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Keynes em Cambridge 1932-1935
Mario Gómez Olivares

Introdução

 

Pertence a H. Johnson a famosa frase de que Keynes foi um oportunista e um operador, cujo brilhantismo como um téorico aplicado apenas significa que: “ the theory was applied when it was useful in supporting a proposal that migh win current politi­cal acceptance, and dropped along with that proposal when the inmediate purpose ahd been served ot had failed..” Where five economist are gathered together there will be six conflicting opinions and two of them will be held by Keynes” [1].

Esta ideia é não muito diferente da expressa muito antes por Schumpeter [2]. Contrariamente à opinião de autores como Schumpeter ou H. Johnson, e servindo-me da ideia de Lakatos de que as teorias tem o seu núcleo duro e um anél protector de hipóteses auxiliares e, porque o próprio Keynes reconhece numa  carta a M. Norman estar na procura de ‘ver­dades‘ que arrumassem definitivamente os problemas do capitalis­mo, a mudança de ideias não é oportunismo, pelo contrario refletem a evolução da teoria e do seu entorno.

Para isso, discutimos e comentamos neste libro as discussões de J.M. Keynes com Hawtrey, Robertson e o Círculo de Cambridge sobre os problemas da acumulação e a determinação do rendimento, é o inicio dos anos da high theory na expressão de Schakle, este constitui o ponto de partida para a nova teoria, que apresentamos através do processo de formulação dos vários ‘drafts‘ da Teoria Geral, em simultâneamente com a correspondência com vários colabora­dores e críticos da Teoria Geral [3], os varios artigos escritos durante este periodo. Enquanto que no período de culminação do ‘Treatise‘, Keynes desplegou uma enorme actividade política e de persuasão, pode apontar-se para o período da Teoria Geral apenas um signifi­cativo panfleto sobre política económica “ The Means to Prosperi­ty”. O ‘Treatise é uma obra de teoria e política enquanto que a Teoria Geral é um livro sobre teoria onde se incrustam apreciações sobre política.  O problema surge quando as ideias sobre o mundo contrariam a teoria comummente aceite, mantendo-se a teoria, pelo que, na minha opinião, o oportunismo não é teórico, nem político, é intectual [4].

Esta reconstrução histórica lógica do processo de revisão da formulação da teoria geral é um processo que é realizado em termos metodológicos internalistas, de acordo ao conceito de Lakatos ( 1971), as referencias históricas se encontram nas notas de roda pé. No  ‘Treatise on Money‘, o desenvolvimento teórico é expressado nas conhecidas equações fundamentais é influenciado permanentemente pelas novas considerações sobre a política económica dos anos 30. A Teoria Geral segue linhas aparentemente mais dedutivas, ou dito de outro modo, a Teoria Geral é um processo de descoberta intelectual enquanto que o ‘Treatise‘ era  o resultado da invenção política necessária [5].

Keynes demonstra neste processo uma capacidade de aprender com os outros, nomeadamente com Hawtrey,  Kahn, Robinson e Sraffa [6].  Era preciso acabar com o oportunismo de políticas sem suporte na teoria, daí o regresso à investigação teórica de base. Como escreve P.Clark:: “ The charge of intellectual inconsistency, as has been seen, is often misconceived, arising from a confusion of theory with policy, ideal solutions with second-best remedies, and rational strategies with Keynes‘s own preferences” [7].

Sem es­quecer que Keynes, o cidadão britânico, pensando nos problemas do seu pais olhava para o mundo em depressão e voltava a  observar instrospec­tivamente o império em decadência.


 

[1] H. Johnson, " Keynes and Brithish economics", in  Milo Keynes, Essays on John Maynard Keynes, Cambridge University Press, 1975, p. 115. Ver também N. Kaldor, " Keynes as an Economic Adviser", pp. 2-27, in A.P. Thirlwall, Keynes as a Policy Adviser, The MacMil­lan Press, 1982.

[2] Veja-se novamente  J. Schumpeter, 1946, Keynes el Economista, in S.Harris, La Nueva Ciencia Económica, Revista de Occidente, Madrid, 1955, capítulo II, pp. 57-85.

[3] A revolução teórica culmina com a publicação da Teoria Geral em 1936. Entre a data de publicação e exposição à crítica do `Treatise` no período 1930-1931, Keynes foi alterando sucessi­vamente as suas ideias, para isso contribuíram decisivamente as discussões no comité Macmillan e no comité dos conselheiros económicos, porém, mais decisivo foi a sua discussão com Hawtrey, Robertson e com o Círculo de Cambridge composto pelos seus alunos e colaboradores R.Kahn, A.Robinson e J.Robinson, Sraffa, Meade. Destas discussões e processo crítico advem o estímulo e colaboração no processo de criação da Teoria Geral. Ver a este propósito Keynes J.M. , CWJMK , vol. XIII e XIX, assim como D. Patinkin, "Keynes'Monetary Thought: A study of its Development", Durham, New Caroline:Duke University Press, 1976; D. Patinkin, Anticipation of General Theory, Basil Blackwell, Oxford, 1982; R. Khan, "The Making of Keynes`s General Theory", Cambridge, 1984; Peter Clarke, " The Keynesian Revolution in the Making 1924-1936", Claredon Press, Oxford, 1988; Luis Angel Rojo, " Keynes, su tiempo y el nuestro, Alianza Editorial, 1984.

[4] Sobre esta cambiante posição de Keynes dá testimónio F. Hayek, quem escreveu dois artígos sobre o `Treatise` na revista Economi­ca: "Great was my disappointment when all this effort seemed wasted because after the appearance of the second part of my article he told me that he had in the mean time changed his mind and no longer believed what had said in that work", in F. Hayek, " A tiger by the Tail", Institute of Economic Affairs, 1972, p. 100.

 [5] Enquanto que no período de culminação do `Treatise`, Keynes desplegou uma enorme actividade política e de persuasão, pode apontar-se para o período da Teoria Geral apenas um signifi­cativo panfleto sobre política económica " The Means to Prosperi­ty". O `Treatise é uma obra de teoria e política enquanto que a Teoria Geral é um livro sobre teoria onde se incrustam apreciações sobre política.

[6] Pelas referências cruzadas deve ter havido uma discussão com A. Pigou, da qual não existem registos, nem Pigou publicou algum artigo académico crítico, embora existam umas cartas de Keynes a responder a essas críticas. Por uma carta fica claro que se estava a discutir o problema das equações fundamentais e a sua relação com a equação quantitativa, nomeadamente o problema da relação causa-efeito da velocidade de circulação da moeda e em que mediava as equações dos preços de Keynes permitiam explicar variações no nível dos preços que a equação de `Cambridge não conseguia. Ver Keynes J.M. , " To  A.C. Pigou, 11 May 1931", CWJMK , vol. XIII, pp. 215-216, também " To  A. C.Pigou, 15 May 1931", Idem, p. 219-220.

[7] Peter Clarke, " The Keynesian Revolution in the Making 1924-1936", Claredon Press, Oxford, 1988, p. 232.