Luciano Laurindo dos Santos*
Mauro José Ferreira Cury**
Ágna Maria de Souza Coelho***
Adnilson de Almeida Silva****
Universidade Federal de Rondônia-UNIR, Brasil
luciano_to@hotmail.com
Este artigo tem como objetivo analisar a percepção dos jovens quilombolas da comunidade Ilha São Vicente, município de Araguatins, extremo norte do estado de Tocantins, a respeito da escola, como esses atores sociais a enxergam, quais os sentimentos, medos, angustia e perspectivas que estes têm em relação à mesma. A metodologia utilizada é de cunho qualitativo, o método é o estudo de caso, com aporte de entrevistas semiestruturadas. Os resultados da pesquisa indicam que os jovens entrevistados se identificam como quilombolas, e apesar de todas as dificuldades relatadas no decorrer da pesquisa sentem orgulho de morar no quilombo. Os jovens acreditam que a educação é um importante instrumento para melhoria da qualidade de vida na sua comunidade, no entanto, sinalizam que a escola que frequentam está distante dos seus anseios, visto que se sentem inviabilizados, questionam que os conteúdos estão desconexos com sua história e sua realidade diária e, principalmente, se sentem desrespeitados por terem que se adequar as regras e normas desta, que explicitamente diverge do que estabelece a Lei nº 9.394 de 1996, denominada de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Lei nº 10.639 de 2003 que inclui obrigatoriamente no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira",
Palavras – chaves: Juventude, Quilombolas, Escola.
Resumen
ESCUELA,  JUVENTUD Y QUILOMBO: UN ESTUDIO DE CASO EN LA ISLA SAN VICENTE EN  ARAGUATINS-TOCANTINS-BRASIL 
  
  Este artículo tiene como objetivo  analizar la percepción de los jóvenes quilombolas de la comunidad Ilha São  Vicente, municipio de Araguatins, extremo norte del estado de Tocantins, al  respecto a la escuela, como esos actores sociales la ve, cuáles son los  sentimientos, miedos, angustia y perspectivas que tienen en relación a si mismo.  La metodología utilizada es de cuño cualitativo, el método es el estudio de  caso, con aporte de entrevistas semi estructuradas. Los resultados de la  investigación indican que los jóvenes entrevistados se identifican como  quilombolas, aunque con todas las dificultades relatadas en el curso de la  investigación se sienten orgullosos de vivir en el quilombo. Los jóvenes creen  que la educación es un importante instrumento para mejorar la calidad de vida  en su comunidad, sin embargo, señalan que la escuela que frecuentan está lejos  de sus anhelos, ya que se sienten inviabilizados, cuestionan que los contenidos  están desconexos con su historia y su cotidiano y, sobre todo, se sienten  desatendidos por tener que adecuarse a las reglas y normas de ésta, que  explícitamente divergen de lo que establece la Ley nº 9.394 de 1996, denominada  Ley de Directrices y Bases de la Educación Nacional y la Ley nº 10.639 de 2003  que incluye obligatoriamente en el currículo oficial de la Red de Enseñanza la  obligatoriedad de la temática "Historia y Cultura Afro-Brasileña".
Palabras claves: Juventud, Quilombolas, Escuela.
SCHOOL, YOUTH AND QUILOMBO: A CASE STUDY IN THE SÃO VICENTE ISLAND IN ARAGUATINS-TOCANTINS-BRAZIL
This article aims to analyze the perception of two young people from the community of Ilha de São Vicente, municipality of Araguatins, in the extreme north of the state of Tocantins, in respect of the school, as esses atores sociais a enxergam, quais os sentiments, medos, angustia and perspectives what is têm em relação à mesma. The methodology used is qualitative, or the case study method, with the contribution of semi-structured interviews. The research results indicate that the interviewed young people identified themselves as quilombolas, and in spite of all the difficulties reported, they did not deserve to give research, they were proud of dwelling, not quilombo. The youngsters credit that education is an important instrument for improving the quality of life in your community, not inadvertently, that you choose two frequencies that are often distant, given that they are unfeasible, question that you are disconnected with your history. and its daily realization, and principally, will be disrespected because it will adapt the rules and regulations, which explicitly diverges from Law No. 9,394 of 1996, known as Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional and Law No. 10,639 of 2003 that included, without exception, the official curriculum of the Rede de Ensino for the thematic "History and Afro-Brazilian Culture",
Key - words: Youth, quilombolas, school.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato: 
Luciano Laurindo dos Santos, Mauro José Ferreira Cury, Ágna Maria de Souza Coelho y Adnilson de Almeida Silva (2018): “Escola, juventude e quilombo: um estudo de caso na ilha São Vicente em Araguatins-Tocantins-Brasil”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (agosto 2018). En línea:
 https://www.eumed.net/rev/caribe/2018/08/escola-juventude-quilombo.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/caribe1808escola-juventude-quilombo
A escola como  instituição de ensino, tem como finalidade promover e assegurar o ensino de  qualidade a todos os estudantes, de modo que prime em sua prática pedagogia  pelos valores éticos, bem como respeitar as diversidades culturais e fazer com que  os envolvidos no processo ensino-aprendizagem sintam-se protagonistas nesta  construção do conhecimento.
   Atualmente no espaço  escolar têm-se encontrado muitos desafios criados pela cultura homogênea,  pessoas padronizadas que devem ter sempre o mesmo comportamento e ritmo de  aprendizagem. Com os avanços na legislação brasileira a respeito da inclusão e  diversidade cultura que ocorrem nesse espaço, percebe-se a necessidade da  ruptura do modelo padrão, para compreensão da heterogeneidade do público  estudantil tão presente nas escolas brasileiras, porém, invisíveis até a  homologação da lei 10.639/03, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para  Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura  Afro-Brasileira, o que tornou-se obrigatória em todas as instituições de ensino  público e privado do ensino básico ao superior.
   Esta pesquisa teve como  fonte os jovens alunos (a) do Quilombo da Comunidade Ilha de São Vicente, na  cidade de Araguatins-TO. Na perspectiva de identificar, ou melhor, de se conhecer  como era a percepção dos estudantes quilombolas no que se refere à escola; como  os mesmos sentem dentro do espaço escolar num universo com tanta diversidade  cultural, se eles conseguem ser protagonistas na construção do conhecimento, e  se nos eventos relacionados ao Dia da Consciência Negra se são ou se sentem  inseridos nessa programação ou são apenas mais um jovem no “meio da multidão”,  que apenas assistem falarem de sua cultura.
   As reflexões são norteadas  pela apresentação da Comunidade da Ilha de São Vicente, a qual mostra o  contexto histórico de como esses povos chegaram a Araguatins. A educação  quilombola evidenciada à luz do que diz à legislação sobre a obrigatoriedade de  inserir o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira na Educação Básica e  Superior. O desafio da escola de tornar-se uma instituição que nas suas ações  cotidianas seja realmente inclusiva, compreende o conceito de juventude como balizadoras  para organizar o ensino de forma sistematizada, a qual insere-se no processo de  aquisição do conhecimento.
   Uma abordagem do que é  ser jovem quilombola dentro do contexto escolar, os desafios superados  diariamente para chegar a esse espaço, sua percepção de tudo que é apresentado no  interior de sua estrutura, bem como na verificação de práticas de atividades  educacionais realizadas que permitem, aos alunos, ampliarem seus horizontes exteridnte  à ilha, que é o ambiente onde vivem.
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
É uma pesquisa de base  qualitativa de acordo com o que aponta Creswell (2007), tendo como metodologia  o estudo de caso, o qual foi à proposta metodológica empregada para a  realização desta pesquisa. Segundo Yin (2001) trata-se de uma maneira no fazer  científico, onde há uma investigação de fatos na conjuntura do seu contexto,  onde, às vezes, não estão estabelecidas as fronteiras do fato ou fenômeno e o  contexto.
   No que concerne a tipo  de entrevista, usou-se a entrevista não estruturada, juntamente com a técnica  de observação, seguindo o que indica Richardson (1989).
   Seguiu-se a estrutura proposta  por Gil (1995) para a realização do estudo de caso, iniciando com a demarcação  ou delimitação do fenômeno ou caso; em seguida a coleta de dados; triagem,  apreciação e interpretação dos dados e elaboração do relatório final.
   Nessa proposta de  estudo, o caso estudado foi à percepção dos jovens quilombolas a respeito da educação  escolar estadual, ofertada pela Secretaria Estadual de Educação do Estado de  Tocantins, no município de Araguatins. Os atores sociais envolvidos nesse caso e  entrevistados são: os jovens quilombolas estudantes e moradores da Ilha São  Vicente.
Esta é uma das quatro comunidades quilombolas reconhecidas recentemente pela Fundação Palmares 1 no extremo norte do estado de Tocantins, sendo reconhecida por esta instituição no ano de 2010. Está localizada no extremo norte do Estado de Tocantins, conforme a Figura 1.
Esta comunidade é um  dos tantos grupos de remanescentes de quilombos existentes por todo o  território brasileiro; no caso in situ localiza-se no Rio Araguaia, na divisa entre os estados do Pará e Tocantins. Os  patriarcas da Comunidade vieram de Carolina – Maranhão - como pagamento de uma  dívida para Vicente Bernardino Gomes, em 1869, e compunha-se de oito escravos,  dois casais e quatro crianças. (Duarte, 1970). Com a abolição da escravidão em  1888, os ex-escravos ocuparam a Ilha de Vicente e constituíram as famílias  Barros e Noronha que deram origem à comunidade remanescente quilombola - CRQ. Atualmente,  os descendentes ocupam uma área de 31 hectares na ilha, o restante é controlado  por fazendeiros, que se dedicam exclusivamente para a pecuária bovina.
   O território da  Comunidade Remanescente do Quilombo da Ilha de São Vicente - CRQISV, localizado  no município de Araguatins-TO, foi delimitado com a publicação de relatório  técnico, que definiu uma área de 2.502 hectares para as 48 famílias  descendentes do antigo quilombo.
   Atualmente existem  aproximadamente dez famílias que moram na comunidade, porém não contam com  infraestrutura básica como água tratada, escola, energia, posto de saúde e  saneamento básico. As famílias vivem do trabalho agrícola e da criação de  pequenos animais, ou seja; subsistência. É interessante ressaltar que, mesmo  com todas essas dificuldades as alunas sentem orgulho de serem quilombolas e  morarem no seu território. Ao se ausentarem do seu território afirmam sentirem  falta do rio, do silêncio da roça, da tranquilidade da comunidade. É  perceptível o sentimento de pertencimento ao lugar.
   A história da CRQISV é  um misto de lutas envoltas de processos discriminatórios, ausência de Estado,  conflito pela posse de terra, o que culminou no ano de 2010 com uma ação de  despejo da Comunidade, através de um fazendeiro do município de Araguatins que  abriu um processo com a alegação de invasão de propriedade e assim, conseguiu  seu intento em expulsar judicialmente os moradores. 
   No dia seguinte após o  despejo, o fazendeiro mandou incendiar as casas, levou os animais de seu  interesse, cortou e queimou as plantações. Todos da comunidade, nesse período,  pensavam que haviam perdido o território para sempre. No entanto, os fatos  chegaram ao conhecimento público, moradores de famílias tradicionais da cidade de  Araguatins-TO, colocaram-se do lado dos moradores expulsos da Ilha de São  Vicente e iniciou-se um processo de tentativa de reverter a situação e assim  garantir a posse da ilha pelos quilombolas, caso que ainda tramita na justiça.
   Com o apoio de  pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins - UFT, a família Barros  conversou com os mais velhos da comunidade e com as narrativas reconheceu-se  que a origem quilombola apenas não seria suficiente para a intervenção  jurídica. Uma moradora de Araguatins, conhecedora da história do município,  encontrou em seus guardados um livro que contava como ocorrerá a criação da  municipalidade; um dos capítulos relatava a história da família Barros, então a  obra foi colocada nos autos processuais e serviu como prova documental para a  reintegração de posse e para o processo de reconhecimento como CRQ junto à  Fundação Cultural Palmares que aconteceu no mesmo ano de 2010.
   No ano de 2011 o  Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária –INCRA - iniciou o processo  de titulação das terras às famílias da área. Após o retorno à ilha as famílias  unificaram-se em torno do resgate cultural, histórico e na luta pelo  território, e como resultado criaram uma associação logo após o reconhecimento  da Comunidade, como pessoas quilombolas. 
   A comunidade está atualmente  sobrevivendo em uma área hoje, após o retorno ao território, numa pequena  porção da ilha, o que corresponde a 32,574 hectares, e a maneira que a comunidade  encontrou para territorializar toda esta área foi dividi-la em lotes, com  medidas de 50 metros de frente por 150 metros de fundo, num total de 36 lotes,  distribuídos entre os membros da comunidade.
   Os  estudantes da comunidade, crianças e jovens, frequentam escolas na cidade de  Araguatins, visto que até o momento não há nenhum infraestrutura pública na  ilha, como escolas, postos de saúde, etc. O transporte escolar é feito é um  barco cedido pelo governo federal, programa2  caminhos da escola.  
   Atualmente  os desafios para envolver os jovens no movimento quilombola são parte da luta,  a qual consiste em convencê-los a se reconhecerem como remanescentes, assim  como em tentativas de uni-los à ancestralidade. Ocorrem ainda suas limitações  para o resgate histórico, pois durante anos  ficaram em silêncio sobre sua origem e têm-se a dificuldade em poder reconstruir  o mosaico dos fatos que ficaram adormecidos em seus corações pelo preconceito e  pelo medo das ameaças dos invasores, em virtude do ocorrido e vivenciado ao longo  de muitas décadas e de várias gerações. 
A escola é uma  instituição provedora de conhecimentos. A educação que acontece dentro do  espaço escolar possibilita grandes transformações na estrutura econômica, social  e política da sociedade. Este é um dos principais motivos que a mantem associada  às necessidades das elites nacionais, estaduais e regionais detentoras do  poder, que veem a educação como objeto de controle social. 
   Esse cenário  controlador, excludente, é palco de grandes batalhas, resistências e  persistência. O Movimento Negro Brasileiro – MNB3  é um exemplo de luta por uma educação democrática de qualidade que inclua a  diversidade no currículo escolar. De acordo com Gadotti (1997, p.20), “O papel  da escola consiste em colocar o conhecimento nas mãos dos excluídos de forma  crítica, porque, a pobreza política produz pobreza econômica”. 
   Como conquista desse  processo de luta citamos a Lei nº 10.639/2003 que altera a Lei nº 9.394/1996  Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB-, a qual estabelece as  diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da  Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática ‘História e Cultura Afro-Brasileira.  Tais providências estão mencionadas nos seguintes artigos da Constituição  Federal de 1988, no Art. 26 e 79: 
  “Nos estabelecimentos  de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o  ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. § 1o O  conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e  dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o  negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo  negro nas áreas social, econômica e políticas pertinentes à História do Brasil.  § 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura  Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em  especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileira.  Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de  novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’."
   Essa obrigatoriedade pressionou  as instituições de ensino incluir essa temática no currículo escolar, de  maneira que atribuiu um dia específico para culminância de projeto relacionado  ao tema. Destarte, toda a escola e comunidade estariam sensibilizadas no  sentido de valorizar a história e trajetória do negro, escravo, quilombola do  contexto nacional, estadual e regional. 
   Logo após a promulgação  da Lei nº 10.639/2003, foi instituída as Diretrizes Curriculares Nacionais para  a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura  Afro-Brasileira e Africana, no ano de 2004. A respeito desse processo Gomes  (2008) ressalta que a lei e as diretrizes são mais do que um ganho pedagógico.  Elas são resultantes da luta política em prol de uma escola e de um currículo  que insiram a diversidade.
   A partir dessa  legislação as escolas públicas e particulares passam a ter um documento para  nortear suas práticas pedagógicas sob uma perspectiva da diversidade. A Lei  10.639/2003 é mais que uma iniciativa do Estado, é uma vitória das lutas  históricas empreendidas pelo MNB em prol da educação, conforme afirma Gomes  (2008) que considera ainda que muitos nem procuram compreender o contexto o  surgimento dessa nova lei e já a criticam, chamam de autoritarismo do Estado e,  outros, de racismo às avessas.  
   Em contrapartida o  Estado através do Despacho do Presidente da  Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação altera a Lei 10.639/2003  e com fundamento no Parecer CNE/CEB nº16/2012, homologado por despacho do  Ministro da Educação, publicado no DOU de 20.11, na secção 1, evidencia a  participação dos quilombolas na política, no campo jurídico, e sua contribuição  para uma mudança de postura social
   [...] os quilombolas, por meio de suas  ações e atuação política, têm contribuído no processo de mudança no próprio  campo jurídico, na aplicação e interpretação das leis, pressionando o Estado e  o próprio Direito a realizar a devida relação entre os princípios da igualdade  e da pluralidade [...] (PARECER 16/2012, p.01).
   Nota-se uma mudança de  postura positiva por parte dos negros/quilombolas em relação seu posicioidnto  na sociedade. Percebe que eles a partir dessa legislação estão cada vez mais participativos  no intuito de diminuir as desigualdades sociais e a ausência do Estado na  história do seu povo. 
   Na perspectiva por nós  analisada a relação entre o Centro de Ensino Médio Prof.ª Antonina Milhomem,  situado em Araguatins para com os seus alunos/jovens quilombolas da Ilha São  Vicente se consubstancia como um dos espaços de sociabilidade e receptora da  diversidade a qual desenvolve um papel fundamental na formação dos jovens.
   Uma instituição com  responsabilidade social em atender as juventudes em sua diversidade, a qual  cumpre o determinado pela Lei nº 10.639/2003 em sua aplicabilidade do currículo  e na realização de projetos pedagógicos com ações de inclusão da juventude  quilombola, bem como a missão de promover uma educação de qualidade, inclusiva,  capaz de dialogar com a diversidade e a manutenção ao respeito às diferenças,  nesse caso específico, a juventude quilombola da Ilha São Vicente, parece ser o  mais adequado para a obtenção da cidadania. 
   Neste sentido, percebe  que a educação é uma ferramenta de transformação social. A sociabilidade, a  convivência com a diversidade faz da escola um ambiente de grandes  transformações e reflexões, visto que é no espaço educativo com  responsabilidade interdisciplinar que se desenvolvem projetos que proporcionam  os discentes a terem o autoconhecimento, a conhecer o seu próximo e a respeitar  as diferenças vivenciadas na escola na comunidade na qual estejam inseridas (os).  Em tal direção, Gomes (2008, p. 83), é enfático ao afirmar que:
   [...] A educação para as relações  étnico-raciais que cumpre o seu papel é aquela em que as crianças, os  adolescentes, os jovens e os adultos negros e brancos, ao passarem pela escola  básica, questionam a si mesmo nos seus próprios preconceitos, tornem-se dispostos  a mudar posturas e práticas discriminatórias, reconheçam a beleza e a riqueza  das diferenças e compreendam como essas foram transformadas em desigualdades  nas relações de poder e de dominação [...]
   Neste cenário, notam-se  mudanças e esforço para atender a diversidade nas unidades escolares inclusão da temática nos projetos, eventos,  reuniões, palestras que visam cumprir o que determina a citada Lei e manter um  diálogo permanente entre essas juventudes presentes nas escolas. Para melhor  compreensão trouxemos dois exemplos, o primeiro se refere à aplicabilidade do  Art. 79-B que estabelece a inclusão do dia 20 de novembro como “Dia Nacional da  Consciência Negra” no calendário escolar, cuja importância é assim destacada: “é muito bom..., eu me sinto muito feliz não  só porque eu sou quilombola mais sim porque esse é um dos dias mais elegantes  das mulheres, por que elas demonstram o que elas são de verdade.” E, o que  essas mulheres são de verdade? Lindas, fortes e perseverantes.” (CAROLENE, entrevista  em 20.01.2018).
   Para complementar essa  temática, o Centro de Ensino Médio Profª Antonina Milhomem promove aula de  campo com visita à CRQISV. Esta ação reforça a identidade das alunas  quilombolas ao apresentar seu território, a história da sua comunidade,  conforme demostrado por duas alunas: 
  “Aqui,  nesse espaço elas são protagonistas [...] relata “muitas vezes os professores  procura nós para representar algum evento na escola ou então, vão na comunidade  entrevista nós e conhecer a comunidade”. (EDVÂNIA, entrevista em 20.01.2018).
  “... é  um dever nosso, e nós temos que mostrar o que somos e quem somos e isso é muito  importante para nós e isso nos significa muita coisa”. (CAROLENE, entrevista  em 20.01.2018).
   O outro exemplo de inclusão  do quilombo da Ilha São Vicente encontra-se no Projeto Minha Cidade, Meu Lugar,  desenvolvido na educação básica na cidade de Araguatins. Foi a primeira vez que  o quilombo teve representatividade como parte da História de Araguatins no  ambiente escolar, uma vez que reconhece e expõe aos alunos sua importância da/na  História local. Impossível falar de falar desse processo de formação da cidade  e do município sem mencionar o legado dos escravos que ali viveram e deixaram suas  marcas sociais, espirituais e culturais que merecem todo o respeito e  reconhecimento. Nesse projeto a participação da líder do quilombo da Ilha de  São Vicente, Fátima Barros constituiu-se como elemento que contribui  significativamente para o processo educacional e a trajetória dos estudantes,  uma vez que simboliza as lutas desenvolvidas pelos antepassados e atuais  moradores do CRQISV.
   No entanto, apesar dos  avanços mencionados acima, nota-se ainda pouca participação da juventude  quilombola nesse processo de sociabilidade que a escola proporciona. Percebe-se  que no cotidiano escolar encontra-se um grande desafio frente à essa  diversidade cultural, mas é um começo de um processo que ficou por muito tempo  silenciado e que acreditamos que tomará forma e terá grande relevância na vida  dos estudantes e dos moradores. Os jovens quilombolas da Ilha São Vicente  continuam na invisibilidade, falam-se deles, mas eles pouco participam do  processo de construção da própria temática, que precisa ser superado através de  ações pedagógicas que realmente assegure a participação desses jovens.
   Um dos fatores que  poderiam mudar o rumo dessa história é uma das lutas da CRQISV há anos, uma  escola no próprio território quilombola. Ao questionarmos os sentimentos e  dificuldades em relação aos desafios de deslocamento para escola, a jovem Carolene  em entrevista em 20.01.2018, aponta para a “falta  de energia, água, hora de almoço, que você não almoça direito, ser retirada do  nosso próprio território”. 
   Fica evidente na  oralidade acima o quanto o deslocamento para a cidade via barco, em horário  considerado ruim pelos jovens afeta até a saúde devido saírem antes do almoço. Assim,  comprova-se a falta de uma organização escolar no que tange a inclusão desses  alunos nas escolas públicas na cidade de Araguatins. Sob tais condições são  eles que tem que se adequarem as regras, horários e normas da escola. 
Atualmente vivenciamos um  conflito entre as juventudes e a escola. A escola se tornou desinteressante aos  olhos dos jovens, e os profissionais da educação não conseguem se relacionar  com esse novo público presente no espaço escolar. 
   Em conformidade com  Dayrell (2007, p.2) “parece que assistimos uma crise da escola na sua relação  com a juventude, com professores e jovens se perguntando a que ela se propõe”.  Ainda o autor afirma que é a escola que tem de ser repensada para responder aos  desafios que a juventude nos coloca.
   É nesse caminho de  aproximação ao universo juvenil que muitos pesquisadores, profissionais da  educação se focam na busca de conhecer para manter uma relação harmoniosa com  esse público para compreender seus anseios, medos e angústias para repensar uma  proposta curricular que represente algo inerente a seus universos relacionais e  de perspectivas sobre a realidade posta. 
   Compreende-se  pelos estudos realizados por Dayrell, (2007) que o espaço escolar tem servido  também para a manifestação e expressão de diferentes estilos e identidades, logo,  trata-se de um espaço aberto a uma vida não-escolar. É importante reconhecer  que a escola é um espaço de intensa interação dos sujeitos que a frequentam, e  nesse processo, também é possível elaborar e adquirir novos conhecimentos.  Com base nessa sociabilidade que muitas vezes  a escola e seu espaço físico são apropriados e reelaborados pelos jovens alunos,  o que passa a ter novos sentidos e novos significados como parte do processo de  ensino e aprendizagem. 
   O  jovem vivencia uma inquietude na forma como se constrói como aluno, nesse  processo se revelam fatores externos e internos à escola. No cotidiano escolar,  essa apreensão se manifesta na sua ambiguidade, isto é, de ser jovem e aluno ao  mesmo tempo, ciente que novas responsabilidades e desafios o esperam frente a  múltiplas realidades, todavia, esses aspectos não são suficientes para  compreender a relação estabelecida, não é tarefa fácil, o que consiste para  Dayrell (2007, p.1106):
   [...]  o problema não se reduz nem apenas aos jovens, nem apenas à escola, como as  análises lineares tendem a conceber. Tenho como hipótese que as tensões e os  desafios existentes na relação atual da juventude com a escola são expressões  de mutações profundas que vêm ocorrendo na sociedade ocidental, que afetam  diretamente as instituições e os processos de socialização das novas gerações,  interferindo na produção social dos indivíduos, nos seus tempos e espaços.
   A  partir de pesquisas com os estudantes, autores como Leão, Dayrell e Reis (2011)  buscaram compreender como se dá essa relação entre o jovem e a escola, como  resultado, obteve-se que a principal contrariedade para se frequentar a escola  corresponde à infraestrutura, aos materiais de ensino e ao trabalho dos  professores.
   A  socialização desempenhada também pela escola, mas não só por ela, permite que  os jovens constituam grupos dentro da instituição escolar em que a turma de  amigos é uma referência na trajetória da juventude: é com quem se divertem,  "trocam ideias", buscam formas de se afirmar diante do mundo adulto.  (LEÃO; DAYRELL e REIS, 2011, p. 6).
   Em  sentido análogo ao descrito pelos autores, encontramos em Arroyo (2013, p.86)  que “em muitos casos, a instituição escolar ainda considera o aluno enquanto  “produto” pensado a partir de padrões que não consideram como referentes os outros povos, etnias, raças, territórios, gêneros, trabalhadores”. Desta  constatação entendemos que não é mais possível pensar uma escola que atenda aos  sujeitos em sua integridade sem reconhecer quem são esses sujeitos e, também,  tê-los como modelos e padrões idealizados contraditoriamente aos sujeitos  concretos que têm frequentado a escola de Ensino Médio4. 
   É preciso compreender e  reconhecer que as juventudes estão presentes no ambiente escolar, entendê-los é  pensar que as atividades pedagógicas desenvolvidas devem considerar que os  estudantes são a parte essencial nesse processo, suas motivações no  desenvolvimento do ensino e aprendizagem considerado ainda o fator idade que  define o ano/serie a serem cursados em cada etapa da vida, conforme afirma Melucci  (1997, p. 13):
   A juventude deve ser analisada como uma  das atuais tendências emergentes, assim sendo a “juventude deixa de ser uma  condição biológica e se torna uma definição simbólica. As pessoas não são  jovens apenas pela idade, mas porque assumem culturalmente a característica  juvenil através da mudança e da transitoriedade.
   A partir destes  conceitos de juventude, a escola precisará assegurar não somente a inclusão, mas  também a permanência dessas juventudes, as quais integram uma grande  diversidade cultural, social, econômica e política. Somente através do acesso  ao conhecimento sistematizado irão adquirir embasamentos teóricos, os quais permitiram  reconhecer-se como sujeitos de direitos e deveres, na construção de uma  verdadeira cidadania, o que implicará que verdadeiramente as diferenças sejam  respeitadas independente do contexto histórico em que cada aluno esteja inserido  e em qual meio vive. 
   Em suma, o Ensino  Médio, enquanto última etapa da educação básica determinada pela Lei 9394/96  apresenta desafios relacionados aos seus objetivos e características que  dificultam a definição de uma identidade própria para essa etapa de ensino. Constata-se  desse modo, a duplicidade nas perspectivas de ensino, ou seja, de um lado, a  preparação para o mercado de trabalho e, de outro, a preparação dos jovens para  o ingresso no ensino superior.
   Uma  das particularidades específica desta etapa da educação básica é sua  diversidade, pois atende estudantes de diversas origens sociais, etnias, grupos  etários, de gênero, sexualidade, religiosidade, territorialidade, remanescentes  de quilombolas, dentre outros e encontra-se respaldadas nos Parâmetros  Curriculares Nacionais: 
   A  escola, ao considerar a diversidade, tem como valor máximo o respeito às  diferenças_ não o elogio à desigualdade. As diferenças não são obstáculos para  o cumprimento da ação educativa; podem e devem, portanto, ser fator de  enriquecimento (PCNs: Introdução: 1997, p.27).
   Portanto,  cabe também ao professor, envolto de um sentimento de pertença em relação à sua  história, entender os seus alunos e ajudá-los, tratá-los a todos de acordo com  as suas diferenças, assim como trabalhar e respeitar dessa forma a  heterogeneidade entre os discentes.
   Os  diferentes sujeitos envolvidos no processo educativo tendem a apontar tais  culpados, mas sem se reconhecerem participantes: de um lado a escola, que só  percebe os jovens pelo suposto desânimo em relação ao processo formativo; de  outro, as juventudes que não conseguem estabelecer relação entre seus  interesses e perspectivas com aquilo que lhes é oferecido pela instituição  escolar. Isso tem causado negligência e tornado a educação como algo obrigatório  apenas pela busca de autenticação documental.
   Se  há um caráter universal dado pelas transformações do indivíduo numa determinada  faixa etária, nas quais completa o seu desenvolvimento físico e enfrenta  mudanças psicológicas, é muito variado à forma como cada sociedade, em um tempo  histórico determinado, e, no seu interior, cada grupo social vai lidar com esse  momento e representá-lo (PERALVA, 1997; DAYRELL, 2003). O que se depreende da  análise desses autores é que a juventude é ao mesmo tempo uma condição social e  um tipo de representação.  
   Essa  diversidade se concretiza com base nas condições sociais, culturais e de  gênero, e também das regiões geográficas, dentre outros aspectos. Neste sentido  que se faz necessário pensar sobre a ideia de juventude existente na sociedade,  que pode levar a determinados modelos de como ser jovem, sem conseguir  compreender os modos como às juventudes constroem suas experiências, já que:
   [...]  o jovem tende a ser visto na perspectiva da falta, da incompletude, da irresponsabilidade,  da desconfiança, o que torna ainda mais difícil para a escola perceber que ele  é de fato, o que pensa e é capaz de fazer. A escola tende a não reconhecer o  “jovem” existente no “aluno”, muito menos compreender a diversidade, seja  étnica, de gênero ou de orientação sexual, entre outras expressões, com a qual  a condição juvenil se apresenta. (DAYRELL, 2007, p. 1117)
   Afinal,  a juventude* constitui um processo vasto e intricado da vida do  sujeito que não pode ser simplesmente reduzida a uma fase de transição. De  acordo com essa visão, juventude é sinônimo de liberdade, prazer e  comportamentos excêntricos, com isso é marcada por experimentações e ousadias.
   No  tocante, identificar o aluno como jovem sugere o reconhecimento de que esse, ao  entrar na escola, traz consigo uma diversidade sociocultural com suas demandas  e necessidades específicas, mas também na origem social e cultural, no gênero,  no pertencimento étnico-racial e nas experiências vividas, que interferem  direta ou indiretamente nos modos como tais juventudes vão lidar com a sua  escolarização e construir sua especificidade.   A discussão entre relação juventude e escola, faz-se referência aos  inúmeros aspectos envolvidos na interação dos sujeitos e a instituição  escolar.  Dessa forma:
   A  juventude se constitui como um momento delicado de escolhas, de definições, no  qual o jovem tende a se defrontar com perguntas como: “pra onde eu vou?”, “Qual  rumo devo dar à minha vida?”, questões estas cruciais para o jovem e diante das  quais a escola teria de contribuir de alguma forma, no mínimo na sua problematização.  (LEÃO, DAYRELL e REIS, 2011, p. 257).
   Ao  partimos desse pressuposto, a escola tem tido pouca importância na construção  do projeto de vida desses jovens (SILVINO, 2009). Na análise de Dayrell (2007),  com base em Bourdieu (2003), ao contrário do que acontecia antes, pois os  jovens não tinham acesso à escola, hoje caracteriza-se como uma exclusão que ocorre  cotidiaidnte no âmbito da instituição escolar, no interior dos muros.
A escola como  instituição de ensino tem como finalidade a formação integral do ser humano,  compreendidas que todas as atividades educativas são também políticas, pois são  resultados de políticas públicas que visam assegurar à universalização e democratização  do ensino. A escola tem a seguinte atribuição, conforme propõe Guareschi (1998,  p.101):
  “Já nas  últimas décadas, sobre tudo graças á contribuição das ciências sociais, dá-se  maior ênfase à relação de vinculação e dependência da educação frente aos processos  sociais, mais amplos. A educação passa a ser abordada e compreendida como um  processo social que se insere como parte do processo social global, isto  significando que ela não pode ser considerada e compreendida autonomamente,  isolada do seu contexto histórico-social.” 
   Uma das funções mais  evidenciadas sobre as atribuições da escola refere-se à formação humana, ou  seja, preparar o individuo para o exercício da cidadania, o que na prática  exige que os envolvidos no processo educacional compreendam que para formação  de cidadãos precisa-se que os profissionais entendam a diversidade cultural  como uma ferramenta de inclusão, a qual amplia e diversifica o acesso ao  conhecimento.
   Em nosso questioidnto  sobre o que a escola já fez sobre a questão negra, a discente Carolene, em  entrevista no dia 18 de dezembro de 2017, considera que “Olha lá na escola só fala da gente no dia da consciência negra, depois  ninguém nem lembra mais, eles vêm aqui na comunidade só nesse dia também. As  vezes ficamos chateadas com disso por que parece que a gente é um bicho de  estimação”. 
   Parece evidente que a  questão da socialização e sociabilidade entre a escola e a comunidade é bem  distante. Sobre esse aspecto, sabemos que é importante refletir o papel da  escola para os jovens estudantes, como os mesmos compreendem essa dinâmica  organizacional na construção do conhecimento no ambiente escolar, que deve  assegurar o processo ensino e aprendizagem, visto que trata-se também um espaço  de socialização e sociabilidade entre os estudantes de diferentes culturas,  conforme avalia Leite (2007, p.32): 
   A  escola cabe ensinar, isto é, garantir a aprendizagem de certas habilidades e  conteúdos que são necessários para a vida em sociedade, nesse sentido, ela pode  contribuir no processo de compreensão da realidade local e, também, favorecer a  participação dos educandos em relações sociais diversificadas vez mais amplas.  A vida escola possibilita exercer diferentes papeis em grupos variados,  facilitando a integração dos jovens no contexto maior.
   A escola atribui-se o  como um dos objetivos ensinar, garantir o desempenho das habilidades que  favorecem o aprendizado das diferentes áreas do conhecimento, como códigos e  linguagens, ciências humanas e da natureza, ciências exatas entre outras  essências para formação integral do ser humano, as quais garantiram o seu  convívio social através de diferentes papéis que desenvolverá ao longo da vida  pessoal e profissional.
   Diante de tantas  atribuições, a escola consegue na totalidade atender a diversidade cultural dos  alunos que são inseridos nesse ambiente. Acredita-se que esse seja o grande  desafio da escola na atualidade, torná-la inclusiva, de modo a perpetrar com  seu cotidiano no universo das juventudes, e que estas sintam-se parte  integrante neste processo educacional.
   No entanto, é de  fundamental relevância conhecer o significado de inclusão, muitas vezes tão  distorcido e descontextualizado ao se referir às questões culturais, sociais  até mesmo de pessoas com algum grau de necessidade física ou de aprendizagem ou  portadores de altas habilidades. Incluir tem o sentido de compreender,  abranger, integrar, pertencer, processo que pressupõe, necessariamente,  respeito às diferenças, o que tem o escopo, conforme pondera Sartoretto (2008,  p.78), que:
   [...] “se acreditarmos que o papel da  escola é construir cidadania através do acesso ao conhecimento, isto só será  possível de dentro da escola tivermos uma verdadeira representação do grupo  social que está fora da escola: pessoas com diferentes credos, de raças diferentes,  com saberes diferentes [...] a experiência de conviver com a diversidade, tão  necessária para a vida, nunca será exercida num ambiente educacional segregado,  onde a diversidade humana não esteja representada” [...]
   Ao atribuir a escola o  papel de construir cidadania mediante aquisição de conhecimento, é importante advertir  que para formação cidadãos de fato e de direito e deveres, é fundamental que os  diferentes grupos sociais sejam reconhecidos dentro do ambiente escolar não  apenas pela obrigatoriedade da lei, mas pela conscientização da importância  dessa diversidade sociocultural que permite um vasto conhecimento da nossa  verdadeira identidade, que precisa se difundida cotidiaidnte nos espaços  escolares através das atividades pedagógicas desenvolvidas e que dizem respeito  à interação, integração e sociabilidades, as quais podem e devem ser  construídas nesses espaços face a multiplicidades e heterogeneidades  existentes.
   A escola como  instituição mediadora na construção do conhecimento tem como uma das  finalidades a inclusão de todos os sujeitos envolvidos no processo ensino e aprendizagem;  nela são permitidos o acesso e a permanência com sucesso5 por meio das práticas  pedagógicas desenvolvidas ao longo da vida acadêmica.
Na consideração de  Almeida e Santos (1998), o desenvolvimento humano é comumente idealizado no  meio científico e no senso comum como uma série de fases que percorrem de forma  sequenciada, ordenada e gradual rumo a uma competência maior e à maturidade. A  ciência, com base em tal perspectiva, considera que cada fase do  desenvolvimento admite um conjunto particular de habilidades cognitivas e  características afetivas. Por outro lado, as pessoas em seu dia a dia ordenam  teorias do senso comum, no intuito de compreender o que vem a ser infância,  adolescência, vida adulta e velhice, e por consequência, constroem  especificidades para cada uma dessas fases. 
   Assim, é indiscutível a  existência de diferentes representações e práticas sociais para cada fase do  desenvolvimento correlacionadas e mutuamente influenciáveis, que servem como  base para estruturação dos sujeitos nas diferentes fases da vida, conforme  preconizam Santos, Aléssio e Albuquerque  (2007), ao lembrarem a importância de se reconhecer as representações e  práticas construídas nas diferentes fases do desenvolvimento humano nos  diversos contextos sociais, visto que é preciso considerar sua influência no  processo de desenvolvimento humano.
   No que se refere  especificamente à juventude, é notório observar que ao longo da História, a  noção de Juventude expressa distintos significados. Logo, ao falar de crianças,  jovens e idosos consecutivamente falamos sobre os diversos modos de estabelecer  as relações entre gerações construídas por diferentes culturas e sociedades. 
   Logo, o significado de  ser jovem para os estudantes do quilombo significa “Olha... ser jovem pra mim é ter energia, sonhos, vontade de transformar  nossa comunidade em um ambiente melhor pra gente viver, intendi!” (ELIZÂNGELA,  entrevista em 20 de dezembro de 2017). Outra aluna da CRQISV apresenta a  seguinte perspectiva: “Eu acho que é ter  a idade pra correr atrás das coisas, ter muitas dúvidas do futuro e às vezes  medo do que nos espera”. (EDVÂNIA, entrevista em 20 de dezembro de 2017).
   Fica evidente em suas  narrativas que a condição de juventude expressada em palavras como sonho, medo  e futuro. Uma situação normal conforme podemos constatar nas literaturas a  respeito dessa fase da vida humana.
   Em cada momento  histórico, as juventudes incorporam novos códigos e sentidos ao capital  cultural da sociedade em que está inserida. Neste sentido, pertencer a uma ou a  outra geração significa acionar diferentes repertórios e dimensões da memória  social.
   Na concepção de Peralva  (1997), a juventude é uma condição social e uma representação que possui  variações e formas pertinentes a cada sociedade, em um tempo histórico  determinado e acrescentamos ainda o meio onde habita. Tal condição gera uma  diversidade que se concretiza com base nas condições sociais (classes sociais),  culturais (etnias, identidades religiosas, valores) e de gênero, e também das  regiões geográficas, entre outros aspectos.
   Em relação à legislação  brasileira, a juventude é definida pela Lei Federal nº 12.852/2013, também  denominada Estatuto da Juventude que em seu artigo 1º, § 1º define que “são consideradas jovens as pessoas com idade entre 15  (quinze) e 29 (vinte e nove) anos de idade”.
   Para efeitos dessa  análise, tratamos o jovem na condição de sujeito social, e nessa situação,  assumimos a definição de Charlot (2000), que considera que jovem é um sujeito,  um ser humano aberto a um mundo que possui uma historicidade; é mensageiro de  desejos e é instigado por eles, além de encontrar-se em relação com outros  seres humanos, também sujeitos. 
   Em tal perspectiva,  questionamos o que significa ser um jovem para uma pessoa quilombola, a qual  Carolene, em entrevista em 18.12.2017, considera que: “Pra nóis tá sendo difícil, somos pobres, me sinto discriminado, o  governo não olha pra gente, e é difícil pra tudo até pra estudar, muita labuta  se quiser ir pra frente”. Para outra, o significado é o de “ser jovem quilombola no começo era ruim pois  eu me sentia mal, não entendia porque eu era diferente dos outros que era mais  branco, mais agora tá ficando até bom, porque tô vendo que a gente tem um monte  de direitos só falta correr atrás deles”. (ELIZÂNGELA, entrevista em 17.12.2017).
   A questão racial no  Brasil, infelizmente ainda é motivo de preconceito, fica perceptível nas narrativas  o medo de ser negro, o que está relacionado ao processo e dívida socioeconômica  e histórica, a qual foram submetidos os quilombolas e outras minorias étnicas  como os indígenas, por exemplo. No entanto, parece haver, paulatiidnte, um  sentimento que é possível sim, sonhar e conseguir materializar desejos, independentemente  de origens étnica, religiosa, cultural, econômica e social.
   No entanto, há de se  lembrar que ser jovem também é ser sujeito, um ser social, com uma definida  origem familiar, que ocupa um determinado lugar e relações sociais. Finalmente,  o sujeito é um ser singular, que tem uma história, que interpreta o mundo e  dá-lhe sentido, assim como à posição que ocupa nele, às suas relações com os  outros, à sua própria história e à sua singularidade.
   O sujeito é ativo, age  no e sobre o mundo, e nessa ação se produz e, ao mesmo tempo, é produzido no  conjunto das relações sociais no qual se insere. Em tal sentido, Charlot (2000)  compara a noção de sujeito às características que determinam a própria condição  antropológica que compõe o ser humano, ou seja, o ser que é igual a todos como  espécie, igual a alguns como parte de determinado grupo social e diferente de  todos como ser singular. Nessa perspectiva, o ser humano não é um dado, mas encontra-se  em estado permanente de construção que é individual, mas também coletiva. 
É fato que para boa  parte da população brasileira o entendimento que a educação constitui-se um dos  principais ativos e mecanismos de transformação de um povo. Inúmeros autores  defendem essa premissa dentre eles Paulo Freire (2000; 2001; 2002; 2005; 2009),  Moacir Gadotti (1997), e Miguel Arroyo (2013). 
   Na concepção desses  autores é papel da escola a promoção do ser humano na sua integralidade,  estimular a formação de valores, hábitos e comportamentos que respeitem as  diferenças e as características próprias de grupos e minorias. 
   Ao indagarmos sobre o  que a juventude pensa a respeito da escola onde frequentam, as questões  financeiras e sociais destacam-se, pois tratam-se de exclusões percebidas,  concebidas e vividas no cotidiano: 
  Eu  sou muito tímida, tenho muita vergonha de apresentar trabalhos, mais me sinto bem  lá, mais as coisas que estudo parece ser de outro mundo, falam quase nada que  serve pra mim dizer lá em casa! os professores passam trabalhos e nóis não pode  fazer por que não tem energia, tem que usar a lamparina para estudar a noite! E  eles só lembram de ir lá na ilha quando é o Dia da Consciência Negra. (EDVÂNIA,  entrevista em 18.12. 2017).
   A avaliação de outra  jovem estudante é complementar, e que de forma direta contribui negativamente  no processo de ensino e aprendizagem, no caso caracterizado pela fome “Eu gosto da escola, só é ruim sair daqui de  casa cedo, a maioria das vezes eu vou com fome, nem dá tempo de comer, a gente  sai cedo, é muito ruim isso”. (CAROLENE, entrevista em 18.12.2017).
   Fica explicito nas  afirmações acima que os jovens se sentem excluídos no contexto da educação  escolar, não se enxergam nos conteúdos, e além do mais em vez da escola se  adequar à realidade deles, os obrigam a se adequarem à escola, numa total falta  de consideração por parte do sistema público de ensino.
   Esses fatos evidenciam  que infelizmente, ainda lidamos com a concepção bancária de educação, esta que  nega o diálogo, à medida que na prática pedagógica prevalecem poucas palavras,  já que “o educador é o que diz a palavra; os educandos, os que a escutam  docilmente; o educador é o que disciplina; os educandos, os disciplinados” (FREIRE,  2005, p.68). Tal sentimento é demonstrado na narrativa de Carolene,  entrevistada em 18.12.2017, ao perceber e ponderar que: “Lá na escola eu tinha vontade de apresentar no Dia da Consciência Negra,  acho tão bonito, mais ninguém me chama [...] só ano passado que eles chamaram  nóis para montar uma mesa com os quadros da nossa Comunidade... mais ninguém  chama pra dançar [..] fico só assistindo mesmo”. 
   Fica evidente que na narrativa  da aluna que o modelo de educação desenvolvida na escola não é libertadora, e  sim opressora, visto que não busca a conscientização de seus alunos. Quer, na  verdade, que o corpo discente seja inconsciente e sujeitado às suas regras.  Perpetua e reforça, assim, sua relação vertical e autoritária.
   Em decorrência dessa  educação que “dociliza” os discentes que se encontram no espaço da instituição  escolar, o bom aluno, alerta Freire (2002), é aquele que repete que não pensa  de maneira crítica, apenas se adapta e se molda aos padrões postos. 
   Por outro lado, o aluno  “indisciplinado” é aquele indócil, inquieto, pergunta, duvida e que é sujeito,  recusa-se a aceitar os modelos existentes. É aquele que pensa sobre sua  realidade. O professor assume sua função de profissional divino na sacralidade,  intocável, possui o poder de uma autoridade incontestável. (FREIRE, 2002).
   Na perspectiva  freiriana, uma pedagogia libertadora necessita ser feita com os oprimidos e não  para os oprimidos (FREIRE, 2005). Nas salas de aula, o(a) professor(a) deve permanecer  com as(os) discentes, aberto e disponível à curiosidade dos alunos. A leitura de  mundo de cada um das(os) estudantes é essencial, pois estão cheios de dúvidas e/ou  sugestões que trazem da sua realidade, do seu contexto para a sala de aula. 
   Conforme preconiza o  autor, a educação não pode ser aquela que deposita, que incentiva a memorização  mecânica, a que treina (concepção bancária), necessita, ser, por outro lado,  aquela que ajuda homens e mulheres, sujeitos de sua história, a pensar  criticamente, coloca-lhes desafios e oportuniza espaço para mostrar suas  curiosidades e suas indagações.
   Este modelo de educação  que infelizmente ainda reina em escolas por todo o país afora não busca a  conscientização das(os) estudantes, é um modelo que, na verdade, reproduz e  produz alunas(os) inconscientes, sujeitados às suas regras, o que caracteriza e  aproxima de certas relações com o panóptico conceituado em Foucault (1975).
   Como consequência ocorre uma perpetuação da  relação vertical, a sobra da opressão das camadas menos informadas da  sociedade, Freire (2009) diz que é preciso conscientizá-las, pois, ao serem massificadas,  tornam-se domesticadas. 
   Na atualidade, está  explícito que a educação é um processo permanente e inerente ao viver, o dia a  dia é um processo educativo. Logo, é necessário, urgente, questionar que tipo  de educação cada sujeito ou cada coletivo quer, necessita e deseja. 
   Sob tal contexto, é  inegável o papel que a escola exerce na formação, nesse caso específico estudado,  dos jovens quilombolas. É no ensino formal que a educação é condicionada a um  projeto, um plano. É exatamente esse caminho do fazer educacional que os  sujeitos coletivos tanto almejam participar de sua construção, no intuito de  terem uma escola que dialoga com seu cotidiano com seus problemas, seus sonhos,  suas realidades.  
   Está explícito que a  escola precisa rever seu papel, pois a cada momento é desfiada nova visão e a  outros desafios, que seja capaz de, na prática, lidar com diferentes situações  apresentadas pelas conflitantes histórias de vidas dos alunos.
   No caso dos jovens  quilombolas, estes necessitam que a escola os enxerguem enquanto sujeitos  coletivos de direitos, que precisam ter nesse espaço, um aporte para  construírem seus sonhos, suas autonomias, firmarem seus direitos. Consonante à  essa questão o papel da escola e da educação devem ser colocadas a favor da  cidadania ou de sua busca cotidiana, pois é dessa finalidade que se conquista oportunidade  e uma vida com maior dignidade, conforme corrobora   Brandão  (2013, p.82): 
   [...] considera a educação, como uma  entre outras praticas sociais, cujo efeito sobre as pessoas, cria condições  necessárias para a realização de transformações indispensáveis. Nada se faz  entre os homens sem a consciência e o trabalho dos homens, e tudo que tem o  poder de alterar a qualidade da consciência e do trabalho, tem o poder de participar  de sua práxis e ser parte dela [...].
   Por conseguinte, é na  escola onde se processa a lapidação e o crescimento do individuo. É lá que a  educação denominada formal, se materializa.   É oportuno indagar que a educação como afirma Freire (2009) não é neutra  e se constitui em um ato político. 
   Em relação ao direito à  educação a Lei nº 12.852/2013 em seu art. 7º preconiza que “O jovem tem direito à educação de qualidade, com a garantia  de educação básica, obrigatória e gratuita, inclusive para os que a ela não  tiveram acesso na idade adequada”. 
   No  que confere ao papel da escola, no art. 13, a referida Lei indica que “As  escolas e as universidades deverão formular e implantar medidas de  democratização do acesso e permanência, inclusive programas de assistência  estudantil, ação afirmativa e inclusão social para os jovens estudantes”. Na  prática existe um longo caminho para que se alcance pleidnte o cumprimento  desses dois objetivos estabelecidos na lei, visto a complexidade brasileira, o  que contribui possivelmente para os baixos indicadores do ensino ao compararmos  com outros países.  
A escola é o ambiente,  onde as diferenças são expostas, o novo surge e o oculto se revela. Neste sentido,  o ambiente escolar tem sido uma ferramenta de imersão social, ainda que os  indicadores em muitos rincões sejam abaixo dos padrões almejados. Foi possível  perceber através do presente ensaio que os projetos sociais desenvolvidos pela  escola, ainda não são efetivos a ponto de amenizar as questões sociais que  permeiam os jovens quilombolas da Ilha de são Vicente. 
   Os estranhamentos e  embates que os jovens quilombolas vivenciam, deveriam ser analisados pela  equipe de gestão escolar, para que dentro de adaptações favoráveis a todos, possam  contribuir para minimizar questões essenciais para o bom desempenho no processo  ensino e aprendizagem, bem como nos fatores sociais. O calendário flexível, bem  como ajustes nos horários são elementos que deveriam ser socializados com toda  comunidade escolar com a finalidade de favorecer a realidade local, o que para  os alunos da Ilha de São Vicente seria de grande valia e proporcionaria um  aproveitamento mais qualitativo do ambiente escolar. Desta forma, ao serem  inseridos no processo de ajustes na rotina escolar, tais alunos se sentiriam  parte integrante e participativa desse contexto, o que consequentemente diminuiria  seu sentimento de anonimato e culminaria em visibilidade à toda comunidade,  inclusive em Araguatins no Estado de Tocantins. 
   O cotidiano escolar ainda  é construído com grandes desafios frente à essa diversidade cultural, e seus  modos de vida. A invisibilidade ainda é acentuada, os anseios, medos e  incertezas estão presentes nas narrativas, o que caracteriza a insegurança em  si mesmos, e na forma em que percebem os olhares de outros para si. É um  desafio constante no universo escolar. A vivência é o maior entrave sentido e  percebido, pois é neste fator que reside a aceitação prática do outro e os  posicioidntos ante à vida presente e como este indivíduo se apresentará num  futuro não tão distante. 
   A  escola precisa considerar seus alunos como sujeitos, efetivamente, e não como  produtos. Como sujeitos, estes terão voz, terão condições de apresentar suas  debilidades, seus protagonismos e não apenas se adequarem a padrões impostos e  inflexíveis. Os professores imbuídos de sentimentos de agregações sociais  positivas, respeito às diferenças, poderão contribuir para a “História  Quilombola” nas unidades escolares, de forma a promover um divisor de águas ao  longo da historicidade da negritude de dentro para fora, ou seja, a partir de  um microuniverso - a escola para um maior universo, de demonstrar que existem vidas  e visões de mundo para além de seus muros – de modo a combater a questão étnico-racial  no Brasil e com isso fortalecer o sentimento de pertença ao quilombo. 
   Trata-se  de uma grande e complexa tarefa que exigirá o esforço e a participação da  sociedade, de alunos, professores e do poder público com a finalidade de  atingir os objetivos preconizados na Constituição Federal e nas Leis e com isso  termos um país melhor para seu heterogêneo povo, até com pagar a imensa dívida  social feitas com várias minorias, as quais ficaram invisíveis ao longo de  séculos.
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Entrevistas
   CAROLENE.  Entrevista realizada em 18 de dezembro de 2017 com a discente; moradora da  CRQISV, Araguatins – TO.
   CAROLENE. Entrevista realizada em 20 de janeiro de 2018 com a  discente; moradora da CRQISV, Araguatins – TO.
   EDVÂNIA. Entrevista realizada em 18 de dezembro de 2017 com a  discente; moradora da CRQISV, Araguatins – TO.
   EDVÂNIA. Entrevista realizada em 20 de dezembro de 2017 com a  discente; moradora da CRQISV, Araguatins – TO.
   EDVÂNIA. Entrevista  realizada em 20 de janeiro de 2018 com a discente; moradora da CRQISV,  Araguatins – TO.
   ELIZÂNGELA. Entrevista realizada em 17 de dezembro de 2017 com a  discente; moradora da CRQISV, Araguatins – TO.
   ELIZÂNGELA. Entrevista realizada em 20 de dezembro de 2017 com a  discente; moradora da CRQISV, Araguatins – TO.