ANTECEDENTES DO CAPITALISMO

ANTECEDENTES DO CAPITALISMO

Carlos Gomes

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1.2 – FORÇAS PRODUTIVAS

As forças produtivas incluem o próprio homem, na qualidade de produtor, e os meios materiais e intelectuais de que necessita para produzir. Integram o resultado duma actividade prática anterior de que se vale a sociedade para exercer a sua influência sobre a natureza e a transformar. Os conhecimentos adquiridos, a experiência e os hábitos de trabalho, permitem aos homens movimentar os instrumentos de produção e aperfeiçoá-los, inventar máquinas, dominar a energia e, simultaneamente, aperfeiçoar o seu saber. As forças produtivas são o resultado da actividade prática dos seres humanos, embora limitada pelas condições, espaciais e temporais, em que se encontram situados.

Ao aplicar as suas capacidades físicas e mentais, os conhecimentos, experiência e hábitos adquiridos ao longo dos tempos, o homem desenvolve o seu nível cultural e técnico. Estas características humanas materializam-se na criação ou aperfeiçoamento de novos meios de produção. Estes, por sua vez, forçam os homens a adaptarem-se a eles e a usá-los, a moldarem-se aos novos instrumentos e técnicas. O pensamento é um dos elementos activos das forças produtivas ao assumir as funções de conhecimento, de memorização de conduta e controlo do processo de produção. Considerar que o homem é uma força produtiva não significa rebaixá-lo ao nível duma coisa. Pelo contrário, significa reconhecer a sua capacidade de desenvolver uma actividade que o elevou a uma posição superior em relação ao reino animal e assegurou o domínio sobre a natureza.

O expoente do progresso das forças produtivas é a produtividade do trabalho social. O progresso técnico, com a criação e aperfeiçoamento de instrumentos e meios de trabalho de maior rendimento, é um factor essencial do aumento da produtividade. Os meios de produção incluem as riquezas naturais, as matérias já antes submetidas a algum trabalho, a energia, os instrumentos de trabalho, os conhecimentos científicos e as técnicas utilizadas na produção, o modo como a produção está organizada e toda a variedade de elementos necessários para produzir os bens materiais e os serviços. O pensamento e a linguagem, enquanto forma pela qual o pensamento se exprime socialmente, são elementos activos das forças produtivas. Estes meios podem distinguir-se como tangíveis ou intangíveis.

A mobilidade das forças produtivas reflecte-se intensamente nas relações económicas e sociais que se estabelecem nas diferentes épocas e nas regiões onde ocorrem. Por outro lado, as alterações nas relações de produção desencadeiam uma incessante transformação das forças produtivas, em particular dos meios de produção, que se reflecte nos diferentes ramos de actividade económica. É impossível analisar as causas do desenvolvimento das forças produtivas à margem das condições sociais em que se opera esse desenvolvimento, isto é, separadamente do sistema concreto de relações de produção. Este fenómeno é particularmente relevante nos modos de produção que se seguem ao sistema comunitário.