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Keynes em Cambridge 1932-1935
Mario Gómez Olivares

2.         As lições de Keynes em Cambridge: Da Teoria Monetária da Produção á Teoria Geral.

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28 de Novembro de 1932
 

A oitava e última lição do ano 1932, Keynes dedica a uma ‘Historical Retrospect‘‘. A ideia central é que a teoria ortodoxa do equilíbrio pressupõe que existem forças naturais que asseguram o volume do output da comunidade. Esta teoria sempre se concentrou na importância da poupança, como o meio de fazer com que a comunidade enriqueça, o que não é evidente a menos que a poupança conduza a um incremento do investimento. Como Keynes pensa de que isto não é assim, procura argumentos na história.

Em primeiro lugar, existia antigamente a convicção de que a taxa de juro deveria ser controlada e que uma taxa de juro alta era injuriosa. A igreja era contra a usura. Existiram esforços para controlar a taxa de juro por lei. Adam Smith pensa­va que a poupança não sempre encontra o seu caminho no investi­mento e de que, se a taxa de juro fosse muito alta, o investimento não se realizaria e de que o dinheiro iria para consumo improdu­tivo.

Em segundo lugar, os pontos de vista do proteccionismo e do mercantilismo eram os de assegurar uma balança de comércio favorável, o que é uma forma de investimento. Ao contrário, os partidários do livre comércio presumiam que todos os factores de produção estavam plenamente ocupados. No caso de existir moeda metálica, o único meio de obter mais ouro é abrir a economia. Supondo uma preferência pela liquidez maior, o único meio de alterar a taxa de juro é por lei; um outro meio é através de medidas mercantilistas; o terceiro meio é por depreciação da moeda.

Em terceiro lugar, a despesa é boa para os negócios. Existe uma nota sobre vícios privados, virtudes públicas com referência a fábula das abelhas de Bernard de Mandeville[1].

Em quarto lugar, como A. Smith refere que o trabalho é o valor standard, o nível dos salários determina os preços, e que a explicação dos preços se encontra na procura efectiva. Malthus argumentava a favor do aumento do rendimento quando havia abundância de mao de obra e  pelo contrário sublinhva a necessi­dade de proceder a sua contracção quando esta era escarsa, a fim de manter o standard trabalho. Keynes teria dito “For hundred years this primitive common sense destroyed by Ricardo, has lived only in uneducated circles. The belief of economist that one might do the opposite was based on the conviction that output and employment tended to the optimum and is the basis of the belief that economist are generally wrong[2]. Keynes conclui as suas lições de outono de 1932 com uma observação no sentido de que os negócios são um ‘Monte Carlo gamble‘, “it is a roulette wheel with a zero-that is, only the house is the net winer[3]“.

Nas notas citadas ‘Historical Retrospect‘, Keynes refere-se aos tres primeiros pontos como políticas baseadas em crenças populares destinadas a incrementar I-S, no sentido de um output óptimo. 1) Políticas mercantilistas tendendo a incrementar o investimento estrangeiro através de melhorias na balança comer­cial; 2) leis anti-usuras e políticas de dinheiro barato tendendo a incrementar o investimento doméstico e descer a taxa de juro; políticas que aumentem a despesa como boas para os negócios diminuindo o excesso de S sobre I. A ideia é de que cuidando do investimento, a poupança e output se cuidarão por si próprias.

Estas lições permitem ver que Keynes se movia na direcção de um modelo teórico em que os câmbios no output depen­dem das mudanças nas relações entre despesa e rendimento, sendo despesa igual ao investimento mais os gastos em consumo( os lucros são um resíduo). Até aqui não se vislumbra nenhuma relação com o multiplicador, sendo claro, porém, que os blocos que constituem o conjunto de teorias começam a ser delineados na forma de parâmetros, com grande relevo para a preferência pela liquidez e as expectativas sobre os lucros. A preferência pela liquidez distingue-se da ‘bearishness‘, na medida em que esta última mistu­ra activos e dívidas contra moeda enquanto que a primeira concen­tra-se em dívidas contra dinheiro. O modelo contém uma determinação dos valores dos activos (lucros de curto prazo) através do fluxo das quase-rendas e da taxa de juro, com uma referência a determinação desta pela preferência pela liquidez. O volume de investimento aparece como uma função das expectativas sobre as quase-rendas prospectivas, da taxa de juro e o custo de produção dos bens de capital, todos os elementos que compõem a sua teoria da eficiência marginal, da qual nada se refere, assim como da procura efectiva, para além da referência a A. Smith na última lição. Neste sistema, conclue Keynes não existe uma tendência de longo prazo ao pleno emprego, como supõe a teoria da economia neutral.


 

[1] Keynes irá a referir extensamente esta fábula na Teoria Geral, Ver Keynes J.M., CWJMK , vol. VII, pp. 359-362.

[2] T. Rymes,  " Keynes`s Lectures 1932-35: Notes of a Represen­tative Student", MacMillan, 1988, p. 81.

[3] Idem, p. 84.