Revista: Atlante. Cuadernos de Educación y Desarrollo
ISSN: 1989-4155


A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO ÂMBITO ESCOLAR E A SUA INFLUÊNCIA NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL DA CRIANÇA

Autores e infomación del artículo

Lucicleide de Souza Barcelar*

Maria Fernanda de Sousa da Silvacia **

Mariana Mouta Soares***

Centro Universitário Ateneu, Brasil

e-mail: fernandaale0002@gmail.com


Resumo
O presente trabalho busca conhecer os efeitos da participação da família na educação infantil. Nesse sentido a pergunta norteadora da pesquisa aborda: Qual a importância da família no contexto escolar para promover o desenvolvimento infantil no processo de ensino e aprendizagem? Tem-se como objetivo geral analisar as contribuições da família para o bom desempenho do aluno na educação infantil. Os objetivos específicos são: Identificar os principais resultados da parceria família e escola; conhecer as formas de participação da família na escola; descrever o papel da escola e o papel da família no processo de formação educacional da criança. Trata-se de uma pesquisa exploratória, bibliográfica e seguida de análise de conteúdo, tipo categorial. Com aplicação de entrevistas semiestruturadas a três professores e um coordenador da educação infantil. Conclui-se com a pesquisa que a parceria escola e família é fundamental para o desenvolvimento integral da criança, e que as lacunas só serão preenchidas quando todos tomarem consciência de que essa parceria só trará benefícios para todos, buscando a resolução dos problemas e incentivando na busca por resultados.

Palavras-chave: Família. Educação infantil. Escola.

PARTICIPACIÓN FAMILIAR EN LAS ESCUELAS Y SU INFLUENCIA EN LA FORMACIÓN EDUCATIVA DE LOS NIÑOS.

Resumen
Este artículo busca conocer los efectos de la participación familiar en la educación en la primera infancia. En este sentido, la pregunta guía de la investigación aborda: ¿Cuál es la importancia de la familia en el contexto escolar para promover el desarrollo del niño en el proceso de enseñanza y aprendizaje? El objetivo general es analizar las contribuciones de la familia al buen desempeño del estudiante en la educación de la primera infancia. Los objetivos específicos son: Identificar los principales resultados de la asociación familiar y escolar; conocer las formas de participación familiar en la escuela; Describir el papel de la escuela y el papel de la familia en el proceso educativo del niño. Es una investigación exploratoria, bibliográfica seguida de análisis de contenido, tipo categórico. Con la aplicación de entrevistas semiestructuradas a tres docentes y un coordinador de educación infantil. Concluye con la investigación de que la asociación escolar y familiar es fundamental para el desarrollo integral del niño, y que las brechas solo se llenarán cuando todos se den cuenta de que esta asociación solo traerá beneficios para todos, buscando resolver los problemas y alentando buenos resultados.

Palabras clave: Familia. Educación Infantil. Escuela.

Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Lucicleide de Souza Barcelar, Maria Fernanda de Sousa da Silva y Mariana Mouta Soares (2020): “A participação da família no âmbito escolar e a sua influência na formação educacional da criança”, Revista Atlante: Cuadernos de Educación y Desarrollo (enero 2020). En línea:
https://www.eumed.net/rev/atlante/2020/01/familia-ambito-escolar.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/atlante2001familia-ambito-escolar



1 INTRODUÇÃO

A escola é um local de desenvolvimento do saber onde o pequeno aprendiz construirá o seu conhecimento e parte da sua visão de mundo, mas a família desempenha um papel importante na formação da criança, vem da família as raízes e, é a primeira instituição social a qual a criança é inserida. Na família é que se inicia o processo de construção do conhecimento sobre a língua que fala os hábitos de higiene e de alimentação, as normas de comportamento, etc. Esse processo de socialização, e a entrada na escola, há alguns anos, vem mudando por motivos bastante variados. Assim, as crianças, cada vez mais cedo, vêm obtendo conhecimento sobre o mundo e, para um adulto, entender o que se passa pela cabeça de uma criança é, muito difícil uma vez que o adulto possui conceitos, crenças e conhecimentos amadurecidos em relação à criança. Mas é crucial que os familiares/responsáveis e os profissionais da educação compreendam a evolução e também necessidades da criança. Com o apoio da escola e da família a criança percorrerá os degraus da infância com maior segurança e melhores condições de desenvolvimento.
No decorrer da história a educação infantil foi marcada por diversos fatores que influenciaram a sua práxis. Inicialmente, com a elevação do capitalismo e a inserção da mão de obra feminina nos processos produtivos, as crianças deixaram de ser educadas em casa e passaram a ir às escolas. A Educação infantil na escola surgiu como uma alternativa para que as mulheres pudessem trabalhar e terem um lugar para deixar seus filhos. A partir do século XVIII, Rousseau, Pestalozzi e outros influenciaram a pedagogia moderna, em que se buscava uma educação com concepções voltadas para o mundo infantil. Aos poucos o olhar sobre a criança foi modificado e está passou a ser vista como um sujeito que faz parte da sociedade, cuja formação de hábitos, atitudes e seus comportamentos ocorre por meio de imposições no plano social, ao fazer parte de todo um contexto macrossocial que interfere no seu comportamento a partir de trocas disseminadas por meio da linguagem. Muitos estudos já foram desenvolvidos abordando a relevância da parceria da família e a escola, pois ambas são responsáveis pela formação de seus filhos/alunos respectivamente. Mas mesmo sendo uma temática bastante explorada, ainda há muito a ser verificado, pois tanto a família quanto a escola estão em contínua transformação.
A relação da escola com a família é imprescindível, principalmente no começo da vida escolar: a família como espaço de orientação e construção da identidade e a escola sendo parceira para contribuir no desenvolvimento integral da criança, sendo a infância é uma fase muito complexa carece de atenção especial, cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento e evolução. Nesse sentido, a personalidade da criança é formada conforme o convívio com a família e a escola e com as interações que ocorrem no ambiente escolar, onde é oferecido os primeiros passos formais para a formação do cidadão.
O processo de aprendizagem da criança configura-se, pois, em um acompanhamento constante durante o seu desenvolvimento e ela deve ser observada atentamente em todos os seus aspectos: o social, o cognitivo, o afetivo e o motor. O aspecto social está relacionado à família, ao meio em que vive e a interação com os educadores e demais crianças. Uma criança participativa adquire com maior facilidade os conhecimentos, uma vez que trocam ideias, brincam e interagem com o grupo.
A relevância social desta pesquisa acentua-se na medida em que pretende compreender a relação família - escola. Justifica-se na medida em que a participação da família é fundamental no contexto escolar para o desenvolvimento integral da criança. A escola tem um papel fundamental na construção do conhecimento, mas faz-se necessária a participação da família no processo de ensino-aprendizagem, pois esta é a primeira formadora da criança. Portanto, lançar luz a este fenômeno é fundamental para o nosso desempenho como profissional da educação.
A pergunta norteadora da pesquisa sintetiza o problema: Qual a importância da família no contexto escolar para promover o desenvolvimento infantil no processo de ensino aprendizagem? Como hipótese de pesquisa, temos que a participação da família no processo de ensino-aprendizagem é um fator determinante para a qualidade da formação integral dos indivíduos. Para execução da pesquisa, foram delineados os seguintes objetivos: Analisar as contribuições da família no contexto escolar para promover o desenvolvimento infantil no processo de ensino aprendizagem. Assim como, identificar os principais resultados da parceria família e escola; conhecer as formas de participação da família na escola; descrever o papel da escola e o papel da família no processo de formação educacional da criança.
Para melhor compreensão do nosso trabalho, o dividimos em duas partes: onde na primeira destacamos as principais teorias. Na segunda parte encontra-se a parte empírica onde explanamos a metodologia da pesquisa, análises das informações e conclusões.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nessa parte da pesquisa, apresentamos as principais teorias acerca do fenômeno investigado. Destacamos a participação da família e a influência desta entidade social na formação educacional da criança e, a relevância do relacionamento da escola com a família pra o desenvolvimento global dos alunos/filhos.

2.1 Família e suas diversidades

De acordo com Ferreira (1986), a família é um núcleo social de pessoas unidas por laços afetivos, as quais geralmente compartilham o mesmo espaço e mantêm entre si relação solidária entre seus membros.
Família é uma das instituições mais antigas e importantes na história da humanidade e vem experimentando importantes transformações, as quais estão fortemente ligadas ao processo de evolução da sociedade. Família é um conjunto de pessoas que possuem grau de parentesco, ou não, e vivem na mesma casa, formando um lar. Atualmente tem se tornado mais difícil definir o que é família. As concepções vêm se multiplicando cada vez mais e são muitos os autores que debatem sobre o tema.
Em 1916, o Código Civil (naquele tempo a religião predominava e influía no aparato legal, inclusive sobre o Código Civil da época) definia família como agrupamento de pessoas originado através do instituto do casamento, sendo assim para ser considerada como família legalizada e reconhecida, as pessoas deviam casar e permanecerem casados. Tempos depois, a lei brasileira foi alterada para se adequar às novas concepções, pois a visão da sociedade sobre o casamento e a família já apresentava sinais de modificações, e o modelo patriarcal foi perdendo espaço. A família mudou consideravelmente na sua composição original, na qual o pai/marido era o provedor do sustento e à mulher cabia o papel de cuidar da casa e dos filhos, mas, no decorrer da história, essa tradição foi desmoronando. Surgiu, então, a promulgação da Carta Magna de 1988, que traz mudanças importantes sobre a visão que se tinha de família. Em seu Art. 226, inciso 4º, por exemplo, entende-se, também, como entidade familiar, a comunidade formada por qualquer um dos pais e seus descendentes (BRASIL,1988). Desde então, houve inúmeras transformações no conceito de família, que não deixou de ser uma das instituições de maior importância para o bem-estar e o desenvolvimento do ser humano.
Assim sendo, a família fica aqui representada como a base estrutural do bom desenvolvimento da pessoa, independentemente de como seja constituída. Partindo desse pressuposto, podemos entender que todas as formas de arranjos familiares são importantes e tem seu papel na sociedade bem definido.

A família não é um simples fenômeno natural, ela é uma instituição social variando através da história e apresentando até formas e finalidades diversas numa mesma época e lugar, conforme o grupo social que esteja sendo observado. Como exemplo, basta refletirmos sobre a ambiguidade social relativa à mulher que dá à luz. À primeira vista, trata-se de uma mãe com o respectivo filho, no entanto, para ser considerada socialmente como mãe, não terá sido suficiente o lado biofisiológico do processo de gravidez e parto, é preciso, conforme a cultura a que pertença, que tal processo tenha se dado segundo os usos e costume e, até mais rigidamente, segundo as leis do direito em vigência numa determinada sociedade e momento. (PRADO, 1981, p. 12).

Novas culturas surgiram em relação ao conceito de família. O papel de mãe mudou, e o pai não é mais declarado o único chefe da família. No decorrer dos últimos anos, deram início às grandes transformações no comportamento e nos valores morais da sociedade. De maneira sutil, ocorreu o processo de mutação, e surgiram os novos arranjos familiares, por isso já não há apenas um modelo único, mas uma variedade de grupos familiares. De acordo com Souza e Sousa (2016).

 2.2 A Educação infantil

Entendemos como educação o ato de educar, de instruir disciplinamento. De maneira mais abrangente, é a origem da comunicação, é o meio que os seres utilizam para desenvolver-se e alcançar suas potencialidades. A educação é o “processo de desenvolvimento das capacidades que o ser humano é capaz de atingir, visando torná-lo mais habilitado para viver em sociedade e para superar os obstáculos da vida. A Educação está ligada à cultura, busca o preparo, trabalha com competências, que trazem a ideia de formação e desenvolvimento. E a educação infantil é uma etapa muito importante que deve ser bem trabalhada para o desenvolvimento ocorrer de maneira produtiva, uma vez que a criança pequena é dotada de muitas potencialidades as quais devem ser exploradas, como diz a nova Base Nacional Comum Curricular:

Conformem vivem suas primeiras experiências sociais (na família, na instituição escolar e na coletividade), [as crianças] constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre e sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, identificando como seres individuais e sociais (BRASIL, 2019, p. 41).

Sendo a educação infantil um processo tão importante na vida da criança, vale ressaltar que é dever de todos contribuir para que essa aconteça efetivamente. Segundo a Constituição de 1988, em seu Art. 205:

A educação direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o mercado de trabalho. (BRASIL, 1988).

A educação, sendo um direito de todos, deve ser ofertada de forma ampla e acessível e sendo um dever, cabe aos responsáveis pela criança cumprir seu papel e incentivá-la para que ela permaneça na escola. Mas para que ocorra um desenvolvimento de qualidade, é preciso que haja uma compreensão sobre a educação infantil e suas especificidades.

As potencialidades do indivíduo devem ser levadas em conta durante o processo de ensino-aprendizagem. Isto porque, a partir do contato com uma pessoa mais experiente, as potencialidades do aprendiz são transformadas em situações que ativam nele esquemas processuais cognitivas ou complementares, ou de que este convívio produza no indivíduo novas potencialidades, num processo dialético contínuo. (VYGOTSKY,1989 p.38).

Atualmente a compreensão de educação infantil conquistou um novo olhar, não é mais vista de modo assistencialista, e sim como a base e a construção do desenvolvimento global da criança, assim sendo, no decorrer das últimas décadas, houve valorização e reconhecimento sobre os benefícios e a importância da educação infantil. O espaço da educação infantil deve ser propício de modo que o brincar e o aprender estejam interligados, possibilitando a criança a construir o seu próprio conhecimento. Por estar em uma constante interação com os adultos as crianças acabam incorporando as suas ações e suas culturas, sendo assim, a família se torna a primeira referência de socialização, essa relação determinara como será essa socialização nos outros ambientes.           A educação infantil se torna um complemento do que se aprende na família, cabe a escola proporcionar um lugar onde a criança se desenvolva, disponibilizando apoio e estímulos para o seu desenvolvimento integral. A escola tem como dever desenvolver os aspectos sociais, afetivos e cognitivo do aluno, procurando respeitar o seu tempo de aprender e suas individualidades.

2.3 A participação da família no âmbito escolar: contribuição no processo de ensino aprendizagem na educação infantil 

Buscando a melhoria nos processos de ensino e aprendizagem a escola vem destacando a relevância da parceria escola e família e os proventos desta união. A palavra participação traz a ideia de fazer parte de algo, participar é se tornar pertencente de algo que vai além do “si próprio” é deixar de ser um e aceitar ser fração de um todo.

Ocorre que a participação não é somente um instrumento para a solução de problemas, mas, sobretudo, uma necessidade fundamental do ser humano, como são a comida, o sono e a saúde. A participação é o caminho natural para o homem exprimir sua tendência inata de realizar, fazer coisas, afirmar-se a si mesmo e dominar a natureza e o mundo. Além disso, sua prática envolve a satisfação de outras necessidades não menos básicas, tais como a interação com os demais homens, a auto- expressão, o desenvolvimento do pensamento reflexivo, o prazer de criar e recriar as coisas, e ainda, a valorização de si mesmo pelo menos outros. Conclui-se que a participação tem duas bases complementares: uma base afetiva – participamos porque sentimos prazer em fazer coisas com os outros – e uma base instrumental, participamos porque fazer coisas com outros é mais eficaz e eficiente que fazê-las sozinhos. (BORDENAVE, 1983, p.16)

Sendo assim, a participação deve ocorrer logo no início da vida escolar das crianças, para que o trabalho ocorra de forma alicerçada. É interessante que o aluno seja acompanhado por seus responsáveis em sua vida escolar mas, sabemos que isso é mais comum no início da educação infantil, pois é nessa fase em que toda a família teme a não adaptação das crianças com professores e funcionários da escola, mas infelizmente a tendência é os familiares com o ingressar da criança em series mais avançadas, se distanciarem da escola. Deixam somente para os professores e para a escola a árdua tarefa de ensinar os alunos. A falta de tempo é, então, usada como desculpa para o afastamento da escola. Em decorrência, muitas vezes, a escola faz o papel que caberia à família. Dadas todas essas concepções de participação, acreditamos que ficou clara a necessidade da união da família com a escola.
Segundo Bordenave (1983), existem duas bases que são alicerces para a participação: a base efetiva e a base instrumental. A base efetiva se refere em participar por prazer em realizar onde a interação com os outros e a base instrumental, ver que a interação com os outros é muito mais eficiente, do que realizar o trabalho ou atividades sozinhos.
Outro autor que conceitua o termo participação é Freire” (1996, p. 59-60), que diz que: “participar é assumir, e cumprir a vocação ontológica de intervir no mundo”. Entretanto, é proporcionar ao ambiente em que vivemos transformações que são necessárias e contribuir com a interação de todos os sujeitos que fazem parte da nossa sociedade.
Segundo a ideia desses autores, a participação é algo que precisa ser conhecido e explorado, e deve fazer parte da rotina da criança. Buscando o êxito no processo educacional, a escola precisa que os responsáveis pelos alunos compreendam o valor da participação, pois é no âmbito familiar que a criança passa a maior parte do seu dia e é entre os seus que devem ser desenvolvidas as primícias de seu lado afetivo, social e cognitivo. Sendo assim, é necessário o envolvimento da família desde o início da vida escolar das crianças, tornando essa relação de confiança e de credibilidade, de modo a trazer contribuições para o processo de aprendizagem da criança e também em para a formação cidadã dela, intervindo para melhorar a sociedade que a cerca. Nesse sentido,

A participação passa a ser concebida com uma intervenção social periódica e planejada, ao longo de todo circuito de formulação e implementação de uma política pública. Para que venha a ocorrer a participação cidadã, os sujeitos de uma localidade/comunidade precisam estar organizados/mobilizados de forma que ideários múltiplos fragmentados possam ser articulados. (GOHN, 2007, p.19)

Ainda que não seja fácil a construção e a manutenção do relacionamento entre essas duas instituições, pois existem muitas barreiras e convivências interpessoais são complexas, afinal os seres humanos são seres plurais, com suas especificidades. Certamente, a construção desse relacionamento não é uma tarefa fácil, mas é imprescindível para o desenvolvimento da criança e para o objetivo do trabalho da escola.
Assim sendo partimos do pressuposto de que, ainda que haja várias dificuldades, os responsáveis e os profissionais da educação precisam relacionar-se bem com as famílias de seus alunos. Estamos nos relacionando o tempo todo: com nossas famílias, em nosso trabalho, quando andamos pelas ruas enfim, pois não paramos de nos relacionar com o meio, sendo o relacionamento algo tão importante para as pessoas viverem bem, o que dizer então sobre a necessidade da parceria entre família e escola? Faz-se, pois, necessária a busca contínua de meios e estratégias de se conviver e conquistar todos os benefícios dessa relação, pois a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças dependem diretamente da integração destes dois ambientes socializadores e educacionais.

Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois, a muita coisa a mais que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se até mesmo a uma divisão de responsabilidades. (PIAGET, 2007, p. 50)

Dessa forma, a construção de uma relação saudável entre estas duas instituições deve partir da escola, porque nem todas as famílias ou os responsáveis possuem conhecimento sobre a real importância de sua presença na vida escolar de suas crianças. O relacionamento da família com a escola e seu trabalho pedagógico tem grande relevância no caminhar da escola e na evolução da criança, assim sendo é preciso investir nesse relacionamento, pois tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa:

É possível imaginar uma relação entre pais e escola que não esteja na exploração dos primeiros pela segunda. É possível imaginar um tipo de relação que não consista simplesmente de uma “ajuda” gratuita dos pais a escola. Pode-se pensar em uma integração dos pais com a escola, em que ambas se apropriem de uma concepção elaborada de educação que, por um lado, é um bem cultural para ambas e, por outro, pode favorecer a educação escolar e rever-se em benefício dos pais na forma de melhoria da educação dos seus filhos. (PARO, 2007, p. 25).

A escola tem um papel específico que é o de ensinar, ou seja, cabe à escola a escolarização. Atualmente o ensinar é visto como um meio de auxiliar os alunos a desenvolverem suas capacidades em meio as suas próprias dificuldades e realidades, e a escola vai além, pois abraça também a responsabilidade de educar ainda que esse papel seja da família. Cabe à família formar a criança de forma integral, seus valores, sua cultura e o seu caráter. Cabe-lhe também:

Preparar as crianças para o mundo, no entanto a família tem suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproxima desta mesma instituição. A escola tem sua metodologia e filosofia para educar uma criança, no entanto ela necessita de família para concretizar o seu projeto (PAROLIM, 2003, p. 99).

É importante ressaltar que a família, a escola e os alunos formam o tripé que sustenta o processo de formação da criança. No entanto, para que esse tripé funcione, é preciso que cada um faça sua parte, mas não de modo isolado, e sim de modo emparelhado, de forma que um possa contribuir com o outro e todos se beneficiem. Afinal uma boa relação entre familiares e os responsáveis dos alunos proporciona uma parceria mais significativa, e essa parceria é capaz de causar um impacto imensurável no processo de aprendizagem da criança, estimulando um ensino com maior qualidade e unificando a comunidade escolar. Com o engajamento das famílias o trabalho dos profissionais da escola atingirá de forma mais efetiva seu principal objetivo, o pleno desenvolvimento do educando. A criança quando percebe que existe um interesse de seus responsáveis em suas conquistas escolares, sente-se valorizada e torna-se mais confiante para aprender e se desenvolver.

3 METODOLOGIA

    Nessa parte do trabalho, apresentamos o desenho de pesquisa, assim como o tipo e abordagem. Ressalta ainda as técnicas de coleta, técnicas de análise, lócus, sujeitos participantes e termo de consentimentos.

3.1 Desenho de pesquisa

Compreendendo a realidade social em sentido amplo que envolve os seres humanos, seus múltiplos relacionamentos e suas interações nas instituições sociais, entendemos que esse estudo se aproxima de uma pesquisa social, ou seja, uma pesquisa que “permite a obtenção de novos conhecimentos no campo da realidade social.” (GIL, 2007, p. 27).
Quanto à sua finalidade, essa pesquisa se constituiu como básica, ou seja, reúne estudos com a finalidade de preencher uma lacuna no conhecimento. Para tanto realizamos uma pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Quanto aos objetivos gerais, essa pesquisa se classifica como qualitativa (GIL, 2007), com a finalidade de observar fatos e fenômenos da maneira como ocorre e também coletar dados referentes aos sujeitos observados para análise e interpretação, com base em uma fundamentação teórica sólida e bem fundamentada com o objetivo de compreender e explicar o problema que é objeto de estudo da pesquisa.

3.2 Lócus e sujeitos da pesquisa

Para a realização da pesquisa aqui apresentada, escolhemos a determinada escola por ser uma escola que trabalha com educação infantil e possui em seu Projeto Político Pedagógico trechos que destacam a importância da parceria família/escola. Escolhemos uma instituição privada ensino Infantil e Fundamental na cidade de Fortaleza. A escola foi fundada em fevereiro de 2002 pela atual proprietária. No início atendia apenas crianças da educação infantil e fundamental 1, mas com passar dos anos a escola cresceu e se tornou muito apreciada pelos moradores do bairro, hoje atende a 806 alunos divididos em dois turnos manhã e tarde, nos níveis infantil fundamental 1 e 2. O perfil socioeconômico dos alunos é bem diversificado, sendo a maioria de renda mínima e boa parte depende da bolsa família. Hoje conta com 40 funcionários, sendo 23 professoras pedagogas, e consegue proporcionar uma educação de qualidade, segundo relatos de pais de alunos.
Os sujeitos da pesquisa são três professoras que atuam na educação infantil e uma auxiliar da coordenação infantil, com nomes fictícios para respeitar o anonimato das mesmas, as quais chamamos de: Aurora, Jade, Deise e Karol. A primeira auxiliar da coordenação, trabalha na escola há oito anos. Já as professoras Jade, Deise e Karol são regentes do infantil 3, 4 e 5 respectivamente, a primeira atua na área há 7 anos, a segunda há 20 anos e a terceira há 12 anos, todas formadas em pedagogia.
As participantes foram selecionadas para esta pesquisa de forma intencional, pois são profissionais atuantes na educação infantil e convivem diariamente com as crianças e seus responsáveis e, ainda são testemunhas dos efeitos da participação da família na escola. As professoras concordaram em participar das entrevistas por considerarem o tema importante para melhoria no trabalho do pedagogo.

3.3 Coleta de dados e análise da informação

Quanto aos métodos empregados na coleta e análise de dados, essa pesquisa se classifica como qualitativa, pois busca-se compreender a realidade pela ótica dos sujeitos, no caso os professores coordenadores e familiares. Essa pesquisa se constitui de campo, no que se refere ao ambiente onde os dados serão coletados (GIL, 2007).
A coleta de dados ocorreu mediante coleta de documento e entrevista (APÊNDICE A). Mediante análise do projeto político pedagógico e aplicação de entrevistas semiestruturadas (às três professoras e uma coordenadora da educação Infantil). As entrevistas com 07 perguntas tiveram a finalidade de levantar dados a respeito da participação ativa da família na escola.
As entrevistas aplicadas às professoras e à coordenadora foram organizadas de forma semiestruturada, nos termos colocados por Minayo (2013), ou seja, combinando perguntas fechadas, reflexões e perguntas abertas, dando aos entrevistados possibilidade de falar livremente sobre o tema da pesquisa, abordada pelo investigador, buscando dar maior profundidade a pesquisa. Além disso, fez-se uso da técnica de análise de conteúdo para interpretar as informações.

3.4 Aspectos éticos

A referida pesquisa foi realizada em consonância com a Resolução nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que trata dos aspectos éticos em pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 2016).
Os sujeitos do estudo assinaram o termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde são explicados os objetivos do estudo, os riscos e benefícios, além da participação voluntária e não remunerada e preservação da identidade delas. Além disso, foi solicitado ao diretor da escola onde o estudo ocorreu a assinatura do Termo de Anuência Institucional, contendo a autorização expressa dele para a realização da pesquisa.
Quanto aos riscos deste estudo, consideramos serem mínimos. Não houve nenhum procedimento invasivo à privacidade dos entrevistados. As entrevistas com os sujeitos da pesquisa (professores e coordenação) ocorreram em local fechado e reservado, com nomes fictícios para respeitar o anonimato das mesmas. As entrevistadas puderam, a todo momento, optar em não responder às perguntas ou até mesmo interromper a entrevista caso se sentissem constrangidas.

4 ANÁLISES DAS INFORMAÇÕES

Apresentamos neste tópico as análises realizadas usando como base os dados coletados no Projeto Político Pedagógico (PPP) e nas entrevistas realizadas com a auxiliar da coordenação do infantil e as professoras dos anos iniciais do infantil, sendo estas do infantil 3, 4 e 5. Estivemos presentes em duas reuniões e em um evento (festa do dia das mães), que a instituição escolar proporciona para as famílias de seus alunos, com intuito de enriquecer as estratégias utilizadas pela escola para fortalecer o vínculo entre a mesma e os responsáveis de seus alunos.

4.1 Projeto Político Pedagógico (PPP)

Em função da análise sobre o PPP, observa-se que preconiza como função principal respeitar e valorizar as experiências de vida dos educandos e de suas famílias. São metas estabelecidas em seu projeto, visando uma maior proximidade com as famílias de seus alunos. Gadotti diz: “O projeto político-pedagógico da escola pode ser considerado um momento importante de renovação da escola. Projetar significa ‘lançar-se para a frente’, antever um futuro diferente do presente” (GADOTTI,1998, p.18).
Nesse sentido, a sétima cláusula do documento em questão, no item “Filosofia da escola”, lê-se que éEducar partindo do princípio: Família – Escola, pois acreditamos que para uma boa educação é necessário que a família esteja inserida no processo educativo”. Assim sendo, o PPP propõe que a família seja o princípio, seja a base para a educação.
Por outro lado, na nona cláusula do PPP, a proposta metodológica contempla que “Os métodos de ensino ou a didática utilizada pelos educadores devem incentivar os educandos a se assumirem como sujeitos do processo ensino-aprendizagem: que têm opiniões, posições contestações, questionamentos, dúvidas, entre si, com os educadores, pais e outros [...]”. Mais uma vez fica perceptível a inclusão da família para incentivar o crescimento e a aprendizagem do educando.
Para finalizar, na cláusula sobre as ações empreendidas na escola, fica exposto que há reuniões com o círculo de pais e mestres. Tal pressuposto denota que a escola tem compromisso e zela pela participação dos pais junto ao corpo de mestre da escola de forma regular.

4.2 Entrevistas

Através das entrevistas, conseguimos contemplar os objetivos principais que esta pesquisa aborda e organizamos em tópicos as respostas fornecidas pelas entrevistadas de maneira que nos possibilite maior compreensão do tema abordado.
No decorrer desta pesquisa, buscamos verificar quais os efeitos da parceria entre a família e a escola. Através das experiências relatadas pelas entrevistadas que atuam há anos na área da educação, conquistamos a oportunidade de enriquecer o tema aqui apresentado. Muitos são os autores que investiram nesta temática por acreditar que é de grande importância para aprendizagem e o desenvolvimento integral da criança. Em nosso questionário, ao perguntarmos sobre os efeitos da participação entre a família e a escola, obtivemos respostas semelhantes. De acordo com as falas das professoras: a professora Jade, “criança pequena precisa muito da família, quando está é presente contribui muito no desenvolvimento”; a professora Deise afirma que “com a colaboração dos pais tudo fica mais fácil até o comportamento é melhor”; e a professora Karol diz que “desde as notas até o emocional do aluno é potencializado quando a família participa verdadeiramente”. A auxiliar da coordenação Aurora, completa dizendo:

A criança tem necessidade de ter pai/mãe ou algum responsável perto, ali apontando seus passos, podemos certificar através das experiencias diárias com nossos alunos, que são visíveis os benefícios, posso dizer até que são mais felizes e tranquilos. (Coordenadora auxiliar, Aurora).

O estado emocional, o bem-estar, a aprendizagem, o relacionamento intrapessoal, todos estes setores parecem profundamente impactados pelo acompanhamento assíduo de seus responsáveis, de acordo com as entrevistadas. Até mesmo a rotina da escola é diferenciada quando há uma boa parceria, segundo a professora do infantil 5: “A interação entre a família e a escola, contribui até para a redução de conflitos, o comportamento é mais tranquilo, há uma maior possibilidade de diálogo e a relação entre os alunos é mais pacífica. (professora Karol).
De acordo com as entrevistadas, o engajamento da família na escola proporciona muitos benefícios. As quatro concordam que a junção dessas instituições só causará uma variedade de proveitos para o desenvolvimento da criança, pois ambas almejam o mesmo objetivo. Segundo Parolim (2003, p. 99), “[...]Tanto a família quanto à escola deseja a mesma coisa preparar as crianças para o mundo diante disto podemos concordar a necessidade de buscar meios para uma boa relação das duas entidades”.
As falas das professoras e também dos autores aqui citados embasam de forma uniforme o conceito que afirma a importância da unidade família/escola. Cada uma com sua vivência escolar, utilizando-se de suas próprias práticas de sala, consegue transmitir em suas palavras que estão em concordância com este pensamento. A professora Deise diz: “Precisamos da presença e principalmente do apoio dos pais em nosso trabalho, pois se eu fizer minha parte e a família não, o desenvolvimento fica prejudicado, como um corpo que possui uma de suas partes enfermas e acaba prejudicando as demais”. A entrevistada Aurora, concorda com Parolim (2003) sobre a parceria família e escola, pois segundo ela:
É impossível que consigamos bons resultados apartados da família, pois um completa o outro e não há como negar que uma criança com os pais participativos em geral terá melhores resultados do que outra com pais indiferentes ao processo de aprendizagem. (Coordenadora auxiliar, Aurora).

Diante desses relatos que fortificam os resultados positivos da atuação ativa da família na escola, é relevante registrar que ambas as instituições devem buscar soluções para atuarem em parceria.
Sabendo que a presença e o apoio dos pais no processo educacional da criança é essencial para o bom desempenho, faz-se necessário trabalhar em prol desta união. Vejamos a seguir nas respostas professoras que foram unânimes ao responderem o seguinte questionamento, quais as formas de participação da família na escola? A professora do infantil 4 respondeu:

O primeiro passo é conversar com os pais explicando a necessidade da atuação contínua deles no apoio ao nosso trabalho feito isso é passado através de informações informes tudo que acontece na escola e principalmente com seu filho e ações individuais e em grupos e dar a família acesso livre na escola. (professora Deise)

A participação da família é uma necessidade declarada por muitos profissionais da educação e é embasada por lei. A LDB, no artigo 1°, que diz:
A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar na convivência humana no trabalho nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais (BRASIL, 1996).

Este artigo traz a ideia de que é preciso haver parceria entre as instituições que fazem parte da vida da criança para que a educação aconteça de forma integral. Nesse sentido, pedimos para as entrevistadas falarem um pouco sobre as experiências mais significativas no tocante à parceria existente entre elas e as famílias de seus alunos e os efeitos dessa participação. De acordo com a professora do infantil 3:

Um dos benefícios de ser professora nos anos iniciais da educação é que a família em geral é muito presente os pais estão sempre na porta da minha sala, querem saber sobre tudo que acontece com suas crianças e mesmo tendo uma rotina de sala corrida, procuro dar toda atenção possível, e o legal é que vejo que  meus pequenos ficam felizes com a presença de seus pais e quando estamos conversando ficam por perto querem  participar.(professora, Jade)

Vejamos o que diz a professora do infantil 4, com respeito à parceria da instituição familiar na vida escolar da criança:

Poderia contar muitas histórias sobre o que acontece quando a família colabora com meu trabalho, mas vou destacar o que eu acho mais importante, primeiro quero dizer que os pais infantil 4 não são tão atuantes quanto eu gostaria que fossem e muitas vezes tenho que cobrar a presença deles, mas tem algumas famílias que estão de parabéns. Só te os efeitos da parceria, posso afirmar que é visível a diferença no desenvolvimento emocional e cognitivo do aluno e em outros aspectos também (Professora Deise).

Concluindo os relatos das entrevistadas sobre os efeitos da participação da família na escola, temos as palavras da professora do infantil 5:

No infantil 5, temos mais conteúdos para ministrar, há uma maior cobrança, só que o aluno ainda é pequeno mas o que acontece é que parece que as famílias pelo menos uma grande porcentagem destas acreditam que a criança cresceu e se distanciam da escola e o pior é que a criança desaprende um pouco do que já tinha aprendido, a uma desconstrução de boa parte do que foi feito anteriormente aí fica difícil, mas felizmente posso contar com aqueles pais que ainda contribuem e fazem toda diferença pois seus filhos aprendem com mais facilidade e alguns até me ajudam com os outros alunos que têm mais dificuldade (professora Karol).

Nas três falas de nossas entrevistadas, podemos perceber que elas concordam que a parceria entre essas duas instituições sociais é responsável por avanços em muitos aspectos da vida do aluno, refletindo diretamente na aprendizagem e no bem-estar dos pequenos estudantes. Podemos observar também, de acordo com as palavras das professoras, que, no decorrer das promoções de nível que a criança conquista, acontece um certo declínio na atuação de seus responsáveis. De acordo com as experiências citadas pelas entrevistadas, os pais perdem gradualmente o interesse inicial em acompanhar o desenvolvimento escolar de seus filhos, e essa mudança de atuação causa, segundo a terceira entrevistada, uma desconstrução do trabalho realizado anteriormente. Esse prejuízo pode ser causado porque a criança necessita saber que é amparada e que seus esforços são reconhecidos e valorizados.
Sayão (2002 p. 42) diz que: “a parceria da família com a escola é importante e estimula a criança em seu desenvolvimento”. Com o intuito de construir uma maior proximidade com as famílias, a escola lócus da pesquisa realiza mensalmente encontros com os responsáveis de seus alunos. Segundo a entrevistada Aurora, que é auxiliar de coordenação infantil, “Buscamos envolver os pais de nossos alunos realizando reuniões ou melhor dizendo, realizando encontros para o compartilhamento do andar das nossas atividades e também para ouvi-los”. Como se vê, o caminho para construção de uma boa parceria entre pais e os profissionais da educação é longo e cheio de obstáculos, mas, para o bem da educação e da criança, deve ser trilhado e, para isso, faz-se necessário empenho de todos os participantes dessa missão.
Neste tópico, a discussão é sobre o papel da escola e o da família. Cortella (2016, p.19) diz que o “mundo intraescolar e o mundo extraescolar não são universos separados”, assim sendo é necessário especificar o que cabe à escola e o que cabe à família. Em resposta a essa questão, na entrevista as professoras expressaram-se da seguinte forma:

Aos pais cabem preparar seus filhos para o futuro, para a escola fica a parte de ensinar conteúdos mais educação dos dois papéis que faz a diferença (professora Jade).
A educação vem de casa do berço e o professor faz sua parte contribui na aprendizagem, se cada um fizer direitinho o que lhe cabe o processo tornar mais fácil (professora Deise)
Todos somos responsáveis na educação da criança a família é a base e a escola é o complemento, uma precisa do outro. (professora Karol).

Vemos, nos relatos das professoras, que cada instituição tem seu papel, mas que não devem atuar separadamente. Em outras palavras, ainda que cada um tenha seu papel é na junção dos dois que acontecem os maiores benefícios, é na responsabilidade compartilhada que se constroem os melhores resultados. Cortella (2016) diz que cabe à escola a escolarização, que é só uma parte da educação, e, de acordo com Parolim (2003), a família tem a tarefa de estruturar o sujeito em sua identificação individual e autônoma.
Durante o percurso da história da educação, a relação entre estas sofreu algumas mudanças. No passado, houve um tempo em que a escola e seus profissionais eram extremamente valorizados, pois as pessoas da época viam na educação o caminho, a oportunidade de melhoria; e a família entregava seus filhos, confiante de que estes estavam em ótimas mãos. Aos poucos, esse pensamento mudou, e a família passou a cobrar e a criticar a escola e seus responsáveis, pois, de posse de maior conhecimento de seus direitos, o núcleo familiar passou a esperar mais e mais da escola. Atualmente, muitos dizem que a família transferiu para os professores toda a carga educacional e suas responsabilidades. Podemos alicerçar tais palavras seguindo o relato da coordenadora Aurora:

É interessante observar que a família do passado tinha menos conhecimento, menos acesso às informações, mas eram (sic) mais presentes, principalmente a mãe; hoje, mesmo com toda evolução da humanidade, o que se vê é um retrocesso, principalmente no comportamento da criança e no tipo de criação dada pela família. (Coordenadora auxiliar, Aurora).

As mudanças no relacionamento entre as duas instituições sociais de maior importância na formação da criança têm refletido diretamente no processo educacional dos alunos. Assim, ambas precisam articular meios de aprimorar seu relacionamento, mesmo diante de todas as contrariedades que fazem parte da história dessa relação.
Com a finalidade de contemplar as indagações propostas por esta pesquisa, além da entrevistas e com as profissionais da escola, estivemos presentes em encontros da escola(nos dias 2 de março, e 27 de abril de 2019), com os responsáveis do alunos e podemos observar que havia uma quantidade significativa de familiares e que a escola os recebia com muito comprometimento e dedicação e os convidados demostravam interesse pelos assuntos tratados nas reuniões e, também que durante o evento (comemoração do dia das mães realizada no dia 11 de maio de 2019), observamos o clima de reciprocidade. Estratégias como estas, pela escola abordada, possibilita consideravelmente a melhoria da relação família/escola.
Concluindo agora, a compreensão da análise das entrevistas, inferimos que as entrevistadas estão em concordância com a visão de que a educação sistematizada, que é a escola, e a educação familiar,  que é representada pelos responsáveis dos alunos, têm papeis específicos com contribuições na esferas afetivas, ética, moral e intelectual, todavia uma não funciona bem sem o auxílio da outra. Assim sendo, verificamos, através das falas das professoras, que a presença da família melhora e facilita a eficácia da prática de suas funções, principalmente no processo de ensino aprendizagem.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É na família que a criança tem sua primeira influência, é por isso que a família tem grande importância no processo de desenvolvimento educacional. É necessário que haja uma parceria constante e efetiva entre a família e a escola, que os responsáveis sejam participativos e presentes na vida escolar de seus filhos.
Em meio às muitas transformações sofridas pela sociedade contemporânea, faz-se necessária a aquisição de uma nova visão sobre a essa relação já tão carregada de responsabilidades e também de possibilidades, e o entendimento de que elas só conseguirão bons resultados se andarem lado a lado.
De acordo com os objetivos inicialmente traçados, pode-se concluir que:
As contribuições da família no contexto escolar para promover o desenvolvimento infantil no processo de ensino aprendizagem nas esferas afetivas, ética, moral e intelectual.
Os principais resultados da parceria família e escola estão relacionadas que a presença da família melhora e facilita a eficácia do processo de ensino e aprendizagem do aluno.
As formas de participação da família na escola ocorrem através de reuniões periódicas ou encontros esporádicos com os professores para esclarecimento de dúvidas ou tratar questões pontuais;
O papel da escola e o papel da família no processo de formação educacional da criança é fundamental, cada instituição tem seu papel, porém não devem atuar separadamente, ainda que cada um tenha seu papel é na junção dos dois que acontece os maiores benefícios e na responsabilidade compartilhada que se constroem os melhores resultados.
Cada uma destas instituições deve desenvolver o seu papel com a maior responsabilidade possível, pois isso será de grande valor para a formação integral do sujeito. É necessário que ambas as instituições compreendam que devem ceder um pouco do seu espaço para que a outra contribua e desenvolva seu trabalho de forma compartilhada, mas muito mais eficiente.
Esse processo só será bem-sucedido, se a escola conhecer melhor realidade de seus alunos, procurando conhecer melhor os familiares, implantando projetos que aproximem cada vez mais a família do âmbito escolar, promovendo projetos sociais, reuniões, gincanas encontros com os professores expondo a importância do diálogo e do apoio deles. Não deve ainda a escola esquecer de pontuar os pontos positivos da criança e trabalhar para que os negativos sejam solucionados.
Essa parceria só trará benefícios para todos: pais, mestres e alunos. Juntas, família e escola conseguirão gerenciar conflitos, solucionar problemas e motivarem-se para que todos ajudem na formação da criança. Enfim, os dois pilares da sociedade devem andar lado a lado, buscando a resolução dos problemas e incentivando na busca por resultados para o educando.

REFERÊNCIAS

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______. Constituição (1988), Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,1988.

______. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Disponível em: <http//basenacionalcomum.mec.gov.br/base>. Acesso em: 11/05/2019.

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PAROLIM, I. Professores formadores: a relação entre a família a escola e à aprendizagem. Curitiba: Positivo, 2003.

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PIAGET, J. Para onde vai a educação. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007.

PRADO, D. O que é família. São Paulo: Brasiliense, 1981.

SAYÃO, R. Família e escola parceiras ou rivais? TV Escola. n.28, p.40-42, Ago / Set.2002.

SOUZA, C. A. R.; SOUSA, T. M. G. Os novos tipos de família reconhecidos pela jurisprudência do supremo Tribunal Federal. Revista de Produção Acadêmico-Científica, Manaus, v.3, n.º 1, 2016.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,1989.


*Professora do Centro Universitáro Ateneu. Doutora em Educação pela Universidad Autònoma de Barcelona. E-mail: projetoscientificos@gmail.com
** Concludente do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Ateneu. E-mail: fernandaale0002@gmail.com
*** Concludente do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Ateneu. E-mail: marianamoutasoares@gmail.com

Recibido: 28/08/2019 Aceptado: 14/01/2020 Publicado: Enero de 2020

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