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Keynes em Cambridge 1932-1935
Mario Gómez Olivares

2.         As lições de Keynes em Cambridge: Da Teoria Monetária da Produção á Teoria Geral.

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27 de Novembro de 1933

 

A sétima lição em 27 de Novembro de 1933, Keynes dedica às determinantes da taxa de investimento e da taxa de juro. Recapitulando a lição anterior em que se estudou a propensão à poupança ou à despesa, Keynes observa que para cada estado das expectativas existe uma quantidade que cada pessoa devia  consumir. Como se considera a distribuição do rendimento real através do tempo.

Supondo que um rendimento de uma pessoa comanda o output e o emprego de n, e pressupondo que consume o output e emprego de n1, então a relação n/n1 nos dá a propensão ao consu­mo. Se o seu rendimento se incrementa de modo a comandar o output e emprego de n+n e o seu consumo em n1, então n1/n é a sua propensão marginal ao consumo.

Supondo que para um determinado estado das expectati­vas a sua propensão marginal ao consumo é medido por (1-1/K). Portanto (1-1/k)n = n1. Assim k(n-n1) = n e desde que n² = n - n1 onde n² é o incremento do emprego utilizado na produção de bens de investimento. Então:

kn² =n, onde k é o multiplicador, que expressa a relação entre a mudança no total emprego correspondente ao emprego primário resultante de um incremento no investimento. O problema de que acontece com o nível dos preços depende das funções de oferta e que não obstante n1/n dependerá do crescimento dos preços, o crescimento agregado no emprego depende de n1/n[1]. Dai a seguinte paradoxal conclusão: “ An increment in real investment cannot occur unless the public will increase its saving by more than the price changes, and they won‘t do this unless their employment is increasing. Therefore, increased employment in investment must lead to a [further] stimulus of investment[2]“. O investimento deverá crescer se a poupança também cresce, mas isto apenas é possível se o emprego aumenta, i.e., a poupança aumenta se o salário real aumenta[3].

Na relação Y = C + I, estudou-se a relação entre Y e C, sem determinar os seus montantes absolutos, o que é só possível se conhecermos o montante de I. Agora, o que determina I, a taxa de investimento. O nível de Y deverá ser tal que a propensão ao gasto por parte do público assegure que S = I. O que determina I é a questão saliente.

Supomos que o motivo a investir depende de certo modo da taxa de juro, que consideramos dada. Os motivos a produzir bens de investimentos dependem dos lucros. Se os custos variáveis são dados, I dependerá dos preços esperados dos bens de investi­mento. A pessoa que compra um bem de investimento, como um activo que empregará na produção de bens de consumo, compra um direito a um fluxo esperado de quase-rendas. Este compra uma anuidade de Q‘s. A estimação de sucessivos Q‘s dependerá de: i) da estimativa da relativa abundância ou escassez do activo no futuro, ii) da procura de serviços desse activo relativamente à procura de outras coisas, iii) do estado da procura efectiva, ou poder de compra e, iv) dos custos variáveis de produção esperados ou do valor futuro da moeda.

Dadas as séries flutuantes das anuidades, este activo será avaliado a uma taxa de juro particular. Supondo dr=£1/(1+ r)r ou o valor de £1 deferido r anos. O valor do activo é igual a:

Q1d1+ Q²d²+...+ Qrdr+ .. Que nos diz qual é o mérito do activo de capital, i.e., quando comparado com os seus custos de produção e se maior ou igual, tal bem de capital será produzido. Portanto se conhecemos o custo de produção, existem ainda duas coisas que podem alterar o investimento: i) uma alteração nas expectativas sobre as quase-rendas e, ii) uma alteração da taxa de juro.

As quasi-rendas prospectivas são uma coisa muito flutuante. No caso do capital de trabalho, observa-se Q1. Mas no caso de um bem durável, as estimativas são muito precárias. O fluxo das Q‘s é influenciado por ‘early factors‘, por causa do juro composto, as últimas Q‘s têm muito pouco influência. As avaliações são muito influenciadas pelas primeira Q‘s e geral­mente pressupõe-se que as últimas se comportam como as primeira, por isso existe uma grande flutuação no investimento[4]. No longo prazo é muito importante entender as convenções utilizadas na estimação do investimento. As pessoas, diz Keynes, não procuram realizar estimativas, pelo que será bom que os investidores tivessem um horizonte comprido, mas sobre isso é céptico: “ if a man buys a capital asset not actually to hold it for its full life and collect the Q‘s but to sell it to someone else before even perhaps one Q had materialised, then he will estimate not to much its real values but its value according to the convention of valuation. The you must estimate not what the security is intrin­sically worth, but what a prospective buyer is likely to take it to be worth according to conventions of valuation which the complex and irrational psychology of speculation induces[5]“.

O valor do activo de capital é determinado também pela taxa de juro, que tende a variar menos que os Q‘s. A teoria ortodoxa baseia-se no conceito de que o investimento é a procura e que a poupança é a oferta, sendo então I e S os determinantes da taxa de juro. Para a comunidade S e I agregados são sempre iguais, i.e., S e I se equilibram para cada taxa de juro, pelo que a analogia com o análise de oferta e procura não permite a determinação da taxa de juro. Uma mesma taxa de juro poderia induzir uma maior poupança mas desencorajar o investimento, e portanto a procura. S e I são dois nomes para a mesma coisa “the curves fall and rise together, not in opposite direction[6].


 

[1] O que é valido numa economia fechada.

[2] Idem, p. 118.

[3] Uma redução dos salários reais, pela via da redução dos salários monetários, como pretendiam os clássicos, representa uma diminuição da poupança. Um aumento da poupança, pela diminuição do consumo, afecta as expectativas sobre os lucros das empresas, porquanto a procura esperada é incerta.

[4] Bryce diz nas suas notas, Keynes would like to make people think much more over the real value of an investment, that is, To make investment more like marriage, idem, p. 119. Na Teoria Geral Keyes expressa uma ideia similar, pelo que a nota de Bryce deve ter sido dita pelo próprio Keynes, Ver Keynes J.M. , CWJMK, vol. VII, p. 160.

[5] Idem, p. 120.

[6] Idem, p. 122.