Revista: Atlante. Cuadernos de Educación y Desarrollo
ISSN: 1989-4155


FRONTEIRAS E LIMITES NA PRODUÇÃO DE NOVOS CAMPOS PROFISSIONAIS PARA O ESPAÇO RURAL: o curso de bacharelado em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar da Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA) em Foz do Iguaçu, Paraná - Brasil

Autores e infomación del artículo

Exzolvildres Queiroz Neto*

Gilson Batista de Oliveira**

Universidade Federal da Integração Latino-Americana, Brasil

Email: queiroz.neto@unila.edu.br


Resumo
O trabalho analisa o processo de construção do bacharelado em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar (DRUSA) da Universidade Federal da Integração Latino-americana (UNILA). O curso foi implementado em janeiro de 2011 tendo o seu Projeto Pedagógico de Curso (PPC) avaliado e aprovado, em 2014, pelo Ministério da Educação. A partir do PPC o objetivo é demonstrar, através de um relato de experiência, a interconexão dos componentes curriculares numa perspectiva interdisciplinar e complexa, cuja matriz curricular proporciona a formação de um profissional com habilidades para analisar-planejar-agir. O eixo estruturante do texto é a construção e implementação do bacharelado no contexto da UNILA como um espaço acadêmico de interiorização das universidades federais no Brasil. A partir deste tronco ramificam-se o marco teórico-conceitual e a reconstrução crítica de todo o processo.
Palavras-chave: Formação profissional; Complexidade; Interdisciplinaridade; Graduação.

Abstract
The paper analyzes the process of construction of the bachelor's degree in Rural Development and Food Security (DRUSA) of the Federal University of Latin American Integration (UNILA). The course was implemented in January 2011 and its Pedagogical Course Project (PCP) was analyzed and approved, in 2014, by  Brazil’s Ministery of Education. From the PCP the objective is to demonstrate, through an experience report, the interconnection of the curricular components in an interdisciplinary and complex perspective, whose curricular matrix provides the training of a professional with analytical-plan-acting skills. The structuring axis of the text is the construction and implementation of the bachelor's degree in the context of UNILA as an academic space of interiorization of federal universities in Brazil. From this trunk the theoretical-conceptual framework and the critical reconstruction of the whole process branch out.
Key-words: Professional qualification; Complexity; Interdisciplinarity; Graduation.

Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Exzolvildres Queiroz Neto y Gilson Batista de Oliveira (2019): “Fronteiras e limites na produção de novos campos profissionais para o espaço rural: o curso de bacharelado em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar da Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA) em Foz do Iguaçu, Paraná - Brasil”, Revista Atlante: Cuadernos de Educación y Desarrollo (julio 2019). En línea:
https://www.eumed.net/rev/atlante/2019/07/novos-campos-profissionais.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/atlante1907novos-campos-profissionais


Introdução

O espaço rural é uma dimensão do espaço geográfico, que é historicamente vinculada às apropriações para usos agrícolas. Entretanto no decorrer da ocupação do território, no Brasil e na América Latina, foram construídos arranjos distintos de rural em composições mais amplas de usos, através de construções sociais que produziram territorialidades complexas nos diversos ambientes (QUEIROZ NETO, et alli, 2011).
A dimensão rural na contemporaneidade, quando inserido no âmbito de redes e sistemas territoriais, apresenta elementos dinâmicos que suplantam a lógica agrária predominante que, por razões óbvias, ainda tem na terra o substrato da reprodução econômica. Por conseguinte, é fundamental analisar essa dimensão do território pela perspectiva dinâmica sistêmica de enfoques sociais, culturais, ambientais e econômicos.
Viver no espaço rural não é, somente, ser reconhecido(a) como agricultor(a) ou produtor(a). As pessoas não são construções do contexto, antes e pelo contrário, são construtoras de contextos (QUEIROZ NETO e BERGAMASCO, 2013). Portanto, novos campos profissionais devem ser pensados para territorialidades múltiplas, diversas e complexas (HAESBAERT, 2014).
Esse artigo analisa os processos de construção do curso de bacharelado em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar (DRUSA) da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) em Foz do Iguaçu, Paraná. O projeto do curso apresenta em seu marco estruturante a perspectiva interdisciplinar. Oferece, também, elementos de formação profissional que consideram os múltiplos rurais e busca superar o reducionismo de abordagens agrárias, como campo de reconhecimento de carreiras e formações acadêmicas para o rural (UNILA, 2014) 1.
O eixo, ou tronco estruturante, do artigo é composto pela análise da construção do curso DRUSA a partir da sua matriz curricular e organização sistêmica. Assim, a primeira sessão traz uma breve contextualização da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) e do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação das Universidades Federais (REUNI2 ), abordando o debate sobre as possibilidades e fronteiras para novos cursos de graduação (IMEA, 2009; BRASIL, 2007). Na segunda sessão é trabalhada a implementação do projeto do curso DRUSA sua base epistemológica, estrutura curricular, perspectivas de formação e inserção profissional do egresso.
As sessões subsequentes são ramificações a partir do tronco temático estruturante encadeando revisões de conceitos-chave: rural, desenvolvimento, territorialidade, território, atores sociais, autonomia, redes e sistemas. A árvore textual como um todo permite a composição do relato de experiência a partir de uma abordagem crítica e reconstrutiva.

1. Recentes universidades federais e a fronteira aberta para a construção de novos cursos e formas de pensar realidades complexas

            Na contemporaneidade a hipertrofia do acesso à informação conduziu ao deslumbramento e a constituição de um mercado de consumo instantâneo de diversos conteúdos sob a égide da notória cibercultura (LÉVY, 2000). As plataformas digitais informacionais, a despeito de suas infinitas possiblidades de acesso e intercâmbio de informações, proporcionam uma formação relativa. Por outro lado, impelem à percepção da necessidade de uma episteme sistêmica de análise dos fatos e fenômenos.
A universidade pode até, por uma inadvertência, configurar relativo anacronismo frente as plataformas informacionais que se estruturam em espaços virtuais, fluidos e instantâneos. Entretanto o tempo de uma universidade é paradigmático, deliberado por processos de construção do conhecimento. Diferentemente da informação, o conhecimento deve ser construído e validado a partir de referenciais epistemológicos e métodos de cada campo do conhecimento (LÉVY, 2003; FÁVERO, 2006).
A demanda por uma perspectiva sistêmica, a partir de novos processos, confrontou a universidade e seu tempo (MORIN, 2002). Em algumas instâncias motivou o surgimento de cursos que podem alcançar a complexidade da realidade ao apresentarem uma episteme interdisciplinar abordando a práxis transformadora (KLINK et alli, 2016; UNILA, 2014).
Contudo setores políticos e econômicos, às vezes por um lapso de compreensão da realidade brasileira, pode obliterar a possibilidade de novas configurações curriculares, cursos e carreiras (FÁVERO, 2006).
No Brasil, através do REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), houve um tempo de possibilidades para o surgimento de novos cursos de graduação (BRASIL, 2007). Novas fronteiras para a inclusão de estudantes quando universidades federais se expandiram, mesmo as mais tradicionais e consolidadas, propiciando a inclusão das pessoas em suas diversidades e contextos (LIMA e MACHADO, 2016; SILVA e CASTRO, 2014; AMBROSIO, FANTINI e KARWOSKI, 2011).
Neste trabalho não são analisados os aspectos metodológicos, operacionais ou políticos do REUNI. O programa é considerado como fator de inflexão, expansão e interiorização da localização das instituições federais de ensino conduzindo ao espraiamento, nos últimos anos, de novas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) em direção às várias fronteiras do interior do Brasil 3.
Assim, a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), localizada em Foz do Iguaçu, PR, surge no ano de 2010 dessa efusão de possibilidades de novas IFES propiciadas pelo REUNI.
A UNILA, com seu projeto peculiar, referencia-se na temática latino-americana vislumbrando ampliar fronteiras e descortinar limites entre áreas do conhecimento, ao mesmo tempo, em que busca valorizar a diversidade ambiental e humana, seus contextos, saberes, de um continente múltiplo de formas e visões de mundo (IMEA, 2009).
Considerando o seu ambiente institucional, marcadamente em seus dois primeiros anos, a universidade acolheu novas propostas de criação de cursos.  Valendo-se da conjunção de uma maior amplitude de análise dos múltiplos espaços rurais, através do meio acadêmico brasileiro e latino-americano, desnublou-se perspectivas institucionais para pensar uma nova carreira profissional a partir do objetivo da universidade de integração do território e dos povos da América Latina  (UNILA, 2014). A partir da demanda da UNILA, no ano de 2010, iniciou-se o processo de idealização de um curso objetivando a uma perspectiva sistêmica do espaço rural e das suas relações, sempre buscando a superação dos enclaves seculares que atrapalham o desenvolvimento das regiões latino-americanas 4.
A construção do projeto, sob a liderança da professora Sônia Maria Pessoa Pereira Bergamasco da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), ficou a cargo de uma equipe constituída por profissionais dedicados à temática do desenvolvimento rural e da segurança alimentar. O processo culminou com a implementação em 2011 do bacharelado em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar (DRUSA) que, inicialmente, deteve a denominação de “Desenvolvimento Agrário e Soberania Alimentar.”
Desde o projeto basilar o espaço rural foi contemplado em sua complexidade, cujo princípio da interdisciplinaridade encadeou a integração de áreas do conhecimento (UNILA, 2014). O ambiente propício ao diálogo acadêmico interdisciplinar, marcadamente nos primórdios da constituição da UNILA, contribuiu para a efetivação do projeto.
A estrutura do curso inter-relaciona-se à confluência de experiências, vivências acadêmicas, pesquisas e extensões desenvolvidas no espaço rural brasileiro e latino-americano (UNILA, 2014). Configurou-se, desta feita, a tessitura do arcabouço para a formação de um profissional que, possa compreender o espaço rural de forma sistêmica, integrada e em rede.

2. Fronteiras a serem estabelecidas e a suplantação de limites na construção de novos cursos superiores: a experiência do bacharelado em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar
           
No espaço-tempo das construções humanas a fronteira pode até ser considerada ponto limite de territórios. Contudo, a fronteira é capaz de aglutinar, simultaneamente, a fluidez e a contenção. É sempre imaginada como linha de frente que permite cenários os mais diversos de transições a partir dos contextos (CASTRO, 2009; CERTEAU, 1994).
A fronteira do bacharelado, em pauta, traz para o debate a formação de um técnico interdisciplinar que, possa suplantar os limites epistemológicos de análises predominantes do espaço rural.
O bacharel em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar (DRUSA) está numa fronteira de novos territórios profissionais. Este bacharel tem um delineamento, concomitantemente, de técnico, facilitador, analista e articulador de políticas públicas, elaborador de projetos e ações para o desenvolvimento rural (UNILA,2014).
A missão deste profissional não é, especificamente, compreende o objeto (rural), mas, sobretudo, as articulações de atores sociais e territoriais, instituições, redes, sistemas e processos que o produzem e o põem em funcioidnto. Fundamentalmente, é um analista da articulação dos atores sociais na apropriação e uso do território, prioritariamente, um agente do desenvolvimento 5. (COSTAMAGNA e LARREA, 2017)
A ação humana de apropriação e uso do espaço geográfico, embora muitas vezes perceptível a olho nu quanto a seus efeitos (por exemplo a paisagem agrícola), não demonstra de imediato as contradições e problemas (QUEIROZ NETO et alli, 2011). É difícil avaliar os usos dos territórios quanto aos seus problemas específicos e, sobretudo, a intensidade e frequência dos fatos e fenômenos (HAESBAERT, 2014; SOUZA, 2013). O que requer um profissional imbuído das qualidades epistêmicas de refletir, decidir e agir de forma a traçar soluções de problemas no território.
Para pensar o desenvolvimento rural, por exemplo, os maiores problemas residem no acompanhamento da influência de cada tipo de uso do solo e da terra (apropriação do espaço rural) no desencadeamento de processos cujos efeitos resultam da soma de várias ações humanas envolvendo aspectos econômicos, culturais, políticos e ambientais. É o caso também da avaliação do fator tempo, raramente existem registros locais da cronologia relativa à implantação dos diversos tipos de uso e ocupação do solo, projetos, programas. Além de impactos: ambientais, tecnológicos e inovadores (QUEIROZ NETO et alli, 2011). Considerando estes argumentos o bacharel em DRUSA desponta como um profissional importante para análise e proposição de projetos para o espaço rural.
A estrutura curricular 6, do curso em pauta, compreende o tripé analisar-planejar-agir cujos componentes curriculares agregam conhecimentos das ciências: humanas, sociais, sociais aplicadas, ambientais e exatas. É possível delimitar quatro eixos epistemológicos que são perpassados e, ao mesmo tempo, interligados pelas áreas do conhecimento: a) Desenvolvimento rural, b) Segurança alimentar, c) Fundamentos de ciências exatas e da natureza e d) Planejamento e gestão de projetos (UNILA, 2014).
Os discentes são formados a partir de uma estrutura curricular interdisciplinar, mas tendo como escopo o desenvolvimento rural e a segurança alimentar. Faz parte da formação, entre outros aspectos, construir uma nova relação urbano-rural, articular atores e sistemas na escala local e regional preferencialmente, estimular processos participativos, analisar cadeias produtivas e contextos, valorizar os aspectos socioambientais da produção, a inclusão social, tecnológica e o acesso a bens e serviços públicos, além de planejar, elaborar e gerenciar projetos (UNILA, 2014).
Vislumbra-se uma formação profissional que busque o conhecimento das razões (lógicas), não somente dos padrões, pelas quais os atores sociais e territoriais se apropriam do espaço e constroem seus contextos de onde emergem os problemas e as contradições. Conforme Freire (1987), o conhecimento se constitui nas relações humanidade-mundo, relações de transformação que se aperfeiçoam na problematização crítica destas relações de ação-reflexão a partir da práxis.
Na formação do bacharel em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar pretende-se superar ações contingenciais que remetam à resolução de um problema de cada vez, isto é, o reducionismo do problema as suas causas. Logo, o resultado é um paradoxo do enfrentamento dos métodos predominantes, sejam econômicos ou agrários, de análises de desenvolvimento rural e da própria realidade.
O olhar cartesiano, de determinadas perspectivas econômicas e agrárias, que se tem para o mundo revela a inaptidão para explicar a complexidade (LE MOIGNE, 1996). Vinculando, especificamente, à temática do artigo é nesta inaptidão e no temor da incerteza que trabalha, paradoxalmente, boa parte da academia no Brasil no que se refere ao rural (agrícola e agrário). Vincula-se, também, à desconfiança de colocar em dúvida o avanço deste arquétipo. Construiu-se a confiança, ao negar-se a incerteza, a partir do paradoxo da visão de mundo cartesiana que opera na formação de vários profissionais que atuam no espaço rural brasileiro e latino-americano (QUEIROZ NETO e BERGAMASCO, 2013; FÁVERO, 2006).
O curso de bacharelado em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar é uma possibilidade à imposição da padronização do espaço rural através da lógica da produção agrícola predominante. Tal possibilidade permite vislumbrar a contradição e a desconstrução das certezas forjadas, o que pode ser um desafio à formação e atuação profissional (UNILA, 2014).
Enquanto a visão produtivista do rural trata do reducionismo, o desenvolvimento rural e a segurança alimentar considera a complexidade da vida cotidiana e vislumbra a articulação de atores sociais no território por modelização da realidade e não a partir de padrões (UNILA, 2014, QUEIROZ NETO et alli, 2011).
Ressalta-se, portanto, a importância de processos significativos, de formação acadêmica para o desenvolvimento rural e a segurança alimentar, que interliguem os fluxos de significados, de diálogos e os participantes aos sistemas territoriais.
Logo, ações descontextualizadas dos agentes públicos e privados, por exemplo, não produzem a sinergia necessária para romper a inércia das correntes predominantes da visão agrária produtivista do espaço rural.

3. Analisar, planejar e agir: a complexa formação de um profissional para o espaço rural brasileiro e latino-americano em (des)construção

            Nesta sessão é trabalhada a organização da estrutura curricular através dos eixos temáticos e alguns de seus componentes curriculares. Será possível demonstrar como o profissional em DRUSA é formado e, assim, descortinar o seu potencial como analista, articulador e facilitador do desenvolvimento rural e da segurança alimentar.
Conforme observado nos documentos fundadores da UNILA, a composição da estrutura curricular do curso de bacharelado apresenta quatro eixos temáticos que são interligados por seus respectivos componentes curriculares: a) Desenvolvimento Rural, b) Segurança Alimentar, c) Fundamentos de ciências exatas e da natureza e d) Planejamento e gestão de projetos (UNILA, 2014). Os eixos são matrizes dos componentes curriculares e de áreas do conhecimento.
A construção da estrutura da matriz curricular do bacharelado em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar remete à perspectiva interdisciplinar do curso, ao considerar o espaço rural como dimensão de interconexão dos atores sociais, redes e sistemas no território. Através desta perspectiva foi possível desenvolver componentes curriculares que, ao se articularem nos e pelos eixos temáticos, permitem o aprofundamento dos referenciais teórico-conceituais e, ao mesmo tempo, a dimensão aplicada do conhecimento (UNILA, 2014).
Segundo Morin (2000) a complexidade associa as ideias de unidade e de multiplicidade. A organização ativa da estrutura considerada a partir da complexidade se dá através de efeitos circulares entre os componentes. O processo circular das áreas do conhecimento, entre os eixos temáticos, reforça a ideia sistêmica e interdisciplinar. A totalidade e partes articuláveis (o rural analisado não como objeto, mas a partir da perspectiva de redes e sistemas territoriais que lhe conferem funções).
Antes de especificar a estrutura dos eixos temáticos e seus componentes curriculares é necessário avançar na ideia da organização do currículo em DRUSA. Referencia-se em Morin (2002) que trabalha a ideia do universo inserido em redes de interação. O currículo é o universo, uma matriz onde componentes que interagem na formação profissional interdisciplinar do discente.
O princípio da matriz, em Morin (2002 e 2000), permite considerar as dimensões: a) dialógica, b) flexível e c) organização sistêmica. Cada componente curricular interliga-se a outro, não como pré-requisito, mas por complementaridade teórico-conceitual admitindo a complexidade da realidade.
Através das considerações de Morin (2002) a matriz do curso permite identificar e articular na estrutura os pressupostos: a) recursivos (circuitos e conexões dos conhecimentos, referenciais teórico-conceituais de formação e práticos, reconstrução crítica do conhecimento); b) complementares (sociedade, atores sociais, instituições, espaço, território, ambiente, natureza); c) concorrentes (sistemas produtivos, mercados, regulação, regulamentação, políticas públicas) e d) contraditórios (apropriações, injustiças, explorações, expropriações, exclusões, desigualdades).
A organização, do Projeto Pedagógico de Curso (PPC) compreendida como sistema de conteúdos programáticos articuláveis, foi baseada na solidariedade entre áreas do conhecimento. A partir da injunção da lógica: sistema-interação-organização compõem-se o processo de formação discente (UNILA, 2014).
Morin (2000) considera que o sistema é uma unidade complexa da relação das partes com o todo e vice-versa, a interação expressa as ações que podem ser desencadeadas através da sistematização do conhecimento e a organização abrange o caráter constitutivo do processo de ensino-aprendizagem.
Referenciando-se em UNILA (2014) é possível apresentar, doravante, alguns exemplos de componentes curriculares estruturados na concepção sistema-interação-organização. Os componentes serão analisados a partir de cada eixo temático considerando a organização dialógica e a interação entre os eixos na organização da matriz curricular.
No eixo desenvolvimento rural, entre vários outros componentes curriculares, é possível traçar a seguinte correlação interdisciplinar: teorias do desenvolvimento rural – economia do espaço rural – dinâmica de sistemas agrários –  organização social e movimentos sociais rurais – agricultura, tecnologia, sustentabilidade – planejamento rural e análise de informações espaciais. Estes componentes se articulam no eixo e permitem a interação com outros eixos e áreas.
A perspectiva sistêmica permite a interação de conhecimento para uma abordagem do rural em suas conexões: sociais, ambientais, produtivas e políticas. Não é objetivo através do curso construir uma visão corográfica da realidade. Aos discentes estão disponíveis acessos a conhecimentos que possibilitarão o desenvolvimento das capacidades de analisar-planejar-agir.
Ao inter-relacionar os componentes curriculares, acima apresentados, é possível acessar o pressuposto da matriz e os fatores: a) recursivos, b) complementares, c) concorrentes e d) contraditórios. O eixo temático desenvolvimento rural é, concomitantemente, organização e interação (fator de conexão), mas não é de polarização do conhecimento.
Tomando como exemplo a dinâmica produtiva do espaço rural através da articulação dos componentes na matriz curricular é possível visualizar a Unidade Produtiva (UP) de forma sistêmica: 1) Fatores ambientais em escala (local e regional prioritariamente): solo, disponibilidade de água, ecologia e clima. 2) Variáveis internas da UP: a) objetivos do(a) produtor(a), b) organização do trabalho, c) sistema de produção, d) acesso a recursos, e) acesso a bens e serviços públicos, f) acesso a políticas públicas, g) estoque de capital social e fatores institucionais dos(as) produtores(as). 3) Variáveis externas à UP: a) mercado (comercialização, consumo), b) circulação e informação, c) política agrícola, d) preços (produtos, insumos), e) acesso a crédito; f) estoque de capital social e fatores institucionais do contexto. 4) Função do profissional em DRUSA: a) analisar de forma sistêmica as variáveis internas e externas da UP e cadeias agroalimentares, b) dinâmica do sistema agrário em escala, prioritariamente, local e regional, mas, também, nacional e internacional; c) facilitar os processos de acesso a bens, serviços e políticas públicas, d) atuar como formador  ou agente do desenvolvimento territorial, e) desenvolver análise de atores sociais e territoriais (individuais, grupos, organizações – públicas, privadas e não-goveridntais), f) sistematizar informações socioespaciais, socioambientais e socioculturais; g) elaborar e planejar projetos, avaliar programas.
Outro eixo, na sequência de exemplos, traz em seu aparato epistemológico e metodológico o planejamento e gestão de projetos. Visa permitir a utilização de métodos e ferramentas para a proposição de ações considerando o arcabouço do desenvolvimento rural e da segurança alimentar. Cada eixo, em sua concepção epistemológica, busca a interação dos componentes no seu interior e permite a interconexão com outras áreas). A proposição de projetos pode vincular-se a editais públicos, organizações não-goveridntais, públicas ou privadas. Uma dimensão importante é a de formação de agentes do desenvolvimento em contextos diversos.
O eixo segurança alimentar apresenta componentes que perpassam os eixos anteriores. Entretanto, possui especificidades nas seguintes disciplinas: história da alimentação – alimentação e cultura – sistemas agroalimentares – legislação, controle e qualidade dos alimentos – políticas de soberania e segurança alimentar. Articulando ao exemplo da UP traz a visualização dos processos agroalimentares e a possibilidades de projetos e ações.
Finalmente, o eixo fundamentos de ciências exatas e da natureza, entre outros, conta com os seguintes componentes curriculares: matemática – fundamentos de química para a agricultura – agroecologia – estatística – agroecossistemas – Pedologia e geomorfologia: bases conceituais aplicadas ao espaço rural. A composição deste eixo perpassa os anteriores através dos processos interativos sociedade-ambiente. São tratadas, em cada disciplina, as dimensões de escala e a perspectiva de análise integrada do espaço rural.
Assim, ao discente em DRUSA é proporcionado formação para conhecer e transformar uma determinada realidade. Contudo, esta transformação (processos de desenvolvimento) vai depender da variedade de condições existentes em cada contexto e do estoque de ideias dos atores sociais que pode ser acessado e articulado através de um processo facilitador e de participação social7 . Neste sentido, incentiva-se a autonomia como fator de formação de um agente do desenvolvimento (COSTAMAGNA e LARREA, 2017).
A organização da matriz curricular demonstra toda a vantagem da formação e, ao mesmo tempo, a dificuldade quando confrontada com as dimensões clássicas da visão agrária e econômica sobre o rural. Nos exemplos apresentados a interação de componentes curriculares, nos e pelos eixos temáticos, descortina a demanda da efetivação do processo a partir do reconhecimento profissional em DRUSA no mercado de trabalho.
A fase atual da implementação do bacharelado é de construir o processo de reconhecimento profissional, social e político. Outro aspecto é a inserção da profissão no âmbito da CBO – Classificação Brasileira de Ocupações (BRASIL, 2002). Há uma dissonância entre o potencial de formação do curso com a inserção do profissional num mercado de trabalho complexo, em transição estrutural e conjuntural. Atualmente, o processo de reconhecimento profissional é o maior desafio uma vez que na dimensão acadêmica o bacharelado em DRUSA vem demonstrando o seu potencial de formação discente.

4. A territorialidade do rural e a importância de um profissional em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar

O rural, desde o processo de acelerada modernização dos processos produtivos agrícolas e de urbanização ostensiva do espaço geográfico, foi sujeitado a uma compulsória função produtiva. Foi tecido pelas opções políticas, os objetivos econômicos e de planejamento, o tempo do efêmero espaço rural de vivências e contextos culturais complexos.
Entretanto, modos de vida, de trabalho e ambientes diversos perduraram mesmo com a padronização de processos produtivos (VEIGA, 2002). O espaço rural se reinventa pelas ações das pessoas em uma construção histórica contextualizada (QUEIROZ NETO e BERGAMASCO, 2013). O universo rural subverte a lógica econômica e política predominante, mas como analisar a ruralidade numa perspectiva da complexidade e inserir o profissional em DRUSA?
Ferreira (2002) tece suas argumentações tendo a perspectiva do espaço rural estruturado como território vivenciado: um espaço de vida e de trabalho (a referência do solo como elemento natural, agrário, simbólico, imaterial, material e histórico). O modo de vida rural (territorialidade) é uma construção social e não tem a ver, somente, com fatores produtivos (SOUZA, 2013; QUEIROZ NETO e BERGAMASCO, 2013).
As territorialidades fazem parte do conjunto de movimentos da história, das apropriações de espaços no território (HAESBAERT, 2014). Seriam, assim, múltiplas ruralidades construídas e reconstruídas, portanto, não é plausível afirmar acerca de identidades fixas (HALL, 2005). No espaço rural podem, por vezes, coexistirem múltiplas e simultâneas fronteiras de ruralidades (ABRAMOVAY, 2003).
A ruralidade seria um conjunto de representações de papéis integrando identidades em transformação. Estas identidades se vinculam a um espaço de vida, uma rede de relações sociais, uma paisagem ecológica e cultural, representações específicas de pertencimento de desejo ou projetos de vida (QUEIROZ NETO et alli, 2011; FERREIRA, 2002; CERTEAU, 1994).
Lamarche (1993) diz que é fundamental considerar o rural que se define com a agricultura e não pela agricultura. Portanto, a formação do profissional em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar é fundamental para este espaço complexo e que demanda análises sistêmicas. Assim, ganha forma-conteúdo o conceito do espaço rural como território vivenciado. Todavia, é prioritário pensar este espaço a partir de uma nova gestão das políticas de planejamento envolvendo o município como um todo.
Para Veiga (2002), há uma experiência urbana no espaço rural, mas o que predomina é a urbanização administrativa do espaço estabelecendo prioridades e interesses políticos específicos. Em sua formação o profissional em questão, o formado em DRUSA pode tratar de temas de Estado, políticas públicas e planejamento territorial, bem como está apto para trabalhar com equipes multidisciplinares na construção de planos diretores, por exemplo, que considerem a dimensão do município, incluindo aí o rural.
Queiroz Neto e Bergamasco (2013), consideram que está em curso no Brasil uma ruralidade em reconstrução. São processos socioculturais e socioambientais complexos, não unidirecionais, que se revitalizam na sua complementaridade intrínseca com o urbano. Este rural em transformação, ainda, carece de análises, estudos locais e regionais acerca de suas complexidades. O que se verifica, então, é que os elementos definidores do rural foram se modificando ao longo da história (tempo) e repercutem no território demandando profissionais com a capacidade analisar-planejar-agir.
Ainda nos aspectos referentes a atuação na elaboração de planos diretores municipais o profissional em DRUSA, partindo da matriz curricular, pode também atuar: em conflitos ambientais urbano-rurais, principalmente, na interface periurbana; com projetos que contemplem a temática sustentabilidade, a utilização mais efetiva do planejamento participativo; trazendo subsídios para uma agenda em torno do direito ao território e; inserir o rural na perspectiva do desenvolvimento em escala: local, regional e nacional  (ALLEN, 2006).
Por conseguinte, para o profissional graduado em DRUSA, o município se transforma em uma dimensão importante para a pesquisa empírica, uma vez que, permite a análise inter-relacionada das diversas variáveis. Castro (2009, p. 136), chama a atenção para a importância da pesquisa na escala municipal, pois, através do município é possível analisar as diferenças territoriais e sociais do país; “(...) a disponibilidade e o uso dos espaços públicos nos municípios podem nos revelar muitos traços e características da própria sociedade brasileira e as condições por ela escolhidas no processo de organização do seu território.”
Ademais, o bacharel em DRUSA pode trabalhar utilizando o território municipal e regional como base analítica e de modelagem considerando, pelo menos, dois ativos: 1) Ativos de conhecimento e atores envolvidos: a) capital humano (habilidades e competências); b) capital relacional (redes de interação entre atores sociais). 2) Ativos de conhecimento e infraestrutura: a) capital estrutural (universidades, centros de pesquisa e tecnologias da informação); b) capital social (associações, movimentos sociais, fatores socioculturais e socioespaciais, elementos institucionais).
Uma dimensão importante é o desenvolvimento local, que pode ser trabalhado a partir dos elementos da comunicação e informação. Anteriormente, afirmou-se que uma das dificuldades é analisar e reconhecer a mudanças nos diversos usos do solo e da terra a através de informações locais. Assim o bacharel em DRUSA tem condições de atuar na organização de informações demográficas, além de produzir e organizar informações existentes no território   desenvolvendo banco de dados, a difusão, a catalogação e construção de plataformas de buscas.
A sistematização de experiências é um fator fundamental para o desenvolvimento de projetos. De acordo com Holliday (2006) não se trata, somente, de classificar, ordenar ou catalogar dados e informações, mas as experiências de um contexto (processos históricos, socioculturais e socioambientais). As experiências de uma comunidade são processos complexos perpassadas por fatores subjetivos e objetivos articulados no território.
O profissional em DRUSA pode, no âmbito da escala municipal, articular em conjunto as seguintes dimensões das informações territoriais: a) o planejamento rural em planos diretores municipais; b) elementos para a construção de planos plurianuais envolvendo políticas públicas para o espaço rural; c) elaboração e planejamento de projetos sociais; d) participar de equipe multidisciplinar de análise de impactos ambientais; e) avaliar a melhor alocação de bens e serviços públicos para o espaço rural.

Considerações finais

Considerando que as fronteiras se colocam à frente do território, elas não existem concretamente, pois, como o próprio território é uma construção social. Novos campos profissionais e os velhos problemas das fronteiras do conhecimento persistem. Na contemporaneidade, quando se refere a perspectivas interdisciplinares para a produção do conhecimento, a UNILA ganha destaque por ser uma instituição interdisciplinar desde a sua concepção e, nesse ínterim, se destaca a construção e implementação do curso de bacharelado em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar (mais conhecido pelos acadêmicos como DRUSA).
Para o DRUSA, o espaço rural, como locus privilegiado da agricultura, os atores sociais demandam políticas e ações de desenvolvimento territorial que considerem a inter-relação de redes, fatores culturais e ambientais.
No currículo do DRUSA a formação de atores sociais do desenvolvimento rural considerara os aspectos produtivos, isto é, as ações com a agricultura e não apenas para a agricultura, perpassando da agricultura ao espaço rural: histórias de apropriações e usos do território.
Por fim, admite-se que há uma interdependência entre o rural e o urbano deixando de lado o dualismo para, então, avaliar os contrastes, contradições e as complementaridades. Logo, aflora uma instância de interdependência entre o rural-urbano a partir dos contrastes e das interações dos recursos disponíveis (sentido amplo) para o desenvolvimento regional.

Referências

ABRAMOVAY, R. O futuro das regiões rurais. Porto Alegre: UFRGS, 2003
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*Doutor em Engenharia Agrícola pela UNICAMP. Professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Desenvolvimento da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. E-mail: queiroz.neto@unila.edu.br
** Doutor em Desenvolvimento Econômico pela UFPR. Professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Desenvolvimento da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. E-mail: gilson.oliveira@unila.edu.br
1               Além de uma formação profissional sólida, o curso visa contribuir também com o desenvolvimento de regiões rurais, bem como com o desenvolvimento de regiões urbanas com grande interface com o rural.
2       O REUNI, instituído pelo Decreto Presidencial 6.096, de 24 de abril de 2007, era um plano do governo federal brasileiro, que possibilitou a expansão das instituições federais de ensino superior, com a criação de novos campus pelas universidades federais tradicionais e a abertura de diversas outras universidades em diversos estados e regiões do Brasil.
3          Aqui, cabe destacar que “(…) muitas das novas universidades foram implantadas em cidades médias [e pequenas], atendendo a um duplo processo: por um lado, visava à necessária descentralização em virtude do aumento de estudantes universitários e a notável saturação de alunos nos grandes centros; por outro, ia em direção ao interesse da sociedade e instituições locais de obter centros de estudos superiores.” (DANTAS e CLEMENTINO, 2014, p. 230)
4               Destaca-se nesse ponto que o desenvolvimento de uma região deve ser encarada como “um processo localizado de troca social sustentada que tem como finalidade última o progresso permanente da região, da comunidade regional como um todo e de cada indivíduo residente nela”. (BANDEIRA e NOVO, 2011, p. 8)
5            O conceito de desenvolvimento pensado nesse trabalho leva em consideração incrementos positivos no nível de renda e melhorias nos indicadores sociais de saúde, educação, habitação, saneamento, alimentação, dentre outros, que reflitam maior e melhor qualidade de vida das pessoas. Para maior aprofundamento desse assunto ver Oliveira (2006).
6               Para maiores detalhes sobre a  estrutura da matriz curricular do curso recomenda-se acessar o sítio eletrônico - https://portal.unila.edu.br/graduacao/desenvolvimento-rural-seguranca-alimentar/ppc
7              A participação social é elemento-chave para transformação do processo de crescimento econômico em desenvolvimento no sentido stricto da palavra (melhoria dos indicadores sociais e de qualidade de vida), o que de acordo com a teoria do desenvolvimento regional endógeno, apresentada por Oliveira e Souza-Lima (2006), torna o egresso formado no curso de bacharelado em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar um indutor do desenvolvimento regional.

Recibido: 15/05/2019 Aceptado: 24/07/2019 Publicado: Julio de 2019 Actualizado: Noviembre de 2019

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