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Keynesianas
Mario Gómez Olivares

 

 

A Teoria Geral de  J. M. Keynes revisitada

 

A crítica ao mercado de trabalho neoclássico

 

Na período de preparação da Teoria Geral Keynes sometiu a teoria clássica do mercado de trabalho a uma crítica enérgica, colocando em evidência o carácter desacertado de determinado postulado.

Os argumentos clássicos sobre as forças que determinam o volume de emprego assentavam em dois postulados: primeiro, o salário é igual ao produto marginal. O salário de uma pessoa empregada é, em qualquer tipo de equilíbrio, curto ou longo, igual ao produto que seria perdido se o emprego fosse reduzido em uma unidade; segundo, em equilíbrio a utilidade do salário, quando é dado o volume de trabalho empregado, é igual a utilidade marginal desse volume empregado[1]. O primeiro postulado dá-nos a função procura de tra­balho, o segundo a oferta. Quando a oferta Ns iguala a procura Nd o emprego da teoria clássica é determinado.

O primeiro postulado significa que, dada uma técnica, existe uma correlação única entre salários reais e o volume de emprego, de modo que um incremento no emprego pode apenas resultar de uma descida da taxa de salário real. Isto não significa que para reduzir o salário real se reduz o salário monetário e que por essa via se aumente o emprego.

A teoria clássica da determinação do volume dos recursos disponíveis empregáveis não foi desenvolvida mais ela é óbvia, conseguintemente o aumento do emprego apenas é possível se a) aumenta a produtividade marginal do trabalho, b) se diminui a desutilidade do trabalho e c) se aumentam os preços dos bens não-salariais em relação aos preços dos bens salariais do que resulte um aumento da procura das pessoas não-assalariadas de bens não-salariais em relação aos bens salariais[2]. Certos tipos de desemprego são compatíveis com estes postulados o desemprego friccional, desemprego voluntário e fricccional, também o sazonal ou casual. O desemprego é voluntário devido à recusa de uma unidade de trabalho em aceitar uma recompensa inferior ao seu produto margin­al.

A explicação da teoria clássica sobre o desemprego é baseada na suposição de que uma redução do salário monetário é a mesma coisa que uma redução do salário real. Keynes nega que o salário real seja determinado pelo salário monetário, alias ambos estão determinados por outras forças[3]. O verdadeiro teste não é saber se os trabalhadores aceitam um salário monetário inferior, mas se abandonam o trabalho quando o salário monetário é inferior ao seu produto marginal, considerando que no mundo actual os salários são salários monetários. Os trabalhadores não abandonam o seu serviço quando o produto real dos seus salários é inferior,  uma redução dos salários não provoca uma descida da oferta de trabalho existindo então  desemprego involuntário.

Keynes não nega que uma diminuição dos salários reais afecte positivamente o emprego, o que afirma é que os salários reais vem determinados por outras forças e que essas forças determinam o volume de emprego apenas se os trabalhadores aceitam os concomitantes salários reais.

Como a teoria clássica assume que a recusa em aceitar um salário monetário mais baixo é a mesma coisa que a recusa em aceitar um salário real mais baixo, o trabalho como um tudo pode fazer com que os salários reais desçam, comprimindo suficientemente os salários monetários. Se não é o caso, argumenta Keynes, o volume do emprego não depende do nível dos salários monetários.

O problema é que quando os lucros e os preços caem na mesma proporção que os salários monetários, a menos que os empresários gastem mais dos seus rendimentos ou que as condições no mercado monetário façam descer a taxa de juro( se os preços caem e a taxa de juro desce, menos dinheiro é necessário para as transacções),  acontece  que o valor do dinheiro muda sem nenhum cambio no salário real. Mas se o artifício de uma queda dos salário monetários não resulta, o argumento formal de que uma queda nos salários monetários é associado com uma queda dos salários reais não se mantêm .

A luta pêlos salários monetários é realmente uma luta pela distribuição do montante total dos salários entre os assalariados. Os sindicatos opõem-se a uma descida dos salários monetários, mas não se opõem a pequenas reduções nos salários reais através de um aumento dos preços.

O argumento clássico pressupõe que os factores são remunerados em termos de uma predeterminada parte do produto total da indústria, e não como sumas de dinheiro,  a teoria clássica pressupõe uma economia cooperativa. Numa economia cooperativa existe uma tendência para uma recompensa óptima, as desviações são causa da intervenção do sindicatos o falhas nos governos. Os economistas pensam em CÞMÞC1 enquanto que os negociantes pensam MÞCÞM1:

“ Marx says when M1 tended to exceed M, the capitalist get as much purchasing power that there is not enough balance or remainder for buying the commodities. A crisis then develop, M1-M goes negative and capitalists lose heavely. There is a kernel of truth in Marx‘s Theory”[4].

Isto é como M1- M tende para ser negativo, existirá uma tendência para a deflação e o desemprego. Para a teoria clássica M1= M.

As flutuações na relação entre rendimentos obtidos através do output corrente e rendimentos gastos em consumo pode-se chamar flutuações na procura efectiva. Um maior gasto provoca um excesso de procura efectiva(inflação), um gasto menor gera um déficit de procura efectiva(deflação). Se os factores são pagos em moeda e gastam todo o seu rendimento monetário comprando o output cor­rente a economia é neutral. A essência de uma economia neutral é de que os rendimentos que resultam do output corrente são complemente gastos no output corrente. Numa economia neutral, não existe nem excesso nem déficit, pelo que os preços, o emprego e os salários reais  são estáveis.. Que a oferta cria a sua própria procura é verdade, no pressuposto de uma procura efectiva constante O problema está na flutuação da procura efectiva. Keynes emite a sentença: a despesa cria o seu próprio rendimento

A teoria clássica apenas pode admitir que as não reduções do salário real são fruto das acções combinadas dos sindicatos. Keynes rechaça que os trabalhadores possam determinar o salário real através da negociação de diferentes salários nomi­nais e por essa via mudar o salário[5], admite pelo contrário que as pessoas se mantém a trabalhar aos salários actuais

Keynes rejeita que os trabalhadores possam determinar o salário real através da negociação de diferentes salários nominais e por essa via mudar o salário real. Os assalariados como um todo não podem fazer isso porque eles decidem do seu salário nominal, e se os salários descem, descem os lucros e os preços,  deixando a salário real unafectado. Não existe nenhuma força no mercado de trabalho que faça com que os salários reais igualem a desutilidade marginal do trabalho[6].

Quando Keynes escreve posteriormente a Teoria Geral reelabora a sua crítica sem porém mudar o essencial. Continua aceitar sem grandes reparos o primeiro postulado dessa teoria: o salário deve ser igual ao produto marginal do trabalho[7]. Isto pode interpretar-se como  aceitação e aplicação da análise marshalliana de curto prazo, em que as condições técnicas e a quantidade de meios de produção não mudam e, em que o produto marginal diminui com o aumento do emprego

Mas Keynes rejeita de maneira definitiva a validade do segundo postulado, segundo o qual a utilidade do salário, quando se usa um determinado volume de trabalho, é igual à desutilidade marginal desse mesmo volume de empre­go. Segundo a teoria clássica, o trabalhador arbitra entre aceitar um salário que aumenta a sua utilidade marginal ou dedicar mais tempo ao lazer se essa utilidade é inferior ao salário recompensado, em concordância com a hipótese de agente maximiza­dor[8]. Assim somente existe desemprego voluntário.

Keynes rejeita que uma descida do salário real, pelo aumento dos preços quando os salários monetários permanecem inalterados, iria forçar uma descida da oferta de trabalho disponível ao nível de salário cor­rente, abaixo do volume de emprego anterior à subida dos preços.  O postulado clássico sobre a conduta dos trabalhadores  equivale a dizer que aqueles desejosos de trabalhar ao salário corrente se retiram do mercado se o custo de vida se eleva ligeiramente[9]. Ele sublinha que no caso de descida dos salários nem os empregados nem os desempregados diminuem a sua oferta de trabalho. O salário monetário equivalente na forma de bens de consumo não repre­senta a desutilidade do trabalho, pois os trabalhadores estariam dispostos a trabalhar por um salário mais baixo[10].

Keynes objecta fundamentalmente que os contratos e negociações entre empresários e trabalhadores determinem o nível do salário real. Os trabalhadores não estariam contra a redução do salário real, não fazem oposição à descida do seu salário real quando existe um aumento do volume total da ocupação, a menos que exista uma ameaça extrema de uma descida do salário real abaixo da desutilidade do trabalho do volume de emprego existente. Isto implica que o sindicatos resistem à descida dos salários reais, mais que podem aceita-los se isto con­tribuir para aumentar o emprego[11], alias:

“ The traditional theory maintains, in short, that the wage bargains between the entrepreneur and the workers determine the real wage; so that, assuming free competition amongst employers and no restrictive combination among workers, the latter can, if they wish, bring their real wages into conformity with the marginal disutility of the amount of employment offered by the employers at that wage”[12].

 

Este pressuposto não é consistente com a própria teoria clássica, que faz depender os preços do custo primo marginal medido em dinheiro e do facto dos salários nominais influenciarem esse custo. Se os salários monetários mudam, mudam também os preços, deixando os salários reais no mesmo nível anterior, o que os clássicos não assentem, em parte porque pressupõem que os trabalhadores fixam o nível de salário real compatível com o pleno emprego nas negociações colectivas e em parte porque acreditam que os preços são determinados pela quantidade de moeda. Seja dito que aqui Keynes esquece na Teoria Geral de dizer que os lucros devem descer juntamente com os preços, apenas assim faz sentido a sua afirmação de que quando descem os salário monetários e os preços, os salários reais se mantem inalterados. Esta falsa confusão criada por Keynes deixa inalterado o facto que uma descida do salário nominal tem efeitos sobre as expectativas do consumo e por essa via sobre a procura efectiva. Não existe um mecanismo que diminuindo os salários reais aumente a procura efectiva, pois uma diminuição dos salários reais deveria provocar uma descida da taxa de juro e incentivar o investimento. Keynes sabia da rigidez dos salários monetários, admite que uma descida da unidade salarial aliviaria os custos primos marginais, mas contesta que esse alívio levaria a taxa de juro a descer, pelo qual considera a rigidez dos salários nominais menos importante que a rigidez da taxa de juro. A primeira objecção é mais fundamental que a por Keynes chamada fundamental: os trabalhadores não abandonam o seu emprego cada vez que o salário real diminui, i.e., quando a desutilidade do trabalho é maior que o salário.

A objecção ao 2º postulado clássico, mais teórica e fundamen­tal, de que o nível dos salários está directamente determi­nado pelas negociações colectivas, obrigará Keynes  a uma explicação teórica sobre as forças que determinam esse nível:

“We shall endeavour to show that primarily it is certain other forces which determine the general level of real wages”[13].

A atenção dos trabalhadores estaria mais centrada na manutenção dos seus salários reais relativos ao salário de outras categorias profissionais. A razão é que não existe mobilidade perfeita do trabalho que faça com que os níveis de salários se igualem, o que é por si razão sufi­ciente para opor-se à descida dos salários monetários.

Keynes pretendeu sobre tudo demonstrar a existência do desemprego involuntário, que os clássicos não admitiam:

 

“ Men are involuntary unemployed if, in the event of a small rise in the price of wage-goods relatively to the money-wage, both the aggregate supply of labour willing to work for the current money wage and the aggregate demand for it at that wage would be greater than the existing volume of employment”[14].

 

Esta definição coloca em relevo que tanto a oferta agregada de trabalho como a procura agregada de trabalho aos níveis de salário corrente, estão acima do volume de emprego[15].

Para Keynes a teoria clássica representa um caso especial;  os trabalhadores se comportam de tal modo que um crescimento dos preços dos bens salários não induz uma queda do desemprego. O paradoxo está em que os trabalhadores actuariam correctamente ao abandonar transitoriamente o mercado de trabalho, contudo do abandono do trabalho resultam enormes problemas, pelo que aplicar a teoria clássica às situações de desemprego involuntário é um artifício:

“ We need to throw over the second postulate of the classical doctrine and to work out the behaviour of the system in which involuntary unemployment in strict sense is possible”[16].

 

Se o mercado de trabalho no sentido neoclássico explica apenas o desemprego voluntário numa situação de desemprego massivo e persistente, tal implicará  a adopção de outras hipóteses sobre a conduta dos indivíduos e sobretudo discutir as causas do desemprego e as forças que determinam o nível do emprego.


 

[1], J.M. Keynes , " The Parameters of a Monetary Economy", CWJMK , vol. XIII, p. 396-397.

[2] Keynes escreve em Novembro de 1934 a G.B. Shaw: " To understand  my stand of mine, however, you have to know that I believe myself to be writing a book on economic theory which largely revolutionise, -not, I suppose, at once but in the course of the next ten years- the way the world thinks about economic problems, when my new theory has been duly assimi­lated and mixed with politics and feeling and passions, I can predict what the final upshot will be in its effect on action and affairs. But there will be a great change, and, in particular, The Ricardian foundations of Marxism will be knocked away. J.M. Keynes ," To a letter to George Bernard Shaw, 1 January 1935", in CWJMK , vol. XIII, pp. 492-493.

[3] Keynes discute a posição clássica na base do livro de A. Pigou, " The Theory of Unemployment"; sobre a relação salários reais, monetários e emprego ver capítulo 10, parte II. Existe no vol. XIII das CWJMK , pp. 311-326, um epistolário sobre este livro entre Keynes, Robertson e Shove. A resposta de Pigou à crítica de Keynes encontra-se no livro de Pigou " Full Emploument and equi­librium".

[4] Idem, p. 93.

[5] A evidência da situação de 1932 nos EUA, onde proce­deu-se a reduzir os salários monetários, permite concluir que por essa via não se reduz o desemprego

[6] A evidência da  situação de 1932 nos EEUU, onde procedeu‑se a reduzir os salários  monetários, permite concluir que por essa via não  se reduz o desemprego

[7] A crítica à teoria do desemprego clássica está identificada na obra de A. C. Pigou, Ver " The Theory of Unemployment", Macmillan and Co, Limited, London, 1939. A aceitação do primeiro postulado, no sentido que se reconhece que numa situação em que os equipamentos, técnica, organização são conhecidos o salário real que recompensa uma unidade de trabalho está unicamente correlacionado com o volume de ocupação, pelo que se este aumenta, Se tal acontecer deverão os salários reais  descer de modo a permitir o aumento do emprego. O salário deve descer, medido em unidades de bens salariais, permitindo os lucros subir no curto prazo. Isto implica que o produto marginal das indústrias de bens de consumo se reduz a medida que cresce o emprego.

[8] A existência deste postulado é o que permite explicar o desemprego segundo os autores clássicos, como sendo voluntário ou friccional, excluindo  desse modo a existência do desemprego involuntário

[9] Para além de que pressupõe que os trabalhadores dispõem de meios de vida acumulados que lhes permite essa conduta ou de um sistema de segurança que lhes garanta um mesmo nível de vida no desemprego.

[10] Esta ideia de Keynes é atribuída geralmente como o reconheci­mento da chamada ilusão monetária, o que não é caso, pois como veremos Keynes atribui aos diferencias relativos dos salários reais  o motivo da conduta dos trabalhadores. A demonstração de Patinkin de que não existe ilusão monetária na abordagem de Keynes é quanto a mi convincente, ver D. Patinkin, "Keynes’ Monetary Thought: A study of its Development", Durham, New Caroline: Duke University Press, 1976, pp 98-107.

[11] Alias tem vindo a ser prática do movimento sindical actual­mente não apenas em assegurar que os salários mantenham o custo de vida como o elevem, ressalvando as condições do emprego.

[12] J.M. Keynes , " The General Theory", CWJMK , vol. VII, p. 11.

[13] Idem, p. 13.

[14] Idem, p. 15.

[15] A conservação do segundo postulado implica que existe apenas desemprego voluntário e friccional, o que é consistente com uma teoria da distribuição dos recursos em condições de ocupação plena . Se rejeita-se o segundo postulado, é necessária uma teoria dos salários, que Keynes trata no capitulo 19.

[16] Como corolário da existência do desemprego involuntário, Keynes rejeita a validez universal do principio de Say, o qual se define como o axioma das paralelas clássico, de que os custos de produção se cobrem  exac­tamente com as vendas derivadas da procura, que para um volume de produção considerado, o preço da oferta global é sempre igual ao preço da procura global. Se existe desemprego involuntário a procura será menor que a oferta, os rendimento do trabalho diminuem, o consumo diminui e nem todo acto de poupança individual favorece um acto de investimento: “Those who think in this way are deceived, nevertheless, by an optical illu­sion, which makes two essentially different activities appear to be the same. They are fallaciously supposing that there is a nexus which unites to abstain from present con­sumption with decisions to provide future consumption; where­as the motives which determine the latter are not linked in any simple way with the motives which determine the former Na segunda lição de 29 de Outubro de 1934. Keynes continua dizendo que o primeiro postulado, de que o salário real é igual ao produto marginal do trabal­ho, está correcto, porque o emprego só aumenta se diminui o  salário real, pois no curto prazo a produtividade marginal  do emprego diminui, mas que o salário real depende do volume  de emprego.

A definição é a mesma que nas lições de 1933, mas diferente da versão final. É  necessário primeiro introduzir um elemento  teórico  vital   para  compreender a teoria dos mercados de Say. Esta ideia  chave   que  encontramos em Say é a ideia  da neutralidade da moeda.  Say   pensa  que a moeda é procurada pelo desejo de adquirir   um  bem.   Escreve  "  Semelhante  ao óleo que adoça os  movimentos  de  uma   máquina complicada, derramada pelas vias da  industrial  humana,   facilitando os movimentos que não são mais produtivos se a indus­trial  cessa de emprega‑los". O conceito de moeda em Say é o  de   moeda  que facilita a circulação, moeda como meio de  circulação.   Deste  modo  a  moeda  é procurada com algum fim,  i.e.,   a  sua   procura não se processa pelo  motivo de ser a moeda um bem em  si   próprio. O que conta diz Say é a economia real, a moeda só conduz  a  obter os valores comprados aos outros o que se segue a   venda  dos  próprios  produtos. O dinheiro  representa  a transformação  transitória  de  uma  soma de valor, entre um acto  de  compra  e   venda. Não existe então nenhum motivo para procura de moeda  para  além  desse e nenhum motivo que impeça a troca, e  nenhum  motivo  para reter a moeda. Os  excedentes  de moeda ocasionam mas ofertas  desta  ou  aquela   mercadoria  que  a sua procura, depreciando o  valor  da  oferta.   Quanto  maior  seja o excedente, maior resulta  um  encorajamento   poderoso  a  fim de tirar partido dessa situação,  com  benefício   para  todo o mundo. Com este esclarecimento prévio podemos ver  a   lei de Say ou lei dos mercados. Say  escreve:  " Nos  lugares que se produz  muito,  se  cria  a   substância, a única com a qual se compra, o valor. O dinheiro não   oficia  senão como intermediário desta troca dupla;  acabadas  as   trocas encontra‑se sempre alguém que pague produtos com produtos. É preciso remarcar que um produto terminado oferece nesse instan­te um mercado aos outros produtos pelo montante do seu valor.  Em   efeito  assim  que  o produtor acaba um seu  produto,  seu  maior   desejo  e  o de vende‑lo, para que o valor desse produto  não  se   paralise  nas  suas mãos.. Também não está menos  interessado  em   desfazer‑se  do dinheiro obtido na sua procura, de modo a  que  o   valor não se paralise.. Vê-se pois, que só o facto  de  formar‑se   um produto, mesmo no instante, mediatiza‑se (débouché) em  outros   produtos".  A produção de um novo bem é criar um valor e assim  o   poder de adquirir o poder de comprar um produto de valor  equiva­lente.  A ideia base de esta chamada lei de Say é que o valor  de   todo produto se transforma em rendimento para todos os que parti­ciparam  no acto da sua produção. O dinheiro que  circula  sempre   será despendido automaticamente. Assim o valor total da  produção   será  igual ao valor total dos rendimentos distribuídos,  a  qual   provocará  despesas em bens de consumo e bens de  produção.  Dito   brevemente  todo o que é produto, será comprado por um  valor  de   compra equivalente a valor a ser distribuído. A  procura  é derivada, elemento subordinado à  oferta,  dito  de   outro modo os consumidores nunca faltam; o dinheiro  não se ente­soura  e  revêem sempre aos produtores os quais  o  utilizam  num   novo ciclo produtivo. O  problema não é a falta de dinheiro mas sim a falta  de  outros   produtos.  Se existe falta de dinheiro, diz Say, é porque  faltam  produtos  que  se transformem em dinheiro.. A riqueza  provem  do   facto  que exista mas riqueza para trocar, onde o dinheiro  adoce   os movimentos dos seres humanos. Assim a procura não tem senão  a   função de orientar a actividade na direcção dos sectores onde  se   produz  de  maneira  útil, de mais forte crescimento,  e  com  os   máximos de rendimentos. Say respondeu as críticas da época dizen­do  "  um produto que não encontra compradores não é  um  produto verdadeiro pois ele é desprovisto de utilidade". Thring define procura efectiva: "the actual  demand  realised in selling current output, the actual amount spent on it". Hopkin anota que Keynes pressupõe que a tecnologia, as  preferências  e   que os tock  de capital são dados, in T.  Rymes, "  Keynes´s   Lectures 1932‑35: Notes of a Representative Student",  MacMillan,  1988, p. 134. Idem,  p.  135. É que se a lei de Say, isto significa que não existe nenhum obstáculo para o pleno emprego[16]. O resto da história clássica também se mantém: a parcimónia privada e nacional têm vantagens sociais, a atitude tradicional relativamente á taxa de juro é correcta, as vantagens do laissez-faire em matéria de comércio livre é considerável, etc. Mas se o princípio de Say não for verdadeiro, existirá a necessidade de desenvolver devidamente a teoria do emprego e reconsiderar as doutrinas sobre a taxa de juroNa segunda lição de 29 de Outubro de 1934. Keynes continua dizendo que o primeiro postulado, de que o salário real é igual ao produto marginal do trabal­ho, está correcto, porque o emprego só aumenta se diminui o  salário real, pois no curto prazo a produtividade marginal  do emprego diminui, mas que o salário real depende do volume  de emprego.

A definição é a mesma que nas lições de 1933, mas diferente da versão final É  necessário primeiro introduzir um elemento  teórico  vital   para  compreender a teoria dos mercados de Say. Esta ideia  chave   que  encontramos em Say é a ideia  da neutralidade da moeda.  Say   pensa  que a moeda é procurada pelo desejo de adquirir   um  bem.   Escreve  "  Semelhante  ao óleo que adoça os  movimentos  de  uma   máquina complicada, derramada pelas vias da  industrial  humana,   facilitando os movimentos que não são mais produtivos se a indus­trial  cessa de emprega‑los". O conceito de moeda em Say é o  de   moeda  que facilita a circulação, moeda como meio de  circulação.   Deste  modo  a  moeda  é procurada com algum fim,  i.e.,   a  sua   procura não se processa pelo  motivo de ser a moeda um bem em  si   próprio. O que conta diz Say é a economia real, a moeda só conduz  a  obter os valores comprados aos outros o que se segue a   venda  dos  próprios  produtos. O dinheiro  representa  a transformação  transitória  de  uma  soma de valor, entre um acto  de  compra  e   venda. Não existe então nenhum motivo para procura de moeda  para  além  desse e nenhum motivo que impeça a troca, e  nenhum  motivo  para reter a moeda. Os  excedentes  de moeda ocasionam mas ofertas  desta  ou  aquela   mercadoria  que  a sua procura, depreciando o  valor  da  oferta.   Quanto  maior  seja o excedente, maior resulta  um  encorajamento   poderoso  a  fim de tirar partido dessa situação,  com  benefício   para  todo o mundo. Com este esclarecimento prévio podemos ver  a   lei de Say ou lei dos mercados. Say  escreve:  " Nos  lugares que se produz  muito,  se  cria  a   substância, a única com a qual se compra, o valor. O dinheiro não   oficia  senão como intermediário desta troca dupla;  acabadas  as   trocas encontra‑se sempre alguém que pague produtos com produtos.   É preciso remarcar que um produto terminado oferece nesse instan­te um mercado aos outros produtos pelo montante do seu valor.  Em   efeito  assim  que  o produtor acaba um seu  produto,  seu  maior   desejo  e  o de vende‑lo, para que o valor desse produto  não  se   paralise  nas  suas mãos.. Também não está menos  interessado  em   desfazer‑se  do dinheiro obtido na sua procura, de modo a  que  o   valor não se paralise.. Vê-se pois, que só o facto  de  formar‑se   um produto, mesmo no instante, mediatiza‑se (débouché) em  outros   produtos".  A produção de um novo bem é criar um valor e assim  o   poder de adquirir o poder de comprar um produto de valor  equiva­lente.  A ideia base de esta chamada lei de Say é que o valor  de   todo produto se transforma em rendimento para todos os que parti­ciparam  no acto da sua produção. O dinheiro que  circula  sempre   será despendido automaticamente. Assim o valor total da  produção   será  igual ao valor total dos rendimentos distribuídos,  a  qual   provocará  despesas em bens de consumo e bens de  produção.  Dito   brevemente  todo o que é produto, será comprado por um  valor  de   compra equivalente a valor a ser distribuído. A  procura  é derivada, elemento subordinado à  oferta,  dito  de   outro modo os consumidores nunca faltam; o dinheiro  não se ente­soura  e  revêem sempre aos produtores os quais  o  utilizam  num   novo ciclo produtivo. O  problema não é a falta de dinheiro mas sim a falta  de  outros   produtos.  Se existe falta de dinheiro, diz Say, é porque  faltam  produtos  que  se transformem em dinheiro.. A riqueza  provem  do   facto  que exista mas riqueza para trocar, onde o dinheiro  adoce   os movimentos dos seres humanos. Assim a procura não tem senão  a   função de orientar a actividade na direcção dos sectores onde  se   produz  de  maneira  útil, de mais forte crescimento,  e  com  os   máximos de rendimentos. Say respondeu as críticas da época dizen­do  "  um produto que não encontra compradores não é  um  produto   verdadeiro pois ele é desprovisto de utilidade".

Thring define procura efectiva: "the actual  demand  realised in selling current output, the actual amount spent on it". Hopkin   anota  que Keynes pressupõe que a tecnologia, as  preferências  e   que  os  tock  de capital são dados, in  T.  Rymes, "  Keynes´s   Lectures 1932‑35: Notes of a Representative Student",  MacMillan,   1988, p. 134.