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Keynes em Cambridge 1932-1935
Mario Gómez Olivares

2.         As lições de Keynes em Cambridge: Da Teoria Monetária da Produção á Teoria Geral.

 

10 de Outubro de 1932

O tema da primeira lição de 10 de Outubro é sobre as características de uma economia monetária, distinguindo entre uma economia monetária e uma economia de troca. Numa economia monetária a moeda afecta os motivos e as decisões de modo que a política monetária é no curto e no longo prazo essencialmente de prognóstico[1]. A economia marshalliana é uma economia de troca real ou de moeda neutral, pois esta vincula as transacções reais, e as mudanças monetária são canceladas no efeito final. A economia de Pigou é uma economia onde a curva de oferta de trabalho é inde­pendente das mudanças no valor da moeda, a economia neutral de Pigou é uma economia de salários reais. Keynes afirma, nos vive­mos numa economia monetária, onde a rigidez dos salários é um exemplo disso[2]. A introdução da moeda leva a conclusões difer­entes relativamente ao longo prazo. O optimismo da teoria tradi­cional baseia-se na abstracção de ser uma teoria de moeda neutral que se preocupa com questões como a afectação óptima dos recur­sos. Os problemas surgem justamente  porque a economia não se comporta como numa economia neutral. A neutralidade requere que a quantidade de moeda permaneça constante, e são as mudanças na quantidade de moeda que estão na origem dos problemas.

Keynes passa para o problema das determinantes do preço de oferta de curto prazo dos factores de produção com recompensa variável. Se uma máquina tem excesso de oferta o preço cairá até o ponto da depreciação extra que envolve a sua utilização, mas quando considerarmos o preço de oferta do trabal­ho não se pode fazer a mesma hipótese, existe uma desutilidade do trabalho extra à depreciação; o trabalhador tem que manter-se capaz, mesmo se não está a trabalhar, e este não trabalhará até que o excesso de salário cobra a sua desutilidade. Se o trabalho fosse como uma máquina, os custos primos de um bem seriam muito baixos nas suas flutuações de curto prazo, i.e., não existiriam limites para baixos salários. Isto permiti­ria, relativamente, grandes mudanças nas taxas de salários monetários para pequenas mudanças na procura e no output e, portanto, não existiria desemprego.

A conclusão de que nas economias modernas, uma redução dos salários reais elimiraria o desemprego é devido a ignorância de uma economia monetária. Pigou discute o desemprego como resul­tado de uma variação na direcção da procura ou de mudanças na oferta, enquanto que Keynes considera variações na quantidade total da procura, insuficiência na despesa ( S > I) ou reduções na quantidade total de procura monetária.


 

[1] A propósito do significado dos termos curto e longo prazo, Keynes escreve o seguinte: "Never in the annals of the modern world has there existed so prolonged and so rich opportunity for the business man, the speculator and the profiteer. I  these golden years modern capitalism was born. There are also another generalisation which, in passing, we may note-one relating to the length of the economists` `short period'. A short period, it would seem, thinks nothing of living longer than a man. A `short period`is quite long enough to include(and perhaps to contrive) the rise and the fall of the greatness of a nation", CWJMK , Vol. VI, p.141. Keynes cita na mesma página Smith; este escreve " Ninety years is time sufficient to reduce any commodity, of which there is no monopoly, to its natural price".

[2] Keynes exemplifica dizendo que um boom em Wall Street não acrescenta riqueza, mas numa economia monetária está associada a um aumento na procura de automóveis, ver  T. Rymes,  " Keynes`s Lectures 1932-35: Notes of a Representative Student", MacMillan, 1988, p. 48, nota 4. O mesmo pode-se ler em " A monetary theory of Production", in Keynes J.M. , CWJMK , vol. XIII, pp. 408-411. Este breve apontamento de Keynes é apresentado numa conferência em honra de Arthur Spiethof. Ver a nota de D.Moggridge na mesma página, no sentido de que a teoria monetária da producção é um paso importante na transição do `Treatise` a Teoria Geral.