Revista: Caribeña de Ciencias Sociales
ISSN: 2254-7630


O QUE A ECONOMIA AINDA NÃO EXPLICA: entre escassez e abundância no futuro ou a grande dúvida do presente

Autores e infomación del artículo

Ramiro Ferreira De Freitas*

Universidade Regional do Cariri, Crato-CE, Brasil

ramiroferreira91@gmail.com


RESUMO:
O que será das somas financeiras e suas aplicações, acumuladas e arriscadas durante muitos anos de sociedade capitalista? Esta breve pesquisa tem por objetivo verificar como as múltiplas possibilidades e irregularidades no pensamento e na ação (seja ela, ou não racionalmente pautada) afetarão o desvelar do futuro na economia cuja subsistência é guiada por dois antagônicos “monstros”: a abundância e a escassez. Trata-se de estudo teórico, bibliográfico e qualitativo, voltado, sobretudo, às noções “otimistas” inauguradas por Diamandis e Kotler (2012). Suscitar-se-ão reflexões sobre o lugar humano na gestão de recursos limitados e sua virtual dificuldade em lidar com processos críticos (mormente perante globalização e rechaço dos intervencionismos estatais) recorrentes.

Palavras-chaves: Crise. Futuro Econômico. Escassez. Abundância

WHAT THE ECONOMY STILL DOES NOT EXPLAIN: between shortage and abundance in the future or the great doubt of the present

ABSTRACT:
What will be of the financial sums and their applications, accumulated and risked during many years of capitalist society? This brief research aims to verify how the multiple possibilities and irregularities in thought and action (whether or not rationally ruled) will affect the unveiling of the future in the economy whose livelihood is guided by two antagonistic "monsters": abundance and scarcity. It is a theoretical, bibliographical and qualitative study, focused, above all, on the "optimistic" notions inaugurated by Diamandis and Kotler (2012). There will be reflections on the human place in the management of limited resources and their virtual difficulty in dealing with recurring critical processes (especially in the face of globalization and rejection of state intervention).

Keywords: Crisis. Economic Future. Shortage. Abundance.

QUÉ LA ECONOMÍA NO EXPLICA: entre escasez y abundancia en el futuro o la gran duda del presente.

RESUMEN:
¿Qué será de las sumas financieras y sus aplicaciones, acumuladas y arriesgadas durante muchos años de sociedad capitalista? Esta breve investigación tiene por objetivo verificar cómo las múltiples posibilidades y irregularidades en el pensamiento y en la acción (sea ella, o no racionalmente pautada) afectarán el desvelar del futuro en la economía cuya subsistencia es guiada por dos antagónicos "monstruos": la abundancia y la escasez . Se trata de un estudio teórico (resumen ampliado que pretende tan sólo introducir el tema, que, en el momento oportuno, recibirá tratamiento ampliado), bibliográfico y cualitativo, orientado, sobre todo, a las nociones "optimistas" inauguradas por Diamandis y Kotler (2012). Se suscitarán reflexiones sobre el lugar humano en la gestión de recursos limitados y su virtual dificultad en lidiar con procesos críticos (moralmente ante globalización y rechazo de los intervencionistas estatales) recurrentes.

Palabras claves: Crisis. Futuro Económico. Escasez. Abundancia

Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Ramiro Ferreira De Freitas (2018): “O que a economia ainda não explica: entre escassez e abundância no futuro ou a grande dúvida do presente”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (octubre 2018). En línea:
https://www.eumed.net/rev/caribe/2018/10/escassez-abundancia-futuro.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/caribe1810escassez-abundancia-futuro


1. Introdução

O progresso tecnológico e científico alterou o modo como se entende o mundo e a vida nos diferentes aspectos de sua constituição e interpretação. Fatores econômicos não fogem à regra de medos e esperanças que rodeiam o imaginário coletivo. A investigação desses paradoxais encontros e separações (entre o vindouro sistema “dourado” no qual todos serão partícipes do bem-estar e a menção apocalíptica do “mundo em chamas”) é necessária e justa no sentido de enfrentar e superar o senso comum das crises – que registram, invariavelmente, um (ou alguns) culpado(s) bem definido(s). Os objetivos do presente resumo expandido são: 1) tratar, sem pormenorização, o otimismo futurista e suas implicações na seara reprodutiva do modelo econômico capitalista; 2) ressaltar que a teoria econômica simplesmente não pode oferecer respostas prontas a cada um dos problemas contemporâneos e 3) erigir abordagem integrada, com escorço inicial, para futuros aprofundamentos e discussões mais extensas em relação à matéria ora prefaciada.
Em primeiro lugar, vislumbra-se a turbulência do momento atual. Notícias diárias mostram o impacto dos acontecimentos sobre a tomada de decisões e, consequentemente, a realidade como todo indissociável. Em seguida, os reflexos deste trajeto “sinuoso” no porvir será alvo de hipóteses. Finalmente, o revigoramento dos parâmetros éticos na sociedade materialista aparecerá como opção aos momentos inseguros no conectado estado hodierno de ocorrências, tanto políticas, quanto financeiras à luz da limitação nos recursos e suas utilizações aceitáveis.

2. Revisão de literatura

Limitações, crescimento e escassez. Os termos acima ecoaram ao longo da História humana. Pensadores de vários ramos – filósofos, juristas, economistas, biólogos, etc – buscam, até esta data, explicar e vencer as barreiras que esgotam os recursos disponíveis e suplantam mitos arraigados, sobretudo atrelados ao Homem econômico (Homo economicus), espécie de protótipo racional performático de pessoa-investimento. O tipo ideal resta ameaçado por riscos incomensuráveis: superpovoamento da Terra, desequilíbrio ecológico, ambição e segregação nos interesses (BEHRENS III et al,, 1978)
Os desafios são catastróficos ou passageiros? Toda resposta é mais ou menos instável, principalmente nos países chamados “periféricos” (América Latina, à guisa exemplar) menos capazes de suprir, até mesmo as necessidades básicas populacionais (BECERRA, 2016). As pessoas consomem e, não obstante, sua viabilidade de manter eficiência no uso e gestão dos próprios bens dependerá, sem embargo, da ponderação que realizem (ou não) entre necessidades e oportunidades de acesso.
A pobreza do século XXI não é tão dramática e aterradora quanto a riqueza do século XIX, defendem os precursores do otimismo progressista (DIAMANDIS e KOTLER, 2012). A definição de abundância também não é facilmente conciliada, no entanto, com outros aspectos do sofrimento humano. Os rumos da sobrevivência (normatizada) celebram o emergente influxo de autocontrole invocado na inter-relação entre Direito (conjunto de regras e princípios, às vezes coercitivos, com vistas ao tratamento caso-a-caso dos embates entre teses e antíteses opostas) e ciências de cunho financeiro e social (Economia, Administração, Econometria) representativas quanto à valoração objetiva dos bens inerentes ao consumo ou postos no mercado globalizado. (GOMES, 2016)
Se mantidas as condições básicas de vida e satisfação pessoal, o contingente grupal (humanidade como um todo) em um nível bom para o maior número possível de indivíduos (ótimo condicioidnto eficiente), o estágio superior da pirâmide “hierárquica” vem a lume como dignidade. Quando forem bastantes os alimentos saudáveis, água potável, medicamentos e outras ferramentas primárias - bens da vida essenciais –, sobrará dinheiro para entretenimento, instrução formativa das gerações nascentes e, mais importante, garantia de efetivação com respeito a novas dimensões dos direitos fundamentais socializados e democráticos.
Ampliar os meios exploratórios é uma forma pela qual se torna evidente que, no mundo, o “lugar” das obras é, majoritariamente, uma situação próxima à escassez 1 As nações dependentes do comércio de bens sem grande apreciação monetário-financeira sofrem por não haver, com relativa facilidade, uma política pró-sobrevivência de suas comunidades.
Os tempos fluídos na mundialização – ruptura dos laços subjetivos objetivados pela comunidade imediata – implicados na brevidade das coisas materiais consumíveis é sintoma da hodierna falha estrutural em que habitam os agentes econômicos e, no romper da aurora, as sociedades complexas. É Zygmunt Bauman qiem sinaliza: “Como observou Ralph Waldo Emerson, quando se patina sobre gelo fino, a salvação está na rapidez. Quem quiser se salvar deve se locomover com a velocidade necessária para não correr o risco de forçar demais a resistência de um ponto qualquer.” (2010, p. 45) Os mais frágeis, que não se adaptam a essa ‘lei mercadológica do mais forte’ estão condenados à eterna marginalização periférica! Mas as condições difíceis não atingem somente o lado sul do globo, pois as regiões prósperas (Europa e Estados Unidos, sobretudo) também enfrentam uma gama de transtornos nos seus modelos organizacionais estatais e de iniciativa privada.
Nas teses marxistas, emancipação popular significaria superação das restrições impostas por elites centralizadoras aos instintos e necessidades comuns à inteira humanidade. Mas, os séculos posteriores à industrialização mecânica, com exploração trabalhista simplesmente voltada para a produtividade massiva, mostraram desgaste dos juízos quantitativos orientados sem maior conscientização dos riscos – era preciso reler o mundo e rever suas potenciais lacunas impeditivas do processo transgressor voltado ao êxito tecnológico das recém-descobertas criações que, por um lado, poupariam tempo e, por outro, vitimizariam sujeitos desprovidos da suficiente riqueza (ainda que simbólica) obrigatória para manutenção da estabilidade física. “Si, como señala el polaco Witold Kula, “tanto la historia de las técnicas como la historia de la cultura material dependen de la teoría económica” (citado en Sarmiento Ramírez), debemos pensar qué cambios produce la nueva economia en los procesos de producción, distribución y consumo y qué nuevas dinâmicas sociales articulan a estas transformaciones”. (BECERRA, 2016, p. 265)
Quais mudanças promover? Em muito dependerão as escolhas do jaez político e da reclamação no povo instigada, pois, como sói acontecer nos momentos de insatisfação substancial atribuída a medidas intransigentes e ajustes (elevação tributária, preços sobretaxados, etc) diretamente ligadas(os) ao bolso do cidadão, que é empobrecido sem gozar, quase sempre, das “abundantes” créditos.
Os órgãos do controle (no Brasil, o CADE –Conselho Administrativo de Defesa Econômica) têm papel relevante na edificação colaborativa de políticas públicas (embora seja outro seu típico atributo funcional) úteis à gestão dos recursos finitos e subvencionadas ao moral e virtuoso ciclo de produção-consumo-reaproveitamento do razoável. Sem menosprezar as diversidades, é o atual contexto propício ao justo dimensioidnto referente a necessidades coletivas e ‘suportabilidade’ ecossistêmica. Os excluídos devem ser incluídos, mas, os já inseridos na teia comprar-consumir-comprar mostrarão bom senso se, ao invés de multiplicarem o transbordante desequilíbrio, rearranjarem seus estilos de vida manufaturada. Pessoas físicas e jurídicas têm papel normatizador enquanto sujeitos dotados da capacidade para suprir carências ou aprofundar a deterioração crônica dos bens.

3. Metodologia

Trata-se de esboço com revisão literária, método exploratório dialético e estruturação qualitativa. Reforça pontos controvertidos, todavia sérios, no progresso desenvolvimentista pós-moderno, traçando paralelo com a corrente jurisfilosófica de Análise Econômica do Direito. Lançou-se mão de pesquisa bibliográfica, tentando obter resultados confiáveis, embora parciais e susceptíveis à evolução dos conceitos, disponibilidade de informações e perspectivas.

4. Resultados e Discussões

A humanidade estaria adentrando um período de transformação radical em que a tecnologia tem o potencial de elevar substancialmente e virtualmente os padrões de vida básicos de todos os homens, mulheres e crianças do planeta, transformando suas urgentes carências em superados recortes de lembranças. A versão do amanhã que se aproxima é personalizada, interativa e benévola, pois, naquela Era (a nossa), todos serão capazes de gerenciar e controlar seu destino, com abundantes ferramentasoferecidas ao aprendizado e à crítica do mundo em redor.
Vaticinam que dentro de uma geração, seremos aptos a fornecer bens e serviços, antes reservados para uma minoria rica, a toda e qualquer pessoa que precisar deles. Ou que os desejar. A abundância para todos está na verdade ao nosso alcance. (DIAMANDIS e KOTLER, 2012)  Afirmações similares não ostentam sequer uma prova cabal. A difusão de conexão sem fio de internet na África, ao mesmo tempo o avanço terapêutico na Ásia e no Leste europeu são símbolos da progressão mercadológica, não resumem sinais proféticos do “melhor” dos mundos. Contrariamente, é cada vez menos negável uma distopia no tecnicismo exagerado dos processos inseridos na maximização de vantagens. O suposto desenvolvimento é seguido, visceralmente, por um rastro obscuro à margem.
Operações públicas e privadas de negócios espúrios causam lesões e maus-tratos ao povo vulnerável (consumidores de segunda categoria) e à biosfera na qual estão inseridos seres humanos – ricos e pobres – sob suspensão existencial. “La catástrofe viene ahora de los excesos mercantiles” encadeados na metódica lógica popular do ‘somos o que compramos’ “y los espacios resultantes evidencian de inmediato esta filiación: la escasez, el hambre, el despojamiento, el desmembramiento de lugares comunitarios y la pérdida de funcionalidad de los objetos anuncian o constatan la desaparición de cualquier rastro de civilización”. (BECERRA, 2016, p. 269)
O granjeamento internacional de legislações (no Brasil, a Lei instituidora do Cade é modelo quase perfeito) e mecanismos protetivos da concorrência e do meio exterior (criminalização das infrações ambientais) é bifurcada senda na qual ingressaram os especialistas por obrigação e intenção salvífica. A crise se mostra travestida de tensões que, num só instante, deploram e exploram os confins da criatividade e da intranquilidade extraconvencionais.

5. Conclusões

Considerar os meios para localização de saídas para os dilemas já referidos seria objeto demasiadamente extenso, que nesta sede não cabe.
Diante das razões supra, pode-se inferir o seguinte: (I) O desenvolvimento da técnica não deve perpassar somente um campo do conhecimento (in casu, o econômico), sob pena de tornar-se dogmático e autoritário. O caráter trans (e inter)disciplinar fático transcende quaisquer redundâncias e rigores encerrados na previsibilidade, ou melhor, aleatoriedade futura; (II) A promessa de uma “Idade de Ouro” não deve reduzir os esforços em favor da melhoria global no sentido de fazer cada um sua parte no sensibilizar e aprimorar da civilização; (III) A liquidez do meio comunitário e o sistêmico parasitismo (BAUMAN, 2010) dos vetustos cânones neoliberais não satisfazem as reais exigências, nem suprem deficiências gerais dos grupos humanos e (IV) Um inovador projeto, sufragado na cooperatividade altruísta e na criatividade, é alternativa à crise endógena e crônica que, no tempo corrente, alastra temor e desesperança.

6. Referências
BAUMAN, Zygmunt. Capitalismo parasitário e outros temas contemporâneos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2010.

BECERRA, Eduardo. De la abundancia a la escasez: distopias latinoamericanas del siglo XXI. In: Cuadernos de literatura, vol. XX, n. 40, pp. 262-275, Bogotá: Pontificia Universidad Javeriana, julio-diciembre/2016.

BEHRENS III, William W. et al. Limites do crescimento: um relatório para o projeto do clube de Roma sobre o dilema da humanidade. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1978.

DIAMANDIS, Peter H.; KOTLER, Steven. Abundância: o future é melhor do que você imagina. São Paulo: HSM Editora, 2012.

GOMES, Camila Paula de Barros. Interligando direito e economia. In: Revista júris unitoledo, vol. 1, n. 01, pp. 21-37, outubro/dezembro 2016.

*Mestrando em Educação, especialista em Direito das Famílias e pós-graduando em Direito Constitucional pela URCA (Universidade Regional do Cariri, Crato-CE, Brasil), bacharel em Direito pela mesma instituição.. Advogado (Ordem dos Advogados do Brasil, subseção Ceará, nº de registro: 38.063). E-Mail: ramiroferreira91@gmail.com
1 A melhor forma de exemplificar isso é com a comida. Um estudo publicado recentemente pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura, e Alimentação, na sigla em inglês) informou que a produção global de alimentos é suficiente para suprir a demanda de 7,3  bilhões de moradores do planeta Terra. Apesar disso, as desigualdades na distribuição de renda, bem como os tipos de produtos mais “rentáveis”, pois são os voltados à exportação, convertem a fome em problema sistêmico, internacional.

Recibido: 19/08/2018 Aceptado: 04/10/2018 Publicado: Octubre de 2018


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