o  percurso mais apropriado à convivência em sociedade.
   As respostas  fornecidas pela Assistente Social mostram claramente o árduo processo do  trabalho em equipe direcionado ao atendimento de estudantes com necessidades  educacionais especiais. Diante disso, pode-se considerar que, não obstante a  presença dos direitos da pessoa com deficiência na instituição educacional, as  circunstâncias pedagógicas mostram que há ainda um percurso extenso a ser  trilhado, tendo em vista uma mais proveitosa educação para essa pessoa.
   O Serviço  Social ocupa o primeiro setor no qual o meio familiar da pessoa com deficiência  é atendido no Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Especiais, como:  apresentação da instituição, seus princípios e finalidades de atividade. Os  assistentes sociais, nessa veiculação, por meio do acompanhamento do estudante,  compreendem a condição dele e, dessa forma, passam a acompanhar sua aclimatação  no ambiente educacional.
   De acordo com o  artigo 37 do Estatuto do Portador de  Deficiência (Lei nº 13.146/2015), é dever do Estado, da família, da comunidade  educacional e da sociedade assegurar a educação de qualidade à pessoa com  deficiência, colocando-a salva de toda a forma de negligência, discriminação,  violência, crueldade e opressão educacional (Brasil, 2015).
   O assistente  social é um profissional que, mediante a sua capacidade intelectual, contribui  significativamente para a instituição educacional como um todo, pois ele possui  uma perspectiva singular para os assuntos de ordem social, revelando o que pode  encontrar-se velado pelos impasses que o aluno traz consigo e que influenciam  diretamente o seu comportamento dentro da instituição de ensino. Atualmente,  segundo Valadão e Santos (1997), a recomendação que se aborda sobre a atuação  do assistente social no ambiente educacional diz respeito à atividade em  equipe, isto é, que comparticipe de seus trabalhos um agrupamento  multiprofissional, sob o prisma do trabalho da pessoa em sua completude.  Afinal, questionada de como a instituição vai efetivar uma política de inclusão  se suas próprias práticas são fragmentadas, segregadas:
Assistente Social: [...] não atuamos, mas em nenhum caso relacionado a pessoa com deficiência, em relação ao apoio, a trabalhar a questão da orientação. E não é por que a gente não quer, é por que a gente não é integrado. A Integração do Núcleo com o serviço social, psicologia, enfermagem. Isso tem que ser uma iniciativa do núcleo.
Fatos esses que  geram uma série de problemáticas dentro do espaço de ensino técnico, porque o  aluno surdo já encontra muitas dificuldades no que tange ao uso da Língua  Portuguesa e sua escrita, e a falta de um acompanhamento nesse processo. No  sentido de o profissional assistente social não ter essa participação direta  com as pessoas com surdez leva, muitas vezes, à desistência desses alunos e a um  descaso a esse fato. Destaca-se que, durante esse processo de pesquisa, a  subcoordenadora relatou a existência de um total de sete alunos surdos, e  destes apenas três frequentam as aulas e suas atividades, e que não se tem  conhecimento de dois desses alunos. Isto revela a fragilidade desse processo,  mantendo, assim, a violação e vulnerabilidade no acesso e democratização dos  direitos dos cidadãos surdos.
   Para Almeida  (2003), o pesquisador que estuda sobre a integração do assistente social no  âmbito educacional se depara com o problema de compreender como as demandas  colocadas a esse profissional encontram-se vinculadas às vertentes antagônicas  da política educacional de disseminação dos modos de admissão e de permanência  na instituição educacional, em face de uma conjuntura em que a existência local  está sucessivamente interligada com a transformação contínua e mundial do  capitalismo. Educação e o Serviço Social possuem afinidades, “[...] cada qual  com sua especificidade, que se complementam na busca por objetivos comuns e  projetos político-pedagógicos pautados sob a lógica da igualdade e da  comunicação entre escola, família, comunidade e sociedade.” (Souza, 2005: 39).
   Sobre a questão  da surdez na Instituição, houve a preocupação de se questionar a Assistente  Social sobre esse acompanhamento dos alunos surdos e das atividades realizadas  com eles naquele espaço educacional:
Não tenho nenhum dado, já que tem um núcleo especifico de atendimento, ficou muito concentrado. Eles trabalham pra lá de forma individualizada, setorizada não há um diálogo com a gente, e eu sinceramente acho que é uma falha que acontece, mas enfim. Eu espero que isso não se perpetue, que possa ter outros diretores, outros coordenadores que tenham uma visão mesmo de integração porque isso acaba fragmentando a questão do processo de acompanhamento, orientação desses alunos, um olhar, para a efetivação desses alunos. Precisa-se trabalhar em conjunto a integração de equipe.
A problemática da Educação Inclusiva necessita de mais atenção, a priori, dos profissionais e em seguida da comunidade social em sua completude, uma vez que ocasiona problemas ao crescimento infantil ou juvenil, como: marginalização, falta de motivação, dificuldades no processo de ensino e aprendizagem. O Assistente Social precisa sugerir, envolver-se e entusiasmar tanto os familiares das pessoas com deficiência, bem como os profissionais envolvidos, a fim de ser mais operante nos mecanismos de comando da sociedade, cumprimento de seus direitos em comunhão com políticas públicas.
3.3 As práticas pedagógicas na ótica do professor do aluno surdo
Como dito anteriormente, a fala dos professores é representada pelas siglas P1, P2 e P3, e os participantes surdos e suas respectivas falas, por AS1, AS2 e AS3. Para os professores, levou-se a questão sobre qual a metodologia utilizada em sala de aula, tendo em vista a presença de um aluno surdo:
P1:  Com ela a gente já vem aplicando alguma metodologia, principalmente questões  visuais, é... questões mais diferenciadas [...] ela tem o auxílio da  interprete de Libras. Então a gente faz alguma coisa mas eu acho que eu poderia  fazer mais do que eu faço [...].  Então, aí, pra gente tentar eu explico pra tradutora o que é, ela não é da área  então eu tenho que explicar pra ela, e ela tentar explicar da melhor forma  possível. Aí tem o apoio audiovisual, slides, filmes, imagens mesmo pra ela  tentar fixar, mas eu sinto muita dificuldade, desses três alunos.
   P2:  Nós não temos uma metodologia, acho que a maioria dos professores, voltadas pra  eles porque a gente tem o intérprete e a gente imagina que a gente vai dando  aula e o intérprete vai passando tudo o que a gente falou mas voltando aquela  questão talvez a nossa comunicação não seja a ideal pra eles. A gente percebe  no modo que eles escrevem não chega do jeito que é para ser, ela não consegue  expressar do jeito que é e aí eu peço ajuda sempre da intérprete para traduzir  também as provas que as vezes eles não conseguem formar um texto. Aí procuro  focar nas palavras-chaves. Ela citou a palavra chave da questão? Ok. Eu imagino  que ela entendeu. Aí eu preciso que a intérprete me diga se realmente ela  entendeu, mas as vezes ela sempre faz sinal de ‘não’ aí eu fico preocupado se  ela entendeu ou não. Não tenho um método focado pra ela nesse aspecto, eu faço  como se fosse pra todos e aí a interprete que vai fazer o acompanhamento dela  na aula, nos exercícios nas aulas práticas.
   P3:  Meus slides eu costumo trabalhar muito com imagens e explicando essas imagens,  nós começamos a trabalhar essas imagens [...], nós começamos a descrever  mais nos slides, e eu tinha essa preocupação que no slide tivesse a descrição  do que eu ia falar porque eu acredito que só a imagem, mesmo eles fazendo a  leitura labial, eu acredito que a dificuldade era bem maior, então eu não colocava  mais só imagens, mas depois das imagens, tudo estava escrito nos slides que eu  ia passando, e junto a isso, eu cheguei a preparar material sobre as aulas, e  eu que passei a usar essa metodologia.
Na fala de P1,  na parte “vem aplicando algumas metodologias”, no entanto, esses métodos estão  voltados apenas às questões visuais, como a presença de mais imagens nos  eslaides, na tentativa de descrever as práticas pedagógicas na ótica dos  professores, e com isso surgem muitas dificuldades, porque se nota a carência  de metodologias voltadas para o aluno surdo dentro da sala de aula. Embora P1 e  P3 apresentem seus métodos ou estratégias de ensino, como P3 descreve sobre sua  preocupação em aplicar materiais didático-pedagógicos sobre as aulas, P2 deixa  claro a inexistência de práticas específicas ao público, o qual deixa a  responsabilidade do processo de aprendizagem do aluno para a profissional  intérprete.
   Sobre o  participante surdo, antes de explanar essas práticas no seu olhar, salienta-se  que, no primeiro momento, as informações seriam coletadas por meio de um  questionário contendo perguntas abertas, mas por causa das dificuldades dos  participantes surdos em desenvolverem a escrita, os pesquisadores e a  intérprete de LIBRAS optaram por prosseguir a coleta das informações por meio  de entrevista, com isso, sobre os procedimentos metodológicos no seu processo  de ensino-aprendizagem, assim se expressaram:
AS2:  As atividades em sala de aula são muito difíceis porque as palavras são  diferentes então eu não conhecia as palavras da Língua Portuguesa, e era muita  escrita, então como eu ia escrever se o professor só falava? E eu sou surdo!  Então como eu ia responder as atividades? Eu tinha muitas dúvidas nas palavras  e o professor não utilizava Libras em nenhum momento, então era muito difícil  porque eu sou surdo. A gente via também que o professor ficava muito  preocupado, ele não sabia fazer a comunicação, e eu tinha que ter muita  paciência porque eu queria aprender e não aprendia, então eu pedia ajuda de  alguns colegas nas atividades, meu outro colega escrevia pra mim num papel, e  eu pedia essa ajuda no significado das palavras, por exemplo: qual essa  palavra, o que ela significa? Então eu ia lá e ok, aprendia e ia pra casa ficar  estudando aquela palavra. Mas era muito difícil porque o professor é ouvinte e  era difícil fazer as atividades e só meus amigos me ajudavam.
   AS2: [...]  eu ficava lá sentada e o professor falando e eu lá sentada. O professor me dava  papel da atividade e eu não entendia nada, ele só falava que era pra mim fazer,  mas eu chegava para o professor e dizia que eu não entendia nada, só que o  professor não podia ajudar, e eu procurava a professora Jaqueline [professora  de Libras] e falava que eu precisava de intérprete porque eu não conseguia  acompanhar as aulas, mas demorou muito pra chegar o intérprete, e eu voltava  pra sala de aula e ficava lá sentada sem entender nada. É porque o professor  usa muito slide, só que eu não entendo nada, tenho dificuldade de entender,  então só eu de surda, eu só mesmo copiava o que estava no slide e nas  atividades em grupo também eu sentia muita dificuldade porque não tinha  intérprete [...],  mas não satisfazia minhas necessidades.
   AS3:  Na sala de aula eu só conseguia estudar o que estava escrito e lia algumas  palavras, mas muitas coisas eu não entendia, então era muito difícil por isso  então a escrita do português eu precisava sempre de ajuda. As palavras no slide  geralmente eu não entendia e não tinha comunicação com o professor. Tinha  dificuldade de responder o que ele perguntava porque eu sou surdo, ele não  entendia o que eu falava e eu também não entendia o que ele queria. Eu  precisava ter muita paciência, né, porque estudar era muito difícil e eu  precisava visualizar, mas não tinha comunicação e o professor só oralizava aqui  e em outros lugares é a mesma coisa.
Por intermédio  dos participantes surdos, descrevem-se as práticas pedagógicas utilizadas pelos  profissionais para com eles: exibição de eslaides com imagens para trabalhar os  assuntos em sala. No entanto, AS1, AS2 e AS3 relataram diversas dificuldades em  entender, fazendo com que eles próprios criassem estratégias para que a  comunicação acontecesse com o professor.
   Enfatiza-se que  a presença de um intérprete em sala de aula é recente, e quem os auxiliou  quanto as suas dúvidas foi a professora de LIBRAS. Embora ocorrera a admissão  do profissional intérprete, as dificuldades continuam pelo fato de ela não ter  conhecimento das áreas técnicas trabalhadas e por ser apenas somente um  profissional para três ou mais alunos surdos. Ou seja, como os participantes  surdos se encontram no terceiro módulo, eles ficaram sem o acompanhamento de um  intérprete durante um ano no seu processo de aprendizagem.
   O que se quer  discutir aqui é a contradição dos olhares no plano ensino-aprendizagem, no  qual, para o professor, suas metodologias, de certa forma, ajudam no  entendimento do aluno, mas, quando termina, este não tem conhecimento das  práticas pensadas pela sua presença em sala de aula, tampouco a existência  delas. Para compreender os assuntos trabalhados em sala, os participantes  surdos escrevem suas dúvidas no papel para seus colegas ou professores, como  meio de comunicação, principalmente em relação ao entendimento dos termos  técnicos trabalhados, o que se mostra como uma verdadeira problemática nessa  discussão.
   As metodologias  de ensino, como práticas pedagógicas, mostram-se como insuficientes, uma vez  que o aluno não entende o que se é trabalhado em sala de aula. Os vídeos e  filmes que P1 apresenta em sua fala não têm legendas em LIBRAS e faz com que o  aluno surdo perca o interesse, porque ele não é ouvinte, e essas atitudes, por  parte dos professores, prejudicam o aluno e revelam, ainda, não apenas com esse  fato, mas como os demais aqui narrados, que, mesmo com a existência de políticas  públicas para o público surdo, as práticas discriminatórias, de marginalizar o  surdo, continuam, e urge como indispensável apresentar o porquê dessa  afirmativa.
   Ao se  questionar sobre a percepção de inclusão, obtiveram-se as seguintes respostas:
P1: [...]  quando esses profissionais estiverem no mercado de trabalho e aí encontrar um  com a dificuldade dela de áudio-comunicação, vai ter dificuldade técnica mesmo  que ela apresentou. De compreender o que é o curso [...]. Porque realmente hoje não  tá fazendo inclusão, não completa, a gente tá impondo aí a presença dela na  verdade por uma questão legal, e a gente tem que aturar.
   P2:  Eu nunca tive nenhum contato com algum surdo mas eu vejo que em alguns pontos  parece uma coisa só pra atender o que a lei manda [...] percebo pela visão  periférica porque eu estou dando aula não foco muito nela porque já tem a  colega lá, mas eu percebo que várias vezes ela dá sinal que não tá entendendo.  Não sei, a impressão, o geral que eu tenho é que se faz pra atender a legislação.
   P3:  Posso ter um pouco de dificuldades pra explanar [...] tudo o que nós vamos  aprendendo sobre essa larga conceituação sobre a Educação Inclusiva temos  aprendido no dia a dia de maneira certa ou errada, é fazer, deu certo ou não, é  você refletir [...]  eu aprendi muito como professor, na prática da tentativa e erro. [...] volto na minha deficiência  de formação técnica, vou falar por mim que eu tive que buscar ler muito, saber  qual ao importância de todos ter essa oportunidade, que a educação é para todos  e o conhecimento é universal, só que na sala de aula temos indivíduos  heterogêneos, diferenciados, e não é tão fácil alcançar esses indivíduos  diferenciados.
Ressalta-se a  importância de se trabalhar sobre a política de Educação Inclusiva no espaço de  ensino. É fundamental conceituar e apresentar marcos históricos que norteiam  esse processo de construção de uma política e conceitos básicos sobre o que é  exclusão, segregação, integração e inclusão. Isto faz parte da história e do  porquê da construção dessas políticas que nem mesmo os professores têm  conhecimento, e isso os remete a reproduzir práticas integrativas e que vêm  reportar a segregação e a discriminação, muito bem claro nas falas, com  destaque ao P1, quando se refere à presença do aluno surdo em sua sala de aula  como um ato de “aturar”.
   Para Ainscow  (1998), a inclusão traduz um pensamento educativo que possibilita o  envolvimento participativo dos estudantes que apresentam necessidades  pedagógicas especiais, englobando as particularidades do ambiente educacional e  da comunidade. Diz respeito às características fundamentais, mais dinâmicas,  tais como procedimentos estratégicos e metodológicos que são importantes à  efetivação dos modelos que promovem a inclusão.
   Dessa forma,  surge uma moderna compreensão que não mais converge somente às necessidades do  estudante à proporção da deficiência cognitiva ou corporal, mas sim no modelo  de solução a oferecer a ele. A instituição de ensino responderá continuamente  às requisições e necessidades dos pais e/ou responsáveis, possibilitando um  ensino de extensa qualidade de maneira a incluir os estudantes, com  independência em relação aos impasses que esses demonstram em sua vida  educacional, familiar e social.
   O ambiente  inclusivo, apesar de intervir na instituição de ensino tradicional para a  diferença, encontra-se muito distante da finalidade de incluir todos os  estudantes, sejam crianças, jovens e/ou adultos em seu ambiente, conquistando  somente resultados de integração de uma pequena parcela de estudantes com deficiências.
   Enfatiza-se que  a necessidade de integração educacional começou com os movimentos sociais dos  anos de 1960, na defesa dos direitos humanos e sua plena efetivação na  sociedade. Com a urgência de indagações a respeito das ações marginalizadoras  no espaço educacional, ligados ao contexto histórico, político, social e  econômico internacional, foram desenvolvidos os alicerces morais e práticos que  mantiveram a integração dos estudantes com deficiência na educação regular (Mendes,  2006).
   A integração tem  como base a premissa da normalização, que começou nos países do Norte da  Europa. Mendes (2006: 389) sustentava que “[...] toda pessoa com deficiência  tem o direito inalienável de experimentar um estilo ou padrão de vida que seria  normal em sua cultura [...]”, assegurando oportunidades equivalentes.
   No modelo  segregador, a educação especial é vista como um sistema pedagógico sincrônico,  em substituição ao ensino regular, alicerçada no significado de normalidade e  anormalidade. Como a denominação assevera, a segregação defende a separação  corporal entre estudantes com e sem deficiência no ambiente educacional.
   A Educação  Inclusiva de alunos com necessidades educacionais especiais demanda,  primeiramente, a qualificação dos profissionais da educação em atender esses  estudantes, envolvendo o meio familiar no que se refere à mediação para que ele  consiga desenvolver suas habilidades intelectuais e sociais, tendo em vista  assegurar seus direitos como cidadão e uma boa convivência dentro e fora do  ambiente educacional. Para Gurgel (2007), matricular o aluno com deficiência na  instituição educacional é apenas um passo, mas o que mais importa é a garantia  de que ele lá permaneça e tenha a possibilidade de aprender.
   As  circunstâncias da realidade educacional, na qual é habitual salas de aula com  uma quantidade enorme de estudantes e ineficaz processo formativo dos docentes,  vêm impedindo a inclusão educacional e social dessa categoria de alunos, os  quais regularmente estudam na instituição de ensino, porém não usufruem de seus  direitos à educação de qualidade, pois não possuem assistidas suas necessidades  pedagógicas. É fundamental compreender os principais desafios enfrentados pelos  profissionais da educação e alunos com deficiência referente à inclusão  educacional, tendo em vista conhecer determinados fenômenos que impossibilitam  o pleno desenvolvimento pedagógico e o fechamento da vida educacional desses  alunos com necessidades educacionais especiais.
   Diante disso,  sob configurações diversas, a exclusão vem mostrando particularidades coletivas  nos processos de marginalização e envolvimento, que presumem a seleção,  tornando natural o insucesso pedagógico. Assim, esse insucesso é nacionalizado  pelas práticas de segregação e integração pertinentes à exclusão (Dutra et al.,  2008).
   Não diferente  de muitos projetos, salienta-se a importância de se debater a relação da teoria  e a prática na atuação profissional, pois, apesar de ser um assunto bastante  discutido no decorrer do processo de formação, quando passa a atuar como profissional,  são poucas ou quase nenhuma as iniciativas que mostram que a prática está  respaldada em teorias, pois é explícito naquele meio sócio-ocupacional,  profissionais preocupados apenas em realizar aquilo que a instituição lhes  impõe, o que os limita e faz com que deixem de lado suas atribuições e até  mesmo seus projeto ético-políticos.
   Forti e Guerra  (2011: 19) compreendem que a teoria modifica as formas de pensamento, o modo de  enxergar o mundo, o entendimento e as perceptivas, fatores que integram o mundo  real; e sob outra ótica, a intervenção mostra-se como ligação imprescindível  para a modificação prática, “[...] Isso porque o conhecimento em nível teórico  não incide diretamente da realidade, no nível prático-empírico, e o mesmo se dá  também no âmbito profissional [...]”. Como a teoria abrange o entendimento da  condução da sociedade, das consequências da ação profissional e do sentido da  profissão, as referidas pensadoras advogam que é o saber teórico que  possibilita dar significado ao comportamento do ser humano. Com isso,  defende-se o que Fernandes (2016) propõe como uma Educação Permanente.
   Outro ponto que  se apresenta como um desafio e problema é a existência de um núcleo de  atendimento especializado e a ausência de profissionais (técnicos e professores)  atuantes no setor, ou seja, os trabalhos na instituição ocorrem de maneira  setorizada, fragmentada, surgindo assim uma nova questão, o trabalho  multiprofissional.
   O  multiprofissionalismo corresponde à reorganização de inúmeros processos, que  precisam tornar flexível a segmentação do trabalho; conservar a multiplicidade  técnica entre os profissionais qualificados; minimizar a falta de igualdade na  consideração dos diferentes trabalhos e respectivos executores, assim como nos  processos deliberativos e conhecer a interdependência dos conhecimentos para a  efetivação da mesma finalidade (Peduzzi, 2001).
   Sob o ponto de  vista histórico, a asserção da Educação Inclusiva provém da otimização da  educação especial brasileira e mundial, processo este que prossegue a partir da  compreensão da segregação no sistema de educação e que expressa diversos modos  de combate a ela, provindos as indagações referentes a esse sistema pelo  movimento da integração pedagógica, que atualmente se dissemina pela Educação  Inclusiva. Conforme esclarece Sekkel (2003: 113): 
O conhecimento científico no século XIX e na primeira metade do século XX contribuiu também para a segregação dos deficientes da vida social [...]. Assistimos, principalmente na primeira metade do século XX, à proliferação de instituições especializadas nos vários tipos de deficiências, ao mesmo tempo em que houve um aprofundamento do conhecimento específico ligado a cada uma delas. Por outro lado, essas instituições também cumpriram um importante papel de manter as pessoas deficientes apartadas da vida social, sem acesso aos bens culturais e aos direitos de cidadania.
Na segunda  metade do século XX, o referido sistema passa a ser interpelado, baseado  essencialmente no interesse de se evidenciar o debate sobre os valores do  sujeito, manifestados na Declaração  Universal dos Direitos Humanos (1948), e em suas repercussões futuras,  concretizados em inúmeros movimentos e asserções governamentais (Organização  das Nações Unidas, 1948).
   Compartilha-se  com os leitores deste estudo que, no período de pesquisa, muitas foram as  indagações que surgiram sobre a problemática trabalhada, pode-se dizer que  trata de um universo de questionamentos tornando-se um grande desafio para a  construção do trabalho no sentido de focar nos objetivos propostos. Acredita-se  que em vários momentos o leitor também levante suas questões e interesse pelo  tema e o reconhecimento da importância de seu debate.
   Pode-se pontuar  que o local onde ocorreu a pesquisa é uma instituição que almeja cumprir a Lei  nº 13.146/2015, que, teoricamente, afirma que a inclusão da pessoa com  deficiência é “[...] destinada a assegurar e a promover, em condições de  igualdade o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com  deficiência, visando a sua inclusão de cidadania.” (Brasil, 2015).
   O artigo 27, da  Lei nº 13.146/2015, menciona que:
[...] A educação constitui  direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em  todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o  máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas,  sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e  necessidades de aprendizagem.
   Parágrafo único. É dever  do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação  de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de  violência, negligência e discriminação. (Brasil, 2015).
Ao inserir pessoas com deficiência em seu corpo discente, a instituição lócus deste estudo encontra uma série de problemáticas já mencionadas. Para AS2, a ausência do intérprete de LIBRAS nas aulas presenciais revela a fragilidade na proposta de um sistema educacional inclusivo. Durante anos, ele foi ligado somente como processo de integração, distante de uma inclusão que proporcionasse uma formação de qualidade e equidade. Ele se fazia presente em sala de aula, mas não contava com a mediação de um profissional intérprete, revelando, dessa forma, mais uma violação do direito do estudante surdo, o qual passa a tomar para si o êxito na qualificação do processo de ensino-aprendizagem, mas que de acordo com o artigo 24, item 5, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009):
5. Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino superior em geral, treinamento profissional de acordo com sua vocação, educação para adultos e formação continuada, sem discriminação e em igualdade de condições. Para tanto, os Estados Partes assegurarão a provisão de adaptações razoáveis para pessoas com deficiência. (Brasil, 2009).
Discutir a  temática é deparar-se com uma série de questões que precisam ser colocadas em  evidência, haja vista que é perceptível a carência de trabalhos sobre a  educação do surdo, de maneira especial, dentro de um âmbito de educação  técnica. O que justifica um olhar direcionado à educação técnica é por ela ter  um arsenal de informações de natureza técnica e que são desconhecidas pela  comunidade surda dentro das suas significações, pois na LIBRAS não consta o  significado de palavras técnicas específicas.
   Parte-se do  princípio de que, se tratando de uma instituição pública de tecnologia, se tem  como pressuposto o desenvolvimento da tecnologia social, no sentido de fomentar  ações significativas para o reconhecimento e respeito às diferenças, bem como  possibilitar a emancipação cidadã.
   Fatos estes que  remetem a uma reflexão em torno da atuação do Assistente Social no contexto de  inclusão do aluno surdo na instituição técnica. Constata-se que esse  profissional deve viabilizar e promover iniciativas significativas para  fomentar o desenvolvimento dos talentos e habilidades físicas, sensoriais e  intelectuais que envolvam alunos surdos e ouvintes. Assim, fortalecer e  realizar na prática uma política que se encontra apenas “no papel” como uma lei  “perfeita” para os que tomam conhecimento dela, onde, na prática, seu caráter  utópico se revela pela drástica realidade de uma verdadeira inclusão  precarizada.
   O serviço  social não age isoladamente em relação aos demais profissionais, por se  encontrar inserido em uma ação coletiva de trabalho para responder às  necessidades colocadas pelo capitalismo e suas ramificações sociais. Com a nova  estrutura capitalista, despontam novos problemas para as inúmeras profissões, e  o serviço social necessita estabelecer relações com elas para responder às  demandas provenientes da nova circunstância e pensar e estabelecer  procedimentos estratégicos que possam combater a piora da questão social.
   Um ponto que  merece atenção fundamental nesta proposta é que a relação de poderes e saberes,  nesse sentido, refere-se à importância imprescindível de se trabalhar, no  âmbito educacional, a história da comunidade surda (sua língua, sua cultura e  seus movimentos de luta e resistência), por se apresentar pertinente para a  efetivação ou elaboração de políticas ou projetos que não fiquem apenas em  teoria, mas sim que sejam consolidadas de dentro para fora dos muros  institucionais.
   Daí a  importância de a equipe pedagógica em realizar entrevistas ou aplicar  questionários sociodemográficos aos alunos, pois não basta apenas conhecer o  aluno e sua realidade dentro da instituição para se pensar em propostas  interventivas, mas sim nas suas particularidades, o que o levou até àquele  espaço e de onde ele vem e em que condições. Só assim será possível elaborar  práticas pedagógicas inclusivas assaz.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de a  Educação Inclusiva ser um debate de grande relevância, ainda é pouco discutida  no ambiente acadêmico e de pouco interesse da sociedade. Ela deve ser encarada  não apenas como um objeto de estudo, mas como uma oportunidade de mudança à  realidade das pessoas com deficiências, e que necessitam de um olhar para além  da ajuda que muito foi mencionada durante a pesquisa dentro da instituição, de  um espaço que lhes seja adequado em todos os aspectos, para que de fato se  tenha uma educação na perspectiva inclusiva.
   A comunidade  surda necessita que suas limitações e sua cultura sejam respeitadas e os  espaços de ensino passem a reproduzir conhecimentos que norteiam a história da  surdez e reconhecer a importância desse debate para se efetivar uma Política de  Educação Inclusiva que satisfaça as necessidades de ensino-aprendizagem dos  alunos surdos, proporcionando-lhes uma formação de qualidade.
   O trabalho  multiprofissional pode ser considerado uma oportunidade de desenvolver  continuamente as habilidades humanas no que tange a pensar e transformar o  mundo a sua volta e os impasses que nele se encontram. Sob o panorama do saber  que respalda as ações dos profissionais do serviço social, beneficia a  vinculação do conhecimento de inúmeros campos com as suas competências e  desempenhos, de tal maneira a conceder mais significado à teoria, expandir o  entendimento dos impasses sociais e, como resultado, aprimorar a prática.
   Aponta-se como  um primeiro ponto pertinente a ser levado em consideração na prática do  profissional do serviço social, a fim de beneficiar a aluno surdo, uma vez que  a surdez se mostra com frequência no corpo discente da Instituição, promover  discussões em torno da Política de Educação Especial, na perspectiva da  Educação Inclusiva na Instituição para que se fomentem projetos integrais que  discutam a surdez e suas peculiaridades dentro daquele espaço de ensino  técnico, almejando mais interação e especialmente a comunicação entre aluno  surdo e aluno ouvinte e professores.
   Com efeito,  para se ter uma Educação Especial, é fundamental que aconteçam na instituição  de ensino profundas transformações em seus suportes físicos, material e  pessoal, em sua proposta pedagógica e no setor administrativo responsável pela  direção educacional. Dessa forma, é verossímil compreender que o modelo da  inclusão presume um espírito democrático, que leve em consideração o processo  de ensino-aprendizagem do aluno, bem como a motivação pela participação  coletiva, o que não ocorre no lócus de coleta de dados deste estudo.
   A constatação  de impasses na formação do professor e demais integrantes das equipes  educacionais, referente à Educação Inclusiva, precisa ser não uma alegação para  as derrotas, mas um elemento motivador para a elaboração de momentos de vida  favoráveis, nos quais a educação é de qualidade e autenticamente para todas as  pessoas, sem distinções.
   O artigo 59, inciso  III, Lei de Diretrizes e Bases da  Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996), sobre a obrigação dos sistemas de  ensino para garantir os direitos dos alunos com deficiência, estabelece: “[...]  professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para  atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados  para a integração desses educandos nas classes comuns;” (Brasil, 1996).
   Os educadores  capacitados precisam dispor de uma disciplina no começo de sua formação sobre a  Educação Especial e a Educação Inclusiva, bem como conseguir habilidades para  conhecer e compreender as necessidades pedagógicas singulares dos alunos e uma  prática educacional mais flexível a fim de considerar suas características. No  entanto, essas não são atividades triviais. Uma disciplina nas licenciaturas  que discuta assuntos referentes à Educação Especial e à Educação Inclusiva não  engloba toda a multiplicidade e o domínio dos assuntos abordados.
   Por fim,  necessita-se de mais participação do profissional Assistente Social perante a  luta à efetivação da política de Educação Especial, na perspectiva de Educação  Inclusiva, no sentido de tomar frente a ações que desenvolvam ou despertem  interesse de debate no âmbito de ensino, para beneficiar os alunos surdos com  uma formação profissional respaldada em capacitação de qualidade e com isso  proporcionar à pessoa com surdez seu preparo equânime para o exercício da  cidadania.
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