Revista: Atlante. Cuadernos de Educación y Desarrollo
ISSN: 1989-4155


DIFICULDADES E CONTRIBUIÇÕES: A PERCEPÇÃO DOS DISCENTES SOBRE A MONOGRAFIA NO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Autores e infomación del artículo

Adriana Cristina Teixeira*

Guibson Rodrigues dos Santos**

Polliana Thaís Antunes Jorge***

Izael Oliveira Santos****

Universidade Estadual de Montes Claros, Brasil

adriana.dam.isa@hotmail.com


RESUMO
O objetivo deste estudo foi identificar as dificuldades e contribuições do desenvolvimento da monografia para a formação pessoal e técnico-profissional de acadêmicos do curso de Ciências Contábeis. A pesquisa teve uma amostra definida por conveniência, composta de 33 discentes concluintes do curso Ciências Contábeis da Universidade Estadual de Montes Claros. De acordo com os resultados obtidos as dificuldades mais recorrentes estão relacionadas às dimensões gestão do tempo, texto e análise, referências e dados, delimitação e metodologia, ou seja, de forma ampla, estão associadas a aspectos da metodologia do trabalho científico. Na percepção dos discentes as contribuições da monografia estão relacionadas  ao desenvolvimento de habilidades de leitura, escrita, solução de problemas, organização de dados e obtenção de conhecimento técnico. Concluiu-se que mesmo existindo dificuldades no processo, a monografia contribui expressivamente para obtenção de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades essenciais a formação na área de Ciências Contábeis.
Palavras-chaves: Pesquisa Científica – Monografia – Contabilidade – Dificuldade – Contribuição.
Códigos JEL: A23, I20, I21, I26

RESUMEN
El objetivo de este estudio fue identificar las dificultades y contribuciones del desarrollo de la monografía para la formación personal y técnico-profesional de académicos del curso de Ciencias Contables. La investigación tuvo una muestra definida por conveniencia, compuesta de 33 alumnos concluyentes del curso Ciencias Contables de la Universidad Estatal de Montes Claros. De acuerdo con los resultados obtenidos las dificultades más recurrentes están relacionadas a las dimensiones gestión del tiempo, texto y análisis, referencias y datos, delimitación y metodología, o sea, de forma amplia, están asociadas a aspectos de la metodología del trabajo científico. En la percepción de los discentes las contribuciones de la monografía están relacionadas al desarrollo de habilidades de lectura, escritura, solución de problemas, organización de datos y obtención de conocimiento técnico. Se concluyó que aun existiendo dificultades en el proceso, la monografía contribuye expresamente a la obtención de conocimientos y desarrollo de habilidades esenciales a la formación en el área de Ciencias Contables.
Palabras-claves: Investigación Científica - Monografía - Contabilidad - Dificultad - Contribución.
Códigos JEL: A23, I20, I21, I26

ABSTRACT
The objective of this study was to identify the difficulties and the and contributions of the development of the monograph for the personal and technical-professional formation of academics of the course of Accounting Sciences. He had a sample defined by convenience, composed of 33 graduating students of the course Accounting Sciences of the State University of Montes Claros. According to the results obtained, the most recurrent difficulties are related to the time management, text and analysis, references and data, delimitation and methodology, ie broadly, are associated with aspects of the methodology of scientific work. In the students' perceptions, the contributions of the monograph are related to the development of reading, writing, problem solving, data organization and acquisition of technical knowledge. It was concluded that even if there are difficulties in the process, the monograph contributes significantly to obtaining knowledge and development of essential skills training in the area of ​​Accounting Sciences.
Key-words: Scientific research - Monography - Accounting - Difficulty - Contribution.
Codes JEL: A23, I20, I21, I26


Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Adriana Cristina Teixeira, Guibson Rodrigues dos Santos, Polliana Thaís Antunes Jorge e Izael Oliveira Santos (2018): “Dificuldades e contribuições: a percepção dos discentes sobre a monografia no curso de ciências contábeis”, Revista Atlante: Cuadernos de Educación y Desarrollo (septiembre 2018). En línea:
https://www.eumed.net/rev/atlante/2018/09/monografia-ciencias-contabeis.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/atlante1809monografia-ciencias-contabeis


1 INTRODUÇÃO

Aquela ideia potencializada pelos meios publicitários de que “o que move o mundo são as perguntas e não as respostas”, também são comuns nos ambientes de ensino/ciência. Se fosse um pressuposto, talvez ficasse melhor dizer que: o que move a ciência são as perguntas e não as respostas. Tal ideia decorre de uma compreensão de que o conhecimento é um processo dinamizador, no qual se busca transpor reflexões, sentidos e percepções para o mundo real.
Nos bancos das universidades, no ambiente dos cursos superiores as práticas que promovem inquietações nos acadêmicos devem ser incentivadas, levando-os a questionarem o porquê das coisas. Pois a educação é uma atividade humana de formação de inteligências, doutrina de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades e atitudes, e não de mera transmissão de conceitos e técnicas.
A pesquisa científica tem a capacidade de auxiliar no aprimoramento do conhecimento e a sua própria construção, e ainda no desenvolvimento de diversas habilidades essenciais a vida profissional: senso crítico, capacidade de resolução de problemas etc. Portanto, é o instrumento que pode transformar as perguntas em desenvolvimento científico.
No curso de Ciências Contábeis a construção de uma monografia é, para a maioria dos acadêmicos, a única oportunidade de vivenciarem todas as etapas da construção do conhecimento científico. Contudo, estudos já realizados mostram que no processo de desenvolvimento do trabalho monográfico os acadêmicos enfrentam diversas dificuldades. Ainda assim, essa experiência é capaz de trazer diversas contribuições para a formação pessoal e técnico-profissional dos acadêmicos.
No curso de Ciências Contábeis da Unimontes – Campus Sede, a monografia é requisito para obtenção do título. Observou-se que existem acadêmicos que ficam retidos durante algum tempo no curso apenas por não conseguirem defender o trabalho monográfico. Tanto que no semestre 2018/1 foi preciso ser ofertadas duas turmas da disciplina Monografia II. Uma turma para os alunos regulares e outra para alunos em regime de dependência, com um total de 72 acadêmicos matriculados, 59,7% em regime de dependência.
Considerando este cenário, esta pesquisa se propôs a responder o seguinte problema: quais dificuldades e contribuições percebidas pelos alunos do curso de Ciências Contábeis da Unimontes – Campus Sede, no processo de construção da monografia? O objetivo proposto pelo estudo é identificar as dificuldades e contribuições relacionadas ao desenvolvimento da monografia na percepção dos acadêmicos de Ciências Contábeis.
A justificativa deste trabalho está no fato de que, conhecendo as dificuldades e contribuições do processo de desenvolvimento da monografia, será possível diagnosticar o cenário e refletir sobre mudanças necessárias para trazer maior eficiência e qualidade à experiência do acadêmico do curso com a monografia. Espera-se assim, que tanto as disciplinas relacionadas a pesquisa científica, quanto o próprio processo de construção do trabalho monográfico possam assumir uma melhor abordagem, repercutindo na redução da taxa de retenção de alunos na disciplina Monografia II.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Processo de ensino-aprendizagem
O processo de ensino-aprendizagem deve possibilitar o alcance dos objetivos educacionais, e ser pensado para favorecer a aprendizagem do discente (ARAÚJO; SANTANA; RIBEIRO, 2009). Silva (2001) define o processo de ensino-aprendizagem como uma via de mão dupla, onde a relação do professor e aluno subsidia o crescimento de todos, podendo ser compartilhado com a sociedade.
Ferreira e Frota (2002, p. 7) explicam que “aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, de uma situação real vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma aproximação crítica dessa realidade”.
O ensino pode ser entendido como processo deliberado de facilitar que outra pessoa ou pessoas aprendam e cresçam intelectualmente e moralmente, na medida em que fornecem situações planejadas; de tal modo que os aprendizes vivam as experiências necessárias e que executem as modificações desejadas (BORDENAVE; PEREIRA, 2012).
Logo, no ambiente educacional, o processo de ensino-aprendizagem proporciona uma combinação de recursos (instituição, professor e aluno) de modo que o resultado (aprendizado do aluno) seja obtido satisfatoriamente (CORNACHION, 2004). De acordo Beck e Rausch (2015) o que mais afeta o processo ensino-aprendizagem do discente é a falta de compromisso com as atividades propostas pelo professor, desinteresse, conversas paralelas, falta de dedicação fora da sala de aula, falta de questionamentos quanto aos assuntos expostos e outros mais (grifo nosso).
A aprendizagem do discente se confirma a partir de suas habilidades no momento da absorção do conteúdo, permitindo resolver situações que não poderiam ser resolvidas pela falta de conhecimento. Logo no processo de ensino-aprendizagem deve-se favorecer a construção e/ou mediação do conhecimento através de instrumentos adequados (LIMA; KROENKE; HEIN, 2010).
Com tantas mudanças ocorrendo na velocidade da luz, talvez o maior desafio dos docentes seja tornar o processo de ensino-aprendizagem mais atraente. Sabe-se que a concorrência é desleal: internet conectada ao mundo, vídeos no youtube, jogos online, redes sociais etc. Ainda assim, o processo ensino-aprendizagem pode ser fortalecido, considerando sempre a importância do professor na formação de indivíduos, mas também trazendo o aluno para um papel mais participativo (FARIAS 2009; SIQUEIRA et al., 2009).
A pesquisa, em especial a monografia, é um meio propício para instigar as curiosidades dos acadêmicos na busca por respostas a suas curiosidades e/ou problemas vivenciados na prática, e consequentemente para o desenvolvimento de competências essenciais a formação técnico-profissional. Afinal, como diz Freire (2006), o ensino não deve apenas estar limitado à transmissão do conhecimento, mas em criar oportunidades de sua produção e construção. Ou seja, as instituições de ensino superior devem oportunizar aos acadêmicos meios de alcançar, produzir e difundir o conhecimento.

2.2  Pesquisa científica nos cursos de contabilidade: propósitos e desafios
Não é por acaso que o ensino, a pesquisa e a extensão formam o tripé das universidades, eles também são fatores essenciais para a formação de acadêmico, quando bem sistematizados trazem contribuições relevantes no processo de ensino-aprendizagem (DIAS, 2009).
Na ciência existem muitos caminhos para adquirir conhecimentos, uma das formas mais comum e eficiente de isso é a leitura, desde que o leitor seja também um investigador (MARTINS, 2007). Sob esta perspectiva, a pesquisa se destaca, tendo em vista sua função de construir conhecimentos (MARION, 1998).
Conforme Dallabona, Oliveira e Rausch (2014) os pesquisadores e estudiosos aumentam seus conhecimentos em determinados assuntos através da pesquisa. Minayo (2010) descreve que é a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo. E embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação.
Para Silva (2006), a pesquisa possibilita a construção e transmissão de novos conhecimentos. O autor ainda considera que ao aprender o ser humano se apropria do conhecimento e constrói seus próprios referenciais, deixando de ser um mero reprodutor de ideias alheias. Tal entendimento é também afirmado por Vianna (2001), quando diz que não é possível obter um conhecimento pronto, ou seja, é necessário buscá-lo, discuti-lo e desequilibrá-lo em suas certezas, permitindo o surgimento de novas verdades, obtidas por diferentes raciocínios.
Segundo Beirão (2018) “o desafio da universidade hoje é formar indivíduos capazes de buscar conhecimentos e de saber utilizá-los. (...) o profissional deve saber buscar o conhecimento pertinente e, quando não disponível, saber encontrar, ele próprio, as respostas por meio de pesquisa”. Por este raciocínio, o ensino praticado na graduação deve se voltar para soluções de problemas, conhecimento da realidade.
O artigo 43, da Lei nº 9.394 de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, estabelece entre as finalidades da educação superior o estímulo a criação cultural e científica, ao trabalho de pesquisa e investigação científica, e divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos.
As técnicas de estudo e leitura, os métodos de análise, pensamento e escrita compatíveis com o rigor científico, as técnicas de produção de conhecimento válido, as normas de elaboração de resenhas, resumos e monografias e a redação científica visam enriquecer a jornada do estudante em seu percurso universitário (RUIZ, 2009).
Na graduação, a monografia e o artigo científico são os trabalhos científicos mais comuns, devendo haver um direcionamento adequado do estudante ao desenvolvimento das pesquisas. Segundo Masetto (2012), o desenvolvimento da pesquisa deve estar ligado ao ensino, e a prosperidade da pesquisa depende, entre outros fatores, do empenho e efetividade do corpo docente no processo de orientação.
A atividade científica, uma vez desenvolvida, contribui ativamente para formação integral do acadêmico, na medida em que lhe transmite uma concepção científica do mundo; fortalece a autoaprendizagem; o trabalho em equipe e individual; a formação crítica e aprofundada; estabelece atitudes positivas de modéstia, tenacidade e disciplina; aproximam docentes e discentes; amplia as linhas de pesquisa nas instituições de ensino; e favorece a atualização do profissional (AMADOR, 1984; RODRIGUEZ, 1979; PELEIAS et al., 2007).
Segundo Massi e Queiroz (2010) a pesquisa científica pode ser um excelente instrumento educativo ao despertar nos alunos o processo de conhecimento e não de mera reprodução. Com isso, o aluno se sente motivado a desenvolver seus estudos, ampliando as análises e conteúdos vistos durante e curso.
Depreende-se que a pesquisa científica é instrumento essencial para o discente, dadas às diversas habilidades desencadeadas durante seu desenvolvimento. É relevante destacar o posicionamento de Moura e Silva (2003) sobre a contribuição da pesquisa no processo de graduação de Ciências Contábeis. Para os autores as exigências relativas a habilidades, conhecimentos específicos, capacidade de comunicação dos contadores, exigem dos profissionais uma boa formação acadêmica, e a pesquisa científica é um fator importante para construção deste perfil.
Com a introdução da pesquisa científica no curso de Ciências Contábeis, se busca despertar a vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes de graduação, preparando-os para especializações profissionais (SILVA; CABRERO, 1998). O panorama social moderno exige profissionais capacitados, críticos e em constante evolução. Portanto, é importante que já na graduação o discente de Ciências Contábeis seja orientado a aprimorar habilidades de investigação, pesquisa e prática dos conhecimentos compartilhados.
As instituições de ensino superior devem fomentar uma educação moderna, de acadêmicos questionadores, sistemáticos, críticos e criativos. Para tanto, o discente deve se preparado para utilizar conceitos e métodos adquiridos em suas pesquisas e conseguir, assim, intervir na realidade e potencializar os resultados nas atividades que exerce.

2.3 Estudos afins
Na literatura contábil, especialmente na linha de ensino e pesquisa em contabilidade, existem diversos estudos que se dedicaram na análise das dificuldades e motivações relacionadas à elaboração do trabalho de conclusão de curso, bem como das contribuições que o trabalho monográfico e/ou artigo científico traz para a formação do discente.
Castro (2006) investigou os motivos do (des)interesse dos alunos de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Viçosa pela pesquisa científica. A partir de dados de uma amostra 86 alunos, que representou 58,5% da população, identificaram entre as razões apontadas pelos alunos como causa para má experiência com pesquisas científicas na área contábil, a falta de conhecimento do assunto, insatisfação quanto às metodologias utilizadas pelos professores por não favorecerem o desenvolvimento do perfil de pesquisador, e desinteresse dos alunos. Verificaram ainda que a inexpressividade da participação dos acadêmicos de contabilidade no processo de elaboração da pesquisa científica decorre da falta de tempo dos estudantes, que se dedicam a outras atividades, como o estágio e/ou trabalho.
O estudo de Silveira, Ensslin e Valmorbida (2012) teve como o objetivo analisar a experiência da atividade de Iniciação Científica para os alunos de graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina. Dentre os resultados obtidos, os autores destacaram que as principais dificuldades elencadas pelos alunos foram à falta de tempo para a realização das atividades (73%) e a redação do projeto (48%).
Paloschi (2013) buscou identificar a percepção dos alunos sobre a relação orientando/orientador. Observou que os acadêmicos da amostra demonstraram satisfação com a orientação recebida ao longo da elaboração do trabalho de conclusão de curso (TCC), dentre as dificuldades assinaladas a coleta e análise de dados, a redação científica, e a delimitação do problema e objetivos da pesquisa foram, nesta ordem, as mais apresentadas pelos acadêmicos.
Em um estudo realizado no Estado da Paraíba, com acadêmicos do curso de Ciências Contábeis, Peixoto et al. (2014) buscou avaliar a contribuição da iniciação científica na elaboração do TCC. Pelos resultados obtidos, a partir das respostas de uma amostra composta por 109 alunos, a iniciação científica é fator facilitador para elaboração do TCC, contudo a participação dos alunos nos programas de iniciação é incipiente.
Cunha, Vogt e Biavatti (2015) desenvolveram um estudo com o objetivo de compreender a percepção dos alunos de Ciências Contábeis sobre a contribuição do trabalho de conclusão de curso e do estágio curricular na aprendizagem. Analisaram dados de uma amostra composta por 53 alunos que desenvolveram o TCC e identificaram que as maiores contribuições do TCC estão relacionadas à geração de conhecimento técnico, em proporcionar contato com diferentes ambientes informativos e em aprimorar os conhecimentos sobre os aspectos científicos.
Santos (2005) buscou compreender os obstáculos encontrados durante o desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso na Universidade Federal de Uberlândia. Aplicaram questionário a uma amostra de 75 estudantes e como resultado identificou que as omissões do orientador durante o acompanhamento do acadêmico é o principal obstáculo para a consecução do TCC. As dificuldades mais apontadas foram com a redação científica, delimitação de tema, busca por referências, formatação de acordo com a ABNT e o desenvolvimento das etapas da pesquisa. Destacaram ainda a importância da participação eficaz do orientador na relação acadêmica como forma de motivação do estudante em relação ao trabalho científico, e os benefícios que o trabalho pode trazer para a formação profissional e desenvolvimento de competências interpessoais.
Colares e Ferreira (2016) além de entender a percepção dos alunos de contabilidade sobre iniciação científica buscou identificar as limitações da pesquisa em instituição de ensino superior privada. Foi aplicado questionário a uma amostra de 165 alunos. Os resultados revelaram a indisponibilidade de tempo para se dedicar a pesquisa da maioria dos alunos por já estarem inseridos no mercado de trabalho, além da falta de comunicação entre aluno e instituição de ensino, como motivos para o baixo rendimento dos alunos nas atividades de pesquisa.
Tibúrcio (2016) buscou compreender as dificuldades dos alunos de Ciências Contábeis da Universidade de Brasília no processo conclusivo da monografia, de forma a contribuir com a melhoria da estrutura curricular do curso. Para tanto, aplicou questionário obtendo retorno de uma amostra composta por 170 alunos (33% da população). Nos resultados constatou pela existência de algumas dificuldades, destacando como a principal a definição do tema e problema de pesquisa.
Os estudos apresentados demonstram a importância da pesquisa nos cursos de ciências contábeis, principalmente as desenvolvidas no âmbito do TCC (monografia ou artigo), uma vez que os programas de iniciação científica parecem ainda incipientes. Em regra, existem diversas dificuldades relacionadas ao desenvolvimento de pesquisas na área, mas os estudos também revelam que a experiência com a atividade traz contribuições para a formação do aluno.

3 METODOLOGIA

Quanto à abordagem do problema, esta pesquisa assume a perspectiva quali-quantitativa, uma vez que se preocupa com as características do objeto de análise, mas dá ênfase ao tratamento quantitativo dos dados, organizando-os e interpretando-os a partir de medidas estatísticas. Considerando o objetivo de identificar a percepção dos acadêmicos matriculados na disciplina Monografia II, do curso de Ciências Contábeis – Campus Sede, acerca das dificuldades encontradas na realização da monografia e das contribuições que o trabalho traz para o desenvolvimento pessoal e técnico-profissional, pode-se afirmar que também se trata, de uma pesquisa descritiva, que busca observar, registrar, classificar, analisar e interpretar os dados sem qualquer interferência do pesquisador (ANDRADE, 2010).
A população deste estudo é formada por 72 acadêmicos matriculados na disciplina Monografia II, do curso de Ciências Contábeis – Campus Sede. O número alto de matrículas se justifica pela existência de um elevado número de acadêmicos retidos no curso por não terem defendido a monografia, que tem por consequência a reprovação na disciplina. No semestre 2018/1 foram ofertadas duas turmas para a disciplina Monografia II, uma regular no período matutino (Turma A), e uma especial para alunos em regime de dependência no período noturno (Turma B). A amostra é por conveniência, sendo composta por 45,8% da população correspondente a taxa de questionários respondidos. O detalhamento da amostra é apresentado na Tabela 1.

Como instrumento de coleta de dados utilizou-se o questionário, definido como um conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações dos sujeitos pesquisados (GIL, 2006).
O questionário foi organizado em quatro grupos de questões: G1 – Perfil dos Respondentes; G2 – Diagnóstico; G3 – Dificuldades Encontradas; e G4 – Contribuições da Monografia. Para os itens avaliados nos grupos 3 e 4, adotou-se escala de quatro pontos para cada pergunta. Como as perguntas do G3 avaliava o grau de dificuldade a escala definida foi: (1) Nenhuma; (2) Alguma; (3) Muita; e (4) Incapacidade. Já as perguntas do G4 cuja ênfase foi o grau de contribuição, a escala definida foi: (1) Nenhuma; (2) Quase Nada; (3) Razoável; e (4) Muita.
Os dados obtidos através das 37 (trinta e sete) perguntas contidas no questionário foram organizados e tabulados em pastas de trabalho do MS Excel. Para alcançar os objetivos propostos, calcularam-se as medidas de estatística descritiva para caracterização do objeto de análise. Em seguida, agrupou-se os itens avaliados no G3 e G4 em 5 e 4 dimensões, respectivamente.
As dimensões relacionadas ao grau de dificuldade foram assim definidas: (1) Referências e Dados – contempla dificuldades relacionadas a busca de trabalhos referências e de dados para a realização da monografia; (2) Delimitação e Metodologia – avalia as dificuldades na delimitação da pesquisa, em utilizar e entender metodologias científicas e em desenvolver as etapas do estudo;  (3) Texto e Análise – verifica as dificuldades relacionadas a redação científica e a realização e interpretação de cálculos estatísticos; (4) Forma e Meios – contempla as dificuldades associadas a formatação seguindo a ABNT e ao uso de computador  e softwares; (5) Gestão do Tempo – a dificuldade em administrar o tempo disponível para realização da monografia.
As dimensões relacionadas ao grau de contribuição da monografia para a formação pessoal e profissional foram definidas como: (1) Afetivo-Emocional – desenvolvimento de capacidade de lidar com pressões, choque de ideias e prazos; (2) Atitudes e Valores – desenvolvimento de conduta ética, caráter e responsabilidade; (3) Habilidades – desenvolvimento de competências relacionadas a leitura, escrita, organização de dados, construção de conhecimento científico e comunicação; e (4) Conhecimentos técnico-profissionais – obtenção de conhecimentos técnicos, aproximação entre a teoria e a prática, e aprofundamento de conteúdos abordados na graduação.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1  Descrição da unidade de análise
Considerando a amostra de 33 respondentes, tem-se que 72,7% do total são do sexo feminino. A distribuição entre sexos é semelhante na Turma A e B, contudo na Turma B o percentual do sexo masculino (31,3%) é proporcionalmente maior que o da Turma A (23,5%), conforme demonstrado na Tabela 2.

A Tabela 3 apresenta características dos respondentes. Verifica-se que 39,4% da amostra total são formadas por acadêmicos na faixa etária de 20 a 22 anos. Contudo, isso se deve especialmente aos respondentes da Turma A, o que era esperado, pois, considerando que o ingresso na universidade seja aos 17 anos, o acadêmico regular tende a formar com idade entre 21 e 22 anos. Na Turma B, por outro lado, predomina os acadêmicos com mais de 27 anos (56,3%), o que pode sugerir retenção destes acadêmicos por longo período na graduação.  

Os dados da Tabela 3 mostram que 60,6% dos respondentes ingressaram no curso em 2014, 17 da Turma A e apenas 3 são da Turma B. O que desperta certa preocupação é o fato de 43,8% dos acadêmicos da Turma B terem ingressado no curso antes de 2012, pois se eles tivessem acompanhando suas turmas de origem teriam que ter concluído o curso em 2015, no máximo. Verifica-se ainda que quase a totalidade dos acadêmicos da Turma B repetiram as disciplinas de Monografia I e II, uma ou mais vezes e que pelo menos 62,5% dos alunos repetiram 3 ou mais vezes. Ainda que não se perceba pelas informações do questionário se os alunos frequentaram e/ou concluíram a disciplina em todas as vezes que a cursaram, o percentual em questão espanta por demonstrar a dificuldade dos alunos em concluírem o trabalho de curso e, consequentemente, a graduação.
O despertar para a monografia em ambas as Turmas (A e B) parece ocorrer no 7º período do curso. Contudo, na Turma A, a preocupação de 31,6% dos acadêmicos iniciou-se no 6º período na disciplina de Análise e Produção Científica em Contabilidade (APCC), o que sugere que a introdução desta disciplina a partir de 2012 no curso, pode ter influenciado a antecipação das reflexões sobre monografia nos acadêmicos. 18,8% dos respondentes da Turma B revelam que começaram a se preocupar com a monografia no 8º período do curso, quando, em regra, já passaram pela disciplina Monografia I e já precisaram apresentar um projeto de pesquisa.
A realidade de trabalhar ou estagiar durante o último ano de curso (7º e 8º períodos) é predominante entre os respondentes (87,9%). Alguns acadêmicos da Turma B não exerceram qualquer atividade neste período (12,5%), ou seja, puderam se dedicar totalmente aos estudos.
Conforme a Tabela 4, para 93,8% dos respondentes da Turma A, a escolha do tema tem relação com alguma disciplina do curso. Na Turma B este percentual fica em 68,8%, revelando que 31,3% dos acadêmicos desta turma pesquisa sobre assunto não abordado durante a graduação em Ciências Contábeis. O fator determinante para a escolha do tema é bastante diferente entre os respondentes das Turmas A e B. Enquanto para os da turma A escolhem pela afinidade com a área (82,4), os da Turma B escolhem em razão de situação vivida na prática (46,7%). Presumindo que tal escolha seja influenciada pelas experiências profissionais experimentadas pelos alunos da turma B que já se encontram inseridos no mercado de trabalho, em sua maioria.

 

Em síntese, o perfil dos acadêmicos da Turma A é: mulheres, com idade entre 20 e 22 anos, que ingressaram no curso em 2014, começaram a se preocupar com a monografia no 7º e/ou 6º período, tendo trabalhado ou estagiado nos 7º e 8º períodos, cursado as disciplinas de Monografia I e II apenas uma vez, e escolhido o tema de pesquisa pela afinidade que tem com a área. Já o perfil da Turma B é: mulheres, com mais de 27 anos, que ingressaram no curso antes de 2012, começaram a se preocupar com monografia no 7º período, tendo trabalhado e estagiado durante o 7º e 8º períodos, repetido as disciplinas de Monografia I e II uma ou mais vezes, escolhido tema com base em uma situação vivida na prática. A explicação para a repetição nas disciplinas pode ter relação direta com a própria distribuição de tempo entre a graduação e o trabalho/ estágio, se comparadas.

4.2 Dificuldades percebidas no desenvolvimento da monografia
Pela análise da Tabela 5, verifica que a maioria dos acadêmicos da amostra teve alguma (43,4%) ou muita (30,1%) dificuldade, considerando as dimensões avaliadas. As dificuldades que mais destacadas estão relacionadas a redação científica e ao cálculo e interpretação de medidas estatísticas, e a gestão do tempo disponível para o desenvolvimento da monografia.

A questão do tempo já foi destacada como um fator limitante a disposição e interesse dos acadêmicos de Ciências Contábeis em participar de programas de Iniciação Científica por Colares e Ferreira (2016). Silveira, Ensslin e Valmorbida (2012) verificaram que a maior dificuldade dos acadêmicos de Ciências Contábeis ao cursar a disciplina Técnicas de Pesquisa em Contabilidade é a falta de tempo para desenvolver a pesquisa.
Dentre os graus de dificuldades nas dimensões assinaladas pelos respondentes da Turma A, verifica-se que cerca de 30% dos acadêmicos desta turma diz não ter nenhuma dificuldade no desenvolvimento da monografia. A dimensão em que se observou o maior percentual de respondentes com nenhuma dificuldade foi a de Comunicação e Relacionamento, 51% dos respondentes. Isso demonstra que a maioria dos acadêmicos desta turma não apresenta dificuldade em relacionar-se com o orientador, compreender as orientações recebidas e obter orientações presenciais.
Mais de 70% dos acadêmicos da Turma A apresentaram alguma ou muita dificuldade nas dimensões analisadas. As dificuldades mais expressivas dos respondentes desta turma estão relacionadas à administração do tempo disponível para realização da monografia (58,8%) e a redação científica, cálculo e interpretação de medidas estatística (41,9%). Destaca-se nenhum acadêmico deste grupo demonstrou incapacidade em relação às dimensões analisadas.
Ainda conforme a Tabela 5, para a Turma B observa-se que o percentual de alunos que não tiveram qualquer dificuldade foi menor (24,3%), as dificuldades mais expressivas foram também com a redação científica, cálculo e interpretação de medidas estatísticas (67,7%) e gestão do tempo disponível para realização da monografia (62,5%), em ambas as dimensões houve um percentual de alunos que se sentiram incapazes de realizar as atividades relacionadas.
As respostas aos itens relacionados à dimensão comunicação e relacionamento demonstram que a grande maioria dos respondentes (57,7% da amostra) não teve qualquer dificuldade em relacionar-se com os orientadores, compreender as orientações e obter encontros presenciais. Verifica-se que a ausência de dificuldades é maior na Turma B (64,6%) quando comparado a Turma A (51,0%), sendo que nesta última 34,7% e 14,3% indicaram respectivamente alguma ou muita dificuldade, verificou que estas estão relacionadas principalmente a obtenção de orientações presenciais e a compreensão das orientações recebidas. Os alunos regulares apontaram, ainda, para formatação do trabalho segundo normas da ABNT e determinação das metodologias, como outras grandes dificuldades. Enquanto os alunos repetentes indicam à redação científica como percalço para a realização da monografia.
O maior índice de discordância apresenta-se nas questões referentes à relação com o orientador e em atender as orientações propostas pelo mesmo, inclusive as presenciais. Ou seja, os estudantes não apontam como fator relevante às dificuldades referentes à interação com os orientadores das pesquisas. Válido ressaltar, que nesta etapa, o desenvolvimento das etapas de pesquisa e o acesso aos trabalhos afins indicaram discrepância nas respostas, visto que um pouco mais da metade dos alunos (53%) as apontam como dificuldades e os outros, discordam.
Em geral, a maior parte dos respondentes apresenta algum grau de dificuldade nas dimensões avaliadas. Gestão do tempo e a delimitação e metodologia são as dimensões onde se verificou maior percentual de dificuldade, seguidas de perto pelas dimensões texto e análise e referências e dados. Tal resultado é compatível com os do trabalho de Santos (2005), no qual se verificou como dificuldades mais recorrentes as relacionadas à redação do trabalho, delimitação do tema de pesquisa, na busca de trabalhos para referências e no desenvolvimento das etapas da pesquisa.

4.2 Contribuições da monografia para a formação pessoal e técnico-profissional
Além de identificar e analisar as dificuldades dos acadêmicos no desenvolvimento da monografia, também se buscou verificar a percepção deles quanto às contribuições que a atividade traz para os desenvolvimentos: afetivo-emocional; de atitudes e valores; de habilidades e de conhecimentos técnico-profissionais. Na Tabela 6 são apresentados os resultados obtidos.

Verifica-se que para pelo menos 30,7% da amostra estudada, o desenvolvimento da monografia contribui muito em todas as dimensões, enquanto que para 11,5% não há qualquer contribuição para a formação. As dimensões para as quais se verificou maiores graus de contribuição foram a afetivo-emocional e a de habilidades, respectivamente, 36,4% e 33,0% da amostra.
Uma das discrepâncias entre os resultados da Turma A e da Turma B está na percepção de ausência de contribuição no conjunto de dimensões avaliadas. Enquanto apenas 3,0% dos respondentes da Turma A indicaram nenhuma contribuição, 20,6% da Turma B o fizeram. Tal resultado pode estar relacionado ao fato dos acadêmicos da Turma B estar a alguns anos retidos no curso em virtude da monografia e, portanto, desacreditados sobre a importância e utilidade do artigo para vida acadêmica e técnica. O resultado preocupa se consideramos que a ausência de contribuição sob a perspectiva desses alunos poderá afetar seu interesse e dedicação na disciplina e conclusão do artigo científico. Ainda assim, para a maioria dos respondentes a monografia contribui razoavelmente ou muito para formação, o que parece importante se considerarmos que a boa percepção dos alunos acerca da monografia pode incentiva-los a concluir o trabalho e, ainda, obter resultados positivos a partir disso.
Para os respondentes da Turma A observa-se que as dimensões afetivo-emocional e habilidades são as que se destacam no grau de contribuição “muito”. No entanto, para a dimensão conhecimentos técnico-profissionais, considerando os graus razoáveis e muito, observa-se expressiva percepção de contribuição (>86%). Os acadêmicos desta turma tendem a enxergar a monografia como uma oportunidade de revisar e aprimorar os conteúdos estudados no decorrer do curso. Na Turma B, as dimensões afetivo-emocional e de atitudes e valores, na percepção de 37,5% dos acadêmicos, não tiveram nenhuma contribuição do processo de desenvolvimento da monografia. Para esta turma a monografia contribui mais na dimensão habilidades, especialmente no aprimoramento de conhecimentos sobre aspectos científicos e na comunicação clara, organizada e precisa.
Em síntese, as principais contribuições da monografia estão relacionadas ao aprimoramento de conhecimento acerca de aspectos científicos e na aproximação da teoria com a prática (Turma A), desenvolvimento de habilidades de leitura, escrita, solução de problemas, organização de dados e obtenção de conhecimento técnico (Turma B). Demonstrando que os resultados corroboram com os conceitos apresentados neste artigo acerca da importância da pesquisa científica para formação acadêmica e profissional dos alunos.
As contribuições percebidas como decorrentes do desenvolvimento da monografia vão ao encontro, inclusive, do posicionamento de Massi e Queiroz (2010) de que a pesquisa é um instrumento educativo para se aprimorar o conhecimento e habilidades dos formandos, bem como são semelhantes aos achados de Cunha, Vogt e Biavatti (2015) cujo trabalho identificou como maior contribuição do TCC o conhecimento técnico obtido, e ainda contribuições relacionadas às habilidades de leitura, escrita, solução de problemas e organização dos dados.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo buscou identificar as perspectivas quanto às dificuldades encontradas durante o desenvolvimento da monografia, bem como as contribuições desta atividade para a formação pessoal e técnico-profissional dos acadêmicos matriculados na disciplina Monografia II, do curso de Ciências Contábeis da Unimontes.
Para atingir ao objetivo proposto, aplicou-se questionário estruturado a partir da literatura existente, a uma amostra, definida por conveniência, adotando-se o critério de quantidade de retornos, composta por 33 acadêmicos das turmas regulares (Turma A) e especial (Turma B) no semestre 2018/1.
Verificou-se o perfil dos acadêmicos matriculados na disciplina Monografia II, pelas variáveis: sexo, faixa etária, ano de ingresso no curso, número de vezes que cursou as disciplinas Monografia I e Monografia II, a concomitância de trabalho/estágio nos períodos em que ocorre o desenvolvimento da monografia, e os elementos relacionados à escolha do tema de pesquisa. Assim, pelo perfil encontrado nesta pesquisa, tem-se que o público de Monografia II é formado por mulheres, com idade entre 20 e 24 anos, que ingressou no curso em 2014, começou a se preocupar com a monografia no 7º período do curso, cursou as disciplinas de Monografia 1 e 2 apenas uma vez, e trabalhou ou estagiou nos períodos nos quais são desenvolvidos a monografia. Tendo ainda o tema da pesquisa escolhido relação com alguma disciplina do curso, cujo fator determinante foi a afinidade com a área.
Na análise das dimensões de dificuldades, verificou-se que os resultados encontrados são semelhantes ou assemelhados aos já existentes na literatura. Os mais elevados graus de dificuldades foram obtidos para as dimensões gestão do tempo, texto e análise, referências e dados, e delimitação e metodologia. De forma ampla, as dificuldades estão associadas a questões relacionadas a metodologia do trabalho científico.
Pela análise das dimensões de contribuição da monografia para a formação, verificou-se que o desenvolvimento de habilidades relacionadas à leitura, escrita, solução de problemas, organização de dados e obtenção de conhecimento técnico foram as mais recorrentes. Ficando demonstrado que os achados desta pesquisa são coerentes com achados de outros pesquisadores relacionados nos estudos afins.
Por fim, os resultados do estudo evidenciam que durante o desenvolvimento da monografia os acadêmicos enfrentam diferentes tipos de dificuldades, muitos delas podem ser mitigadas pela sistematização do processo de ensino-aprendizagem, especialmente aquelas relacionadas aos métodos de construção de conhecimento. Ainda assim, diversas são as contribuições que o desenvolvimento da monografia traz para a formação pessoal e técnico-profissional dos acadêmicos.
Há certamente espaços para melhorias no processo de desenvolvimento da monografia no curso de Ciências Contábeis da Unimontes – Campus Sede, e os resultados desta pesquisa podem contribuir com os professores e coordenação de curso na reflexão e no desenho de estratégias que possam mitigar as dificuldades e potencializar as contribuições da monografia para os acadêmicos do curso.
Reconhece-se como limitação desta pesquisa, o fato de a amostra ter sido definida por conveniência, e a unidade de análise restringir-se a apenas alunos de uma instituição. Para pesquisas futuras sugere-se investigar se o tipo de relatório de pesquisa (monografia ou artigo científico) repercute na percepção de dificuldades e contribuições dos acadêmicos nas dimensões estabelecidas neste trabalho.

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* Acadêmica do curso de Ciências Contábeis da Universidade Estadual de Montes Claros (Brasil)
**Acadêmico do curso de Ciências Contábeis da Universidade Estadual de Montes Claros (Brasil)
*** Acadêmica do curso de Ciências Contábeis da Universidade Estadual de Montes Claros (Brasil), bacharel e especialista em Direito.
**** Professor Universitário na Universidade Estadual de Montes Claros. Mestre em Ciências Contábeis pelo PPGCC/UFU. MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria / FGV. Especialista em Direito Constitucional Aplicado / Faculdade Damásio. Especialista em Administração Estratégica / FIP-Moc. Bacharel em Ciências Contábeis / Unimontes e em Direito / FADISA.

Recibido: 07/09/2018 Aceptado: 13/09/2018 Publicado: Septiembre de 2018

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