EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MOEDA


Yolanda Vieira de Abreu
Sanay Bertelle Coelho

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2 ESTADO DA ARTE DA MOEDA

Na economia moderna, produz-se riquezas para trocá-las ou permutá-las por outras para satisfação de nossas necessidades. A troca representa uma economia orientada pelo interesse das partes nela intervenientes. Os indivíduos oferecem os produtos do seu trabalho em troca daqueles de que necessitam e não podem produzir.

Segundo Galtaldi (2005), a troca não é natural no homem; nas sociedades primitivas surgiu ocasionalmente ou por doação recíproca (troca entre povos selvagens). Ampliou-se mais tarde com a divisão de ofícios e com o crescimento do mercado local para os mercados nacional e mundial.

Conforme a opinião de Carreiro (1944, p.17):

A doação e o roubo são, ainda, anteriores à troca. Vêm depois as sociedades em que aparece a troca direta; depois, aquelas em que há mercadorias intermediárias; entre estas se opera uma seleção... Pela troca cada um de nós não precisa produzir todas as coisas de que tem necessidade; cada um trabalha e produz no ramo de sua atividade, com o fim de trocar o produto de seu trabalho pelos produtos do trabalho de outros.

Portanto, a troca pode ser considerada um escambo ou permuta e um acordo em que uma das partes dá o equivalente ao que recebe. A troca representa um importante papel na vida moderna. Ela impele o homem à vida em sociedade e ao intercâmbio, através de uma melhor utilização das riquezas e aproveitamento das pessoas e das suas capacidades produtivas.

Nas sociedades primitivas a diversidade dos produtos era pequena, tornando-se fácil o encontro de indivíduos que dispunham de excedentes desejados por outros cujos excedentes não eram rigorosamente coincidentes. Nesta fase, o que era rigorosamente coincidente era o desejo de trocas diretas, ou seja, o indivíduo A dispunha de excedentes desejados pelo indivíduo B e vice-versa. Esta coincidência mútua levava a uma operação rudimentar de troca. Com o passar do tempo, se tornou difícil para as pessoas trocarem o que produziam pelas coisas que precisam através das trocas diretas (escambo).

Say (1986) nos dá um exemplo e mostra essa dificuldade ao contar a história do cuteleiro e do padeiro. O cuteleiro, para adquirir pão, irá ao padeiro oferecendo-lhe facas. O padeiro já possui facas e necessita de roupas. Para tê-las, ofereceria pão ao alfaiate. Mas este não precisa de pão e sim de carne. E assim por diante. A diferença na coincidência de gosto fez com que fosse criado um intermediário de troca, ou seja, alguma mercadoria que possuísse um valor comum para todos. Essa mercadoria é a moeda.

A moeda é essencial para a manutenção do modo de vida desenvolvido pela sociedade moderna. De acordo com Galves (1996), em uma sociedade que progrediu adotando a divisão do trabalho, diversificando os gastos e que precisa intensificar a circulação, a moeda é um instrumento útil e aceito por toda a comunidade como intermediária de trocas; ou seja, todos a recebem ou a dão em troca de qualquer coisa ou serviço. Define-se assim por essa função, e não pela matéria de que é feita.

A moeda representa o instrumento por excelência da troca. Segundo Gastaldi (1995), ela decompõe a troca em compra e em venda, sendo uma terceira mercadoria, convencional e representativa do valor de troca dos bens e mercadorias.

Segundo Galves (1996), essa troca operada pela moeda, que neste trabalho também será denominada de dinheiro, cria importantes efeitos na economia. Na troca direta realizada através da moeda não é possível alienar sem adquirir, assim a oferta cria sua demanda. Na troca indireta não é assim, por que esta se caracteriza por vender agora e em troca receber dinheiro e optar por não gastá-lo de imediato e sim poupar, entesourar-se, emprestar ou investir no mercado. Sob o ponto de vista da evolução histórica, segundo Weber (1968), o dinheiro tem o papel de criador da propriedade individual, ou seja, todo objeto com caráter de dinheiro possui caráter de propriedade individual.

Uma das funções mais antigas do dinheiro, de acordo com Weber (1968), é o meio legal de pagamento. Neste período, o dinheiro não tem nada a ver com a troca. Esta função se tornou possível desde que uma economia sem troca conheceu também prestações econômicas que requeriam um meio de pagamento como tributos, presentes aos chefes, preço da noiva, dotes, ajustes, multas, castigos etc. Em resumo, eram prestações que exigiam determinados meios de pagamentos.

Ainda segundo Weber (1968), outra função que também perdurou por longos períodos na história é a de meio de entesouramento. O chefe que desejava garantir sua posição devia estar sempre em condições de presentear o seu séquito em ocasiões especiais. Para isso, mantinham como meios de entesouramento, determinados objetos típicos. Neste caso, o dinheiro não era só um meio de troca, mas também um objeto de propriedade permanente. Quem o tinha, o possuía por razões de prestígio e para alimentar a sua vaidade social.

Assim, muitos são os objetos que serviram como dinheiro nesta fase e não havia um meio só de pagamento, mas sim vários objetos que circulavam ao mesmo tempo. Torna-se imprescindível estabelecer uma equivalência entre eles, ou seja, fixar uma escala de valores. Disto resulta o valor de uso dos bens, a sua importância social e a necessidade de contar em “números redondos” e de fácil manejo.

A moeda, portanto, “é mercadoria ou riqueza de aceitação geral, quer pela confiança que oferece em matéria de troca de objetos ou de serviços, quer por sua qualidade de medida comum de valores” (Gastaldi, 1995, p.222).

Podemos também defini-la de modo muito simples como “o instrumento que facilita as trocas e permite conservar e antecipar os valores” (Hugon, 1972, p.26).


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