Artigos de Economia

Luiz Gonzaga de Sousa

 

ECONOMETRIA: ORIGENS, EVOLUÇÃO E APLICABILIDADE

Origens da econometria

Os fatos econômicos sempre existiram. O que não existiu foram os fatos formais e organizados. Coloca-se a existência desses dados, devido à sobrevivência que o homem teve que lutar. Os primitivos lutaram contra as intempéries, contra os animais ferozes e contra a dificuldade de conseguir a sua alimentação cotidiana. A partir daí, começou a busca da organização, tentando de maneira rudimentar e dentro do princípio do laissez faire encontrar o bem-estar, tanto do ponto de vista individual, como do ponto de vista social. Nesta busca pela sobrevivência surgiram os primeiros conceitos de capital, pois, o homem quando buscava vencer a tudo e a todos criava ao mesmo tempo os instrumentos necessários ao combate e à manufatura de novos instrumentos de trabalho. Foi dentro deste princípio que o capital aflorou e fez com que o processo de acumulação tomasse corpo, culminando com a concentração excessiva que hoje está aí no mundo inteiro.

Dentro deste pequeno histórico, pode-se definir economia utilizando os termos de Lionel ROBINS12 (1976), como sendo a ciência que estuda o comportamento humano como toda relação entre fins e meios escassos que tem usos alternativos. Nesta definição, encontra-se justamente, o princípio da sobrevivência, porém um pouco mais avançado do que os primórdios, tendo em vista que, o capital aqui não se encontra ainda completamente determinado e lá já existe um capital que o homem utiliza em prol a existência da economia. Na mesma linha de raciocínio, entretanto, de maneira mais moderna, Tibor SCITOVSKY13 (1971) conceitua economia como sendo, a ciência social que se ocupa da administração de recursos escassos. Esta é mais uma maneira de se entender que a economia é a produção e a distribuição dos bens e serviços gerados em uma nação, ou um país.

Mais recentemente, pode-se cr a definição de Paul A. SAMUELSON14 (1972), que diz que a economia é o estudo de como os homens decidem empregar recursos produtivos escassos, que poderiam ter aplicações alternativas, para produzir diversas mercadorias, ao longo do tempo, distribuí-las para consumo, agora e no futuro, por pessoas e grupos da sociedade. De maneira contrária, verifica-se a posição de Oscar LANGE15 (1961), quando coloca que economia política, ou economia social, é a ciência das leis sociais que regulam a produção e a distribuição dos meios materiais aptos a satisfazer as necessidades humanas. Nota-se nestes dois conceitos uma posição estática e uma dinâmica, pois, como se sabe, a economia veio para organizar os recursos existentes, a produção gerada e a distribuição, perante toda população que participou deste processo produtivo.

Com Adam SMITH (1776), no século XVIII, em seu livro "Riqueza das Nações", conseguiu-se organizar cientificamente os princípios fundamentais da economia. Isto fez com que os sistemas econômicos da atualidade procurassem sempre ser os mais racionais possíveis. A partir de então, a economia cresceu ordenada e procurando convergir para uma melhor racionalização dos recursos da sociedade de maneira tal, que qualquer crítica que surja dentro dos princípios econômicos, nada mais significa, senão um aperfeiçoamento desses princípios, como fez Karl MARX (1867) e fazem os seus seguidores da atualidade. Sabe-se que a economia dos filósofos tinha como método o apriorismo extremo e isto durou por muitos séculos passando por Adam SMITH (1776) a Karl MARX (1867). Desta forma, verifica-se que a economia era um deleite de grandes discursos apologéticos e nunca uma matéria de decisão mais objetiva e precisa de um sistema econômico.

Paralelamente com a economia caminhavam as outras ciências e nas quais as quantitativas, especificamente, a matemática e a estatística. A matemática era um poderoso instrumento para se tomar decisões mais precisas e objetivas e a estatística mostrava o poder explicativo que tinha aquele instrumento de explicar a realidade, através de seus parâmetros. Foi nesta ótica que surgiu a economia matemática que consiste em aprender por meio de representações, que caracterizam as equações, as relações que possam existir entre variáveis representativas da vida econômica. Porém, a estatística econômica estabelece qual é o grau de conformidade exigido entre as afirmações da teoria e o desenvolvimento real do processo econômico, estabelece ainda uma dinâmica que permite verificar as hipóteses estatísticas.

Foi com a utilização da economia matemática e a estatística econômica que surgiu a econometria. Antes de evidenciar a econometria, sabe-se que o método quantitativista já tinha sido usado por economistas famosos do passado, tais como, Sir William PETTY (séc. XVII), Giovanni CEVA (1711) e muitos outros. Para Robert H. STROTZ16 (1968) a econometria é o estudo da teoria econômica com relação à estatística e a matemática. STROTZ diz que a premissa essencial é que a teoria econômica leva a formação matemática, usualmente com um sistema de relações, com a qual se incluem variáveis aleatórias. Já Lawrence R. KLEIN17 (1986) coloca que a econometria é um ramo da economia na qual se estuda a medida das relações discutidas na análise econômica apriorística. Para KLEIN, a importância da econometria é a descoberta de novas relações até então insuspeitas pelas considerações puramente apriori.

Os pioneiros da econometria foram Irving FISHER (1907) e François DIVISIA (1953), porém, foi Ragnar FRISCH (1926) quem introduziu o termo econometria no mundo científico, com seu trabalho acerca de um problema de economia pura, em 1926. Diante de muitos esforços a econometria firma-se com a criação da Sociedade Internacional de Econometria, em 1930 e, em seguida, com o aparecimento do Prêmio Nobel de econometria em 1960, concedido a Ragnar FRISCH e Jan TINBERG (1953). Para criar o termo econometria Ragnar FRISCH se baseou na expressão biométrica, isto é, ciência que estuda a biologia com o emprego da estatística. A razão desses estudos foi que, quanto à medida de diversas pessoas, notou-se que uma boa parte se concentrava num local, era a média, observou-se uma curva normal, ou Gauss-Laplace e daí, a biométrica.

A econometria estuda o mundo real através de uma simplificação, isto é, cria-se um modelo, para dentro de um suporte teórico tirar conclusões sobre o mundo real. Um modelo é uma representação esquemática da economia, formada por um sistema de equações com determinado número de variáveis. O método mais apropriado para a econometria é o positivista, pois, a estruturação matemática, com a estimação dos parâmetros das equações formalizadas, pode-se tirar conclusões sobre a realidade econômica. Desta forma, as observações econômicas são geralmente extraídas do universo descrito pela teoria e daí se poder fazer previsões sobre a realidade que se quer trabalhar. Sabe-se, diante mão, que a econometria foi um grande progresso da teoria econômica e com ela a economia pode alcançar um avanço nunca visto em toda a sua existência, tendo em vista o poder de precisão e objetividade que a econometria oferece.


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