João Batista Alves De Jesus *
Maria Das Graças Silva Nascimento Silva **
Universidade Federal de Rondônia, Brasil
joao.jesus@unir.brResumo: Este trabalho visa descrever de forma sucinta a realidade social, na qual estão submetidas inúmeras mulheres idosas que residem na zona urbana de Porto Velho, Estado de Rondônia, cidade localizada na Amazônia ocidental brasileira. Foi realizada uma pesquisa documental na Secretaria Municipal de Assistência Social - SEMAS, do referido município, onde consta boa parte dos dados destas mulheres que estão em situação de vulnerabilidade social. Entendemos que a realidade se apresenta multifacetada, por isso elegemos apenas algumas para elencar neste trabalho. Por sua vez, observa – se que o envelhecimento populacional é um fato cada vez mais presente em todos os países do mundo, tornando – se um problema maior, principalmente para as nações subdesenvolvidas ou àquelas ainda em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, em que o envelhecimento humano se dá de forma acelerada, em especial nas últimas décadas, uma vez que a partir dos anos de 1970 que emergem as geografias feministas, fruto de vários movimentos sociais que procuravam dar visibilidade à essas questões.
Palavras-chave: Realidade social; Gênero; Geografia Humana, Envelhecimento humano, Amazônia Brasileira.
Resumen: Este trabajo pretende describir de forma sucinta la realidad social, en la que están sometidas innumerables mujeres ancianas que residen en la zona urbana de Porto Velho, Estado de Rondônia, ciudad ubicada en la Amazonia occidental brasileña. Se realizó una investigación documental en la Secretaría Municipal de Asistencia Social - SEMAS, del referido municipio, donde consta buena parte de los datos de estas mujeres que están en situación de vulnerabilidad social. Entendemos que la realidad se presenta multifacetada, por eso elegimos apenas algunas para enumerar en este trabajo. Por su parte, se observa que el envejecimiento poblacional es un hecho cada vez más presente en todos los países del mundo, convirtiéndose en un problema mayor, principalmente para las naciones subdesarrolladas o aquellas aún en desarrollo, como es el caso de Brasil, en que el envejecimiento humano se da de forma acelerada, en especial en las últimas décadas, ya que a partir de los años 1970 que emergen las geografías feministas, fruto de varios movimientos sociales que buscaban dar visibilidad a esas cuestiones.
Palabras – clave: Realidad social; género; Geografía Humana, Envejecimiento humano, Amazonia Brasileña.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato: 
João Batista Alves De Jesus y Maria Das Graças Silva Nascimento Silva (2018): “Notas para la periodización de la política habitacional del estado mexicano:  1917 - 2015”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (enero 2018). En línea:
 https://www.eumed.net/rev/index.html/caribe/2018/02/realidade-social-portovelhoro.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/caribe1802realidade-social-portovelhoro
Introdução
O presente  trabalho visa descrever parte da realidade social vivida por mulheres idosas na  zona urbana do município de Porto Velho, Estado de Rondônia.
   O último  censo revelou que a população total do país já é de 190.755.799 (IBGE, 2010).  Desse total, quase 20 milhões de pessoas são idosas com idade de 60 anos ou  mais (11% da população brasileira) e, de acordo com dados desse instituto, a  população vem aumentando no país.
   Ainda de acordo com o IBGE  (2010):
   […] a taxa de expectativa de vida no  Brasil ainda é menor que a da América Latina e do Caribe (73,9 anos), só  ficando à frente da Ásia (69,6 anos) e da África (55 anos). Na América do norte  a taxa fica em 79,7 anos. Os níveis mais baixos de fecundidade se encontram na  região sudeste, com 1,63 e 1,67 filho por mulher respectivamente. A pesquisa  mostra que o aumento da esperança de vida ao nascer e a queda da fecundidade no  País tem feito subir o número de idosos, que passou entre 1999 e 2009 de 6,4  milhões para 9,7 milhões.
 De uma forma geral, o envelhecimento é um  fenômeno que vem ocorrendo em todo o Brasil, embora que essa realidade não é a  mesma em todas as regiões do País, na região norte, apesar do aumento da população  idosa, ainda apresenta uma estrutura muito jovem, segundo o IBGE (2010). A  população de crianças menores de 5 anos na região norte, que era de 14,3%, em  1991, caiu para 12,7% em 2000, e no último censo chegou a 9,8%. Já a população  idosa, que era de 3% em 1991, e 3,6% em 2000, saltou para 4,6% em 2010.
   Na zona  urbana de Porto Velho, capital do estado de Rondônia, o grupo etário de 60 anos  e mais era de 4,4%, correspondente a 14.725 idosos em uma população absoluta de  334.661 no ano de 2000. Em 2010 esse percentual aumentou para 5,6%, equivalente  a 24.153 idosos em uma população total de 428.527 habitantes, destes 12.563 são  mulheres com idade igual ou superior a 60 anos (BRASIL, 2007a; IBGE, 2010). 
   Nos próximos 40 anos, o total  da população brasileira vai crescer a uma média de apenas 0,3% ao ano, enquanto  o número de idosos aumentará a uma taxa de 3,2%, ou seja, será quase 11 vezes  maior. O estudo mostra igualmente que a população brasileira está envelhecendo  a um ritmo mais rápido do que o registrado em países desenvolvidos.
   As nações desenvolvidas  ficaram ricas, fizeram uma distribuição de renda e depois envelheceram, mas o  Brasil e outros países emergentes estão ficando velhos antes de enriquecer e  sem uma política de distribuição de renda de forma justa. Enquanto a França  levou mais de um século para duplicar a sua população acima de 65 anos, o  Brasil passará pelo mesmo processo em duas décadas.
   Para Lyra  (2015, p.26) A Geografia como ciência social possui em seu arcabouço um  conjunto de categorias que expressam sua identidade ao discutir a ação humana  no ato de modelar a superfície terrestre. Nesse mesmo interim, o grande  geográfico brasileiro Milton Santos (2004, p.97) assevera que;
Desde que a geografia começou a busca de sua individualização como ciência, os geógrafos tiveram a pretensão de que ela fosse, antes de tudo, uma ciência de síntese, isto é, capaz de interpretar os fenômenos que ocorrem sobre a face da terra, com a ajuda de um instrumental proveniente de uma multiplicidade de ramos do saber científico tanto no âmbito das disciplinas naturais e exatas, quanto no das disciplinas sociais e humanas.
Com isso,  podemos observar que a ciência geográfica é muito mais abrangente do que se  imaginava, não estudando apenas o meio físico, mas também o meio humano e suas  diversas relações sociais ai estabelecidas.
   Nesse  cenário, as mulheres são maioria, representando cerca de 55,8% das pessoas com  mais de 60 anos. Outro dado importante: a maioria dos idosos é responsável  pelos domicílios e tem, em média, 69 anos de idade e 3,4 anos de estudo. Com o  nível de escolaridade baixa, principalmente entre as mulheres, há uma variação  de acordo com a região, que apresenta o mínimo de 1,5 ano (Região Norte) a 7,2  anos (Região Sul). A taxa de analfabetismo, de acordo com dados do IBGE (2010),  ainda é alta: 5,1 milhões de idosos analfabetos.
   Oliveira e Scortegagna (2010)  assevera que, a velhice se encontra em um estado de marginalização; por isso,  os idosos são considerados desempoderados, pois são vitimizados culturalmente,  resultados da vulnerabilidade, preconceitos e estereótipos negativos relativos  à velhice.
   Considerando o processo de  colonização no Brasil, é importante considerar que os valores de outras  sociedades foram impostos, o que determinou, em certo modo, o modelo de  desenvolvimento social e, consequentemente, as formas pelas quais são  construídas as representações sociais. Nesse contexto, a velhice sempre foi  relegada, seguindo a perspectiva das sociedades capitalistas colonizadoras  (PAPALÉO NETTO 2002).          
Desenvolvimento
O tema ora  estudado é de grande relevância, haja vista a realidade na qual se encontra as  mulheres, em especial as idosas. Durante séculos, estas nunca foram vistas como  sujeitos partícipes da vida social, cabendo à elas apenas a manutenção do lar e  o cuidado para com os filhos. Para Sandenberg e Costa, (1994, p. 81) a condição  da mulher se manifestou de um modo milenar e universal, sendo configurada como  a primeira demonstração de opressão e discriminação na história da humanidade. 
   Nas ciências  geográficas de acordo com Claval (2011):
"A  geografia é uma velha dama que, pelas metamorfoses 
   sucessivas,  não para de rejuvenescer. Sua vocação é universal: trará da superfície  terrestre em sua totalidade. Abraça os fatos naturais e tudo o que está  relacionado à ação dos grupos sociais que progressivamente povoaram e  humanizaram continentes, ilhas e arquipélagos”. (2011, p.373).
Nesse  sentido, é de fundamental importância estudarmos as relações sociais que se  estabelecem nesses espaços, esta apresenta-se multifacetada, como estamos  tratando de envelhecimento humano, a realidade manifesta – se de uma forma,  mais cruel para as idosas. Por isso, este trabalho originou – se de uma  pesquisa documental no serviço de atenção ao idoso da Secretaria Municipal de  Assistência Social em Porto Velho. De acordo com Marconi e Lakatos, (2007, p. 173) A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados  está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de  fontes primárias. Razão pela qual optou – se em utilizar – se desta. Com isso,  observamos que a situação destas idosas não é das  melhores, constituindo um desafio envelhecer com qualidade de vida. 
   Para Demo  (2002), Oliveira (2001, p. 13-23) e Castel (1997), trata-se de termo ainda  equívoco, porquanto abarca um universo de preocupações, e tem uso heterogêneo,  desde a privação material até a desocupação, a pobreza, a desigualdade, a  marginalidade, o desemprego, a dessocialização. Para Castel (1997, p. 16), a  exclusão se torna uma questão social por excelência, ainda que traduza uma noção  analítica, pelo grande número de situações diferentes que abarca.
   Nascimento  Silva (2012) assevera que a noção de empoderamento refere-se às mudanças  ou, pelo menos, melhoria das condições sociais de existência de mulheres com  poucos recursos sociais e políticos.
   Envelhecer com qualidade de vida, na atual  conjuntura do nosso País é um grande desafio, seja de forma individual quanto  de forma coletiva. Uma vez que as circunstâncias sociais enfrentadas pelas  idosas, algumas são perversas e degradantes.  A realidade da cidade de Porto Velho não  difere muito dos demais centro urbanos, possui ainda um agravante, dada a sua  localização geográfica. A precariedade é refletida, principalmente:
Além do exposto acima, outras situações “aparecem”,  são elas; redução de ganhos com aposentadoria e com isso limitações no padrão  de consumo, justamente no momento em que as idosas necessitam de mais recursos,  principalmente para os gastos com saúde. Geralmente a assistência à saúde,  apesar de ser um direito constitucional, está muito aquém das reais  necessidades desse público, obrigando – os a pagarem (quando podem) planos de  saúde privados.
   As condições de vulnerabilidades sociais em que  estão submetidas essas idosas, são mostradas em dados recentes do censo  demográfico, corroborando, de alguma forma, o caráter de sua preexistência, o  que por sua vez constitui como alvo de discriminação social unicamente por  força de idade.
   Beauvoir (1990) assevera que [...] paremos de  trapacear; o sentido de nossa vida está em questão no futuro que nos espera;  não sabemos quem somos, se ignorarmos quem seremos: aquele velho, aquela velha,  reconheçamo-nos neles.
   Portanto  é um processo inevitável para todos seres humanos que venham a atingir 60 anos  de idade ou mais. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ainda no neste século XXI, talvez um dos  maiores desafios seja a inclusão social, esta perpassa todas as camadas da  população, incluindo a população idosa, esta é uma realidade na qual o nosso  País não está preparado, o envelhecimento humano se dá de forma acelerada e  exige uma resposta rápida de efetiva na melhoria da qualidade de vida desses  idosos. Ainda temos um problema crônico, que é a desigualdade social, esta só é  combatida com políticas públicas eficientes e eficazes, que possam de fato  emancipar o indivíduo.
   Quanto à questão da velhice, observamos que ao  longo de aproximadamente 03 (três) décadas esta população vem crescendo de  forma acentuada, porém em diversas áreas não vemos “o preparo” para lidar com  este público, seja na ausência de acessibilidade, na inexistência de saneamento  básico – constituindo assim, um fator de adoecimento dessa população, que por  sua vez não encontra atendimento médico – hospitalar de forma adequada, com  exceção daqueles que podem pagar por planos de saúde privados.
   Nesse interim, com contingente cada vez maior de mulheres idosas, nota – se que elas são  as principais vítimas desse despreparo para lidar com a questão da velhice, razão pela  qual é de interesse da geografia, assim como das demais ciências humanas e  sociais o estudo da questão da velhice em nosso País.
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