ANTECEDENTES DO CAPITALISMO

ANTECEDENTES DO CAPITALISMO

Carlos Gomes

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5.4 – INSTRUMENTOS DE MEDIDA

Com a implantação dum certo grau de comércio regular, o tradicional sistema de trocas foi acrescido por outro mais seguro no qual os produtos eram medidos com utilização de balanças e dos seus pesos, por exemplo, seixos polidos calibrados, o que tornou possível estabelecer quantidades equivalentes entre certos produtos. O comércio tinha de ser baseado em normas, aceites ou aceitáveis, e para isso era necessário um padrão acordado de pesos e medidas, reciprocamente comensurável e que deveria contribuir também para definir com mais precisão o valor dos produtos. As unidades de pesos e medidas requerem análogas modalidades e a unificação. A sua importância é muito grande na medida em que estão ao serviço dos géneros de maior consumo, como pão, farinha, sal, carne, etc., alguns dos quais exigem uma vigilância cuidadosa, pois estão sujeitos a tabelas de preços.

Os pesos eram feitos de silex, calcário, esteatite, calcedónia e outras pedras, com tamanhos diferentes. A forma mais comum era a cúbica, mas alguns eram esféricos, cilíndricos ou ovais. Talvez devido às suas conexões com a moeda, os pesos foram as primeiras medidas a chamar a atenção da autoridade pública. A introdução de sistemas graduados de pesos e medidas desempenhou um papel importante nas trocas e nas relações entre os povos. A sua eficácia na economia e no comércio deu lugar à sua expansão por diferentes áreas.

Muitas medidas de superfície eram definidas pelo trabalho que podia ser realizado numa dada unidade de tempo, por um cavador, um ceifeiro ou um arado. Outras vezes era estabelecida a relação entre a quantidade de sementes e a área de terreno que as podia receber. Analogamente, a medida de superfície indicava o resultado da colheita expresso numa medida de capacidade.

O sistema de medidas para líquidos consistia em varetas ou barras graduadas em terracota, bronze ou cobre e até em cerâmica, usados em recipientes. Nas embarcações marítimas, o “tonel” era uma unidade de medida para líquidos, sendo frequente usada para exprimir as quantidades de vinho ou de azeite.

São muitas vezes os costumes, as variadas actividades, as funções, as técnicas, que com as suas peculiaridades ditam os meios e os modos de pesar e medir. O desenvolvimento do comércio coloca problemas de uniformidade. As unidades de pesos e medidas requerem então análogas modalidades no campo da produção, da distribuição, da emissão de moedas, dos preços, dos salários, etc. O mercado, ao assegurar em largos espaços as trocas dos bens, requer a unificação dos pesos e das medidas. Também a unicidade do poder e da supremacia do Estado estão implicados neste processo, assim como as ciências e as técnicas.

No Egipto, alguns instrumentos, só no II milénio a.n.e., se tornaram de uso corrente, pois antes só eram utilizados pelos altos funcionários régios na pesagem de bens valiosos.

No Vale do Indo, III milénio a.C., em meios urbanos, encontrava-se um elevado grau de estandardização no tamanho dos tijolos, lâminas de silex, pesos e recipientes, o que leva a deduzir que o sistema administrativo era já altamente eficiente.