ANTECEDENTES DO CAPITALISMO

ANTECEDENTES DO CAPITALISMO

Carlos Gomes

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2.5 – COBRE E BRONZE

A exploração do cobre começou muito antes dos outros metais. Perante a existência de depósitos de cobre quase puro, cedo o homem se apercebeu que esta “espécie de pedra” podia ser modelada por batimento a frio e, ainda mais facilmente, quando aquecida. A extracção do cobre de minérios menos puros era obtida por meio de fusões sucessivas para remover escórias e impurezas.

Inicialmente o cobre era tratado como se fosse uma pedra, embora macia e maleável. A sua maleabilidade obrigava a remartelar os artefactos. A maleabilidade do cobre natural era aumentada pelo aquecimento, o que permitia outras formas diferentes das obtidas com a pedra tradicional. O cobre, quando submetido a uma elevada temperatura, fundido e vertido em moldes, possibilitava a obtenção de objectos maiores e de formas complexas. Estava a ser dado o primeiro passo para o que viria a ser a técnica metalúrgica.

A transformação pelo fogo só podia ser conseguida por um povo que já dispusesse de meios para obter o calor necessário à fusão dum mineral. As primeiras experiência para fundir o cobre devem ter ocorrido em fornos de oleiro, únicos capazes de dar a temperatura necessária à fusão do cobre. A tarefa inicial do fundidor consistia em reduzir o cobre à forma de lingotes ou a produzir quantidades de metal suficientes para produzir objectos pequenos, na maioria dos casos simples ornamentos. O fundidor procurava obter ligas mais ou menos naturais de cobre com arsénio ou estanho, de forma a obter tipos de metal mais resistente, ou de cobre com chumbo ou prata.

Da mistura do cobre com o estanho resultou uma liga, o bronze, muito mais dura, sólida, menos quebradiça e com ponto de fusão consideravelmente mais baixo. A descoberta do bronze marcou o verdadeiro início da metalurgia. Com as suas favoráveis características os metalurgistas não encontraram dificuldade em produzir objectos de acabamento superior.

A transformação em objectos de cobre ou bronze obrigava a uma especialização. Utilizando técnicas derivadas da produção de cerâmica, os objectos de bronze eram feitos em moldes de argila, sistema que permitiu a produção em massa. Eram produzidos objectos muito úteis para outras profissões, como: sovelas, furadores, anzóis, machados lisos, bandas para teares, facas, ferramentas, recipientes, escudos, capacetes, lâminas de punhal. As picaretas e os enxós eram metidos em punhos de madeira ou de osso. A arte do cobre era representada por objectos de adorno tais como: contas, pulseiras, alfinetes, arame enrolado para fazer anéis. Foram também produzidos vistosos caldeirões de bronze, vasos decorados e até chamariz para imitar o canto das aves e assim as atrair na caça. A produção de objectos mais aperfeiçoados implicou o aparecimento de novas técnicas, como, por exemplo, a fundição pelo método de cera perdida, a utilização de moldes desmontáveis que possibilitou a produção em série. Os utensílios de bronze continuaram a ser os principais utensílios metálicos até serem suplantados para fins práticos com o aparecimento do ferro.

A tecnologia do bronze afectou o modo de vida das sociedades humanas, que se distinguiram das restantes. O bronze tornou-se um metal de prestígio das sociedades aristocráticas e um precioso metal para o fabrico de armas. Com a produção de artefactos de bronze assistiu-se ao surgimento de centros locais de trabalho em metal.

A metalurgia do cobre aperfeiçoou-se nos séculos XV e XVI, o que permitiu, graças também ao aumento da produção de estanho, obter armamento de alta qualidade. O bronze tornou-se o metal industrial mais usado nessa época. As expressões “idade do cobre” ou “idade do bronze” basicamente destacam o conhecimento e a projecção das técnicas de metalurgia.