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Keynes em Cambridge 1932-1935
Mario Gómez Olivares

2.         As lições de Keynes em Cambridge: Da Teoria Monetária da Produção á Teoria Geral.

 

30 de Outubro de 1933

A terceira ‘lecture‘ de Keynes tem lugar em 30 de Outubro de 1933. Numa economia empresarial os postulados da teoria clássica não se cumprem. Considere-se um modelo simplicado de uma economia empresarial[1]. A produção está organizada através de um número de firmas, que realizam a função empresarial. Compram equipamento para utilizar durante a sua vida útil e contratam trabalho para o período de produção. O output final é vendido em dinheiro. A empresa possui o seu capital de trabalho (que inclue salários adiantados e rendas). A diferença entre capital fixo e capital de trabalho é a mesma que entre produtos acabados e não-acabados, esta dicotomia é uma questão de conveniência. O período de produção é o tempo entre a decisão de empregar trabalho e capital e a obtenção do produto final, i.e. do tempo em que o empresário recupera o seu dinheiro.

O empresários tomam duas decisões: i) alugar equipa­mento durante a sua vida útil e, ii) em intervalos frequentes tomam a decisão de empregar trabalho. Como o análise é de curto prazo, pressupõe-se o equipamento como dado, então os empresários procuram com esse equipamento maximizar os seus retornos pelo que procuram o emprego requerido. As empresas que têm lucros procuram expandir-se no longo prazo, o contrário o contrário.

Numa economia empresarial existe um factor que é independente da concorrência. Os empresários concorrem entre si a fim e atrair a máxima parte de despesa, mas no seu conjunto confrontam-se com a questão da despesa agregada. Se a despesa agregada é igual aos custos, então no seu conjunto não existe nem lucros nem perdas. Se as formas das curvas de oferta são iguais para todos, então uma mudança na composição de uma despesa agre­gada que não muda deixa o emprego na mesma (não muda). Se se supõe que a a despesa agregada é diferente dos custos agregados, então o incremento no incentivo numa direcção não é igual ao incentivo diminuído num outro. As flutuações que surgem a partir desta diferença é uma característica essencial da economia empre­sarial. Como surgem estas discrepâncias. A resposta surge a partir do conceito de entesouramento (‘hoarding‘).

Supondo que os custos no período são X1+ X‘1, onde X1 é a quantidade que os empresários têm que pagar por um capital de trabalho constante e que X‘1 é a quantidade que Têm que pagar por um aumento desse capital. Estas quantidades representam o rendi­mento do público, o qual gasta uma parte dos seus rendimentos em bens acabados. Supondo que essas despesas são X². Supondo H como a parte entesourada desses rendimentos( incremento de caixa). As compras e vendas de ‘securities‘ se cancelam se estes emprestam dinheiro as empresas, L, ou podem comprar outros activos das firmas(para além do output corrente), ou podem comprar com o seu dinheiro ‘securities‘ ou pagar empréstimos aos bancos, que irá diminuir o volume de dinheiro representado nocionalmente por M1, então:

X1+ X‘1 = X²+ H+ L- M1

Numa economia neutral X1 e X² são iguais, i.e., os bens são vendidos pelo seu custo, o que é o caso se:

1+ M1 = H+ L, onde H + L são empréstimos do público e a poupança e, X‘1+ M1 são os empréstimos dos bancos e o incremento do capital de trabalho. Se X‘1+ M1 não é igual a H + L, então X1 e X² não podem ser iguais  e a condição da economia neutral não se sustém.

Não existe razão para esperar que X‘1+ M1= H + L e portanto X1 = X², o que se pode dizer que o problema está no entesouramento. Como fazer com que H + L = X‘1+ M1 seja estabele­cido numa situação neutral. Com um aumento da despesa, G, do governo, para além dos empréstimos e sem que seja a expensas da despesa privada, ou imprimindo moeda, isto é,  H + L = X‘1+ M1+ G[2]. Desse modo altera-se a propensão à despesa do público de modo que X² muda, porque muda a taxa de juro ou o rendimento do público é redistribuido de modo a alterar a despesa. Uma modo poderia ser impedindo o público de gastar o dinheiro a menos que seja gasto em X².

Keynes observa, finalizando a lição, que quando existe pleno emprego, a oferta de trabalho “enters in the story. When there are unemployed the money [wage] bargains don‘t settle the level of real rates or the volume the of employment. This is only common sense-it must take a real thing to move real wages. Be­cause there is a correlation between real wages and employment, we mustn‘t assume there is a causal connection between them. If workers could persuaded to save more we would find both higher wages and unemployment[3]“.


 

[1] Compare-se com o `draft` do capítulo 3  "The caracteristics of an Entrepeneur Economy", correspondente ao esquema de 1933 do volume XIII, p. 421, in Keynes J.M. , CWJMK, vol. XIX, pp. 87-100.

[2]É curioso que R. Kahn dá tres versões diferentes destas equações, ver Keynes J.M. , " From R.F.Kahn, 20 March 1934", CWJMK, vol. XIX, pp. 120-121.

[3]T. Rymes,  " Keynes`s Lectures 1932-35: Notes of a Represen­tative Student", MacMillan, 1988, p. 100.