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Keynes em Cambridge
1932-1935
Mario Gómez Olivares
2. As lições de Keynes em Cambridge: Da Teoria Monetária da Produção á Teoria Geral.
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28 de Outubro de 1935
Na terceira lição, em 28 de Outubro de 1935, Keynes discute as definições de Rendimento, Poupança e Investimento, re‑ introducindo de maneira clara o problema do custo de uso.
As definições utilizadas, diz Keynes, são inmateriais enquanto satisfazen as seguintes condições:
Rendimento = output corrente
Investimento corrente= a parte do output não consumida
Rendimento da comunidade = Rendimento dos factores de produção plus os rendimentos dos empresários( estes últimos difíceis de definir)
Os rendimentos dos factores iguala as somas correntes pagas pelo empresário aos seus factores de produção.
O rendimento dos empresários ( em cada período) será igual aos produtos acabados e vendidos pelo empresário, pelo valor A, menos as vendas no período de alguns produtos( matérias primas, etc), pelo valor A1, plus um certo stock de bens acabados, máquinas, equipamento, pelo valor de G:
A + G ‑ A1 ‑ F , onde F são os pagamentos aos factores de produção, as despesas correntes. Este rendimento está exagerado, se considerarmos algumas deducções pelo custo de equipamento de períodos prévios de producção. Qual deve ser, em termos monetários, essa deducção? Para Keynes existem dois princípios:
i) deduzir a perda em valor de capital que resulta da decisão voluntária do empresário de produzir. Este pode produzir A, gastar A1 e acabar com G, ou pode decidir gastar um nível óptimo prevenindo a depreciação.
Chamando G1 o valor do stock de bens de equipamento, etc., no fim do período de produção, depois do empresário ter gasto a soma óptima, B1 afim de prevenir a depreciação. O excesso de valor líquido, se os produtores não usam a sua fábrica sobre o seu valor se a tivessen utilizado, representa o seu custo de uso, U:
U = (G1‑B1) ‑ (G‑A1). U deve ser deducido como o sacrifício do valor intrínseco do período prévio. Assim:
A ‑ U ‑ F= rendimento dos empresários
A ‑ U = rendimentos da comunidade
Quando A1 é zero A ‑ U ‑ F é virtualmente o mesmo que os lucros brutos as it is the quantity the entrepreneur seeks to maximise in determining how much to produce[1]. Esta definição se adequa bem com a teoria do valor desde que os custos marginais primos sejam iguais aos custos dos factores marginais plus os custos de uso marginais. Se os empresários incrementam o seu equipamento com o seu próprio esforço, os custos de uso são negativos. Este é o caso da produção integrada.
ii) deverá ser deduzida a depreciação esperada sobre os custos de uso. Seja V igual a depreciação esperada que os lucros brutos devem cobrir antes de obter os lucros líquidos.
A ‑ U ‑ V = rendimentos líquidos. V denominan‑se os custos suplementares básicos. Keynes terá dito Over and above this the entrepreneurs may incur loss through unexpected and involuntary happening such as changes in market values and unexpected obsolescence. This windfall losses are, however, losses on capital account and therefore do not come into the picture[2]. É o rendimento bruto que interesa na determinação do emprego. V não é um factor objectivo, é um factor psicológico. O que importa para a determinação da oferta de curto prazo são os cusos de uso.
Keynes continua com as categorias poupança e investimento; define S como o excesso de rendimento sobre o consumo:
Consumo = A ‑ A1
Poupança= A ‑ U ‑ (A ‑ A1) = A1 ‑ U, e
Poupança líquida= A1 ‑ U ‑ V
O investimento:
I = A ‑ U ‑ ( A ‑ A1)
I = A1 ‑ U
O investimento é a quantidade vendida menos os custos de uso menos a parte do output acabado vendido ou consumido. A diferência entre S e I resulta de diferentes definições. As diferências resultam das diferências nas definições de rendimento ou investimento.
Destas definições resulta claro para Keynes que o seu pressuposto no Treatise de que o rendimento está em equilíbrio, e que quando S > I, o rendimento se reduz, pelo que este reduz o seu output, i.e., os empresários corrigem as expectativas no período a seguir, dadas as expectativas realizadas neste período, não considera a possibilidade de que as expectativas de curto prazo influenciem o output cor rente, no sentido de que se o rendimento esperado do empresário é inferior ao standard e portanto pode não estar em equilíbrio, este contrai o output no curto prazo, o que explica o desemprego como um equilíbrio abaixo de pleno emprego, mais o menos permamente[3].
[1] Idem, p. 166.
[2] Idem, p 167
[3] Isto implica que a noção de procura efectiva implica seja a curva de oferta de curto prazo, como a curva de procura. Que o desemprego pode resultar de uma insuficiência de oferta, significa que a oferta é uma oferta reduzida de bens, na expectativa de uma procura reduzida.