Revista: Caribeña de Ciencias Sociales
ISSN: 2254-7630


QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DOS BOMBEIROS MILITARES E POLICIAIS MILITARES LOTADOS NO MUNICÍPIO DE PARINTINS

Autores e infomación del artículo

Mara Lúcia Gomes Passarinho*

Geberson da Silva Passarinho*

José Wilson Moreira da Silva*

Jefferson Teixeira Cardoso Junior*

Aluízio da Silva Ribeiro Neto**

Universidade Federal do Amazonas, Brasil

marauea@hotmail.com

RESUMO
Este artigo tem como objetivo avaliar a Qualidade de Vida no Trabalho dos Bombeiros Militares (BM) e Policiais Militares (PM), do Estado do Amazonas que servem no município de Parintins, Amazonas - Brasil. Trata-se de uma pesquisa transversal de natureza qualiquantitativa do tipo exploratória e de campo. Foi usado um questionário fechado contendo 19 perguntas, aplicado a 25 bombeiros militares (100%) e 65 (33,3%) dos policiais militares, conforme critérios de inclusão e exclusão. Observou-se que houve um crescimento acentuado no grau de escolaridade em ambas as corporações entre o período de ingresso na corporação e o atual, o que consequentemente contribuiu para esses profissionais alcançarem novos postos e graduações. Verificou-se que existe um déficit de contingente em ambas as corporações. Constatou-se que  tais profissionais necessitam de educação física adequada para o seu condicionamento físico. Mais de 60% do universo sente-se motivado para o trabalho. Os aspectos que trazem maior dificuldade para o exercício profissional são relacionamento com o público e relacionamento com superiores hierárquicos. Estabilidade, salário e local de trabalho e aumento de efetivo são elementos de maior importância para os BM e PM, conforme os dados fornecidos para a pesquisa.

Palavras-chave: Qualidade de vida no trabalho, Condições de trabalho, Bombeiros Militares, Policiais Militares.

ABSTRACT
This article aims to present the results of a survey on Quality of Life at Work of Public Security Professionals, Military Firefighters (BM) and Military Police (MP) crowded in the city of Parintins, Amazonas - Brazil. The questionnaire consisting of 19 questions, which were applied to 25 firefighters (100%) was used and 65 (33.3% 0 military police, as inclusion and exclusion criteria. 46% of BM and 50% have less than 10 PM years of corporation and under 40 years of age, there was a marked growth in the level of education in both corporations between the entry period in the corporation and the current. There is a deficit of 85 BM and PM 367 according to UN recommendation . the workers need adequate physical education for fitness. the more than 60% of the universe feels motivated to work. the aspects that bring more trouble for professional practice are relations with the public and relationship with superiors, stability , salary and workplace, improve on your desktop salary, number of effective and working environment are the most important elements for BM and PM, were some of the findings of this research.
 Keywords: Quality of life at work, working conditions, Public Safety Professionals, Military Firefighters, Military Police.



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Mara Lúcia Gomes Passarinho, Geberson da Silva Passarinho, José Wilson Moreira da Silva, Jefferson Teixeira Cardoso Junior y Aluízio da Silva Ribeiro Neto (2016): “Qualidade de vida no trabalho dos bombeiros militares e policiais militares lotados no município de Parintins”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (junio 2016). En línea: https://www.eumed.net/rev/caribe/2016/06/bombeiros.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/CARIBE-2016-06-bombeiros


1 INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo avaliar a Qualidade de Vida no Trabalho dos Bombeiros Militares (BM) e Policiais Militares (PM), do Estado do Amazonas que servem no município de Parintins, Amazonas - Brasil. Temáticas relacionadas aos profissionais de segurança pública, têm estado em foco pelas atuais políticas públicas deste setor, porém até o momento são escassos os trabalhos direcionados que visem avaliar a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) destes profissionais.
Qualidade de Vida no Trabalho é uma abordagem baseada na filosofia humanista – cujo sentido prega a valorização do trabalhador como ser humano - e busca o equilíbrio entre o indivíduo e a empresa, gerando benefícios a ambos (NISHIMURA; SPERS; GIULIANI, 2008).
Nos últimos 20 anos, a medida de QVT, fundamentada no aparecimento de novos paradigmas, vem surgindo no meio científico como instrumento importante para a investigação e avaliação da saúde dos indivíduos – em exercício laboral –, através de uma visão holística. Os resultados têm auxiliado, inclusive, com um dos critérios para novas abordagens nas intervenções (ORSINI, 2008).
Ao contextualizar qualidade de vida no trabalho foi pontuado que “a qualidade de vida no trabalho é um dos novos desafios para a administração contemporânea. Ela afeta diretamente a vida dos indivíduos e consequentemente os resultados das organizações CAVASSANI (2006)”.
Frente a esta complexa temática buscou-se identificar as condições de QVT ofertadas aos Policiais Militares e Bombeiros Militares de Parintins.
A pesquisa teve como principal objetivo avaliar alguns fatores, que interferem na qualidade de vida no trabalho,  enfrentados pelos Policiais Militares e Bombeiros Militares do Estado do Amazonas que atuam no município de Parintins. Em busca de tais resultados, definiu-se como objetivos específicos: Identificar as condições de trabalho em que os Bombeiros Militares e Policiais Militares estão submetidos; Verificar as possíveis problemáticas enfrentadas por estes profissionais relacionadas a QVT;  Discutir os fatores que interferem na qualidade de vida no trabalho desses profissionais e em seu nível de satisfação.
Para o alcance desses objetivos foi extraída uma amostra de 25 profissionais do efetivo  dos Bombeiros Militares que é equivalente a 100% e 65 profissionais dos Policiais Militares, o que corresponde 33,3%, do efetivo da Polícia Militar que atua em Parintins, com a aplicação de questionário fechado contendo 19 quesitos.
É importante estudar esta temática, pois o trabalho desses profissionais de segurança pública, além de ser uma atividade de alto risco, envolve uma gama de variáveis, tais como, salário, ambiente de trabalho, escala de serviço, condição física, entre outras, que interferem diretamente na QVT destes servidores.

2 CONTEXTUALIZANDO SEGURANÇA PÚBLICA.

De acordo com Minayo e Souza (2003), Segurança pública é um sistema integrado e otimizado envolvendo instrumentos de prevenção, coação, justiça, defesas dos direitos, saúde e social. O processo de segurança pública se inicia pela prevenção e finda na reparação do dano, no tratamento das causas e na reinclusão na sociedade do autor do ilícito.
Estão envolvidos na segurança pública: polícia federal, polícia rodoviária federal,  polícia ferroviária federal, polícias civis e polícias militares e bombeiros militares.
O artigo Art. 144 da Constituição Federal de 1988 trata da polícia militar e bombeiro militar que tem por atribuições dentro da segurança pública:
§ 5° Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de defesa civil.
A Polícia Militar é a polícia fardada, responsável pela segurança da população e por impedir que ocorram crimes. Como forma de prevenção, a polícia militar faz o policiamento ostensivo, isto é, ela vai pra rua e circula pelos lugares públicos, buscando sempre garantir a paz e a tranquilidade das pessoas. Quando necessário, a Polícia Militar também deve perseguir criminosos e efetuar prisões, desde que elas estejam de acordo com a lei. Em situações de grande concentração de pessoas, a polícia militar age orientando-as e antecipando-se aos problemas.
O Corpo de Bombeiros Militar é instituição permanente, organizada com base na hierarquia e na disciplina, cabendo-lhe, entre outras, as seguintes atribuições: a prevenção e o combate a incêndios e as situações de pânico, assim como ações de busca e salvamento de pessoas e bens; o desenvolvimento de atividades educativas relacionadas com a defesa civil e a prevenção de incêndio e pânico; à análise de projetos e inspeção de instalações preventivas de proteção contra incêndio e pânico nas edificações, para fins de funcionamento, observadas as normas técnicas pertinentes e ressalvada a competência municipal definida por cada estado.

3  SEGURANÇA PÚBLICA E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

A proposta de             QVT é desenvolver um ambiente de trabalho que seja tão bom para as pessoas como para a saúde econômica da organização (DAVIS & NEWSTROM, 2001).
Chiavenato (1999) relata que o termo qualidade de vida no trabalho foi utilizado por Louis Davis na década de 1970 e, para este o conceito refere-se a preocupação com o bem-estar dos trabalhadores no desempenho de suas tarefas
De acordo com Minayo et al.  (2000, p. 10), qualidade de vida
            É uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrada na vida familiar, amorosa, ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu grau padrão de conforto e bem estar. O termo abrange muitos significados que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividade que a ele se reportam em várias épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto, uma construção social com a marca da relatividade cultural.
Sem a pretensão de esgotar toda a conceituação da Qualidade de Vida no Trabalho, apresenta-se ainda  o conceito de Albuquerque e França, para quem:
A Qualidade de Vida no Trabalho é um conjunto de ações de uma empresa que envolve diagnóstico e implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais, dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas de desenvolvimento humano na realização do seu ofício (ALBUQUERQUE; FRANÇA, 1998: 41).

Não é possível existir um conceito único e definitivo sobre qualidade de vida, mas se pode pensar nessa noção enquanto frutos de indicadores ou esferas objetivas e subjetivas, a partir da percepção que os sujeitos constroem em seu meio (BARBOSA, 1998).
Qualidade de vida para a Organização Mundial da Saúde (1995) é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

4 ASPECTOS DO MUNICÍPIO DE PARINTINS, AMAZONAS - BRASIL

A segurança pública no município e exercida por 196 Policiais Militares, tendo sua estrutura constituída por um Oficial Superior do Posto de Tenente-Coronel na função de Comando Principal, auxiliado por oficiais de posto inferior que vai de Capitão a Segundo Tenente, os demais compõem-se de praças, que são Subtenentes, Sargentos, Cabos e Soldados. Quanto ao Corpo de Bombeiros, está composto por 25 Bombeiros, sendo um Oficial do Posto de Capitão, o qual exerce a função de Comandante, sendo auxiliado por 24 servidores militares que recebem a denominação de praças  BM, dados consultados nos comandos das instituições pesquisadas.
O Corpo de Bombeiros possui sede própria e fica localizado na Avenida Paraíba, no bairro de palmares e a Polícia Militar está instalada em sede provisória, no parque de exposições agropecuária de Parintins, localizada na Avenida Odovaldo Novo, nas proximidades do bairro Djard Vieira.

5 MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizada uma Pesquisa-diagnóstico, pois usou-se a investigação de fatos que estão no campo de trabalho dos Policiais Militares e Bombeiros Militares do Estado do Amazonas, lotados no município de Parintins.
O método de abordagem utilizado para a pesquisa foi o indutivo, partiu-se de dados singulares junto a cada corporação para se obter dados gerais, e segundo Lakatos e Marconi (2003, p.105) afirmam que “o método indutivo cuja aproximação dos fenômenos caminha geralmente para planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações mais particulares às leis e teorias (conexão ascendente)”.
Quanto à natureza, foi feita a pesquisa qualiquantitativa, pois além da apresentação dos dados em forma de números e gráficos, houve análises e discussão das informações encontradas.
A Pesquisa-exploratória também foi útil nesse processo já que possibilitou um novo enfoque para um determinado problema, visou proporcionar maior familiaridade com o problema com vista a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolveu levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com os problemas pesquisados; analise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Estudos de caso (PRESTES, 2007; GIL, 2002).
Os tipos de pesquisa que foram utilizados: bibliográfico e pesquisa de campo (quanto aos meios); pesquisa descritiva e pesquisa participante (quanto aos fins).
A revisão bibliográfica foi através de dois meios: o eletrônico e físico. O eletrônico através de buscas na Internet de Artigos Científicos que tratam sobre as temáticas publicadas nos últimos dez anos e em acervo bibliográfico encontrados em bibliotecas existente no município de Parintins.
Quanto à pesquisa de campo foi entregue um termo de consentimento livre e esclarecido, após isso foi realizado um questionário fechado contendo 19 perguntas aos profissionais, PM e BM disponíveis para responder o questionamento.
Foram incluídos os Policiais Militares ou Bombeiros Militares do Estado do Amazonas que estão atuando nas funções no município de Parintins- Amazonas.
Foram excluídos os funcionários que não desejavam participar da pesquisa, não assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, estavam de atestado médico, usufruindo de qualquer licença regimentar junto a instituição, estavam destacados para outra localidade durante a pesquisa ou não estar presente ao local da pesquisa por quaisquer motivos no período estipulado.
O questionário aplicado foi do tipo auto-administrado e foram excluídos os questionários que possuíam mais de três quesitos não respondidos.
Para atender a finalidade da pesquisa, utilizada foi a descritiva, pois conforme Gil (2002, p. 42) “tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis” e será aplicada no trabalho no momento da analise dos dados.
É configurada como pesquisa participante, pois os pesquisadores são ao mesmo tempo sujeitos da pesquisa, isto é, fazem parte das instituições pesquisadas. Como afirma Vergara (2006) “não se esgota na figura do pesquisador. Dela tomam parte pessoas implicadas no problema sob investigação, fazendo com que a fronteira pesquisador/pesquisado, ao contrário do que ocorre na pesquisa tradicional, seja tênue”.
Os servidores objeto desta pesquisa foram  90 militares, sendo 25 Bombeiros e 65 Policiais que correspondem a 100%  e a 33,3%  dos efetivos do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar, respectivamente, todos servindo em Parintins.
 A tabulação dos dados foi feita com o uso de planilha Excel 2010. A interpretação de dados foi feita através de análises subjetivas, levando-se em consideração os objetivos e o referencial teórico. Foi fornecido aos participantes um questionário fechado com perguntas objetivas relacionadas à QVT (Qualidade de vida no trabalho) destes profissionais.
Foram realizadas as interpretações necessárias após a coleta de dados.

6  RESULTADOS E DISCUSSÕES

A pesquisa realizada entre os dias 1.o a 16 de setembro de 2014, com a aplicação de questionário aos 25 bombeiros militares e 65 policiais militares deixou evidente que:
Relacionado a faixa etária de idade observou-se que 64% dos Bombeiros e 69% dos Policiais Militares pesquisados possuem idade até 40 anos, isso significa que há profissionais em idade de desenvolver ações que requerem preparo físico condizente com as funções Policiais e Bombeiros Militares.
O tempo de serviço está relacionado com o conhecimento prático desenvolvido, com o aumento da habilidade de gerenciar conflitos e lidar com situações críticas, e ficou  evidente na pesquisa onde 30% do universo pesquisado da PM e 16% do BM tem menos de 05 anos de serviço.
Esses profissionais são considerados ainda em formação, os quais necessitam desenvolver maturidade, pois em ambas as profissões, as realidades encontradas são diversas, marcadas por riscos iminentes, que necessitam ser vivenciadas de forma prática.
O policial militar, como polícia ostensiva, está em busca de manter a paz e a tranquilidade, se interpondo entre a população e crimes diversos, por isso, o grau de preparo profissional condiz com tempo de serviço, e á experiência profissional adquirida.
O bombeiro militar lida com situações limítrofes, como desastres e calamidades, no que diz respeito a condição humana, haja vista que realiza o trabalho de defesa civil, também executa atividades de resgate, combate a incêndios, e prevenção e controle de situações de pânico, entre outras.
O estágio probatório de outros funcionários públicos dura entre dois e cinco anos, enquanto que dos policiais e bombeiros militares tem duração de dez anos, demonstrando assim um longo período de avaliação até alcançar estabilidade no cargo.
A pesquisa deixou claro que 46% do BM e 50% da PM têm menos de dez anos de corporação, ambos os contingentes têm menos de 40 anos de idade, pois o ingresso tanto no BM quanto na PM, para praças, soldados, ocorre até os 28 anos, sendo portanto, um contingente relativamente jovem.
Relacionado ao ambiente de trabalho foi perguntado aos Policiais Militares como eles se sentiam, percebeu-se que a maioria sente-se bem, conforme representado na figura1.

Em relação aos Bombeiros Militares foi feita a mesma pergunta, o que obteve-se resultado aproximado aos Policiais Militares, conforme pode-se comprovar na figura 2.

Ao questionar os Policiais Militares e Bombeiros se estavam satisfeitos com o salário em relação à atividade que eles desenvolvem, verificou-se que os Policiais demonstram insatisfação, conforme mostrado na figura 3, entretanto os Bombeiros manifestaram opinião diferente, de acordo como mostra a figura 4.

Acredita-se que tal divergência de satisfação com o salário em relação a atividade profissional, está associada ao fato de as ações por parte da Polícia Militar, mesmo sendo legais, deixam em boa parte dos casos um lado satisfeitos e outro insatisfeito, diferente dos Bombeiros que não passam por tal situação por estar sempre para salvar, seja vida, ou patrimônio.
Nos questionamentos direcionados para ao efetivo percebeu-se a insatisfação em relação contingente, ambas as corporações manifestaram o mesmo sentimento,  pois em razão dos efetivos serem reduzidos e estarem muito aquém do ideal, a carga de trabalho afeta consideravelmente  a qualidade de vida no trabalho destes profissionais, pois prejudica o rendimento e aumenta o desgaste devido a quantidade de ações que precisam realizar às vezes quase que simultaneamente.
            A ONU recomenda que haja um policial militar para cada 250 habitantes e um bombeiro militar para cada 1.000 habitantes.
A corporação da polícia militar conta com 196 e os bombeiros militares com 25 profissionais. Parintins possui 110.411 habitantes, portanto para se adequar ao quantitativo recomendado pela ONU seriam necessários aproximadamente 441 PM e 110 BM.
Quando questionados com relação a preocupação institucional com a QVT, obteve-se que a maior parte dos Policiais e Bombeiros Militares de ambas as corporações respondeu de  forma negativa, ou seja, para eles as instituições não se preocupam com tal fator, conforme mostram as figuras 5 e 6 respectivamente.

Foi observado in loco, que alguns comandos locais tem buscado melhorias relacionadas a QVT dos profissionais.
A polícia militar segue uma escala de 12x24x12x48, 12 horas de trabalho por 24 h de folga, mais 12 horas de trabalho, por 24h de folga, o bombeiro militar uma escala de 24x48, ou seja, a cada 24 horas trabalhadas, seguem-se 48 horas de descanso.
Quando questionados a respeito de escalas extras semanais feitas pelos PM, 48% afirmam não ter escalas extras, 48 % informaram ter escala extra ente 6 a 12 horas semanais, tendo portanto, entre 24 e 48 horas extras de trabalho mensalmente e 2% entre 25h e 36h semanais, 100 h a 144h horas mensais. Foi observado que estas escalas extras ocorrem com mais frequência nos períodos festivos, ou quando o profissional é deslocado para outro município com um efetivo menor, chegando a trabalhar 24x24, ou seja 24 hora de plantão por 24 h de descanso, trabalhando então em escala extra 42h semanais ou 168 h extra mensais.
Quando questionados a respeito de escalas extras semanais feitas pelos BM 44% informaram ter escala extra ente 6 a 12 horas semanais, tendo portanto entre 24 e 48 horas extras de trabalho mensalmente e 4% entre 13h e 24h semanais, 52h a 96 horas mensais. Desta forma um bombeiro militar em escala normal sem contar a educação física obrigatória trabalha em torno de 60 horas semanais. Se for computada a educação física 66h semanais.
 Referente a este contexto foi observado in loco a existência de deslocamentos para áreas mais distantes da cidade para buscas ou prevenções o que aumenta o quantitativo de horas extras.
O condicionamento físico para os profissionais de segurança pública pode interferir diretamente em seu desempenho profissional, isso é reconhecido por ambas as corporações.
A prática de atividade física faz parte da rotina tanto para Polícia Militar quanto para o Corpo de Bombeiros devido ser uma atividade obrigatória.
Quanto a necessidade de atividade física 5% da PM e 4% do BM consideram sem importância ou pouco importante. Sendo 37% da PM e 56% da BM consideram essenciais, e 40% da BM e 59% da PM consideram importante ou muito importante.
Ao serem questionados se as atividades físicas os condicionam adequadamente para o desempenho da função, dos BM 60% e 66% dos PM assinaram negativamente.
Quanto ao questionamento existe a necessidade de profissionais e estrutura adequada para o preparo físico 80% dos PM e 92% dos BM assinalaram positivamente.
As respostas encontradas com relação a este questionamento são antagonica pois 88% dos BM sentem-se motivados, 64% dos PM sentem-se desmotivados.
As respostam estão relacionadas a atividades desenvolvidas exclusivamente em cada intituição haja vista que os BM prioritariamente trabalham a fins de salvar vidas, direta ou indiretamente. O trabalho da Policia militar reside em combater e evitar atos contra os cidadãos e patrimônio, existindo um aspecto mais violento de ação.
Quando sobre quais relacionamentos seriam mais importantes no exercício profissional, 40% dos BM informaram que o elemento que traz maiores dificuldades para o exercício da profissão é o relacionamento com o público, a função de bombeiro militar está diretamente relacionada com atividades em que o público em geral faz parte direta ou indireta, pois são eventos com grandes potenciais de tragicidades ou eventos que visem prevenir tais situações.
Em continuidade 32%  referiram relacionamento com superiores hierárquicos, pois o corpo de bombeiro é uma instituição formal, vertical, hierarquizada, que prima pela ordem, disciplina e obediência na corporação.
Na PM, 43% informam que sua maior dificuldade no exercício de sua função refere-se ao relacionamento com superiores hierárquicos e 22% referem ao relacionamento com a família, sendo esta a base do bom desenvolvimento de seu trabalho. Devido ao grau de stress gerado por esta atividade a família pode ser vista como um fator que pode diminuir ou aumentar as dificuldades no trabalho.
Estabilidade, salário e local de trabalho são os elementos identificados como de maior importancia para os profissionais.BM e PM
Para 52% dos BMs, a estabilidade é o fator mais importante em seu trabalho, sendo este um elemento que traz maior sensação de conforto e equilibrio profissional, 32% acreditam ser o valor real de seu trabalho o retorno financeiro e  o local de trabalho representando  apenas 12%.
Para os PM 46% acreditam ser o valor real de seu trabalho como retorno finamceiro o fator mais importante, a estabilidade com 37% e o local de trabalho com 11% são os fatores mais importantes para estes profissionais.
Quanto ao questionamento sobre o que se melhorariam no ambiente de trabalho as respostas foram, salário, aumento de efetivo e ambiente de trabalho os principais aspectos a serem melhorados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para tanto foram traçados os seguintes objetivos para realização desta pesquisa, tendo como principal objetivo investigar os diversos fatores enfrentados pelos profissionais de segurança pública do Estado que atuam no município de Parintins –AM, que interferem na qualidade de vida no trabalho. Em continuidade a isso, traçou-se como objetivos específicos: Identificar as condições de trabalho em que os Bombeiros Militares e policiais Militares estão submetidos; Verificar as possíveis problemáticas enfrentadas por estes profissionais relacionadas a QVT; Discutir os fatores que interferem na qualidade de vida no trabalho desses profissionais e em seu nível de satisfação.

Ao serem investigados os diversos fatores enfrentados pelos profissionais de segurança pública do Estado que atuam no município de Parintins –AM, que interferem na qualidade de vida no trabalho, foram abordados a idade, o tempo de serviço, sexo, altura, grau de instrução ao ingressar na instituição e o atual, motivo de ingresso, percepção de seu ambiente de trabalho, sentimentos com relação ao ambiente de trabalho, salário, escala de serviço, atividade física, preocupações com a QVT por parte da instituição, fatores considerados mais importantes pelo profissional.
As problemáticas mais relevantes são segundo os profissionais as condições de trabalho, salario, efetivo, atividade física, relacionamentos internos e externos.
Os fatores que interferem na QVT e no nível de satisfação estão relacionados a melhorias nos quesitos, aumento salarial, aumento de efetivo e melhorias em ambiente físico, melhoria na qualidade do treinamento físico oferecido e para os PM a melhora no relacionamento com superiores hierárquicos.
Constatou-se nesta de pesquisa que apesar das dificuldades encontradas houve um grande avanço principalmente com relação ao grau de instrução e que este contingente está em busca de melhoria, lutando de forma individual e em grupo para alcançar patamares cada vez mais altos.
Sugere-se aos gestores que aproveitem dentro da corporação os profissionais qualificados que ali se encontram a fim de melhorar a QVT das corporações, a busca pelo aumento de efetivo para que se possa então diminuir escalas extras e sobrecarga de trabalho nas corporações, acrescentando também profissionais que acompanhem as atividades físicas dos PM e BM, isso pode ser feito através de parcerias com instituições como UFAM e UEA assim como parcerias com locais que tenham estrutura para atividades físicas específica , como natação e musculação.
A identificação dos fatores que de alguma forma interferem na qualidade de vida dos servidores objeto desta pesquisa é fator mais relevante, haja vista que tais fatores vão refletir de forma positiva ou negativa na prestação do serviço por eles prestado e, como principal resultado será consequentemente o retorno em forma de benefício  à sociedade. Portanto a presente investigação ganha um caráter de grande relevância por assim buscar estudar formas de contribuir para a melhoria dos serviços da Policia Militar e Bombeiro Militar de Parintins.

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* Tecnólogos em Gestão Pública pela Universidade do Estado do Amazonas-UEA. e-mails: marauea@hotmail.com, gebersongs@hotmail.com, js-wilson@hotmail.com, teixeiracardosojunior@hotmail.com.

** Mestrando no Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia- PPGSCA/UFAM. Especialista em Turismo e Desenvolvimento Local – UEA. Bacharel em Administração pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Licenciatura em Letras – UEA com habilitação em Língua Portuguesa. Atua como Professor do Curso de Administração (UFAM). Foi professor do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública no Centro de Estudos Superiores de Parintins – CESP/UEA. E-mail: admaluizioneto@gmail.


Recibido: 22/04/2016 Aceptado: 27/06/2016 Publicado: Junio de 2016

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