Revista: Caribeña de Ciencias Sociales
ISSN: 2254-7630


A PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE O TEMA ECONOMIA SOCIAL: UM ESTUDO BIBLIOMÉTRICO – 2010 A 2016

Autores e infomación del artículo

Flavia Schirmann *

Louise de Lira Roedel Botelho**

Luciana Scherer***

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

lucianascherer@yahoo.com.br


RESUMO: A Economia Social como um campo atuação e de estudos é alvo intenso de debates, que cerceiam sua compreensão e aplicação prática a grupos sociais desfavorecidos. Esse estudo consiste na realização de um estudo bibliométrico do tema Economia Social, entre 2010 e 2016 na SCIENTIFIC PERIODICALS ELECTRONIC LIBRARY (SPELL), uma biblioteca eletrônica com um repositório de 36.515 artigos científicos. A proposta de mapear os artigos foi destacada no sentido de verificar a atual situação da temática como referencial teórico ou mesmo objeto de análise. O estudo caracteriza-se como descritivo e possui uma metodologia bibliométrica e quantitativa. Entre os principais resultados foram  identificados 20 artigos e 45 autores diferentes. O periódico em destaque para essa temática foi Revista de Administração Mackenzie, com 6 artigos ao longo do período analisado e a instituição de ensino a qual vinculam-se o maior número de autores é a Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

PALAVRAS-CHAVE: Estudo Bibliométrico. Produção Científica. Economia Social. SPELL

RESUMEN: La economía social como un campo de actuación y de estudios es un objetivo intenso de debates. Tales debates cercían sobre su comprensión y aplicación práctica a grupos sociales desfavorecidos. Este estudio consiste en la realización de un estudio bibliométrico acerca del tema Economía Social, entre los años 2010 a 2016 en la base de datos SCIENTIFIC PERIODICALS ELECTRONIC LIBRARY (SPELL), denominada como una biblioteca electrónica con un repositorio de artículos científicos y proporciona acceso gratuito a la biblioteca información técnica-científica, con 36.515 documentos. La propuesta de mapear los artículos fue destacada en el sentido de verificar la actual situación de la temática como referencial teórico o mismo objeto de análisis en esas producciones académicas. El estudio se caracteriza como descriptivo y posee una metodología bibliométrica y cuantitativa. Entre los principales resultados se identificaron 20 artículos, escritos por 45 autores diferentes. El periódico en destaque para esa temática fue Revista de Administración Mackenzie, con 6 artículos a lo largo del período analizado y la institución de enseñanza a la que se vinculan el mayor número de autores es la Universidad Federal de Rio Grande do Sul.

PALABRAS CLAVE: Estudio Bibliométrico. Producción Científica. Economía Social. SPELL

ABSTACT: The Social Economy as a field of activity and studies is an intense subject of debate, which limits its understanding and practical application to disadvantaged social groups. This study consists of a bibliometric study of the theme Social Economy, between 2010 and 2016 in SCIENTIFIC PERIODICALS ELECTRONIC LIBRARY (SPELL), an electronic library with a repository of 36,515 scientific articles. The proposal to map the articles was highlighted in order to verify the current situation of the thematic as a theoretical reference or even object of analysis in these academic productions. The study is characterized as descriptive and has a bibliometric and quantitative methodology. Among the main results were identified 20 articles, written by 45 different authors. The periodical in focus for this subject was Revista de Administração Mackenzie, with 6 articles throughout the analyzed period and the educational institution to which the largest number of authors are linked is the Federal University of Rio Grande do Sul.

KEYWORDS: Bibliometric Study. Scientific production. Social Economy. SPELL

Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Flavia Schirmann, Louise de Lira Roedel Botelho y Luciana Scherer (2018): “A produção científica sobre o tema economia social: um estudo bibliométrico – 2010 a 2016”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (mayo 2018). En línea:
https://www.eumed.net/rev/caribe/2018/05/producao-cientifica-estudo.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/caribe1805producao-cientifica-estudo


1. INTRODUÇÃO

Termos como responsabilidade social, solidariedade, cooperação e generosidade nas relações econômicas e de produção tem conquistado espaço na sociedade e na academia brasileira, pois trazem à tona conceitos que até então ficaram subjacentes em algumas áreas do conhecimento, como por exemplo, as ciências humanas e sociais. Economia Social está voltada a atender um conjunto de atividades tendo em vista a dimensão econômica, porém não constituídas pela natureza econômica tradicional baseada na concorrência. Seu principal foco é a comunidade humana prestando serviços que regem a harmonia de uma sociedade, alavancando as particularidades do ser, individualmente e coletivamente. Uma característica centro da economia social são entidades privadas, no entanto sem fins lucrativos, com objetivos sociais (CAIERO, 2008).
A importância do conhecimento dessa temática permite que se conheça e identifique as ideias, concepções e conceitos apoiados em bases teóricas, ressaltando assim uma gestão do conhecimento adquirido, no qual se torna essencial o seu repasse deste para a sociedade.
Esta pesquisa é de natureza descritiva, já que expõe as características de determinado fenômeno e estabelece correlações entre suas variáveis e define sua natureza (VERGARA, 2000). Quanto à abordagem, a pesquisa é classificada pela análise quantitativa, definida por Richardson (1999) como sendo um método que se caracteriza pelo emprego da quantificação, tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento dessas através de técnicas estatísticas, desde as mais simples até as mais complexas, podendo ser quantificados já que as amostras são representativas da população (FONSECA, 2002).
O objetivo da pesquisa é investigar as principais informações e evoluções em volta dos estudos científicos publicados na base de dados do SCIENTIFIC PERIODICALS ELECTRONIC LIBRARY (SPELL), sobre a temática da Economia Social, entre os anos de 2010 a 2016. Sobre essa base de pesquisa, salienta-se que a mesma foi escolhida pelo fato de incorporar uma extensa quantidade de estudos nos temas definidos, além de ser de fácil acesso aos acervos e proporcionar odownload gratuito dos artigos. Vale ressaltar que o SPELL é uma ferramenta virtual que agrega a produção científica disponibilizada eletronicamente pelos periódicos associados e organiza a produção científica oriunda de diferentes periódicos, de modo que proporciona a localização de trabalhos que atendam a um ou vários critérios combinados de busca, os quais podem ser salvos ou compartilhados pelos usuários. Nesta base estão agrupados artigos científicos, resenhas, editoriais, notas bibliográficas, casos de ensino, debates entre outros documentos, ambos estando disponíveis em liberdade ao acesso para consultas e download.
Para a realização da seleção dos artigos, foram estabelecidos alguns critérios de inclusão, os quais destacam-se: a existência do descritor Economia Social no resumo do artigo, a delimitação do período de publicação (2010- 2016), o tipo de trabalho (artigo completo), área de conhecimento (Administração e Economia), o idioma do artigo (português e espanhol) e por fim, a qualificação Qualis 1 do veículo mínima de B2 (periódicos com classificação A1, A2, B1 ou B2).
Após estabelecidos os critérios, foi elaborada uma matriz de síntese, no programa Excel 2010, afim de organizar a categorização dos dados pesquisados nessa matríz descritiva, na qual indica-se os dados mais relevantes do estudo, já que segundo Broome (2006), para analisar as informações coletadas nos artigos científicos, é necessário que o pesquisador crie categorias analíticas que facilitem a ordenação e a sumarização de cada estudo. 
O trabalho está dividido em três partes, além dessa introdução e das conclusões finais. A primeira relaciona as técnicas teórico-metodológicas que orientaram essa pesquisa: a Pesquisa Bibliográfica e a Pesquisa Bibliométrica. Na sequência, realiza-se a apresentação do referencial teórico baseado nos conceitos e discussões sobre Economia Social, que figura como a temática desse artigo. E na terceira parte, apresentam-se os resultados da pesquisa, com os artigos, e informações sobre autores, instituições de ensino e periódicos identificados em relação a publicações sobre a Economia Social.
Busca-se, com esse estudo, utilizar conhecimentos das ciências sociais aplicadas, mais especificamente a administração e a economia, no fenômeno da Economia Social. Acredita-se estar assim contribuindo com um tema rico, porém ainda pouco abordado.

2. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E PESQUISA BIBLIOMÉTRICA

As duas técnicas utilizadas nesse estudo foram selecionadas partindo-se da idéia de que o ato de elaboração de pesquisa e conhecimento científico fundamentado em revisões teóricas do que já existe combinado com um levantamento do que já foi publicado para mapear quem já escreveu, o que já foi escrito, onde foi publicado e em que período, gera uma possibilidade ampla de conhecimento, de análise e propicia um panorama sobre a atual situação do fenômeno em questão. O resultado da combinação dessas duas técnicas de pesquisa gera uma sustentação significativa para o desenvolvimento de novos trabalhos, bem como o conhecimento importante acerca do tema pesquisado.
A pesquisa bibliográfica é realizada com a busca de conhecimento científico já produzido, e nesse sentido faz-se importante delinear o que pode ser considerado “produção científica”. Segundo Cortez (2011) os tipos de produção mais relevantes são livros, teses, capítulos de livros, artigos publicados em revistas cientificas, comunicações e atas de conferências, relatórios técnicos, materiais pedagógicos, whitepapers e páginas web, podendo ser de natureza nacional ou internacional.
Neste trabalho, as fontes serão os artigos científicos. Os principais autores utilizados para a apresentação do conceito de Economia Social são Caiado (2008) e Namorado (2004; 2017), os quais oferecem um arcabouço teórico atualizado e preocupado com discussões técnico-teóricas sobre o tema.
O objetivo da pesquisa bibliográfica neste trabalho é buscar, apresentar e discutir o conhecimento acerca da Economia Social, para proporcionar a familiaridade e o aprofundamento com esse tema proposto.
Em relação à segunda técnica utilizada neste trabalho, a pesquisa bibliométrica, essa consolidou-se a partir do artigo seminal, de 1969, de Pritchard discutindo a polêmica “Bibliografia Estatística ou Bibliometria?”, sendo que hoje pode ser considerada como o estudo dos aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da informação registrada (ARAUJO, 2006).A análise bibliométrica é um método flexível para avaliar a tipologia, a quantidade e a qualidade das fontes de informação citadas em pesquisas. O resultado de uma análise bibliométrica é um conjunto de indicadores científicos de produção, sendo que a técnica propicia não só o conhecimento da produção cientifica referente a determinado assunto, conceito ou metodologia, como também possibilita a identificação de características de determinado periódico ou revista científica: quais as áreas mais abordadas? Quais as metodologias mais utilizadas? Em quais períodos determinados assuntos foram desenvolvidos? Estas, dentre muitas outras, são investigações possíveis e serem realizadas utilizando-se a técnica de análise bibliométrica. Segundo Araújo (2006 p. 25): “estudos bibliométricos realizam uma leitura de dados bibliométricos à luz de elementos do contexto sócio-histórico em que a atividade científica é produzida”. Ainda sobre a importância da realização de estudos bibliométricos, (BUFREM e PRATES, 2005) discorrem que na atualidade a bibliometria é um campo de pesquisa verdadeiramente interdisciplinar, estendendo-se a quase todos os domínio científicos,  incluindo elementos da Matemática, Ciências Sociais, Ciências Naturais,Engenharia e Ciências da Vida.
3. ECONOMIA SOCIAL

As noções de economia social ainda são terrenos em construção, onde autores se debatem para definirem a base de uma construção, de um caminho norteador que possa balizar as reflexões, modelos e aplicações do conceito. É possível considerar que o que trata-se de economia social diz respeito a ideia de que os atores envolvidos estão alinhados em seus objetivos por meio da atuação de agentes socioeconômicos que atuam no mercado e na sociedade, mas sem visar o lucro individual.
Embora ainda se busque delineamentos, é possível encontrar posicioidntos sobre a já existência de uma “nova” economia social em detrimento de uma “velha” economia social. A Economia Social em relação a economia ortodoxa, é identificada como o setor que constitui-se por organizações como Associações, Mutualidades, Cooperativas, Fundações, Irmandades da Misericórdia, Centros Sociais Paroquiais, Institutos Religiosos e outras(MENDES, 2013) e ainda pode ser entendida como aquela composta de organismos produtores de bens e serviços, colocados em condições jurídicas diversas no seio das quais, porém, a participação dos homens resulta de sua livre vontade, onde o poder não tem por origem a detenção do capital (LECHAT, 2002). Esse conjunto, segundo posicioidntos do Observatório da Economia Social em Portugal (OBESP, 2016) pode ser caracterizado como a “velha”, sendo que a “nova” economia social já insere também os diversos tipos de associações e de outras organizações também associadas à solidariedade e ao desenvolvimento local. Nota-se assim, que tanto as noções, concepções e estruturas integrantes desse conceito encontram-se em discussão e construção.
Independente de se considerar a concepção de “velha” ou de “nova” economia social, esse setor mostra-se amplo e pertencente a uma significativa parcela de diversos setores produtivos, tanto em contexto nacional como internacional. Se considerar-se apenas as cooperativas, já é possível admitir que é um setor de amplo espectro, já que essas, especificamente, são difundidas no mundo inteiro, há quase dois séculos2 , e muitas vezes caracterizam a busca de uma terceira via entre o capitalismo e o centralismo de Estado.Conforme Monzón (2000), a economia social nasce historicamente associada ao surgimento das primeiras iniciativas de cooperativas, como alternativa organizada pelos trabalhadores a partir dos efeitos da Revolução Industrial iniciada na Inglaterra e considera que sua formação não foi influenciada, ao menos diretamente, por nenhuma corrente de pensamento.
Caeiro (2008) define economia social como atividades voltadas à comunidade, na qual são prestados serviços garantindo harmonia dos atores da sociedade, desenvolvendo o ser humano, tanto no lado individual como no lado da coletividade. Pode-se dizer que a principal característica das entidades de economia social são entidades privadas, que, no entanto não possuem fins lucrativos e tem por objetivo o social. A ideia pioneira de economia social pode ser identificada em meados de 1830, quando Charles Dunoyer 3 publicou em Paris um tratado de economia social, dando origem à organização de um curso com designação de Economia Social na Universidade de Lovaina 4, naquela mesma década. Neste horizonte, destaca-se o surgimento de um conjunto de escolas teóricas de que se salientam socialistas, cujos precursores são os socialistas utópicos e tendo o contributo de Marcel Mauss (1872-1950), defensor de uma economia de socialização voluntária e Benoit Malon (1841-1893). Essas escolas teóricas serviram, de forma positiva, para demonstrar a pluralidade política, cultural, social e econômica sobre essa temática, perpetuada até os dias atuais.
Nos anos 80, o termo economia social apresentou uma retomada com a posse de  François Mitterrand à Presidência da República da França, tendo em consequência a emergência da responsabilidade dos socialistas franceses no governo.Essa novidade política trouxe à tonaa importância a se dar uma realidade organizativa, para com uma conjuntura de movimentos sociais.
Destaca-se ainda que, na Europa pós Segunda Guerra Mundial, ocorreu uma grande modificação entre a relação das instituições de economia social e os poder público:

Com a primeira crise do petróleo em 1973 e o aumento do desemprego, o papel das instituições de economia social foi ainda mais reforçado e a partir da década de 1980, o crescimento do desemprego e da pobreza provocou o surgimento de novas empresas sociais na Europa, que representaram uma resposta de luta contra a exclusão e o desemprego (MOTCHANE, 2007, p. 3).

Contudo a partir de 1985, cria-se, então, o conceito de solidariedade, “não no sentido anglo-saxônico de caridade, mas numa perspectiva tipicamente francesa, ou seja, com significado político que visava conciliar os direitos individuais com a responsabilidade do Estado” (WAUTIER, 2003). Neste contexto, surgem empreendimentos compreendidos como de natureza de economia social.
Atualmente, é possível ainda, identificar duas vertentes que tratam a economia social: a francófona e a anglo-saxônica (CAIERO, 2008). A primeira define como o conjunto de instituições sem fim lucrativo com personalidade jurídica própria que produz serviços fora do mercado, a favor das famílias e cujos excedentes, se os tiverem, não podem ser apropriados pelos mesmos agentes econômicos que as controlam ou financiam. Já na segunda, seu conceito obedece a cinco critérios fundamentais tendo por base a classificação da Jonh Hopkins University e devem:

  • Respeitar o princípio da não distribuição de benefícios entre os seus proprietários ou administradores, mas, se eventualmente estes existirem, só devem destinar-se em exclusivo ao desenvolvimento dos seus fins ou a novos investimentos;
  • Ser entidades privadas;
  • Ser entidades formalmente organizadas, com estrutura e objetivos definidos;
  • Ser auto-geridas e com autonomia face ao setor público e ao setor empresarial privado; 
  • Ter capacidade de mobilização de recursos voluntários

            Contudo a economia social pode ser associada com um apoio ao governo tendo entidades privadas que não visam fins lucrativos. Contendo um suporte a atividades que muitas vezes ficam enfraquecidas ou em segundo plano do governo possibilitando assim o acesso de todos em demais planos como saúde e educação.
Critérios jurídicos, econômicos e sociológicos fazem parte desse contexto, e de forma combinada possibilitam delimitar e estruturar o campo de intervenção das organizações de economia social, e as cláusulas gerais dos estatutos jurídicos das instituições resultam a regras passíveis de reagrupar em torno de quatro grandes princípios: identificação recíproca das pessoas associadas e da atividade empresarial, a igualdade dos associados, independentemente da sua participação no financiamento e na atividade destas empresas, a possibilidade de divisão dos excedentes entre os associados de forma proporcional à sua participação na atividade econômica, e a propriedade coletiva dos benefícios investidos de forma permanente (CAEIRO, 2008).
A partir desses critérios e entendimentos, autores buscam delimitar os entendimentos e definições de economia social. Com o objetivo de apresentar esses distintos entendimentos e definições, formula-se, na tabela 1 um apanhado com alguns autores que versam sobre o tema.

Por fim, é destacam-se os dois grandes vetores na economia social: a cooperatividade e a solidariedade. O princípio da cooperatividade é de implicar autonomia, liberdade, democracia e intercooperação. Já a solidariedade tem por objetivo a integração, trazendo a lógica da não-lucratividade, juntamente ligado com interesses pela comunidade (NAMORADO, 2004).
No Brasil, o termo e os entendimentos sobre Economia Social ainda ocupam um campo subjacente nos conhecimentos, embora o país tenha destaque no número de instituições e organizações que enquadram-se nessa temática(ANDION e SERVA, 2006). Com base nisso, em 2013 criou-se o instrumento legislativo 30/2013, conhecido como “Lei de Bases da Economia Social” que estabelece, “no desenvolvimento do disposto na Constituição quanto ao setor cooperativo e social, as bases gerais do regime jurídico da economia social, bem como as medidas de incentivo à sua atividade em função dos princípios e dos fins que lhe são próprios”. (BRASIL, LEI 30/2013).
Diante do atual quadro em que a sociedade está inserida, essa temática apresenta-se muito importante tanto para o papel do Estado como do Mercado, atuando então, a Economia Social como esfera comprometida com a promoção da justiça social e da equidade. Para Caiado (2008), nestas circunstâncias, tem cabido à economia social criar através de mecanismos de solidariedade entre empresas e instituições que, para além de serem eficientes do ponto de vista econômico, consagram, ao mesmo tempo, realizar aquilo que é o seu grande objetivo: promoção da inclusão social, o desenvolvimento social e a coesão social.
Portanto, discutir conceitos, por meio de pesquisa bibliográfica e buscar um mapeamento do conhecimento construído e divulgado acerca dessa temática a partir de um estudo bibliométrico, contribui para o seu desenvolvimento e sua consolidação como campo de estudos das ciências sociais aplicadas.

4. ESTUDO BIBLIOMÉTRICO SOBRE ECONOMIA SOCIAL

Nesta sessão são apresentados os resultados obtidos a partir das buscas realizadas nesta investigação. Atendendo os critérios de inclusão estabelecidos, foram encontrados 20 artigos publicados ao longo do período entre 2010 e 2016, conforme distribuição do apresentado na Figura 1.

O ano com maior número de publicações é 2013, concentrando 40% das publicações nesse ano. Já 2010 e 2012 destacam-se por não apresentarem nenhum artigo na base de dados SPEEL.
O cenário das publicações no SPELL sobre publicações voltadas à economia social pode ser explicado pela influencia a partir da elaboração da Lei n.º 30/2013 de 8 de maio. Lei de Bases da Economia Social, que configura como um incentivo para o desenvolvimento da economia social, tanto na sociedade como para a academia, figurando como objeto de pesquisa, até mesmo para divulgação e entendimentos do próprio instrumento legislativo, como também como investigações sobre seu impacto na sociedade e na economia.
Em relação ao número de autores que publicaram artigos com a temática, nas bases de dados SPELL, entre os anos de 2010 a 2016, foram identificados 45 autores distintos e nenhum obteve mais de uma publicação. Esse ponto pode se mostrar favorável, pois apresenta que nas 20 publicações obtivemos pesquisadores diferenciados, ademais visa favorecer o ponto que assim como em outras áreas cada vez mais cresce a necessidade de estudar sobre assuntos emergentes como esse em análise. É possível posicionar-se no sentido de que a economia social está sendo investigada por uma gama significativa de novo pesquisadores adeptos tema, o que contribui para o fortalecimento e para a consolidação de um arcabouço teórico e também de aplicações práticas, por meio de estudos de casos de sucesso, metodologias de aplicação, fortalecimento do setor, consultorias e outras ações importantes para sua consolidação. Por outro lado, esse fato, de nenhum desses 45 autores publicarem mais de um artigo, revela uma intermitência nas pesquisas, indicando que talvez, essas publicações sejam, de certa forma, estudos mais pontuais, menos contínuos e aprofundados.
Ainda sobre os autores, identificou-se que quantidade deles em cada artigo, varia de 2 a no máximo 5.  Na tabela 2 é a apresentada informação sobre o número de autores nos artigos.

No que diz respeito aos periódicos dos estudos analisados, aquele com maior número de publicações é a Revistas de Administração Mackenzie, uma publicação do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) e do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Presbiteriana Mackenzie, localizada no estado de São Paulo. Esse periódico tem por finalidade a direção de um espaço para divulgação de trabalhos que visam contribuir ao conhecimento para um ambiente cada vez mais globalizado e competitivo (MACKENZIE, 2016)
Nos Cadernos EBAPE.BR publicaram-se 3 artigos, enquanto na Revista Organização & Sociedade e na Revista de Administração Pública publicaram-se 2 artigos cada. Os Cadernos EBAPE.BRtêm como objetivo promover o debate de temas relevantes na Administração, e seu público-alvo inclui professores, pesquisadores, docente em administração e das áreas afins, além de profissionais da administração, buscando atingir o Brasil e o exterior (EBAPE.BR, 2016). Já a Revista Organizações & Sociedade, tem como proposta constituir como um canal de divulgação de trabalhos de professores, pesquisadores e alunos relacionados à investigação de temas no campo geral do estudo de organizações e sociedades (ORGANIZAÇÕES & SOCIEDADE, 2016), enquanto a Revista de Administração Pública busca informar através de artigos um conteúdo com principais áreas as temáticas contemporâneas da ação pública (REVISTA DE ADMINSITRAÇÃO PÚBLICA, 2016).
Além dos periódicos foi verificada a classificação no sistema Qualis dos periódicos estudados para a área de avaliação ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E TURISMO como apresenta a Tabela 5:

Na Tabela 5, podemos analisar que sete publicações aprestam o Qualis A2, seguidas pelos Qualis B1 e B2 com dez e três publicações respectivamente, sendo que A2 possui fator de impacto maior que B1 e B2.
Na Figura 3, apresentam-se as palavras-chave mais identificadas nas publicações, possibilitando assim fazer uma ligação de palavras com o tema em análise.

Além das 7 palavras destacadas na Figura 2 formam identificadas mais 63 palavras-chave nas publicações estudadas, o que demonstra uma capilaridade significativa do tema Economia Social com diversos campos de estudo, objetos de análises, teorias e casos de investigação.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo foi realizado com vistas ao alargamento de conhecimento acerca do tema Economia Social. A proposta de mapear os artigos, publicados entre 2010 e 2016, que tratam dessa temática, a partir da realização de um estudo bibliométrico foi destacado no sentido de verificar a atual situação da temática como referencial teórico ou mesmo objeto de análise nessas produções acadêmicas.
O estudo bibliométrico é próprio para identificar quais os artigos publicados, quem são os autores de determinada área de conhecimento, para realizar estudos de citações, avaliar a qualidade dos periódicos científicos, conhecer as principais áreas, instituições e periódicos que publicam sobre o assunto pesquisa. Apesar de algumas críticas que surgem relativas a utilização de pesquisas bibliométricas, é possível evidenciar benefícios práticos na análise e avaliação da produção  da comunidade acadêmica e científica, o que considera-se como principal contribuição dessa pesquisa: o conhecimento acerca da produção da temática determinada.
Com essa pesquisa, são indicados alguns apontamentos sobre o número e o título das produções acadêmicas, a evolução dessas produções ao longo do período percorrido entre os anos de 2010 a 2016, a qualificação dos periódicos onde estão publicados os artigos, as instituições de ensino e os principais autores, formando assim, um mapa do cenário sobre o assunto em questão.
Um ponto importante que chama a atenção, é que nenhum artigo foi publicado em veículo com classificação QUALIS A1, considerada hoje de maior impacto na hierarquia das classificações. Talvez esse fato revele a necessidade de um maior amadurecimento tanto dos autores, como das pesquisas acerca do tema, no sentido de se alcançar reflexões e trabalhos científicos de maior impacto na academia.
Observa-se ainda que o tema Economia Social está presente em diversos momentos na sociedade,e portanto faz-se importante entender sobre assuntos que estão entrelaçados a esse, como questões sociais, políticas e econômicas. Nesse sentido esse estudo propõe uma contribuição já que revelou que os estudos voltados a essa temática estão em crescimento, possivelmente, graças a incentivos goveridntais, as novas Organizações Não-Goveridntais e uma quantidade de pesquisadores buscando compreensão de conceitos, práticas e investigações de casos de sucesso.
Outra constatação que merece destaque é o número de palavras chave que indexam os artigos. Embora destacam-se 7 principais - Economia Social, Estado, Desenvolvimento Sustentável, Responsabilidade Social Corporativa, Administração Pública, Corporação e Economia Solidária, outras 63 foram identificadas. Isso revela a significativa relação e aderência que a Economia Social apresenta com diversos outros temas dentro das Ciências Sociais Aplicadas.
O presente identificou um número de 20 artigos, escritos por 45 autores distintos. Esse fato revela-se tanto um ponto positivo quanto negativo. Positivo no sentido de apresentar um número significativo de diferentes pesquisadores debruçados sobre o tema. Negativo no sentido de que pode revelar uma descontinuidade nas pesquisas, ou até mesmo uma falta de aprofundamento e maturidade nos estudos desenvolvidos pelo tema, já que ao longo do período os autores não voltaram a publicar outros trabalhos sobre o tema.
Com essa pesquisa, são indicados alguns apontamentos sobre os artigos científicos publicados sobre Economia Social, o número de autores que desenvolveram as produções, a evolução dessas produções ao longo do período percorrido entre os anos de 2010 a 2016, os periódicos e suas respectivas qualificações dos periódicos onde estão publicados os artigos e as instituições de ensino as quais estão vinculados os autores, formando assim, um mapa do cenário sobre o assunto em questão.

REFERÊNCIAS
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*Administradora pela Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Cerro Largo.
** Administradora pela Universidade do Vale do Itajaí. Mestra, Doutora e Pós-doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina.
*** Administradora pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestra em Ciências pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Doutoranda em Desenvolvimento Regional na Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul.
1 O Qualis é considerado um conjunto de procedimentos usado pela Capes para estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação. Tal processo foi criado com o intuito de atender as necessidades específicas do sistema de avaliação e sua base é composta pelas informações fornecidas por meio de um aplicativo Coleta de Dados. O resultado é publicado em uma lista com a classificação dos veículos que foram utilizados pelo programa de pós-graduação para assim divulgação da sua produção.A classificação de periódicos possui areas de avaliação, sendo que essas passam pelo processo anual de atualização. Esses veículos são enquadrados em estratos indicativos da qualidade, podendo ser indicados como - A1, o mais elevado; e respectivamente os pesos maiores atribuidos na sequência A2; B1; B2; B3; B4; B5; C. A área analisada nesse estudo foi a de Administração pública e de Empresas, Ciencias Contáveis e Turismo, segundo a classificação Qualis 2014. 
2 A primeira cooperativa moderna surgiu em 1844, com a experiência dos 28 trabalhadores, os chamados Pioneiros de Rochdale,
3Charles Dunoyer foi um economista liberal francês que desenvolveu a teoria dos ciclos econômicos no século XIX
4 O conceito de economia social surge cerca de 1830, quando Charles Dunoyer publica em Paris um tratado de economia social, surgindo na mesma década na Universidade de Lovaina um curso com a designação de economia social(CAEIRO, 2008). Nesta linha, surge um conjunto de escolas teóricas embasadas nos direcioidntos dos socialistas utópicos daquela época que encorparam os rumos da economia social.

Recibido: 02/03/2018 Aceptado: 07/05/2018 Publicado: Mayo de 2018


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