Este texto forma parte del libro
Memorias de Economia
de Luis Gonzaga da Sousa
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A POPULAÇÃO E ROBERT MALTHUS

 

 

 

O mundo foi formado e com este surgimento, as pessoas foram habitando no planeta em locais diversos, usando os recursos existentes e a melhor forma de sobrevivência. Com isto se tinha um sistema de vida livre com colheita em qualquer lugar, onde se tinha necessidade tanto de comer para alimentar-se como para sanar as dificuldades de seus irmãos. Assim sendo, a população foi crescendo, as facilidades escasseando e as necessidades aumentando, tendo em vista que a população crescia e precisava de sobrevivência para todos os habitantes. É com este prisma que as preocupações com a questão populacional aumentavam e tomavam conta dos estudiosos sobre o assunto que já tomava proporções imprevisíveis pelas autoridades que lideravam a toda esta gente.

Desta forma, um dos clássicos que lutaram para enfocar o problema populacional, com maior detalhe, dando uma visão social e econômica bem ativa, foi MALTHUS[1] (1798). Todavia, Malthus, que na pia batismal foi chamado de Thomas Robert MALTHUS, que nasceu em 1766. Seu pai era um cavalheiro rural. Como sempre acontecia com a maioria dos povos, Malthus recebeu uma educação primária e secundária privada, para em seguida, ingressar na universidade. Na escola superior, Malthus foi um aluno brilhante, participativo e procurando sempre sobressair com a sua maneira científica de encarar os problemas que a sociedade enfrentava naquela época e que duram até os dias atuais.

Nos seus estudos preliminares, Malthus sempre procurou mostrar seu interesse pelos problemas de seu tempo e isto continuou nos níveis maiores dos cursos que freqüentou. Malthus era um homem muito prático, procurando sempre obter e entender todos os fatos que lhe cercavam, com incursões sérias na vida científica em busca de respostas às suas indagações. Em 1797, Malthus ordenou-se no sacerdócio, isto é, foi Padre para concretizar os desejos de seus pais, pois era o objetivo número um das famílias da época. Em 1796 foi pároco de uma determinada cidade da sua região; mas, o que lhe atraia mesmo era a Economia Política. Em 1805 foi nomeado professor de História e Economia Política em Haileybury College, cargo que desempenhou com eficiência até ao morrer em 1834.

Escreveu um livro que se tornou um clássico da literatura da economia e da população que se intitulava: Ensayo sobre el Principio de la Población, onde mostrava os problemas e algumas soluções ao crescimento de maneira desordenada da população. O seu livro teve sua primeira edição publicada em 1798, com o autor desconhecido, como era comum na época, sendo bem sucedido, ganhando fama e prestígio. Malthus (1798), com o sucesso que lhe chegou, procurou aprimorar seus conhecimentos no campo que estava submetido e quanto às críticas formuladas ao seu livro, sempre estudava para melhores previsões, que conjuntamente com novos fatos que surgissem, poder publicar mais artigos sobre os problemas populacionais e assim o fez com sapiência.

Quanto à segunda edição, ela veio em 1803, depois de cinco anos de novos estudos e viagens pelo exterior, e assim ter uma edição mais extensa do que a primeira. Nesta edição, Malthus modificou alguns pontos críticos, considerando suas pesquisas, mais especificamente no campo da teoria da população, citando como exemplos os países por onde passou, quando procurava entender a questão populacional. Durante o tempo em que viveu, Malthus publicou com sua própria revisão, mais seis edições. nenhuma procurando divergir muito, da segunda edição, que foi a mais completa obra do autor. A sexta edição, a última que ele revisou, surgiu em 1826 e a sétima e última veio a surgir depois de sua morte.

Ainda que Malthus fosse um pensador autêntico, não era original; pois, importantes aspectos de suas opiniões já eram vistas nas obras de Giovanni BOTERO, William PETTY, Richard PRICE e muitos outros pensadores da época. Entre todos os seus antecedentes e influentes em sua obra, pode-se citar o Dr. Robert WALLACE. Este, em 1761 examinou a questão de produtores como panacéia para resolver os problemas humanos e, muito ao seu pensar, havia descoberto uma objeção fatal, a saber, que como conseqüência, havia uma população excessiva, porque um homem tende a casar-se e multiplicar-se até que apenas tenha um nível de subsistência.

Escritores como Berjamim FRANKLIN, Mathew CAREY, James MADISON e Thamas JEFFERSON mantinham nos Estados Unidos a idéia de que a população tende a crescer até ultrapassar o meio subsistencial. Porém, em condições favoráveis a população humana se duplica cada 20 ou 25 anos e, que; portanto, o excesso de população e os salários baixos exercem uma pressão inevitável e eficaz para que a migração tenda a diminuir. Todas essas idéias desempenham um papel central na teoria malthusiana de todas as épocas. Malthus foi o ponto de partida científica para todos os trabalhos sobre a questão da população; por isso, é considerado o pai da teoria da população, devido às bases firmes que trabalhou preocupado com a miséria humana como colorário.

A essência da teoria da população era que os conglomerados humanos tinham uma tendência a multiplicar-se mais que a produção interna de alimentação de uma nação; porém, em economia, a sua contribuição seria que a tendência da população a aumentar com os meios de subsistência significaria que, aperfeiçoando a exploração da agricultura, haveria mais gente para comprar uma produção maior e, por conseguinte, os preços se manteriam proporcionais aos salários. Caso contrário, o nível de miséria para estes povos seria fatal, surgindo, entretanto, os mendigos, os pedintes e as formações de favelas que iriam sobreviver em condições subhumanas com o objetivo da manutenção do capitalismo monopolista.

Ao diminuírem os rendimentos, por haver mais cultivadores por hectare e ao usarem-se terras menos produtivas, os custos dos alimentos tenderiam a subir mais rapidamente que os salários, assim tenderiam a subir também como tendência às rendas dos arrendamentos (leasing). Assim, o crescimento da população impediria que as melhoras introduzidas na exploração conduzissem a um aumento proporcional ao nível de vida. Inegavelmente, as contribuições de Malthus foram importantes, tanto no âmbito social, como no econômico. Além do mais, contribuiu também para outras ciências como a biologia e no contexto social, a sociologia e outras de suma importância para a humanidade.

A atitude populacionista tinha como adeptos grandes filósofos, tais como: Child, Petty, Barbon e Davenant. A filosofia desses seguidores dizia que o governo deve incentivar a população sob controle e que população numerosa e em crescimento, era o mais importante sintoma de riqueza; era a própria riqueza, o predicado mais alto que uma nação poderia possuir. Ao aparecer o livro de Malthus (1798), logo surgiu aquele que apoiava e aquele que criticava ferozmente a posição desse autor, quanto a sua colocação. Malthus, antes de tudo, era um antipopulacionista, colocando-se numa posição difícil diante do povo de sua época, recebendo diversos tipos de diferentes apelidos agravantes a sua moral.

Quanto às críticas que foram imputadas a Malthus, verifica-se em primeiro lugar que, ainda que o Ensayo representa em suas últimas edições, um livro de grande extensão, a exposição teórica do sistema malthusiano, só ocupa os dois primeiros capítulos, ou seja, menos de 3% de sua obra total, tal posição foi colocada por GONNARD (1941). Uma segunda critica foi feita por BONAR (1893), quando diz: o ensayo era original, não no sentido de algo criado do nada, senão em igual sentido como La Riqueza de las Naciones, de Adam SMITH (1776). Isto quer dizer que alguém já havia se inspirado nestes assuntos, embora não houvesse a divulgação necessária, como houve para esses que conseguiram uma posição, como verdadeiros donos da idéia de seus trabalhos.

Muitos e muitos críticos surgiram e procuraram mostrar a deficiência, melhor dizendo, a fraqueza em seus escritos; pois, não houve uma distinção clara entre as proposições da teoria pura e as de referências empíricas, bem como, não se lançou, em nenhum momento, proposições dedutivas não apoiadas em suficientes análises lógicas, senão que às vezes, deu por suposto que as proposições definiam a própria natureza. O problema populacional é criticável até nos tempos modernos, devido às muitas variáveis estarem sem definição, assim como problemas de ordem política estão sempre à frente de tudo que diz respeito à população mundial. A questão populacional é tomada na atualidade como de planejamento familiar, tendo os cuidados necessários quanto à conscientização do povo procriador para não interpretar esse fato pelo lado errado da realidade e daí os objetivos serem desvirtuados.

Em síntese, a preocupação com a questão populacional deve continuar, porque o crescimento da população mundial, direciona a que MARX denominou com muita propriedade de exército industrial de reservas; isto é, um estoque de trabalhadores que estaria à disposição dos capitalistas a preços a baixo de mercado. Com o desemprego, tem-se o aumento da prostituição, dos roubos e dos furtos e de todas as anomalias que maltratam a sociedade que exerce suas atividades dentro das normas do direito e da moralidade. Entretanto, devem as autoridades procurar políticas que absorvam esta mão-de-obra que precisa de sua sobrevivência, tendo em vista que o mundo é para todos sem distinção de raça e cor. Por isso, a população deve ser bem estudada e interpretada, para que haja um progresso conjunto entre população, produção e natureza de maneira interligada, cujo objetivo é a evolução da humanidade.

 


 

[1] MALTHUS, Robert. Ensayo sobre el Principio de la Población. Fundo de Cultura, 1798.