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Este texto forma parte del libro
Memorias de Economia
de Luis Gonzaga da Sousa
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A CRISE POPULACIONAL

 

 

 

Os estudiosos de todos os tempos têm se dedicado ao problema dos conglomerados de seres humanos e seus reflexos na economia, sociologia e política, desenvolvidos por estas comunidades. Sabe-se que as populações vivem de acordo com as condições daquele ambiente em termos de alimentação, vestimentas, habitação e muitos outros elementos que a comunidade precisa. Pois, isto conduziu a preocupações incomensuráveis por pessoas que sentiam que, se as coisas continuassem do jeito como estavam, os problemas iriam causar dificuldades bem mais catastróficas do que pensavam. Estas questões têm deixado as autoridades ligadas aos problemas populacionais, numa situação de grande perplexidade e constante vigilância quanto à população urbana e/ou rural, numa ligação direta com a produção de alimentos para esta população que cresce descontroladamente.

Assim sendo, o crescimento populacional desordenado, desde época remota, já era uma preocupação dos seus dirigentes, no caso de países ou conglomerados de pessoas. Os mais primitivos povos da crosta terrestre sentiam os problemas que causariam a superpopulação, devido à produção deficiente ou que tornasse insuficiente com a crescente chegada de novos habitantes em forma de nascimentos. Pois, como menciona Malthus (1798), em seu livro Ensayo sobre el Principio de la Población, Aristóteles e Platão também haviam pensado neste problema, porque, talvez sentissem a sua intromissão intelectual no povo que os rodeava. Como por exemplo, pode-se citar a miséria, a questão da habitação, o problema da saúde e muitos outros fatores que levassem os pais de família ou administradores de região, ou nação a refletirem sobre esse tipo de questão que abate a alma de cada pessoa.

A delimitação de um tamanho ótimo de população constitui uma das questões dos cientistas que trabalham neste campo, bem como dos governantes das nações superpovoadas, visto que um estudo pormenorizado de todas as regiões terá que ser levado em conta, porque muitas variáveis estão em jogo com seus mínimos detalhes.

O mundo tem passado por várias fases de super povoamento, sendo combatidas de muitas maneiras inadequadas e impróprias, como se pode observar na história, o caso das tribos primitivas, com a prática de infanticídios, ou mesmo o aborto. Já no século atual, tem-se o caso da china que tentou conter a sua população pela prática da castração do chefe da família que ultrapassasse um certo limite de rebentos; pois, esta nação é a mais populosa do mundo e é lá onde estão as maiores misérias populacionais do mundo moderno.

Ao voltar um pouco para a cronologia histórica podem-se constatar as guerras que exerciam grande controle da população, com grandes estragos ao ser humano de maneira cruel e fria. As guerras não são instrumentos do passado para conter a população, perduram até hoje e creia-se que permanecerão na mente do homem até tempos imemoráveis da humanidade. São maneiras desaconselháveis; mas, incontestavelmente exercem um grande controle sobre o crescimento da população que cresce desajustadamente sem rumo.

Diante esta penúria que passou e passa o povo de todas as épocas, surgiram estudiosos que dedicaram longo tempo de trabalho, detalhando o problema dos vários ângulos possíveis e discutindo-o para que o mesmo tivesse, talvez não uma extensão; mas, houvesse um freio nos nascimentos para que a miséria e todos os males que maltratam a população fossem reduzidos e, na medida do possível, exterminados do meio da comunidade terrestre. Foi aí onde nasceu a teoria de Malthus com sua intensa preocupação em educar o povo a ter um planejamento familiar e ter um nível favorável de subsistência. Com o surgimento dessa teoria, seguiram, nas diversas partes do mundo, grandes debatedores do assunto, como foi o caso de Child, Petty, Bordon, Davenant e muitos outros que até nos tempos modernos são conhecidos como populacionistas de bastante envergadura.

O grande crescimento populacional que começara a ser estudado, estava fazendo eclodir uma série de problemas difíceis de solução, pelo menos no curto e médio prazos, porque era a fome e a miséria que estavam crescendo dia a dia pela proliferação dos rebentos que chegavam e muito cedo se casavam. Como bem menciona MALTHUS (1798)[1]; pois,

a população está em função do nível de subsistência e sem pelo menos esse meio de vida; maiores calamidades virão abalar o mundo do futuro, se bem que se constata esse modelo nos dias atuais.

Sem dúvida, os anos se passaram esse diferencial continuou a existir; não houve esse aumento exagerado da pobreza preconizada por Malthus; porém, devido ao tempo o mundo já deveria ter acabado; no entanto, foram criando outras oportunidades de sobrevivência e a população ainda sobrevive.

No século de hoje (XX), a explosão demográfica se deu no pós-guerra, sendo que para os países subdesenvolvidos, esse crescimento foi três vezes maior que os países industrializados, capitalistas e socialistas, visto que estes países procuraram os mais variados artifícios para conter o crescimento populacional ou pelo menos, deixá-los estacionados. Os artifícios usados são para os países desenvolvidos, no sentido de diminuir a natalidade e manter o crescimento da população moderado; pois, a causa desse crescimento, nos países subdesenvolvidos decorreu de uma queda no nível de mortalidade, mantendo-se constante o nível de natalidade e isto se ver no crescimento de 3% ao ano, enquanto os desenvolvidos só cresceram a uma taxa de 1% ao ano.

Para manter caindo o nível de mortalidade no pós-guerra que implicou no crescimento da população, foi a erradicação de doenças, com a criação de meios que o fizeram com eficiência como o D. D. T. que procurou eliminar as malárias; com o melhor abastecimento de água potável; melhores comunicações e meios de transportes; assistência médico-hospitalar mais difundida; a criação de antibióticos; vacinação e níveis de renda mais altos com melhorias de dietas, para que os países tivessem um aumento na renda per capita, quer dizer, um crescimento de população com desenvolvimento econômico, e se constata isto, hoje mesmo nos países subdesenvolvidos.

No caso brasileiro, tem-se uma área bastante vasta para habitação; mas, deve-se levar em conta uma série de fatores que dêem ao ser vivente, pelo menos, um meio de subsistência, mesmo assim, a partir de 1930, tem-se notado um bom crescimento da população brasileira. Os vários métodos criados pela medicina e aplicados no Brasil, como é o caso da vacina, de antibióticos e outros, bem como a doutrinação quanto à dieta aplicada no país, trouxe bons resultados quanto ao crescimento populacional; porém, tem preocupado as autoridades governamentais quanto a criação de empregos, meios de habitação, transportes, educação e saúde e, ainda mais, os mercados para a manutenção da demanda interna presente e futura.

A população brasileira, como se sabe, tem aumentado, tanto na zona rural como na urbana; no entanto, a migração constitui um dos pontos que fazem com que a zona urbana aumente mais do que a zona rural; dadas às condições precárias da vida do campo. Entretanto, nas metrópoles aparecem os estrangulamentos, devido à alta oferta de mão-de-obra desqualificada que luta por um emprego nas cidades e, daí, surgiram os desequilíbrios regionais e preocupações das autoridades quanto ao aumento da população. Com isto, crescem os movimentos de contenção das populações, tanto do campo como da cidade, por causa do crescimento populacional ser maior do que as condições de alimentação deste povo.

Não foi somente de Malthus (1798) a preocupação com as taxas de crescimento populacional, devido às desigualdades econômicas e sociais caminharem de maneira incontrolável dentro dos sistemas institucionais. Especificamente, o capitalismo tem evoluído dentro da meta principal das concentrações e centralizações como previu MARX (1867); todavia, esta situação no mundo da iniciativa privada é uma questão de total desprezo ao ser humano. A população cresceu numa taxa geométrica, enquanto, a produção de alimentação a uma aritmética, causando um deficit que necessariamente culminará nas experiências que se têm hoje em dia, que é o caso de Biafra, Moçambique, as favelas do terceiro mundo e alguns outros países que sofrem as desgraças da fome e da miséria.

A crise populacional é coisa séria e precisa de muito debate e discussão, considerando que se reconhece a existência desses bolsões de miséria nos países pobres e não se procura fazer nada que tente amenizar a vida daquela população. Resolver tal problema, não é fazer doações àquele povo; mas, estruturar uma política que integre aquela gente a uma vida social normal com emprego, educação, pelo menos regular saúde e a oportunidade de participar de uma estrutura de governo sadia. No Brasil os bolsões de miséria não têm locais próprios encontram-se desde São Paulo até o Nordeste, onde são constantes, bairros extremamente pobres, até cidades sem condições de sobrevivência. Isto por falta de uma política populacional à altura de uma convivência paralela da classe rica com a classe pobre; sem a formação da classe dos mendigos e degredados.

Finalmente, o mundo da atualidade, convive com as diversas patologias criadas pela ganância, pela busca incessante ao lucro, pelo desejo do sempre querer mais e da inveja de possuir o que não tem condições de adquirir. São esses elementos que fizeram gerar a prostituição, aumentarem os roubos e os furtos, os seqüestros domésticos em cada país, assim como, os internacionais, tão comuns onde sobrevivem as guerrilhas. Essas questões são próprias de países com população desorganizada e desgovernada, ao considerar a formação de um povo que necessita de cooperação e mutualidade entre amigos que buscam o progresso em todos os sentidos. Desta feita, é preciso estudar cada vez mais a população, seu processo de crescimento e as condições de vida deste povo que precisa se adaptar a uma realidade de ser humano e natureza ambiental.


 

[1] MALTHUS, Robert. Princípios de Economia Política e Ensaio sobre a População. .São Paulo, VICTOR CIVITA, 1983, p.  315.