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Keynes em Cambridge
1932-1935
Mario Gómez Olivares
2. As lições de Keynes em Cambridge: Da Teoria Monetária da Produção á Teoria Geral.
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4 e 11 de Novembro de 1935
Na quinta lição, em 4 de Novembro de 1935[1], Keynes começa por tratar o lado da procura, nomedamente o consumo e a propensão ao consumo. Estas notas são escarsas quando compradas com a lição do ano anterior. Das questões discutidas resulta relevante o facto de Keynes considerar maior a influência do sistema fiscal que da taxa de juro sobre a propensão ao consumo. Keynes deve ter dedicado grande parte da lição a ilustrações históricas sobre o consumo e o investimento, utilizando as estatísticas elaboradas por C. Clark e S. Kuznetz[2].
Na quinta lição, em 11 de Novembro de 1935, Keynes retoma a perpectiva mais teórica do consumo. O efeito da taxa de juro na propensão ao consumo é pequena, mas o efeito sobre a poupança é grande, através do seu efeito sobre o investimento, e numa direcção geralmente contrária àquela suposta. Pressupondo que a quantidade de moeda não muda, se a taxa de juro cai, existirá um crescimento da poupança e vice versa. Se o rendimento cai, existe a tendência a poupar mais, produto do sentido de civismo e de virtude, mas quanto maior é o civismo e a virtude mais cai o rendimento, a única exepção. In conditions of full employment, however, virtue is once more queen for the additional investment can only occur by diminishing consumption. Otherwise investment and consumption run together[3]. Mas o multiplicador têm outras deduções a fazer que diminuem a sua dimensão: os subsídios de desemprego financiados com dinheiro emprestado( desinvestimento), dissaving, os efeitos de um aumento das importações quando o investimento aumenta.
A continuação oferece a sua clássica definição de propensão marginal ao consumo: ÙCw/ÙYw = 1 ‑ 1/k. Então ÙYw =k×ÙI desde que ÙIw + ÙCw = ÙYw, chamando k o multiplicador de investimento, distinto de k o multiplicador do emprego de Kahn. Se ÙN² é o resultado de ÙIw então ÙN = k×ÙN². k Î k, a menosque as curvas de oferta das indústria de C e I sejam as mesmas. Quanto maior a propensão ao consumo (maior o multiplicador), um pequeno investimento provocará um aumento considerável no emprego[4].
Existiram sempre duas formas respeitáveis de elevar o investimento: a guerra e a indústria mineira. Poderia conseguir‑se o efeito artificial da metalurgia do ouro se o Tesouro manda‑se a encher garrafas com notas velhas e seas lançassem nas velhas minas then wed get an end to unemployent[5]. Esta sarcástica nota de Keynes interpretada de maneira ortodoxa como um chamado a financiar o investimento com a impressão de moeda, não passa de uma nota, característica de um herético, mas destinada a provocar os ouvidos pouco receptivos, imbuidos na tradição puritana das finanças sãs. A final de contas o puritanismo foi sempre contra políticas de despesas grandiosas, pelo que para escapar do puritanismo seria necessário uma nova teoria.
[1] Na realidade esta lição não está datada, pressume‑se que tenha sido realizada nessa data.
[2] Correspondem às estatísticas publicadas na Teoria Geral, Ver Keynes J.M., " The General Theory", JMKCW, vol. VII, pp.102‑104.
[3] T. Rymes, " Keyness Lectures 1932‑35: Notes of a Representative Student", MacMillan, 1988, p. 171.
[4] Keynes porém, numa ideia que não encontra equivalente na versão final terá dito: " In the existing state of public opinion, schemes for the promotion of investment may have an adverse effect upon public confidence and, of course, may have an additional adverse effect in raising rates of interest", Idem, p. 172.
[5] Idem.