Thiago Maia Sayão de Moraes*
Heloisa Guimarães Peixoto Nogueira**
IFMT/PDL , Brasil
thiagomsayao@gmail.com
ABSTRACT
The movement generated  by the steel industry in the Médio Paraíba region is extensive and includes  steel distribution, an area of market activity that, when valuing strategies of  commercial relationship with stores of building materials, leads to development  in the market. The purpose of this case study is to analyze the commercial relationship  between steel distributors for civil construction and construction material  retailers in the region to analyze the degree of relational development between  these tenants and distributors. The main results deal with the degree of  proximity developed between these actors as a focus on the maturity of the  relationship and its unfolding. For, the big wholesalers do not maintain with retail  (LMCs) a relation of reliability and fidelity. It is observed that it is  necessary to build a closer relationship between these organizations.
KEY WORDS: Commercial strategy; commercial relationship; sales force of steel distribution; steel distribution and sales in civil construction.
RESUMO
A movimentação gerada pelo setor siderúrgico na região Médio Paraíba é extensa e inclui a distribuição de aço, área de atuação mercadológica que, ao valorizar estratégias de relacionamento comercial com lojas de materiais de construção, ruma ao desenvolvimento no mercado. O objetivo desse estudo de caso é analisar o relacionamento comercial entre distribuidores de aço para construção civil e lojistas de material de construção da região para analisar o grau de desenvolvimento relacional entre esses lojistas e os distribuidores. Os principais resultados tratam do grau de proximidade desenvolvido entre esses atores como foco na maturidade do relacionamento e seus desdobramentos. Pois, os grandes atacadistas não mantém com o varejo (LMCs) uma relação de confiabilidade e fidelidade. Observa-se que é necessário a construção de um relacionamento mais próximo entre essas organizações.
Palavras-Chave: Estratégia comercial; relacionamento comercial; força de vendas de distribuição de aço; distribuidores de aço e vendas na construção civil.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato: 
Thiago Maia Sayão de Moraes y Heloisa Guimarães Peixoto Nogueira (2018): “Relacionamento comercial entre distribuidores de AÇO e lojas de material de construção no Médio Paraíba Fluminense: um estudo de caso”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (julio 2018). En línea:
 https://www.eumed.net/rev/caribe/2018/07/distribuidores-aco.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/caribe1807distribuidores-aco
1 INTRODUÇÃO
Este  trabalho focaliza o setor comercial de distribuição de produtos siderúrgicos  para a construção civil. Segundo dados do Instituto Aço Brasil (IABr, 2011), a  siderurgia apresenta-se como propulsora da industrialização e vem sofrendo  alterações de demanda no mundo por aços mais finos, leves e resistentes devido  às exigências do mercado automotivo, bem como para produtos cirúrgicos. Tendo  como base os distribuidores de aço do Médio Paraíba Fluminense e as principais lojas  de material de construção da região, o problema de pesquisa fixa-se no  relacionamento entre os mesmos. 
   Como  se relacionam os distribuidores de aço com as maiores lojas de material de  construção (aqui também referidas como LMC's) do Médio Paraíba Fluminense  quanto à estratégia comercial a partir da força de vendas? 
   Partindo  do pressuposto que o atendimento realizado pelos distribuidores de aço parece  não considerar que existam diferentes perfis de clientes, independente do ramo  de atuação. O negócio é orientado apenas para transações comerciais pontuais; o  distribuidor não se preocupa em criar um relacionamento com o cliente, e sim,  apenas em atendê-lo quando solicitado sem o desenvolvimento de uma relação  contínua, comprometendo o sucesso de vendas no longo prazo. 
   A  não existência de uma relação de parceria entre distribuidores e seus clientes  resulta numa disputa acirrada na linha de frente (vendedores dos  distribuidores) a cada ciclo de compra dos clientes tornando o processo  negociação como um leilão, já que a política de precificação é preponderante,  ainda mais tendo em vista que a qualidade dos produtos dos principais  concorrentes é próxima. A venda consultiva não se estabelece e, por  consequência, perde-se oportunidade em agregar valor aos negócios. 
   O  objetivo  principal é analisar as  estratégias comerciais dos distribuidores de aços a partir dos pontos críticos  do relacionamento comercial com as maiores LMC's, com vistas a melhoria deste  relacionamento. A pesquisa englobou o levantamento das políticas e práticas de  relacionamento entre distribuidores de aço para a construção civil e as maiores  lojas de material de construção. Limitar-se-á geograficamente à área de  influência de Volta Redonda (RJ); a microrregião do Médio Paraíba e  subjacentes: o Centro Sul e a Costa Verde fluminense. Apesar de as LMC's  ofertarem outros produtos, a pesquisa não os englobará. 
   A  pesquisa pretende contribuir para a academia melhorando a compreensão do  relacionamento entre os objetos estudados, bem como comparando teorias de marketing com as práticas desse mercado, e com isso, agregando informações ao corpo  tático, estratégico e força de vendas de distribuidores de aço para a  construção civil e lojistas de LMC's. 
2 DISTRIBUIÇÃO DE AÇO E ESTRATÉGIAS DE NEGOCIAÇÃO
Essa análise envolve a indústria siderúrgica e sua contribuição para o fornecimento de aço no Brasil, portanto, neste tópico abordar-se-á a atividade dessa indústria com um enfoque analítico, buscando analisar seu contexto histórico.
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA SIDERURGIA NA REGIÃO MÉDIO PARAÍBA
A região Médio Paraíba teve seu desenvolvimento  industrial marcado pela implantação da siderurgia nos anos 1940 com a  inauguração da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que representava o advento  da industrialização no país. Neste período houve "forte interferência  política nos projetos da CSN durante o primeiro governo de Getúlio Vargas  (1930-45). Esforços [foram] envidados desde o final da década de 1930 para  montar no Brasil a primeira grande companhia siderúrgica totalmente à base de  coque" (Figueiredo, 2003, p. 85). 
   Na década de 70 o país se empenhou na política  de industrialização fazendo um plano siderúrgico nacional e voltou-se para o  mercado interno e não para as importações. Ainda a maioria das indústrias  siderúrgicas devia pertencer ao governo e ser direcionada ao coque, ficando  vedada assim as empresas a base de sucata, matéria escassa na época. De certo  modo, esta política trouxe progresso ao setor e maior quantidade de novas  siderúrgicas. 
   Segundo Figueiredo (2003), nos anos 80 o mercado  interno tornou-se hostil ao aço e as estatais começaram a passar por problemas econômicos  graves. Daí em diante foi necessário uma mudança estrutural e econômica,  havendo privatizações e privilégio ao mercado mundial. 
   A partir da década de 90, devido aos altos  níveis de endividamento e dificuldade de obter ganhos em produtividade, o governo  lançou o Programa Nacional de Desestatização. Nesse momento o governo  controlava cerca de 65% da capacidade produtiva do setor. Salienta-se que, em  razão do controle estatal que fora estabelecido até então as empresas que  compunham o setor ficavam restritas em sua autonomia para definir ações de  planejamento e estratégia e em sua atuação comercial. Como resultado, para o  mercado - com a liberalização do setor e abertura da economia - teve sua  competição acirrada, o que gerou uma busca por melhores modos de gestão e  eficiência. 
   Após a década   de 1990 vários fatores contribuíram para a expansão do mercado de aço no  Brasil, um estudo do sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio  de Janeiro) como pode ser visto em seu relatório: 
   Conforme  informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) o setor  está comprometido com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tendo  desenvolvido um ambicioso programa de expansão. O objetivo é que, até 2012, a  capacidade de produção, que era de 37,1 milhões de toneladas em 2006,  alcançasse 52,2 milhões de toneladas. No entanto, atualmente a capacidade de  produção é de 48,4 milhões de toneladas. 
   O Estado do Rio de Janeiro,  precursor da indústria siderúrgica brasileira, a partir da criação da Companhia  Siderúrgica Nacional (CSN) em 1941, responde por parcela relevante desses  investimentos. De fato, a ThyrsenKrupp CSA – Companhia Siderúrgica está em fase  final de implantação em Santa Cruz/Rio de Janeiro uma usina com capacidade de  processamento de 5 milhões de toneladas de aço/ano, voltada, nesta fase, à  exportação. A Votorantim está em negociação para a implantação de uma usina não  integrada, em Resende, para atuar no mercado de produtos não planos, com  capacidade para produzir 1 milhão de toneladas de aços longos por ano. A Gerdau  está investindo US$ 20 milhões para o start-up do forno 1, que estava  desativado desde 2004. A própria CSN, por sua vez, está discutindo com o  governo estadual um plano de investimentos que contempla planos futuros para a  instalação de uma nova usina, em Itaguaí (FIRJAN, 2008, p. 4). 
   Percebem-se como fatores predominantes dessa  expansão a produção automobilística e a construção civil que cresceram em todo  o mundo e no Brasil. O mercado brasileiro abriu-se para a economia mundial,  juntamente a este fato vieram novas exigências de qualidade e inovação de  produtos ligados ao aço, logo eles deveriam se equiparar aos produtos externos  e acompanhar a tendência internacional de estreitar as relações entre indústria  do aço, a construção civil e a automotiva. 
2.2 PERSPECTIVAS ESTRATÉGICAS PARA EMPRESAS
Para  Porter (2004) é necessário que as empresas sejam contemporâneas e estejam  alinhadas ao seu tempo, sejam dinâmicas e flexíveis ao interagirem com seu  meio, estando sempre dispostas a mudar, fazendo uso de sua capacidade para  atingir seus objetivos. Com este intuito procuram ser diferentes, criar  vantagem. É sabido que as empresas copiam as práticas uma das outras mas neste  caso o pioneirismo potencializa a vantagem adquirida. O autor destaca que  qualquer vantagem competitiva pode ser temporária, já que a diferenciação de  hoje pode vir a ser característica comum do mercado de amanhã. 
   Para  Kaplan e Norton (2006) nos negócios modernos, as organizações tentam combinar  várias estruturas estratégicas, com a criação de performances que visam a  melhoria dos processos gerenciais em uma instituição. Segundo esses autores a  utilização do planejamento estratégico é a melhor forma de alinhar cada nível  gerencial. Desta forma, a empresa consegue responder às novas oportunidade e  aos novos desafios do mercado, algumas organizações adotam de forma eficaz a  comunicação de três a cinco temas estratégicos, que definem o valor da empresa,  esses temas são medidas e iniciativas que geram suporte para que se possa  trabalhar em conjunto, definindo ações e recursos necessários para a  implementação do planejamento estratégico. 
   Kaplan  e Norton (2001) definiram os cinco princípios para  medição do desempenho orientado para a  estratégia. Assim, uma organização focalizada na estratégia deve, em seu  processo de gestão, ter a estratégia como centro. Para eles o primeiro  princípio  é traduzir a estratégia para  termos operacionais, através da utilização de mapas de estratégia, que possam  ilustrar todos os processos para melhor compreensão de todos os envolvidos. O  segundo princípio alinha a organização para   estratégia, isso requer uma sinergia, que deve ser desenvolvida a partir  de interações eficientes entre todas as unidades da organização, sendo o  compartilhamento (de tecnologias ou conhecimento) fator primordial para o  processo gerencial. O terceiro princípio determina a criação de uma consciência  estratégica, principalmente entre funcionários, alinhando os objetivos entre a  equipe. O quarto princípio  indica que a  estratégia tem que ser uma ação contínua e um trabalho de todos. O quinto e  último princípio busca mobilizar a mudança através da liderança executiva, isso  requer que os líderes das organizações busquem mudanças em grande escala,  verdadeiras transformações. 
   Para Barney e Hesterly (2007, p. 5) a  administração estratégica precisa ser desenvolvida de forma cuidadosa e  sistemática, já que se caracteriza por ser "um conjunto sequencial de  análises e escolhas que podem aumentar a probabilidade de que uma empresa  escolherá uma boa estratégia, isto é, uma estratégia que gere vantagens  competitivas". Para que ela chegue a esse patamar, é necessário a  implementação da estratégia, pois sem a implementação o processo não tem  significado. Esta fase se caracteriza pela adoção de políticas e práticas  organizacionais consistentes com sua estratégia. Existem três políticas e  práticas organizacionais que são muito importantes para implementação: 
   A estrutura organizacional  formal da empresa, seus sistemas formais e informais de controle gerencial e  sua política de remuneração de funcionários consistentes com suas estratégias e  que se reforcem tem maior probabilidade de conseguir implementar essas  estratégias do que uma empresa que adote uma estrutura organizacional,  controles gerenciais e remuneração de funcionários inconsistentes com suas  estratégias. (Barney & Hesterly, 2007, p. 10) 
   De acordo com Barney e Hesterly (2007, p. 5)  estratégia é quase sempre uma teoria de como obter vantagens competitivas. Eles  afirmam que uma boa estratégia é aquela teoria que consegue atingir tais  vantagens esperadas. “[Uma teoria de ganhar vantagem competitiva] é baseada em  um conjunto de suposições e hipóteses sobre como a competição no setor tende a  evoluir, e como essa evolução pode ser explorada para se obter lucro”. 
   Essas são vantagens esperadas que as empresas  devem considerar nas variadas suposições e hipóteses para se pensar a  competição no setor. Assim sendo, e acompanhando a evolução dessa competição, a  probabilidades de obter vantagens competitivas aumenta. 
2.3 O MARKETING NA PERSPECTIVA DO RELACIONAMENTO COMERCIAL
Este tópico aborda o relacionamento comercial  entre os distribuidores de aço e as lojas de material de construção sob uma  visão mais específica, para tanto, buscou-se definir seus conceitos. 
   Segundo  Kotler e Armstrong (2003), o papel principal do marketing é lidar com o  cliente, acima de qualquer outra intenção. A empresa tem que produzir, criar  valores e satisfação aos seus clientes, assim “marketing é a entrega de  satisfação para o cliente em forma de benefício” (Kotler & Armstrong, 2003,  p. 3). Portanto, o marketing tem que proporcionar satisfação àqueles clientes  atuais prometendo-lhes garantias superiores as já encontradas e também atrair  novos clientes. 
  “Definimos marketing como um processo  administrativo e social pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e  desejam, por meio da criação, oferta e troca de produtos e valor com os outros”  (Kotler  & Armstrong, 2003, p. 3).  Pelo fato de marketing ser tão abrangente e ter relação estrita com os  clientes, pode-se utilizá-lo em diversos segmentos. “As características da  organização, o centro de compras e os atores organizacionais são variáveis de  segmentação a serem considerados” (Siqueira, 1999, p. 34). 
   No relacionamento comercial temos o marketing de  transação fazendo parte de um conceito maior como marketing de relacionamento.  Na preocupação de obter relacionamentos a longo prazo, além dos de curta  duração, os profissionais de marketing têm que se orientar em uma maior  aproximação com seus clientes, distribuidores e fornecedores tanto socialmente  quanto economicamente para, através disso, oferecer produtos de alta qualidade,  serviços e melhores preços. 
   Lui; So e Zhang (2010) demonstram em sua  pesquisa que a confiabilidade no fornecimento e entrega contribui para o  desempenho de uma empresa. De acordo com esses autores, uma empresa deve tomar  decisões de investimentos com base em novas tecnologias. Assim, a utilização de  estratégias  de marketing e fatores  relacionados com a produção e entrega evidenciam a melhoria da confiabilidade.  No setor de varejo é imprescindível que as organizações se desenvolvam tendo em  vista o consumidor final. 
   Kotler e Keller (2006) afirmam que marketing de  relacionamento tem como objetivo erguer relacionamentos de longo prazo  mutuamente satisfatórios com as partes principais, que são: clientes,  fornecedores, distribuidores e outros parceiros de marketing, para conquistar e  manter negócios. “O marketing de relacionamento envolve cultivar o tipo certo  de relacionamento com o grupo certo.” (Kotler & Keller, 2006, p. 16). Além  de o marketing executar a gestão de relacionamento com o cliente (CRM - Customer relationship management) deve  também executar a gestão de relacionamento com os parceiros (PRM-  Partner  relationship mangement), que englobam os clientes, funcionários, parceiros  de marketing (canais, fornecedores, distribuidores, revendedores, agências) e  membros da comunidade financeira (acionistas, investidores, analistas). Com  estes relacionamentos os autores acreditam em um melhor resultado no processo  de relacionamento com o cliente. 
   No  entanto, o marketing de relacionamento não é apenas um modo de se relacionar  com os clientes, melhorando a comunicação. Além, e antes disso, é fundamental  que a organização mantenha uma orientação estratégica superior, com o foco para  o relacionamento, integrando as interações com os clientes de modo ágil. 
   Apesar de o marketing de relacionamento apontar  uma evolução em relação ao marketing transacional é importante apontar, que,  conforme Jackson (1985) indica, o marketing de relacionamento pode significar o  sucesso de um produto / serviço, se for apropriado para tanto, mas também pode  impactar muito em custos se não for apropriado. Do mesmo modo, o marketing de  transação pode implicar no sucesso ou insucesso de um produto/serviço. “Os  clientes sempre se beneficiam de empresas que consideram uma perspectiva do  serviço; contudo, por diversas razões, nem sempre é esse o caso” (Grönroos,  2003, p. 15). 
2.4 A RELAÇÃO ENTRE DISTRIBUIDOR E FORNECEDOR/CLIENTE
Os relacionamentos de mercado englobam a relação  fornecedor-cliente, como também fornecedor-cliente-concorrente e ainda a rede  de distribuição física, relações tratadas pela teoria de marketing geral. Já os  relacionamentos de marketing especiais tratam de determinados aspectos de  relacionamentos considerados clássicos, como a relação com o cliente como  participante de um programa de fidelidade. Diferentemente desses dois primeiros  tipos de relacionamento, os mega relacionamentos e os nano relacionamentos não  são de mercado, mas influenciam de modo indireto no bom rendimento do de  mercado. Os mega relacionamentos se encontram acima dos de mercado. Eles se  referem à sociedade e à economia e proporcionam elementos favoráveis para os  relacionamentos de mercado. Em contrapartida, os nano relacionamentos estão  localizados abaixo dos de mercado, são relacionamentos intraorganizacionais. As  atividades internas influenciam relacionamentos externos. A delimitação do que  é relacionamento direto ou indireto é delicado em alguns casos, daí se  distingue por questão de importância. 
   Segundo Gardner e Sheppard (2012) o setor de  varejo tem sido uma importante ferramenta na relação entre produção e consumo.  Juntamente ao marketing estratégico que ajuda a promover o conjunto de serviços  e produtos entre o fabricante e seu consumidor final. O marketing cria  estratégias baseadas nas  demandas dos  usuários finais estabelecendo incentivos, motivações e parcerias positivas. 
   O mercado consumidor estabelece uma dinâmica  muito forte, em que o sistema de distribuição compreende um conjunto de ações,  para tornar possível a chegada imediata do produto até as mãos do consumidor  final. Esse processo tem como protagonistas: os produtores, os distribuidores e  os consumidores. (Kanuk & Schiffman, 2000) 
   Nesse cenário, os distribuidores assumem um  papel bastante decisivo. Num primeiro momento o produto é transferido do  produtor para o distribuidor, para em seguida ser repassado ao consumidor  final.  (Ballou, 2006) 
   Têm sido constatadas significativas  transformações nessa sequência do sistema de distribuição, que teve como ponto  de partida os atacadistas e varejistas até que se chegasse a uma grande  diversificação, na qual é possível identificar alterações nas dimensões do  ponto de venda, nas estruturas das empresas e nas modalidades de vendas. 
   O varejo, segundo Kotler e Keller (2006.  p. 540), pode ser compreendido como  “qualquer  atividade relacionada com a  oferta de produtos ou serviços diretamente ao consumidor final, realizada  através de uma loja de varejo, também conhecida como empreendimento varejista”.  Esse sistema varejista configura-se como um intermediário do processo de  distribuição; uma espécie de facilitador, que o torna mais homogêneo e faz com  que o produto chegue até o consumidor no momento de sua necessidade. O  gigantesco crescimento do setor varejista explica-se, segundo Cobra (1997. p.  257), pelo fato de que “a venda direta do produtor ao consumidor é onerosa, e  nem sempre é possível”. 
   A inserção do intermediário, principalmente o  varejista, no processo de distribuição, faz-se necessária para que se possa  atingir a eficiência na oferta de   produtos e serviços a um número cada vez maior de clientes, onde quer  que eles estejam. 
   O varejista, por manter esse contato mais direto  com o mercado consumidor, tem o compromisso de captar informações junto aos  clientes, bem como identificar seu comportamento de compra e tendências;  decodificar e enviar informações aos fornecedores, para que os produtos estejam  sempre adequados ao uso e à satisfação do cliente, além de sugerir novos  produtos e serviços. 
   O marketing de varejo compreende um composto de  variáveis, que iniciam na escolha da localização do negócio até o programa de  relacionamento com o cliente, passando pela complexidade de um mercado em  constante efervescência. Kotler e Keller (2006. p. 545) chama a atenção para o  fato de que o varejista precisa “certificar-se, frequentemente, de que esteja  alcançando e satisfazendo seus clientes-alvo, através de periódicas pesquisas  de marketing”. Ele observa que “o posicionamento de um varejista deve ser  flexível, especialmente se ele   administrar lojas locais com diferentes padrões socioeconômicos”. 
   Para Hawkins e Mothersbauger (2009) é  fundamental conhecer o comportamento do consumidor, fator primordial  para o processo de compra e as decisões de  consumo, uma estratégia de marketing eficaz é capaz de influenciar este  comportamento, visando proporcionar ao cliente mais valor do que a  concorrência. 
   O  marketing de relacionamento é uma forma de serviço que, pode-se considerar,  apresenta custos mais elevados que o marketing de transação. Essa perspectiva é  encarada pela visão tradicional de estratégia, apenas como custo, quando se  trata de manufatura. Essa visão tradicional segue três regras quando o cenário  não é favorável: reduzir custos (produção e administrativo, com foco no custo  unitário); investir em esforços de marketing tradicionais (publicidade e  promoção de vendas) e investir no desenvolvimento de novos produtos. Desse modo  os esforços em estratégia com enfoque nessa eficiência interna, podem  influenciar a qualidade da prestação de serviço e insatisfação dos clientes,  desgastando o ambiente de trabalho, contribuindo para a piora da imagem da  organização. Grönroos (2003) aponta a perspectiva de serviço como alternativa  para essa armadilha da estratégia tradicional de manufatura. 
   É preciso compreender que  oferecer aos clientes uma grande variedade de serviços adicionalmente ao  produto central, seja este um bem físico ou um serviço, é um modo de alcançar  melhor desempenho do que concorrentes com a mesma qualidade e preço de produtos  centrais. Essa é uma situação normal na competição moderna. É difícil  desenvolver uma vantagem competitiva com base no produto central de uma empresa  a não ser que ela disponha continuamente de uma vantagem tecnologia sustentável  ou de custos mais baixos. Muitas firmas caem na armadilha de concorrer com  preços baixos, o que às vezes pode ser eficaz, mas, na maioria das vezes é um  modo de desperdiçar a receita necessária para criar e manter uma vantagem  sustentável sobre a concorrência. Preço nunca é uma vantagem sustentável. Logo  que um concorrente consiga oferecer um preço menor perde-se o cliente  (Grönroos, 2003, p. 15). 
   No tópico seguinte serão discutidos temas  referentes ao processo de distribuição de aço e o relacionamento com as lojas  de materiais de construção, aqui denominadas LMC para facilitar a leitura e o  entendimento. Pois, o relacionamento entre fornecedores e varejistas é um  método importante para criar vantagem competitiva sustentável do  desenvolvimento de parcerias estratégicas. 
3 ESTUDO DE CASO: RELACIONAMENTO COMERCIAL ENTRE DISTRIBUIDORES DE AÇO E LOJAS DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO - LMC NO MÉDIO PARAÍBA FLUMINENSE
Participante importante na distribuição de aço  brasileiro o varejista é o último estágio do processo de distribuição, e por  conta disso, estabelece uma proximidade maior junto ao consumidor final. 
   No Brasil, segundo Mattar (2011), até a metade  do séc. XIX, o comércio era exclusividade dos mascates, que percorriam os  vilarejos com produtos de interesse geral. As grandes lojas só surgiram no  final do séc. XIX e início do XX, principalmente no Rio de Janeiro e em São  Paulo, que foi impulsionado com a industrialização da Era Vargas, período  compreendido entre 1941 a 1964, no qual a indústria siderúrgica teve um grande  avanço, como pode ser visto no tópico referente a contexto histórico da  siderurgia no Brasil. 
   Segundo pesquisas divulgadas pela ABRAMAT (2007)  o comércio varejista encontra-se, na atualidade,  pulverizado, ou seja, é constituído de micro  e pequenas empresas. As LMC's também encontram-se nesta situação. 
3.1 CONTEXTUALIZANDO O ESTUDO DE CASO
Esse  tópico se dedica a retratar o contexto e a análise das categorias utilizadas  nas entrevistas. Apresentando o caminho percorrido pela pesquisa e quais  técnicas e ferramentas foram utilizadas ao longo da mesma. Trata-se de uma  pesquisa qualitativa, pois se baseia na descrição e interpretação de fenômeno  situacional. A pesquisa é também explicativa quanto aos fins e estudo de caso  quanto aos meios. Além disso, a pesquisa empregou fontes documentais,  bibliográficas e primárias. Quanto à pesquisa documental realizou-se uma busca  junto às instituições de classe (siderúrgicas e distribuidores) procurando  identificar dados relacionados ao setor. Quanto à pesquisa bibliográfica foram  pesquisados livros, revistas científicas e que abordam questões sobre o setor,  jornais etc. Em relação à pesquisa de campo, esta ocorreu por meio de  entrevistas realizadas através de roteiro semiestruturado junto aos vendedores  e gerentes de distribuidores de aço, além de lojistas de LMC's. 
   A  seleção das organizações se deu a partir da identificação dos principais  distribuidores de aço para a construção civil no Médio Paraíba Fluminense  (MPF), em volume de vendas e quanto aos vendedores desses, procurou-se  identificar vendedores com experiência maior que 5 anos no mercado bem como sua  atuação junto a grandes LMC's. Quanto aos LMC's procurou-se identificar os  varejistas com maior participação de mercado e que percebem o produto vergalhão  como um produto importante para o seu negócio. 
Empresa  A: (identificado como FA) 
   Distribuidor  de aço, próprio de rede de distribuidores de um dos maiores produtores de aço  do Brasil e do mundo. Situado na região desde o início da década de 90,  mantendo seu depósito e escritório em Volta Redonda – RJ. Atua em toda a região  do Médio Paraíba Fluminense através dessa unidade de distribuição. 
Empresa  B: (identificado como FB) 
   Distribuidor  de aço, vinculado a um dos maiores fabricantes de aço do Brasil e do mundo.  Instalado na região, com vínculo a esse fabricante desde 2010, mantém depósito  e escritório em Barra Mansa/RJ. Sua criação se deu devido à visão do fabricante  de que a região tem alto potencial estratégico. Em seu processo de criação o  fabricante abordou um distribuidor independente e cria-se um acordo de  parceria. Nesse acordo fica estabelecido que a administração da unidade fica a  cargo de indicação do fabricante e o investidor (antigo distribuidor  independente) arca com o investimento inicial (estrutura física e logística)  recebendo comissão pelos negócios efetuados através daquela unidade. 
Devido  à concessão de benefícios fiscais pontuais (para algumas empresas / cidades), o  mercado tem apresentado vários novos concorrentes no mercado de distribuição do  aço. A região do Médio Paraíba Fluminense é considerada estratégica tanto pelos  gestores de distribuição de aço e se evidencia pelas várias empresas que têm se  instalado devido a essa concessão. A demanda não somente da região, mas de um  modo geral é vinculada ao desenvolvimento da iniciativa pública, portanto as  grandes obras para os eventos de Olimpíadas como a Copa do Mundo e também obras  do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) alteraram a estrutura do mercado da  construção civil. As atuações dos distribuidores costumam ter suas estratégias  rapidamente adaptadas uma a outra. Por exemplo, em momentos de aumento ou baixa  de preços as adaptações por parte do mercado distribuidor costumam ocorrer  sempre muito próximas de concorrente para concorrente. O mercado produtor de  aço para construção civil é dominado por poucos fabricantes no Brasil. O  processo de aquisição por parte dos fabricantes em relação a distribuidores  independentes indica orientação para o mercado, no entanto suas indicações  estratégicas ainda trazem forte ranço do mercado orientado apenas para a  produção. 
   Para  aumentar a confiabilidade de uma pesquisa Yin (2001) sugere que seja feito um  protocolo deste estudo. Para isso, no protocolo deve conter alguns  direcionamentos como: os procedimentos utilizados em campo (documentos e outras  informações, entrevistas e perfil dos entrevistados). 
   Nos  procedimentos de campo primeiramente se identificou as empresas e os atores  vinculados a elas. Diante deste quadro houve a aproximação e contato com estes  colaboradores da pesquisa. A coleta de dados tanto sobre as empresas quanto  sobre os próprios envolvidos foi obtida por meio, principalmente, de  entrevistas, mas também foram utilizadas outras fontes de informação como sites  e revistas especializadas no setor. 
   Coletar  dados sobre as empresas é significativo na pesquisa, contudo estes dados não  são recolhidos apenas por meio de entrevistas (diretamente com algum ator da  empresa). Também se faz necessário buscar informações nos sites das próprias  empresas e de canais vinculados a elas, de folders ou revistas  produzidos pelas mesmas e em revistas envolvidas no setor siderúrgico e  econômico. 
   A  abordagem teórica teve como meio três vieses centrais nas entrevistas: i)  estratégias de distribuição de aço; ii) formas de relacionamento e iii) papéis  em vendas. Essas questões foram confrontadas à prática, por meio dos  depoimentos dos seguintes atores: gerentes de venda de distribuidor de aço,  seus vendedores e os lojistas de LMC's, na região estudada. Tanto as abordagens  teóricas como as visões de cada um desses atores foram trianguladas de modo a  assegurar as visões de cada ângulo do processo, compreendidas no âmbito da  complexidade. 
   Quanto  às entrevistas, junto aos donos de LMC's o foco foi visualizar a importância do  aço para o negócio de LMC's em sua relação com os distribuidores de aço.  Tratando-se dos distribuidores, quanto às entrevistas junto aos vendedores de  distribuidores de aço o foco foi no direcionamento do trabalho (estabelecimento  de metas, foco do trabalho – volume x rentabilidade) e importância das LMC's  para o negócio de distribuição de aço. Em relação à gerência de distribuidores  de aço o esforço direcionou-se para a formação de equipe e orientação para o  trabalho da equipe de vendas e estratégias de vendas. Por meio da consolidação  e confrontação das informações coletadas retratou-se o cenário num dado  momento, já que a atuação comercial no setor é volátil. Optou-se por estudo de  caso por entender o objeto de estudo como um fenômeno social complexo, segundo  Yin (2001) sugere. 
3.2 PERFIL E ANÁLISE DAS ENTREVISTAS
Quanto  às entrevistas junto aos lojistas de LMC's o foco foi visualizar a importância  do aço para o negócio delas sem sua relação com os distribuidores de aço.  Tratando-se dos distribuidores, as entrevistas junto aos vendedores tiveram  como foco o direcionamento do trabalho (estabelecimento de metas, foco do  trabalho – volume x rentabilidade) e a importância das LMC's para o negócio de  distribuição de aço. Em relação à gerência de distribuidores de aço o esforço  foi voltado para a formação de equipe e orientação para o trabalho da equipe de  vendas e estratégias de vendas. Através da consolidação e confrontação das  informações coletadas esperou-se retratar o cenário num dado momento, já que a  atuação comercial no setor é volátil. 
   Foi  realizada entrevista exploratória junto a um experiente consultor da área  siderúrgica com atuação em vários dos principais produtores de aço do Brasil,  incluindo experiência em distribuidores de aço na região em estudo. A partir  dessa entrevista, procurou-se validar a revisão de literatura e, juntamente  elaborou-se o roteiro das entrevistas seguintes. Optou-se por entrevistar os 3  atores (gerentes de vendas, vendedores de distribuidores de aço e lojistas de  LMC's) por entender que desse modo a percepção e complexidade com que se dá o  relacionamento se apresentaria de forma mais clara. 
   O  perfil dos gerentes de distribuição de aço, dos seus vendedores e dos lojistas  entrevistados é de profissional formado em ensino superior há no máximo 10 anos  na área de administração ou com especialização em gestão. A faixa etária dos  gerentes está entre 45 e 50 anos; dos vendedores entre 40 e 55 anos e dos  lojistas entre 30 e 40 anos. 
   O  gerente da empresa A (aqui tratado GA) fez carreira na empresa, fazendo parte  do seu time há mais de 15 anos. Este fez carreira, atuando tanto na área  administrativa quanto na de vendas. Cabe destacar também sua experiência em  gestão noutra unidade da empresa, em outro raio de atuação. O gerente da empresa  B (aqui GB) já iniciou carreira na empresa com cargo executivo, no entanto sua  experiência não passa de 5 anos no setor. Já trabalhou noutra unidade da  empresa. 
   Seus  vendedores (VA e VB, respectivamente da empresa A e B); tem carreira há mais de  20 anos no setor, com renomado sucesso na região de sua atuação. Ambos  iniciaram em suas respectivas empresas na área de vendas. Cabe destacar que o  VB atua como representante (sem vínculo fixo a empresa); enquanto o VA é  vinculado por contrato de trabalho junto à empresa A. 
   Os  lojistas, ambos administram empresas familiares, que tiveram sua origem com os  respectivos pais e suas experiências no setor foram pautadas principalmente com  a prática comercial do dia a dia antes de iniciarem graduação. 
   A  análise das entrevistas foi dividida em três etapas principais: pré-análise,  exploração de material e tratamento de resultados. 
   A  primeira etapa buscou a identificação, validação e nomeação de categorias pré  estabelecidas que já foram citadas: i) estratégias de distribuição de aço; ii)  formas de relacionamento e iii) papéis em vendas. A partir daí iniciou-se a  segunda etapa, na qual os textos foram postos em planilha para facilitar a  identificação de sua aderência para com uma categoria ou outra. O método partiu  da identificação dos pontos de destaque dos principais atores em relação aos  assuntos abordados buscando uma visão compartilhada do papel de cada ator sob  cada uma das categorias. 
   Sobre  a categoria i a busca foi sobre a compreensão da estratégia de distribuição de  aço, e desse modo buscou-se informações que direcionassem para a representação  da estratégia de distribuidores e LMC's. Sendo assim vários termos, que não  estratégia propriamente dita, foram considerados como tal, da forma que se  representa para cada grupo de atores envolvido. 
   A  categoria ii buscou compreender a representação de cada um dos atores sobre as  formas de relacionamento, buscando as origens, perspectivas e expectativas de  uma abordagem para transação ou relacionamento. 
   Já  a terceira categoria pré estabelecida centrou-se na busca pela compreensão dos  papéis de cada ator envolvido em vendas, buscando a relação com o  relacionamento tratado na categoria ii. Tivemos assim vários trechos que foram  tratados em mais de uma categoria, quando o cruzamento das categorias se  mistura ao discurso dos atores. 
   Terminada  essa etapa, o material ainda em planilha em caráter bruto foi depurado e  cruzado entre si, associado ao referencial teórico e ao contexto descrito na  seção anterior para formar e consolidar as informações. A intenção foi de  analisar as entrevistas sob o viés de cada grupo de atores perpassando sua  visão sobre cada uma das categorias estabelecidas, conforme abaixo: 
   i)  Gerentes 
   a.  Estratégias de distribuição do aço 
   i.  A visão sobre a posição de suas empresas em relação à posição no setor se dá  prioritariamente em função do volume negociado, não sobre questões vinculadas à  rentabilidade ou lucratividade do negócio. Indicando assim orientação para uma  cultura de direcionamento para a produção. 
   ii.  Os gerentes compartilham uma visão estratégica pautada por tendência de  verticalização a jusante, conforme a seção 1.7 retrata essa tendência  consolidada na década de 90, mas indicam uma preocupação quanto ao domínio de  distribuidores. 
   iii.  Há tendência por parte dos produtores de aço, já consolidada por alguns deles,  de ampliação da gama de produtos a partir de estratégia de diversificação  corporativa. 
   iv.  A flexibilidade comercial e administração desprofissionalizada de distribuidores  independentes compromete a política de precificação dos distribuidores  vinculados aos fabricantes e que, por conta disso, ficam eventualmente fora do  mercado. 
   v.  Em sua visão há muita oferta de produtos dessa linha, pois, apesar de o mercado  apresentar poucos fabricantes, existem muitos distribuidores, pois os mesmos  fabricantes vendem para vários distribuidores no mesmo raio de atuação. 
   b.  Formas de Relacionamento 
   i.  A atuação de vendas costuma ocorrer, ainda sob a ótica dos gerentes, diante de  uma visão passiva para com os clientes, aguardando as necessidades e não  oferecendo serviços, por exemplo. 
   ii.  Os gerentes enxergam as LMC's como um segmento estratégico dentro dos perfis de  seus clientes. 
   iii.  Apesar de indicar a pronta entrega e a disponibilização de material promocional  como secundários, enxergam que o preço é o fator fundamental na concepção da  relação junto à LMC's. 
   iv.  Apoiam a segmentação híbrida. 
   v.  Enxergam o relacionamento com as LMC's baseado em transação, mas destacam a  rotina de visitas, entrega pontual e material de apoio como secundárias ao  negócio. 
   c.  Papéis em Vendas 
   i.  Endossam aos vendedores a responsabilidade de criar valor no relacionamento  junto às LMC's e aos clientes em geral. 
   ii.  Os distribuidores consultados são contrários em relação ao acompanhamento das  vendas em cada cliente. Enquanto um mantém acompanhamento semanal sobre as  visitas x vendas de cada cliente o outro tem apenas um visão geral sobre o  volume de vendas por vendedor. Esse acompanhamento indica facilidades quanto à  elaboração de alterações de carteira, e gestão da força de vendas. 
   iii.  As empresas procuram, cada uma com sua estratégia, formatar a remuneração de vendas  com aspectos fixos e variáveis, incluindo volume de vendas, rentabilidade; e,  em um caso aspectos relativos à organização, como segurança, produtividade da  unidade etc. No entanto, o foco maior é volume de vendas na composição desses  valores. 
   ii)  Vendedores 
   a.  Estratégias de distribuição do aço 
   i.  Trazem em seu discurso o foco no volume de vendas, ignorando fatores como  rentabilidade, inadimplência ou outros aspectos. 
   ii.  Não traduzem a estratégia comercial, ou seja, não têm entendimento sobre a política  comercial de suas empresas. Sentem que não têm autonomia em relação à concessão  de diferenciais comerciais sobre a concorrência. 
   b.  Formas de Relacionamento 
   i.  Sentem-se pressionados pelo cliente quanto à concessão de diversos benefícios  ou criação de valor no relacionamento, no entanto, não conseguem viabilizar  essas ações junto ao distribuidor. 
   ii.  Encaram o relacionamento como transação. Justificam as corriqueiras barreiras  na concessão de desconto como preponderante ao não estabelecimento de uma  relação de confiança de preço de mercado. A força de vendas reitera que em  muitos períodos do mês os preços ficam muito longe da concorrência. 
   c.  Papéis em Vendas 
   i.  Vendedores buscam desenvolver relacionamento com LMC's, eventualmente  auxiliando no controle de estoque e trocando informações comerciais, no  entanto, tentativas mais elaboradas de parceria não tem recorrência. A  oscilação nos preços é preponderante e derruba as iniciativas implementadas  pela força de vendas. 
   iii)  Lojistas 
   a.  Estratégias de distribuição do aço 
   i.  Os lojistas consideram o material bruto (incluindo aço para a construção civil)  como um item importante para o atendimento. Apesar de não se conseguir extrair  uma boa margem líquida nessa linha de produtos, ela abre precedente para a  relação com o cliente da LMC. 
   ii.  Enxergam que as estratégias de precificação são fundamentais no processo de  compras de aço e consideram que a não fidelização a qualquer um dos  distribuidores. Segundo eles, o fornecedor só costuma ceder descontos maiores  quando deixa de comprar com aquele fornecedor. 
   b.  Formas de Relacionamento 
   i.  Preferem quando o distribuidor mantém uma relação mais próxima com a LMC.  Identificam esta proximidade como possibilidade de melhores compras e troca de  informações. 
   ii.  Entendem que é difícil haver fidelização junto a um distribuidor por causa da  oscilação constante de preços. 
   iii.  Procuram se diferenciar da concorrência nos produtos oferecidos nas lojas,  tentando manter qualidade e prazo na entrega dos materiais. 
   c.  Papéis em Vendas 
   i.  De modo geral, o comprador de material das LMC's são os próprios donos. Eles  procuram obter a melhor oferta primeiramente com o vendedor de confiança, se  não conseguirem buscam o preço mais acessível. 
   ii.  Os lojistas procuram buscar informações de mercado em seus contatos junto aos  vendedores que os atendem, e muitas vezes consideram o compartilhamento de  informações importante na manutenção do relacionamento com os vendedores. 
   iii.  Os lojistas preferem, muitas vezes, trocar de fornecedor na certeza de que os  outros irão elevar os descontos com receio de perder os próximos pedidos. 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Evidenciou-se  que o relacionamento entre distribuidores de aço e lojas de material de  construção ainda está em processo de evolução. Os principais distribuidores de  aço da região mantêm relacionamento tímido com seus clientes varejistas, salvo  algumas exceções de propostas de fidelização. Os distribuidores de aço se  preocupam em manter os números de vendas, por isso a força de vendas é  direcionada a se deter em volume de vendas mais do que construir um  relacionamento mais próximo com as lojas de material de construção. Com o  mercado aquecido as vendas em volume maior advêm de outros setores, não do  varejista, que apesar de ser enxergado como um público estratégico não se  encontrou um empenho exclusivo de estratégias direcionadas a ele. 
   O  papel das grandes organizações atacadistas se torna crucial, na relação com o  varejo (LMCs), já que as lojas aumentam sua representatividade junto aos  consumidores finais, sem a presença dos médios atacadistas. No entanto, os  maiores distribuidores de aço da região não põem em ação a prática inovadora  junto ao seu atendimento aos clientes, pois a gerência costuma endossar a força  de vendas quaisquer inovações nesse aspecto. A força de vendas por sua vez não  se vê inteirada deste processo e isso reflete na sua comunicação com os  varejistas. As conclusões retratam o cenário investigado no período decorrido  do estudo e podem sofrer alterações em relação à mudança de região e cenário.
   A  suposição inicial de que não há uma consideração sobre as diferenças de  clientes se confirmou, porque o distribuidor permanece em sua estratégia sem  manter um relacionamento com o cliente que o fidelize, principalmente lojas de  material de construção. Os negócios são feitos de transação a transação sempre  pesando o fator preço. Não há uma tentativa de aproximação e, consequentemente,  de vendas contínuas para a mesma LMC. A cada negociação o processo é  desgastante para as partes, pois a busca por melhor preço com prazo de entrega  é feita em uma pesquisa em todos os distribuidores, deixando assim, de agregar  valor ao próprio negócio. 
   Os  objetivos do estudo foram atingidos. À medida que os avanços teóricos permitiam  uma visão crescente sobre o objetivo geral, cada objetivo específico foi sendo  estruturado. Com a execução das entrevistas, o objetivo geral foi alcançado  plenamente, conforme atingia-se cada um dos objetivos específicos, com a  análise das entrevistas. Dos específicos primeiramente no que tange a relação  entre o desenvolvimento econômico e social no Médio Paraíba Fluminense e o aço  foram cumpridos, pois, é possível visualizar como esses estão intimamente  ligados. Em relação aos fatores críticos de sucesso, tanto para as LMC's como  para os distribuidores de aço explorados nas entrevistas foram abordados tanto  nas análises como nessa seção. O cruzamento desses fica entendido que está na  criticidade dos fatores para os distribuidores, já que estes devem levar em  conta os pontos críticos das LMC's também listados abaixo. Em relação à  descrição da dinâmica comercial para a construção civil apresentou-se aqui  através dos cruzamentos entre os pontos críticos, no entanto sugere-se um  aprofundamento que poderá ser visualizado numa pesquisa-ação conforme seção de  sugestões. 
   As  LMC's tentam agregar valor nos seus relacionamentos com seus clientes na venda  de aço, pois um cliente que compra aço para fundação e estrutura de uma obra,  quando bem atendido, pode voltar a loja para comprar materiais para o resto da  obra, mesmo esta loja tendo uma diferença de preço ou menor portfólio que o  concorrente. Porém, um problema que as LMC's enfrentam é a mão de obra. Elas  treinam e profissionalizam o empregado, mas este não tem comprometimento com o  seu empregador. 
   Já  para o distribuidor de aço e sua força de vendas o ponto critico é entender a  satisfação do cliente, no caso, o varejista, e com isso tentar abordar a  fidelização. O mapeamento do mercado nem sempre mostra a realidade quando se  começa a atender o cliente. As necessidades iniciais deste cliente podem se  tornar outras ao longo do processo de venda e mais para frente o distribuidor  não dá mais conta de satisfazer seu cliente. Desse modo, a força de vendas, não  conseguindo viabilizar junto ao distribuidor alternativas para essas  necessidades, perde motivação na tentativa de criar relacionamento. 
   A  partir das informações aqui coletadas pode-se buscar uma análise da  concorrência entre os distribuidores de aço, com enfoque no relacionamento  junto às LMC's e replicados para outros setores. Através de uma abordagem  quantitativa se pode confirmar e acrescentar informações relevantes ao estudo,  uma pesquisa-ação poderá validar iniciativas aqui sugeridas. Por seu lado, o  tripé de entrevistas baseadas em gerentes de vendas, vendedores e clientes pode  ser usado para abordagens a outros setores. A identificação de abordagens  diferentes frente ao relacionamento com o cliente possibilita às partes uma  nova condução de treinamento para a melhoria da compreensão dos gestores e  força de vendas da linha de frente. Sugere-se também estudo que aborde essas  questões relacionais que inclua outros atores da cadeia como o fabricante e  suas vendas diretas, ampliando a visão sobre o relacionamento entre mais partes  da cadeia. 
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