Revista: Atlante. Cuadernos de Educación y Desarrollo
ISSN: 1989-4155


A IMPORTÂNCIA DE ACIONAR OS CONHECIMENTOS PRÉVIOS DOS AGRICULTORES FAMILIARES: UMA ANÁLISE PARA O MANEJO DE PASTAGEM

Autores e infomación del artículo

Rafael Peniche Ferreira *

Laura Angélica Ferreira Darnet**

Soraya Abreu de Carvalho***

Universidade Federal do Pará (UFPA), Brasil

Email: rafapeniche@hotmail.com


Resumo: Esta pesquisa quanti-qualitativa investigou como os conhecimentos prévios dos agricultores familiares influenciam o processo de ensino-aprendizagem. Participaram da pesquisa: seis indivíduos, sendo cinco agricultores e uma agricultora, que aceitaram unidades demonstrativas em suas propriedades. Esses indivíduos tiveram orientações técnica, acompanhamentos mensais e palestras a respeito do tema manejo de pastagem. Os resultados indicaram que o conhecimento prévio consolidado influi sobre o processo de aprendizagem, afetando o: reconhecimento de informações, a velocidade na aprendizagem, a capacidade de absorver a novas informações, além de influi no planejamento do técnico perante o processo de ensino. Os resultados apontam a importância do técnico em conhecer os processos psicopedagógicos da aprendizagem, assim como conhecer as principais motivações e os interesses desses atores sociais.

Palavras-chave: Comportamento. Aprendizagem. Ensino. Skinner. Educação do campo.

PREVIOUS KNOWLEDGE OF FAMILY FARMERS AS A STARTING POINT FOR THE TECHNICIAN'S PERFORMANCE: ANALYSIS FOR PASTURE MANAGEMENT

Abstract: This quantitative-qualitative research investigated how previous knowledge of family farmers influences the teaching-learning process. Six individuals, five farmers and one farmer, who participated in the demonstration units on their properties, participated in the study. These individuals had technical guidelines, monthly follow-ups and lectures on the subject of pasture management. The results indicated that the previous consolidated knowledge influences the learning process, affecting the: information recognition, speed in learning, the capacity to absorb new information and also in the planning of the technician before the teaching process. The results point out the importance of the technician in knowing the psychopedagogical processes of learning, as well as knowing the main motivations and interests of these social actors.

Keywords: Behavior. Learning. Teaching. Skinner. Education of the field.

LA IMPORTANCIA DE ACTUAR CONOCIMIENTOS PREVIOS DE LOS AGRICULTORES FAMILIARES: UN ANÁLISIS PARA EL MANEJO DE LOS PASTORES

Currículum: examen cuantitativo y cualitativo de Cette para examinar la influencia del conocimiento antianual en las hazañas familiares en el proceso de diseño y aprobación. Seis personas, agricultores y un agricultor, que participaron en las unidades de demostración de los propietarios sobre la participación. Estas personas tienen pautas técnicas avanzadas, sus mensajes mensuales y sus conferencias sobre el manejo de los patrones. Los resultados sobre este punto indican que la consolidación de las influencias de los procesos influyentes del aprendiz, que afectan los elementos posteriores: el reconocimiento de la información, la rapidez de la evaluación, la capacidad de absorción de nueva información y la planificación del proceso avanzado. Los resultados conmovedores de la importancia de la tecnología para los procesos pedagógicos de aprobación psicopédicos, además de las principales motivaciones e interpretaciones de estos actores sociales.

Mots clés: comportamiento. Aprendizaje Enseignement Skinner. Educación del terreno

Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Rafael Peniche Ferreira, Laura Angélica Ferreira Darnet y Soraya Abreu de Carvalho (2019): “A importância de acionar os conhecimentos prévios dos agricultores familiares: uma análise para o manejo de pastagem”, Revista Atlante: Cuadernos de Educación y Desarrollo (septiembre 2019). En línea:
https://www.eumed.net/rev/atlante/2019/09/conhecimentos-agricultores-familiares.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/atlante1909conhecimentos-agricultores-familiares


INTRODUÇÃO

Ao iniciamos uma nova prática de manejo no sistema de produção de um agricultor ou de uma agricultura nos perguntamos: por onde começar? Pelo começo? Onde será o começo? Por muito tempo afirmou-se pelo contexto sociocultural no qual este agricultor está inserido.  No entanto, é bem verdade que estes mesmos agricultores por milênios trazem consigo diferentes começos em que na maioria das vezes estão atrelados as experiências e conhecimentos diversos compartilhados no seio de suas famílias e em alguns casos por toda comunidade.
Sendo assim, começar a ensinar um conceito ou uma nova prática de manejo a partir do que o técnico acredita como ser o início pode ser extremamente desafiador para uns e desinteressante para outros. Por isso, que na nossa experiência em campo - no contexto da agricultura familiar- encontramos com frequência no percurso agricultores familiares desmotivados. A culpa é do técnico? Culpa do agricultor? Do assunto que é muito chato? É possível que sim, porém nossa hipótese é de que possa ser um reflexo da didática utilizada em campo por parte do técnico ou pela falta de conhecimentos/informações sobre o assunto por parte do técnico.  
Neste cenário, podemos recomeçar pelo começo de cada agricultor, por meio do levantamento do que ele já conhece sobre o assunto que será trabalhado em campo, identificando suas habilidades e experiências com a nova prática de manejo. Não obstante, é necessário registrar o que cada um já ouviu falar sobre o conteúdo informado nas formações técnicas, ou seja, é importante investigar quais são os conhecimentos prévios dos agricultores sobre a nova prática. Se partimos do pressuposto que, para cada agricultor, o começo é diferente teremos muito mais chances de contribuirmos para seu comportamento de tomada decisão (LIMA, 2005).
Além disto, os agricultores familiares trazem consigo inúmeras experiências e vivencias sobre determinado assunto, convém lembrar que os conhecimentos prévios são diferentes dos saberes científicos apresentados pelo técnico, que embora seja diferente é tão importante como tal. Por isso, identificar e registrar esses conhecimentos são um ponto importante dentro do processo de ensino-aprendizagem envolvendo o técnico e o agricultor, uma vez que possibilita ao profissional (extensionistas, pesquisador, técnico etc) do meio rural desacreditar que a apropriação de um novo conhecimento se dá apenas pela simples transmissão de informação trazida por ele.
Pode-se afirmar que essa prática didática de acionar os conhecimentos prévios, não é apenas uma escolha que reflete na atuação do técnico, pois o conhecimento prévio possibilita a proximidade do agricultor e de sua realidade o qual está inserido. Além disso, os conhecimentos preexistentes dos agricultores ajudarão o técnico a reconhecer e valorizar as práticas dos próprios agricultores. Segundo Coelho (2014): “muitas práticas foram estigmatizadas como retrógadas e tradicionais”. Ao mesmo tempo segundo a autora (COELHO, 2014, p. 73), “valoriza os profissionais da agricultura, pois é o aspecto que melhor defini sua identidade profissional”, além de rompe a ideia de difusores de tecnologia.
Por outro lado, segundo Sabourin et al. (2006), isso é um gargalo, visto que os pesquisadores e técnicos não foram formados para trabalhar a partir do saber dos agricultores. A relevância deste estudo está justamente neste fato, pois os conhecimentos prévios dos agricultores familiares podem funcionar como ponto de partida para a atuação do técnico.
Partiremos do pressuposto que o ensino deve basear-se nas experiências individuais dos agricultores e que o papel do técnico está na facilitação da nova informação gerada a partir das suas orientações e experiências em campo.
Certamente também partiremos do pressuposto que nenhum conhecimento é superior ao outro, mas diferente. O conhecimento técnico advém da relação Saber (geração de um conhecimento) para o Fazer (executá-lo), e o conhecimento tradicional vem do fazer (execução de ações) para o saber (geração de um conhecimento) praticados pelos agricultores (LANDAIS et, DETTANAINES, 1998). Logo, nesta relação há informações novas nos dois sentidos, ou seja, técnicos que recebem do agricultor e agricultor que recebe dos técnicos. Aceitar e incorporar uma nova informação faz parte de um processo que envolve fatores diferenciados: necessidade e vontade de aprender; compreensão da informação gerada, conhecimentos sobre o assunto de ambas as partes; além dos fatores ambientais, como também o contexto sociocultural.
Assim, os conhecimentos preexistentes são explicações funcionais para os objetos e fenômenos pouco elaborado, no contexto da agricultura familiar, que precisam ser identificados e levados em considerações pelos profissionais envolvidos com assistência técnica rural.
Existem trabalhos nos quais defendem que os agricultores familiares só se apropriam daquilo que eles desejam, mas será mesmo? Até que ponto isto é coerente do ponto de vista das teorias da aprendizagem? Este estudo segue uma linha de raciocínio que talvez explique que os métodos e as formas que estamos trabalhando no campo não facilitam a apropriação do conhecimento. Não queremos levantar aqui que o agricultor deve fazer igual e muito menos de forma mecânica que o técnico orienta. Mas, nosso papel enquanto profissional é dar todo o suporte necessário o agricultor, principalmente no que diz respeito ao comportamento de tomada de decisão.
Dessa forma, o estudo intitulado como: os conhecimentos prévios dos agricultores familiares como ponto de partida para a atuação do técnico: análise para o manejo de pastagem tem como objetivo investigar como os conhecimentos prévios relacionados ao manejo de pastagem possibilitam uma melhor atuação do técnico em relação à nova prática, manejo rotativo de pastejo. Aqui apresentamos uma experiência em meio real, vivenciados por 6 agricultores familiares que atuam na atividade leiteira moradores da comunidade Nova Jerusalém, localizada no município de Paragominas/PA. Essa investigação será baseada à luz da aprendizagem significativa de Ausubel.

Os conhecimentos prévios como elemento teórico

Segundo Pivatto (2014), o indivíduo inserido em um contexto de conceitos, constituídos por imagens, símbolos, modelos e representações geométricas, permite uma realidade do mundo que o cerca. Vale ressaltar, que os conceitos aqui são em sua maioria abstrações de elementos e objetos importantes e comuns a uma determinada história e cultura.
Pode-se mencionar que a partir do primeiro contato com o ambiente externo o indivíduo busca aprender o significado de alguns desses objetos ao seu redor que ao longo da sua vida constituirá sua estrutura cognitiva. Esses conhecimentos, em sua maioria, são frutos da curiosidade, e como consequências dessas curiosidades ele começa a identificar, fornecer nomes e atribuir significados.
Conforme Moreira e Masini (2001), a apresentação da realidade adquirida mediante a existência da linguagem, torna-se possível a explicação de um diálogo entre duas pessoas com certo significado, o que facilita a comunicação e permiti o indivíduo se situar no mundo e decidir sobre suas ações chamamos esse processo de aprendizagem significativa.
Segundo David Ausabel (2003), a aprendizagem significativa é quando aquela informação faz sentindo para o educando e para o educador. Quando o educando consegue relacionar os novos conhecimentos com aqueles que já se apropriou no decorrer de sua vida, ou seja, o individuo começa a pensar/buscar nas memórias os conhecimentos, experiências já aprendidas. Segundo este mesmo autor, o conhecimento novo ancora-se no conhecimento preexistente recebido em um processo chamado de subsunção, é o fator mais relevante para aprendizagem significativa, sem eles o aprendiz tem apenas a alternativa de memorização.
Trazendo para o contexto desta pesquisa a pratica de manejo ensinado (pelo técnico ou pesquisador) ao agricultor deve fazer sentindo para ele, seja no momento de sua execução ou outro da sua vida, para que assim possa ocorrer certa comunicação entre o técnico e o agricultor.
Paulo Freire (2011), por meio da comunicação dialógica, afirma que o processo de aprendizagem deve estar fundamentado em uma prática de comunicação dialógica. Para ele, isso só será possível se o técnico considerar o agricultor inserido em uma realidade concreta e histórica, além de levar em conta os sentidos e significados que os agricultores atribuem às coisas a sua volta, assim como as relações que esses sujeitos estabelecem com o mundo (LIMA, 2005).  Logo, “basta que os conhecimentos prévios sejam úteis e permitam a criação das explicações e previsões que facilitam e viabilizam a adaptação dos indivíduos ao seu meio físico e social” (PIVATTO, 2014 [s/p]).
Nota-se que os conhecimentos preexistentes tornam real a aquisição de ideias que possam ser utilizadas no universo das categorizações de novas situações de aprendizagem, bem como, serve de ponto de referencial e descobertas de novos conhecimentos (ROSA et al., 2017).
A teoria da aprendizagem significativa ao estabelece o conhecimento prévio do sujeito como referência explicita claramente que este é elemento básico e determinante na organização do ensino. Segundo Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p. 137), “se eu tivesse que reduzir toda a psicologia do ensino-aprendizagem a um único princípio, diria isto: o fator singular que mais influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece. Descubra isso e ensine-o de acordo”.
Embora no primeiro momento a ideia possa parecer simples, as suas implicações são complexas. O que um indivíduo sabe pertence a sua estrutura cognitiva e é de natureza idiossincrática.
Ao contrário do que se pensa não é um processo simples avaliar e na sequência agir de acordo. É possível encontrar indícios para todo esse processo. Para isso, se faz necessário transformar o conhecimento prévio em ações e expressá-lo em forma de linguagens falada, escrita ou por meio de símbolos. Segundo Ausubel (2003, p. 155):

Por conseguinte, parece aparente que não só a presença de ideias ancoradas claras, estáveis, discrimináveis e relevantes na estrutura cognitiva é o principal fator de facilitação da aprendizagem significativa, como também a ausência de tais ideias constitui a principal influência limitadora ou negativa sobre a nova aprendizagem significativa. Um destes fatores limitadores é a existência de ideias preconcebidas erradas, mas tenazes. Contudo e infelizmente, tem-se feito muito pouca investigação sobre este problema crucial, apesar do fato de que a não aprendizagem de ideias preconcebidas, em alguns casos de aprendizagem e retenção significativas, pode muito bem provar ser o único e mais determinante e manipulável fator na aquisição e retenção de conhecimentos de matérias (AUSUBEL, 2003, p. 155).

 Para o autor, os conhecimentos prévios se relacionam em função de uma mudança, na qual certa estrutura cognitiva já existente está em relação a um novo conhecimento. Neste sentido, quando trata do conhecimento prévio, Ausubel está referindo-se à situação de ancoragem, ou seja, ao processo de integração de novos conteúdos à estrutura cognitiva do sujeito. Há uma compreensão de que a aprendizagem não ocorre como uma simples assimilação dos conhecimentos que são ensinados, mas uma reorganização e desenvolvimento dos conhecimentos prévios, processo complexo que denominamos mudança conceitua (PIVATTO, 2014).
No contexto da agricultura familiar, podemos pressupor que as origens dos conhecimentos prévios dos agricultores familiares são decorrentes de várias hipóteses explicativas entre elas: o conhecimento adquirido pelo seio da familiar, no qual os membros mais velhos ensinavam os mais novos determinados conceito ou prática de manejo por meio da aprendizagem milenar ocorrida por gerações, por tentativa e erro, pela observação, experiências, imitação da natureza ou de outro agricultor, por insight, por descobertas ou até mesmo pelo compartilhamento de informações dentro e fora da sua comunidade. 
Nos dias atuais, dois mil e dezenove, com a enorme fonte de informação e veículos de divulgação, o cenário da transmissão e perpetuação de saberes é diferente. Embora se mantenha, há muitas informações novas que se somam e se transformam na realidade, o que envolve os assentamentos da reforma agrária.
Portanto, conhecer os principais conhecimentos prévios dos agricultores será um grande instrumento para o planejamento do procedimento de ensino dos técnicos e outros profissionais atuantes na agricultura familiar. Cabe aqui comentar, que esses planejamentos devem levar em conta as particularidades sócio, e econômico e cultural de cada agricultor.

 

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A área de estudo faz parte do Nordeste do Pará, mais precisamente a comunidade Nova Jerusalém (NJ), situada no Projeto de Assentamento Luís Inácio, em Paragominas/PA (figura 02). Paragominas fica aproximadamente 390 km da capital do estado, Belém do Pará.
O município de Paragominas tem população estimada em 2017 de 110.026 habitantes, e possui uma área de 19.352,254 km² (IBGE, 2016).  Nova Jerusalém é uma das comunidades que compõem o assentamento Luís Inácio, e está localizada a 120 km da sede do município. Essa comunidade destaca-se na produção leiteira e fabricação do queijo artesanal. Este era feito de forma individual, por cada família, e comercializado em seguida no mercado de Paragominas. Com as instruções normativas, Nº 22, de 07 de julho de 2009 relacionadas a produção de leite e a portaria Nº 146, de 07 de março de 1996 para produtos lácteos como queijo, a comunidade teve que se adequar. O caminho para isto foi à fabricação coletiva do queijo, a partir de uma queijeira [sic].
Em abril de 2013, foi realizada uma Assembleia Geral de fundação, organização e eleição da diretoria executiva e conselho fiscal para criação da Cooperativa Mista Agropecuária de Nova Jerusalém (COMANJE). É por meio dela que os agricultores vendem seus queijos. O registro do estatuto social da cooperativa, só foi obtido em 12/05/2014 na Junta Comercial do Estado do Pará (JUCEPA). Em setembro de 2014 a COMANJE recebeu da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (ADEPARÁ) o título de registro de produto artesanal.

Sujeitos envolvidos na pesquisa

Esta pesquisa envolveu 6 famílias que aceitaram entrar na fase dos experimentos em meio real, com a implementação das UD’s. Estes 6 são identificadas como: A1, A4, A7, A9, A20 e A21.
Os instrumentos empregados para coletas dos dados foram entrevistos e questionários. (YIN, 2005) [S/P]. O método utilizado foi analítico-comportamental. Os principais procedimentos adotados foram: análise documental, entrevistas históricas, observação direta, e análise comportamental dentre os objetivos propostos temos a busca de informações sobre o processo de aprendizagem na realidade da atividade leiteira.
A coleta de dados foi operacionalizada da seguinte forma:
(1). O primeiro momento a equipe técnica (formada por: três zootecnistas, um médico veterinário, um geografo e dois alunos de graduação, medicina veterinária desenvolveu diversas palestras e dia de campo sobre o tema manejo de pastagem a 21 agricultores).
(2) No segundo momento, foram selecionadas seis famílias. Os critérios que guiaram a escolha das famílias consistir em a). Ter participado da cota parte na construção da COMANJE1 ; b). estar entregando leite diariamente na cooperativa; e c). estar sendo acompanhado pelo projeto 2 por meio de experimento em sua propriedade. No entanto, as UDs3 não foram definidas de acordo o conhecimento prévio de cada um sobre manejo de pastagem. Essas UDs foram acompanhadas entre o período de 2017 a 2018.
Para cada agricultor foi definido um mesmo conjunto de métodos e procedimentos de ensino para a obtenção de um quadro comparativo dos processos realizados em cada um dos contextos relacionados ao conhecimento possuído.
(3). Aplicação do questionário: deu-se por meio de um instrumento (questionário) semiestruturado contendo 20 questões relacionadas as práticas antecedentes, para avaliar quais as práticas antes empregadas no manejo de pastagem e de que forma foram adquiridos esses conhecimentos.
(4). Tabulação dos dados coletados: deu-se por intermédio do preenchimento da planilha do Microsoft Excel (2010), para organização e melhor análise dos resultados;
(5). E por fim, o enfoque analítico dos dados foi baseado na investigação exaustiva dos dados coletados e na comparação entre os participantes a partir da transcrição e pareamento dos resultados coletados no seio das seis famílias envolvidas.

RESULTADOS

Verificamos, que dos seis agricultores apenas um, A4, colocou em prática as informações e orientações técnicas fornecidas nas palestras, dia de campo e durante o acompanhamento nas unidades demonstrativas situadas em sua propriedade. Foi observado um maior controle das plantas invasoras e um melhor manejo dos animais e piquetes, determinantes no sucesso da implantação e persistências das espécies forrageiras. Três desses agricultores (A1, A7 e A20) colocando em práticas também, mas de forma parcial. Enquanto dois (A9 e A21) não conseguiriam colocar em práticas nenhuma das informações ditas durante o ciclo de informações e orientações trazidas pela equipe técnica.
Durante as palestras, um dos participantes, A7, apresentou elevado número de intervenção, quando comparado ao número de intervenções dos demais. Tal constatação também pode ser compreendida na perspectiva do agricultor citado possuir conhecimentos correlatados a temática do material que podem ter influenciado positivamente para a manutenção da UD na sua propriedade. Conforme se observa em uma das falas do agricultor A7: “[...] minha experiência me diz que devo gradear e plantar o Pennisetum Clandestinum (Quicuio da Amazônia), visto que o mais adaptado ao clima na nossa região [...]” (Agricultor A7).
Por outro lado, verificamos que estes conhecimentos influenciaram negativamente, pois o agricultor A7 mostrou-se durante todo o acompanhamento resistência com a nova prática trabalhada em questão, o que dificultou aceitação e aplicação das orientações técnicas fornecidas. Assim, os dados tendem a corroborar uma avaliação de que conhecimentos prévios influenciam positivamente a manutenção do processo de estudo. Porém, em certos casos, influenciou negativamente.
Dessa forma, conhecimentos prévios relevantes, correlatados a respeito da área de cada agricultor parecem influenciar o processo de estudo e sua manutenção, especialmente como observado no caso do agricultor A7. De outra forma, apesar de aspectos outros podem está envolvidos nos resultados, como fatores de ordem individual e subjetiva, como o zelo individual, o tempo disponibilidade a aprender a nova prática, a motivação e o interesse.

Reconhecimento de informações

Na investigação da articulação entre o conhecimento prévio e a nova prática de manejo de pastagem, foram identificados relatos de: agricultores com experiências com a bovinocultura de leite. Uns mais tempo que outros.
“Aprendi tudo como meus pais. Meu primeiro contato foi em 2001, no Maranhão em uma fazenda. Ali trabalhava como vaqueiro” (Agricultor A9).

“[...] meu pai me ensinou tudo morava na água suja, aqui no Pará mesmo. Há 28 anos atrás eu era vaqueiro” (Agricultor A7).

“[...] eu tive experiência mais ou menos em 1995. Aprendi tudo com meu pai e meu avô [...]” (Agricultor A4).

“[...] aprendi ainda quando eu era menina em Redenção do Pará”. Trabalhava com meu pai “(Agricultura A20)”.

“Aprendi desde pequeno acho que tinha 14 anos de idade. Tudo o que eu sei aprendi com meu padrasto na Bahia” (Agricultor A1).

“[..] Aprendi no Maranhão trabalhava em uma fazenda com gado de corte [...]” (Agricultor 21).

           Verificou-se o reconhecimento de informações e o reforçamento delas. O reconhecimento das informações demostra a questão do sentindo que as informações trazidas pelos técnicos apresentavam familiaridade ou não aos participantes em um processo de entendimento das novas informações. Foi possível verificar que os agricultores familiares que já tinham certas experiências com o manejo de pastagem na atividade bovinocultura de leite apresentam maior facilidade, capacidade e velocidade nas tarefas propostas pela equipe técnica envolvida, ao contrário, os agricultores expressavam dificuldades para o entendimento das informações e realização das tarefas. Isto demostra as tentativas realizadas pelos indivíduos para relacionar as informações novas trazidas com as suas experiências e conhecimentos prévios.
O reforçamento dar-se-á a partir do reconhecimento das informações armazenadas na memória de longo prazo, local onde fica armazenada tudo já aprendemos, quando maior foi o número de informação existente maior será o processo de reconhecimento e consequentemente do reforçamento dessa informação. Estas duas categorias, reconhecimento e reforçamento, estão relacionados à velocidade do processo de ensino-aprendizagem.  Elas podem ser associadas com construtos de processos psicológicos, sobretudo aqueles relacionados à memória (CHASE; SIMON, 1973; GOBET et al., 2001).
Essa articulação da informação nova com o já existente infere-se, relaciona-se com as categorias apresentadas acima, tendo-se em vista que, embora os agricultores tivessem relatado informações conexas que foram relacionadas com a nova prática de manejo pode contribuir para a desmotivação dos indivíduos, o que, resultou na desistência de dois agricultores.
Dessa forma, conforme observado, a diferença dos conhecimentos prévios ou da ausência deles e das experiências vivenciadas pelos diferentes agricultores interferem no processo de ensino.
Na investigação da influência do conhecimento prévio sobre as estratégias de aprendizagem, ocorreu a emergência do suporte informacional e condução das informações básicas de ensino. No caso do suporte informacional, os técnicos avaliaram a importância de reforçar conhecimentos que funcionam como pré-requisitos para dá continuidade do processo de ensino-aprendizagem como uma forma de apoio técnico. Este apoio principalmente aos conteúdos relacionados ao manejo de capim forrageiro após o primeiro plantio de sementes, sobre o que seria período descanso, período de ocupação e piquete.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

          Esta pesquisa, de cunho qualitativo, investigou como os conhecimentos prévios dos agricultores familiares podem influenciar no processo de ensino-aprendizagem e consequentemente no planejamento e atuação do técnico em campo. Assim, esta pesquisa indica a importância da ação deste sujeito para o incremento de oportunidades de aprendizagem em situações de ensino, o que implica no desenvolvimento aperfeiçoado e compete de processo de avaliação da aprendizagem, sobretudo as de fundo diagnóstico para adequação das situações em experimento em meio real como foi caso desta pesquisa. Percebemos que quando o agricultor é colocado em uma situação experimental, a estimulação é restabelecida e mais respostas são emitidas.
Dessa forma, os resultados indicaram que o conhecimento prévio consolidado influi sim sobre o processo de aprendizagem, afetando o: reconhecimento de informações, a velocidade na aprendizagem, a capacidade de absorver a nova informação e a postura perante o processo de ensino, considerando necessidades de suportes informacional para a consolidação para a nova prática de manejo rotativo do pasto.
Logo, é necessário um sistema de aprendizagem individualizado e de profunda avaliação individual, pois cada agricultor familiar apresenta conhecimentos prévios diferenciados o que influencia em um ritmo de ensino aprendizagem também diferenciado.
Contundo, quando dizemos que o técnico deve tomar os conhecimentos prévios dos agricultores como ponto de partida de seu planejamento de ensino ou intervenção técnica está querendo dizer que é necessário que ele conheça minimante esse agricultor não somente na questão sócio e econômico, mas também: o que ele é capaz de fazer, quais suas dificuldades e potencialidades na prática de manejo do pasto e o que ele já sabe sobre essa nova prática adotada no seu planejamento de ensino. Além de orientar a atividade instrumental utilizada pelo técnico.

REFERÊNCIAS

AUSUBEL, D. P. Aquisição e Retenção de Conhecimentos: Uma Perspectiva Cognitiva. Lisboa: Plátano, 2003.

LANDAIS, E; DEFFONTAINES, PIERRE. J.; BENOIT, M. Les pratiques des agriculteurs. Point de vuesur un courant nouveau de la recherche agronomique. In: Études rurales, N°109. Pays. p. 125-158, 1988.

LIMA, A. P; BASSO, N.; NEUMANN, P. S.; SANTOS, A. C.; MULLER, A. G. Administração da unidade de produção familiar: modalidades de trabalho com agricultores – 3. Ed. – Ijuí: Ed. Unijuí, 2005.
PIVATTO. W. B. Os conhecimentos prévios dos estudantes como ponto referencial para o planejamento de aulas de matemática: Análise de uma atividade para o estudo de geometria esférica. REVEMAT. Florianópolis (SC), v.9, n. 1, p. 43-57, 2014.

ROSA. G. D. A; GALVÃO. A. C. T. Diferencias de conhecimentos prévios e processos de estudos: interações entre nível de expertise e aprendizagem. Maringá, v 39, n. 3, p. 319-328, july-sept., 2017.

SABOURIN. E; HOCDE. M; TONNEAU. J. P; SIDERSKY. P. Production d1 innovations et interractions agronomes/agriculteurs dans l1 Agreste de la Paraíba, Brésil. In: CANEILL. J. Agronomes et innovations: 3 éme edition des emtretiens du Pradel. Paris: L’ Harmatton, 2006.

*Mestrando em agriculturas amazônicas, pela Universidade Federal do Pará (UFPA); ofertado pelo Instituo Amazônico de agriculturas familiares (INEAF).
** Profa. Dra. Laura Angélica Ferreira Darnet do pelo Instituo Amazônico de agriculturas familiares (INEAF)/ Universidade Federal do Pará (UFPA);
*** Profa. Dra. Soraya Abreu de Carvalho pelo Instituo Amazônico de agriculturas familiares (INEAF)/ Universidade Federal do Pará (UFPA);
1 Cooperativa Agropecuária Mista de Nova Jerusalém (COMANJE)
2 Projeto: Desafios da Pecuária familiar leiteira: inovações para uma gestão sustentável da pecuária.
3 Unidades Demonstrativas (UD’s)

Recibido: 07/09/2019 Aceptado: 09/09/2019 Publicado: Septiembre de 2019

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