Revista: Atlante. Cuadernos de Educación y Desarrollo
ISSN: 1989-4155


CONSIDERAÇÕES DIDÁCTICAS NO EMPREGO DO MÉTODO DE TRABALHO INDEPENDENTE PARA O SUCESSO NA APRENDIZAGEM DOS ESTUDANTES NA ESCOLA SUPERIOR PEDAGÓGICA DA LUNDA NORTE

Autores e infomación del artículo

Amado Martínez Morgado *

Francisco Sérgio Manuel Mabiala **

Martins Nvuenda Baveca***

Universidadede Guantánamo, Cuba.

e-mail: amadomm@cug.co.cu


Resumo
Alcançar a qualidade do ensino superior converte-se numa necessidade actual, e de forma particular na República de Angola, tendo em conta o projecto de desenvolvimento social concebido no país. Não obstante, a partir da experiência como professores, assim como a constatação empírica, tomamos conhecimento de algumas insuficiências na aprendizagem dos estudantes. Aspectos que dão lugar a que o presente trabalho de investigação esteja centrado na análise do processo docente-educativo na Escola Superior Pedagógica da Lunda Norte, com o objectivo de propor algumas considerações didácticas que contribuam para a criação de espaços de estudo nos estudantes, a partir de uma correcta concepção do método de trabalho independente como alternativo para o sucesso na aprendizagem. O contributo que se concebe na presente investigação é resultado da aplicação de diferentes métodos, destacando-se: análise - síntese, histórico - lógico, modelação teórica, enfoque sistémico estrutural, entrevistas, observação e análise documental.
Palavras-chave: Trabalho Independente - considerações didácticas - processo de ensino - sucesso na aprendizagem.

Abstract

Achieving the quality of higher education becomes a current need, and particularly in the republic, taking into account the social development project conceived in the country. However, based on the experience as a teacher, as well as the empirical verification, some knowledge was learned of the students' learning. Aspects that gave rise to the fact that this research work focused on the analysis of the teaching - educational process in the Pedagogical Higher School of "Lunda Norte", with the objective to proposing some didactic considerations for the creation of study spaces for students, from a correct conception of the independent work method as an alternative to raise learning.

The contribution that is conceived in this research is the result of the application of different methods, highlighting: analysis - synthesis, historical - logical, theoretical modeling, structural systemic approach, interview, observation and analysis of documents.

Keywords: Independent work - didactic considerations - teaching process - quality of learning.

Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Amado Martínez Morgado, Francisco Sérgio Manuel Mabiala y Martins Nvuenda Baveca (2019): “Considerações didácticas no emprego do método de trabalho independente para o sucesso na aprendizagem dos estudantes na Escola Superior Pedagógica da Lunda Norte”, Revista Atlante: Cuadernos de Educación y Desarrollo (diciembre 2019). En línea:
https://www.eumed.net/rev/atlante/2019/12/consideracoes-didacticas.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/atlante1912consideracoes-didacticas



Actualmente, a essência da universidade é a formação de quadros com valores, conhecimentos e capacidades para que possam dar solução aos problemas que a sociedade apresenta, a partir do projecto de desenvolvimento concebido num contexto social determinado. Aspectos que exigem uma qualidade no processo de ensino-aprendizagem que se desenvolvem neste contexto educativo, a partir do emprego do método de trabalho independente com eficiência por parte do professor universitário, para garantir o sucesso em relação à aprendizagem dos estudantes. Por isso, o propósito da criação das universidades esteja de acordo com a natureza e a complexidade de uma sociedade que busca transcender aos níveis superiores de desenvolvimento social.
Os aspectos referidos anteriormente permitem concordar com os critérios do (BELLO, s/d:2), em relação às funções do professor no ensino superior, ao expor que: "Hoje em dia o papel do professor não é tanto ensinar conhecimentos, a não ser ajudar aos estudantes a “Aprender a aprender” de maneira autônoma e promover seu desenvolvimento mediante actividades críticas e aplicativas que tenham em conta suas características e lhes exijam um pensamento ativo da informação, do conhecimento para que construam o próprio".
O que dá lugar que o presente trabalho investigativo fosse centrado na análise do processo docente-educativo na Escola Superior Pedagógica da Lunda Norte, com o objectivo de propor algumas considerações didácticas que contribuam na criação de espaços de estudo nos estudantes, a partir de uma correcta concepção do método de trabalho independente como alternativa para o sucesso na aprendizagem.
Como principais métodos para o desenvolvimento do trabalho empregou-se os seguintes:
Métodos do nível teórico: análise - síntese, histórico - lógica, modelação teórica e o enfoque sistêmico estrutural.
Métodos do nível empírico: entrevistas, observação e análise documental.
Alguns aspectos em relação ao Ensino Superior na República de Angola
O Ensino Superior em Angola teve o seu surgimento em consequência das convulsões político-sociais que atingiram os territórios africanos portugueses nos anos 60 do século XX. Constatou-se neste período a crescente pressão das populações de Angola que aspiraram pela independência do seu país, como pressuposto ao direito pelo ensino a todos os níveis, por um lado, e a crescente população estudantil que reclamava soluções alternativas em lugar da obrigação que tinha de licenciar-se em Portugal continental, por outro lado. (TETA, s/d: 30 - 31).
Tendo em conta os critérios de (TETA, s/d: 32), o Ensino Superior na República de Angola passou por diferentes períodos, entre os quais destacam-se: Período Colonial (1483 - 1975); Período Pós-independência e da Guerra Civil (1961 a 2002) e o Período de Paz (2002). A partir dos objectivos da presente investigação faz-se referência a alguns aspectos relacionados au período de Paz.
De maneira geral, as universidades têm vindo a sofrer grandes alterações nos últimos vinte e cinco anos, muito pela força das mudanças sociais e económicas, criando pressões e tensões que não aconteciam no passado de forma tão evidente. A massificação, a heterogeneidade da população discente, novas culturas de qualidade, mudanças no mundo produtivo e do trabalho, internacionalização dos estudos superiores, novas orientações para a formação, redução de fundos, são alguns dos factores que se têm repercutido na forma como as instituições de ensino superior organizam os seus recursos e estabelecem a oferta formativa. É neste contexto de transformações que as universidades têm de se reorganizar de forma a ajustar as ofertas formativas às múltiplas exigências do mundo atual, e a renovarem as práticas docentes no sentido da formação de cidadãos capazes de se integrarem e participarem em ambientes sociais e profissionais cada vez mais complexos e exigentes, numa lógica de educação e formação ao longo da vida. (BORRALHO & FIALHO, 2009: 985-986)
Neste sentido, segundo a Lei de Basse do sistema de Educação e Ensino na República de Angola (Lei n˚ 17/16), considera no seu ARTIGO 63º como objectivos do Ensino Superior os seguintes:
a) Preparar quadros com alto nível de formação científica, técnica, cultural e humana em diversas especialidades correspondentes a todas as áreas do conhecimento;
b) Realizar a formação em estreita ligação com a investigação científica, orientada para a solução dos problemas locais e nacionais inerentes ao desenvolvimento do País e inserida no processo do desenvolvimento da ciência, da técnica e da tecnologia;
c) Preparar e assegurar o exercício da reflexão crítica e da participação nas actividades económicas para o benefício da sociedade;
d) Ministrar cursos de graduação e pós-graduação para a formação de quadros e técnicos do nível superior;
e) Ministrar cursos de especialização, para a superação científica e técnica dos quadros de nível superior;
f) Promover a investigação científica, a divulgação e aplicação de seus resultados, para o enriquecimento da ciência e o desenvolvimento multidimensional do país;
g) Promover a extensão universitária através de acções que contribuam para o desenvolvimento da própria instituição e da comunidade em que está inserida;
h) Desenvolver e consolidar a orientação vocacional e profissional com vista ao exercício de uma profissão. 
Estes aspectos impõem um novo sentido estratégico ao ensino superior, um novo paradigma da educação que exige mudanças na cultura académica, na concepção da função docente, nas atitudes e práticas dos docentes, trata-se de uma nova concepção sobre o ensino superior, tendo em conta a inter-relação entre todos os seus componentes, tanto pessoais como não pessoais.
O que leva a determinar, segundo (TETA, s/d: 33 - 34), como pressupostos actuais do Ensino Superior em Angola:

  • Recrutamento de docentes para as novas instituições a altura dos desafios impostos ao ensino superior neste milénio;
  • Recrutamento e formação académica e pedagógica de docentes angolanos;
  • Realização de programas curriculares tendo em conta a idiossincrasia dos angolanos, sem perder de vista o conhecimento universalmente consagrado sobre esta matéria;
  • Construção e apetrechamento de novas infra-estruturas de ensino superior adequada à qualidade universalmente exigida;
  • Financiamento adequado aos recursos humanos e materiais existentes.

A aprendizagem e a qualidade do processo docente-educativo no âmbito universitário
A aprendizagem é uma temática central como objecto de estudo na pedagogia, na psicologia e no desenvolvimento histórico destas ciências. As tendências das teorias psicológicas da aprendizagem foram e são variadas, todas preocupam-se em dar respostas científicas a este processo tão complexo, e também têm proposto diferentes estratégias didácticas de como desenvolver o mesmo no âmbito institucional; com uma aproximação à vida quotidiana como preparação do sujeito para o seu melhor desempenho social.
Tomando como base dois critérios fundamentais:
• A aprendizagem analisada como um processo de associação de estímulo-resposta.
• A aprendizagem como um processo de conhecimento de compreensão de relações, a construção do conhecimento, condicionadas pelo meio.
Em relação à aprendizagem como um processo de conhecimento, consideram-se como principais teorias que referem diferentes posições a respeito, as seguintes:

  • Teorias associacionistas de condicionamento. (Representantes: Watson, Torndirte, Skinner).
  • Teorias da Gestalt e a Psicologia fenomenológica. (Representantes: Kafka, Kohler, Maslow, Rogers).
  • Psicologia Genético-cognitiva. (Representantes: Piaget, Bruner, Ausubel).
  • Psicologia Genético-dialéctica. (Representantes: Vigotsky, Luria, Rubinstein).
  • A teoria do processamento da Informação. (Representantes: Gagné, Simón, Pascal Leone.)

Sem deixar de reconhecer a contribuição das diferentes teorias à aprendizagem, como fundamento essencial para a proposta que se faz na presente investigação, assume-se, a Psicologia genético-dialéctica, representada por: Vigotsky, Luria, Rubinstein, ao fazer a abordagem de um enfoque histórico-cultural, a relação existente entre a instrução e o desenvolvimento. O processo de aprendizagem é instrução, é desenvolvimento; produz-se num processo de interiorização do aspecto socio-individual, do interno e o externo.
A partir da presente teoria da aprendizagem, são várias as definições contribuídas nesse sentido, a critérios dos autores da presente investigação, sistematiza-se a definição de aprendizagem segundo (GONZÁLEZ, 1995), citada em (JARAMILLO, 2009:4), ao referir que: “Entendemos como aprendizagem a gênese, transformação e desenvolvimento do psíquico e do comportamento que isso regula em função da actividade, ou seja, interacção do sujeito com o seu meio".
Segundo esta definição a essência da aprendizagem consiste no surgimento e modificação dos processos psíquicos e do comportamento tanto na dimensão afectiva como na cognitiva. Aprendem-se hábitos, conhecimentos, habilidades, capacidades, mas também aptidões, rasgos volitivos, emoções e sentimentos. Aspectos que os autores da presente investigação consideram necessário para atingir a uma qualidade docente na universidade.
Deve partir-se da ideia de que a qualidade docente no ensino superior é um tema de grande importância, que reclama maior atenção à escala mundial, num momento, onde se está implementando uma importante reforma universitária a todos os níveis.
A respeito, (MOROSINI, et al. s/d:2), explica que, a qualidade é um conjunto de propriedades inerentes ao processo formativo que se determinam a partir das necessidades sociais e com o compromisso de todos quantos integram o processo, buscando uma aprendizagem que permite aos sujeitos que nele intervêm criar, recriar, produzir e apontar de forma consciente, equilibrada e eficiente os conhecimentos, valores e capacidades.
A sociedade, no seu todo, reclama que o funcionamento das universidades esteja vinculado aos critérios da eficácia, eficiência e excelência cada vez maiores…, feitos que impliquem que a qualidade ocupe um eixo central no desenho da política universitária. (PÓLO, 2011:2).
Aspectos que exigem melhor qualidade docente neste contexto educativo para alcançar tal propósito. Assumindo o termo qualidade docente, segundo (PÓLO, 2011:2), “ao considerá-la como, todas aquelas atuações destinadas a melhorar os conhecimentos, competências e habilidades do professor universitário, todas elas com repercussão imediata na sala de aula, onde o papel da inovação educativa ocupa um lugar imprescindível”. Neste sentido, pode referir-se, além disso, como outro aspecto para melhorar a qualidade do ensino superior, está dado de ser um nível terminal de estudos, onde se conclui a educação formal.
Neste sentido (PÓLO, 2011:4) Refere um conjunto de princípios tendentes a garantir uma docência universitária de qualidade. Indica explicitamente a necessidade de que esta seja:
a) Ativa, encaminhada a resolver os problemas derivados da prática docente mediante um processo de reflexão.
b) Focada de maneira holística no desenvolvimento de competências profissionais específicas a cada titulação ou âmbito profissional.
c) Estimuladora da experiência, destinada a compartilhar a prática docente mediante o processo de comunicação entre professores e alunos.
d) Que tomem em consideração as especialidades académicas dos alunos.
e) Que se associe com a qualidade da instituição, pois ambos os componentes do sistema universitário complementam-se.
f) Que permita a conexão entre docência e investigação dentro do currículo do professor.
A partir da experiência como professores universitários, consideramos outro aspecto, que do ponto de vista docente, o professor deve atender para uma educação de qualidade no ensino superior, destacando-se:
- Ajudar os estudantes a compreender o ponto de vista da relação causa-efeito, o sistema de conhecimentos adquiridos.
- Os espaços de aprendizagem devem ser configurados a partir de uma relação coerente entre as suas componentes que permita assumir o papel dos estudantes como gestores dos seus próprios conhecimentos.
- Ser capaz de explicar e argumentar, proceder com sensatez e com ordem sobre o que faz e ter melhores habilidades para realizar tarefas, perante diversos problemas e ter melhores recursos de indagação.
Para alcançar estes propósitos é necessário empregar, por parte dos professores, de maneira eficiente o sistema de métodos que, do ponto de vista didáctico, dinamizam o processo docente no ensino superior e atendem a sua premissa fundamental, a de ensinar aos estudantes aprender a aprender.
Neste contexto, para (ROTHBERG, 2006:4), aprender a aprender adquire um significado específico. Agora, o lema quer dizer que o estudante deve aprender a dispor-se de forma compatível ao que dele se espera na universidade. Ele deve aprender a aprender os conteúdos desse nível de ensino, considerando a verdadeira como dimensão da sua responsabilidade individual, que exige que aqueles conhecimentos sejam empregados de forma ética e socialmente adequada. O aluno não se pode limitar àquilo que lhe parece ter utilidade imediata; ao contrário, deve ser levado pelo professor a aprender a construir a abertura imprescindível à percepção de como determinadas técnicas profissionais devem ser aplicadas em sintonia com o interesse social.
O Trabalho Independente como método de ensino
Para entender a importância do trabalho independente como método de ensino-aprendizagem no processo docente-educativo, é importante sistematizar alguns critérios em relação aos métodos de ensino de maneira geral, dentro das que se referem:
O processo de ensino envolve aspectos externos e internos. Os aspectos externos correspondem aos conteúdos de ensino. Os aspectos internos são as condições mentais e físicas dos alunos para a assimilação dos conteúdos. Ambos se relacionam mutuamente, pois de um lado há a matéria a ser ensinada de forma assimilável pelo aluno, e de outro há um aluno a ser “preparado” para assimilar a matéria, o que dá lugar ao emprego de método de ensino-aprendizagem. (DOS SANTOS et.al, 2018:4 )
Segundo (DUARTE & LINGUA, 1996:28), citada em (NAMALUÉ, 2015:2), “um método é um meio ou caminho pelo qual se usa para alcançar um fim ou ainda processo racional para chegar a um fim, sistema educativo ou conjunto de processos didácticos, ou seja constitui a via através da qual se concretizam os objectivos de uma aula”.
Em consonância com estes critérios (NAMALUÉ, 2015:2) diz que: “os métodos de ensino têm um carácter transformador, independentemente de serem gerais ou específicos, pois são uma base para o desenvolvimento de capacidades, habilidades e atitudes, por parte do aluno no processo de ensino-aprendizagem”.
Em relação ao trabalho independente é importante referir que o mesmo foi uma prática sistemática para o progresso do Homem. Ao fazer uma análise histórica da sua evolução e desenvolvimento, terá que o expor sobre a base de duas concepções fundamentais que até aos nossos dias o caracterizaram. A primeira, como actividade trabalhista que realiza o indivíduo para satisfazer as suas necessidades económico-sociais durante a vida, e a segunda, vinculada à escola e à aprendizagem como concepção geral. (ROMÁN-CAIO, 2013, p.141).
Em sua dimensão educativa o trabalho independente foi associado à actividade que realiza o estudante por si mesmo para aprender de maneira activa sob a orientação ou não do professor. A respeito disso numerosos investigadores manifestaram-se, entre os mais relevantes figuram: Yesipov (1957, 1981), Klingberg, (1978), López (1978, 1987), Do Plano (1982, 1984), Pidkasisti (1972, 1986), Báxter (1988), Pérez (1984, 2001), Vermelhas (1978, 1982, 1983, 1986), López (1989), Álvarez de Zayas (1978, 1995, 1998), entre outros que deram continuidade ao estudo desta temática.
Tendo em conta o objectivo do presente trabalho, sistematizam-se algumas definições, destacando-se:
LIBÂNEO (n.s), citada em (PEDRO, 2012:1), ao considerar que: “O método de trabalho independente dos alunos consiste de tarefas dirigidas e orientadas pelo professor, para que os alunos as resolvam de modo relativamente independente e criador”. Este pressupõe determinados conhecimentos, compreensão da tarefa e do seu objectivo, a domínio do método de solução, de modo que os alunos possam  aplicar conhecimentos e habilidades sem a orientação directa do professor.
Na mesma ordem, (MALUA, 2014:3) expõe que: O método de trabalho independente dos alunos consiste nas tarefas dirigidas e orientadas pelo professor, para que os alunos as resolvam de modo relativamente independente e criador. O trabalho independente pressupõe determinados conhecimentos, compreensão da tarefa e do seu objectivo, o domínio do método de solução, de modo que os alunos possam aplicar conhecimentos e habilidades sem a orientação directa do professor.
Por sua vez (BASULTO 1997) citada em (AYALA & IZADA, 2019:4) refere que: "o trabalho independente é uma característica do processo docente-educativo; é aquele processo que, em seu desenvolvimento, obtém que o estudante, por si só, se autodirija".
A necessidade de generalizar e difundir a temática do trabalho independente em outros contextos educativos está dado fundamentalmente pelos constantes pronunciamentos sobre uma educação permanente, de maior acesso e qualidade, em que o estudante seja protagonista da sua própria formação e assuma cada vez mais um papel activo. Na Conferência Mundial sobre Ensino Superior do ano 1998, insistiu-se sobre a importância de “aprender a aprender” para obter os objetivos educativos do século XXI. Neste propósito, o trabalho independente oferece valiosas potencialidades
O processo de direcção do trabalho independente é a sucessão lógica, escalonada e ascendente que se dá nas salas-de-aulas e fora delas, dos momentos de planeamento, orientação, execução e avaliação, dentro dos quais cada acção desenvolvida colecta a outra de maior complexidade e o papel de estudantes e professores varia em função do momento. Sua direcção centra-se na determinação de necessidades e potencialidades dos primeiros e o sistema de influências educativas que particularizam o contexto de onde se acostuma e se aprende como ponto de partida de cada estádio do desenvolvimento. Seu fim é obter os objectivos da sala-de-aula.
O trabalho independente no processo de ensino-aprendizagem centra-se no desenvolvimento de habilidades de gestão, processamento e aplicação da informação de maneira activa pelos estudantes, das ajudas oferecidas por outros com nível de desenvolvimento superior, para posteriormente comunicar os resultados em um ambiente colaborado de trabalho. (ROMÁN, 2011) citada em (ROMÁN-CAIO, 2013:141).
A respeito disso, referem-se às potencialidades do trabalho independente como método no processo de ensino-aprendizagem segundo (NAMALUÉ, 2015; 3), ao mencionar que:

  • Eleva os rendimentos de aprendizagem nos alunos, levando a um maior desenvolvimento das habilidades de aprendizagem e a uma aprendizagem mais eficaz;
  • Aumenta a efectividade do processo de assimilação, uma vez que o trabalho independente conduz, por regra geral, a uma assimilação mais consciente, profunda e duradoura;
  • A atitude instável de alguns alunos diante da aprendizagem se estabiliza quando tem que resolver verdadeiras tarefas;
  • Desenvolvimento da independência na aprendizagem, isto é, da autoaprendizagem;
  • Possibilita trabalho diferenciado dos alunos, com ou sem apoio do professor. Razão pela qual o trabalho independente pode possibilitar aproximar os rendimentos dos “alunos fracos” aos dos “alunos fortes”;
  • Quando em grupo, permite o desenvolvimento de atitudes e comportamentos de trabalho em equipa com os colegas;
  • Permite sistematizar e consolidar conhecimentos, habilidades e hábitos.

Algumas considerações didácticas no emprego do método de Trabalho Independente no Ensino Superior
A partir da análise teórica realizada, a critério de professores, assim como a nossa experiência, considera-se necessário algums aspectos a ter em conta por parte do professor universitário em função do emprego do método de trabalho independente como alternativa para o sucesso na aprendizagem dos estudantes universitários, dentro das quais destacamos:

  • Organizar o trabalho dos estudantes em equipas para facilitar o intercâmbio, a colaboração, onde o professor se centra fundamentalmente na orientação das actividades de aprendizagem.
  • Expor objectivos de aprendizagem, conscientizados pelos estudantes, em correspondência com as suas necessidades, interesses e motivações, vinculados com os objectivos formativos, assim como os problemas próprios das suas esferas de actuação profissional.
  • Criar as condições para favorecer a aprendizagem dos estudantes, a partir da relação professor-estudantes, assim como o uso de materiais didácticos.
  • Ensinar aos estudantes os procedimentos mediadores que favoreçam a sua aprendizagem do ponto de vista independente, tais como: mapas conceituais, tirar apontamentos, desenho de esquemas, gráficos, etc.
  • Tendo em conta a dinâmica do processo de ensino-aprendizagem no nível de desenvolvimento dos estudantes, o que pressupõe estratégias diferenciadas e flexíveis em correspondência com a diversidade de estudantes em relação ao nível de desenvolvimento cognitivo.
  • Incluir mecanismos de controlo e avaliação através de uma diversidade de técnicas e instrumentos com um carácter processual.

Por outra parte, propõe-se para que o método de trabalho independente seja empregado de uma forma adequada em função do sucesso na aprendizagem dos estudantes, cumprindo com os seguintes momentos didácticos: Momento de Diagnóstico, Momento de Planeamento, Momento de Orientação, Momento de Execução e Momento de Avaliação.
Como principal aspecto, do ponto de vista didáctico que, o professor deve ter em conta em cada um destes momentos frisados, propõe-se:
Momento de Diagnóstico.
-    Comportamento do desenvolvimento cognitivo dos estudantes.
-    Nível de condições prévias que possuem os estudantes em relação ao sistema de conteúdo concebido no plano de estudo.
-    Procedência dos estudantes.
-    Disponibilidade de recursos para realizar o trabalho independente.
Momento de planeamento.
- Determinação do ou dos objectivos específicos a dar tratamento.
- Determinação da relação interdisciplinar que se estabelece entre as diferentes disciplinas que conformam o plano de estudo.
- Determinar a objectividade das actividades de aprendizagem a desenvolver pelos estudantes.
- Ter em conta a disponibilidade dos meios a empregar por parte dos estudantes para o desenvolvimento do trabalho independente.
- Determinar a forma de organização do trabalho independente.
- Determinar o tempo que os estudantes dispõem para realizar o trabalho independente.
- Determinar a forma de avaliação.
Momento de orientação.
- Determinar a forma de orientação do trabalho independente.
- Realizar uma apresentação clara e específica das ações a desenvolver por parte dos estudantes.
- Organizar os estudantes, a partir da forma determinada para realizar o trabalho independente.
- Apresentar as fontes básicas e alternativas para a busca da informação que necessitam os estudantes na realização do trabalho.
- Explicar os estudantes o tempo que dispõem para realizar o trabalho independente.
- Explicar a forma e a modalidade de apresentação do resultado.
- Explicar a forma de avaliação dos resultados.
Momento de Execução.
- Ter disponibilidade de tempo para as consultas e esclarecimento de dúvidas aos estudantes.
- Realizar controlo do desenvolvimento do trabalho por parte dos estudantes.
Momento de Avaliação.
- Obter a participação de todos os estudantes na apresentação dos resultados do trabalho realizado.
- Cumprir, do ponto de vista metodológico, com a forma determinada para a apresentação dos resultados.
- Escutar critérios dos estudantes em relação ao desenvolvimento do trabalho (aspectos positivos, negativos e recomendações)
- Enunciar os resultados da avaliação ao nível da sala-de-aula.

Conclusões
A análise teórica da literatura e as investigações realizadas permitiram constatar que o trabalho independente foi amplamente abordado por diferentes autores.
Em relação ao trabalho independente expõe-se múltiplas definições concernentes ao método, meio, forma, processo, sistema e, em geral, identifica-se com a actividade que realiza o estudante por si mesmo para aprender de maneira activa segundo a orientação ou não do professor.
Actualmente existem insuficiências na aplicação do trabalho independente como método no ensino superior, o que limita a qualidade da aprendizagem nos estudantes.
As considerações didácticas que se oferecem na presente investigação são objectivas perante a necessidade de preparar os professores de ensino superior em função de uma correcta direcção do processo de ensino-aprendizagem a partir do emprego do método de trabalho independente.

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*Licenciado em Educação Primária.
** Licenciado em Língua Portuguesa.
*** Licenciado em Língua Portuguesa.

Recibido: 10/09/2019 Aceptado: 18/12/2019 Publicado: Diciembre de 2019

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