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Este texto forma parte del libro
Memorias de Economia
de Luis Gonzaga da Sousa
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 A POBREZA EM DISCUSSÃO

 

 

 

Não é de hoje que se discute a questão da pobreza em qualquer parte do mundo, isto no que respeita aos países capitalistas, como também aos socialistas, do mesmo modo que na Antigüidade o que preocupava a população era a pobreza de uma faixa da sociedade. Entretanto, fica muito mais fácil abordar este fato pelo lado de uma estrutura de país que se encontra dentro da dicotomia país desenvolvido versus subdesenvolvido. Alguns teoristas mais modernos tentam se enveredar pela ótica das Nações de primeiro mundo, ou de terceiro mundo, também chamados de periféricos, como uma maneira de cognominar aqueles povos que são ricos e aqueles outros que são pobres, ou que tem um nível de dependência exagerada, quanto às necessidades de dinamização da economia e de sobrevivência de seu povo.

Primeiramente, o que significa uma nação ser pobre? Ou de outra forma, o que é ser um país subdesenvolvido? Bom, a esta questão envolve uma gama muito elástica de fatores que deve ser bem discutida e abalizada a um nível tal, que não deixe dúvidas, quanto ao essencial deste ponto. Na visão de alguns economistas ortodoxos, que se perderam no tempo e no espaço, o subdesenvolvimento decorre do fato de que alguns países estão muito abaixo da média da renda per capita estipulada para se delinear objetivamente o intervalo de ser país subdesenvolvido, em desenvolvimento ou desenvolvido. Em verdade, esta é uma medida até certo ponto falha, porque encobre muitas desigualdades sociais subjetivas internas.

Uma outra maneira de ver a questão do subdesenvolvimento é quanto à estrutura de um país, no que diz respeito ao nível de vida da população, quanto à educação, a saúde, a habitação, a transportes, a lazer e muitas outras variáveis que estão no modelo de bem-estar de um povo. Entrementes, foi neste prisma arrolado que MALTHUS (1798) investigou a produção gerada e o crescimento populacional que acontecia naquele momento e concluiu que, naquelas condições, onde a população crescia muitas vezes mais do que a produção, a sua tendência natural, seria a miséria total e absoluta da humanidade; pois, as autoridades governamentais deveriam ficar atentas ao fato.

Um grande pesquisador dos problemas sociais de todas as épocas, o famigerado Karl MARX (1867), mostrou a questão por outro ângulo e muito mais atual, que é a dinamização do processo de acumulação e concentração que vem se desenrolando ao longo da história. MALTHUS (1766-1834) indicou a formação de uma superpopulação que estava condenada, pela falta de produção para o consumo e MARX agregou com sapiência a questão, ao denotar que a falta de produção seria o poder do monopólio ou oligopólio e a população excedente desempregada constituiria o exército industrial de reservas dos capitalistas que têm o objetivo de, única e exclusivamente, sobreviver sobre a exploração da mão-de-obra excedente a baixo custo.

Aqui se apresentam dois pontos que, quer queira, quer não, são fortes indicadores da pobreza da humanidade. Ninguém vai negar que são os patrões (empresários) que decidem os salários que devem pagar aos seus trabalhadores; pois, dentro de um sistema de mercado de trabalho totalmente imperfeito, não existem condições de que haja barganha entre patrão e trabalhadores, salvo exceções. Neste contexto de imperfeição, o turn over entre os empregados, especificamente os desqualificados, é muito alto, tendendo a ser maior ainda. Com esta rotatividade a uma velocidade bastante alta, só resta ao trabalhador que ainda está empregado, preservar a sua ocupação, não importando se com salários menores.

E os que saem de seus empregos, demitidos ou não? Para onde vão, depois de certa idade? Em primeira instância é buscarem novos empregos. Mas, comumente não encontram um emprego igual ao anterior, ou pelo menos, proximamente equivalente; e, o que resta a fazerem é cair no mundo do subemprego, ou viverem de biscates, onde vivem mendigando uns trocados para sua sobrevivência e de sua família. A proliferação desta categoria de profissionais conduz à formação de diversas patologias sociais com custos para a sociedade, num volume incalculável, tal como a prostituição, os roubos e furtos, o menor abandonado, os seqüestros e muitos outros desajustamentos sociais. São esses elementos que constituem a pobreza de uma Nação que se degrada.

Tudo isto originou a dicotomia pobre versus rico, com um efeito demonstração bastante forte. Este conceito está muito mais arraigado no subdesenvolvimento; cuja discriminação é uma constante; pois, chamar-se um cidadão de pobre é ofendê-lo, ou jogá-lo ao fundo do poço. Assim, FISHLOW (1977) quando delimitou a fronteira de pobreza de uma Nação, ele quis demonstrar que as famílias que obtinham até uma determinada faixa de renda seriam consideradas pobres; ou de maneira global, esta Nação seria considerada subdesenvolvida. No entanto, observa-se que muitos grupos sociais são tidos como pobres porque estão muito abaixo desta linha de pobreza e, consequentemente, os que estão acima são considerados os ricos, os privilegiados.

Mas, quais são, na verdade, as causas da pobreza? A primordial causa é a acumulação de capital, sem a sua eqüitativa distribuição de renda que culmina com uma concentração ao nível de formação de oligopólios que muitas vezes são levados a conluios que, ao invés de dinamizarem a economia, eles deprimem o sistema econômico, expandindo a miséria em todos os níveis. Quem evitou conhecer a Revolução Industrial do século XVIII, não sabe, até que ponto, a expansão capitalista tem o poder de degradar a humanidade; pois, tudo que é de mal é imputado a uma população cujo seu único meio de produção é a sua força de trabalho que de repente perde seu legítimo dono, numa competição desleal entre os trabalhadores a espera de ocupação na economia.

Uma outra causa da pobreza é a fuga do homem do campo para a cidade mais próspera. Pergunta-se rapidamente: por que o homem sai do campo onde nasceu, aprendeu sua labuta, muitas vezes constitui família e agora está obrigado a ir para cidade distante? Veja só! Na cidade, a procura por serviços é mais ampla e diversificada. No campo, a demanda por serviços é pequena e específica. Na cidade existe um salário mínimo que ampara o trabalhador e, no campo, não existe nem salário. O jeito é buscar esta remuneração que pequena ou não, consegue-se para a sobrevivência e educação mínima de seus filhos. Alguns conseguem, outros não, e daí se avolumam histórias diferentes, culminando com a fomentação terrível da marginalização hodierna nas cidades.

Dentro desta ótica de dualismo campo-cidade está também a questão da educação essencial, ou em outras palavras, problema da estrutura de um povo que é uma discussão fundamental no debate sobre o desenvolvimento/sub-desenvolvimento. Com a variável educacional sobre as condições de um país, algumas outras acompanham sem muita intransigência, como é o caso da ganância, do hedonismo, do egoísmo a algumas outras que influem na consciência de um povo. Neste sentido, surgem diversos adágios populares que culminam com o atraso e o subdesenvolvimento, como por exemplo: encosta-te numa árvore que dá sombra; acompanha-te com os bons, que serás um deles e assim por diante, e isto é fonte de atraso de todas as formas.

Estes adágios e muitos outros tem demonstrado que a hegemonia do capitalismo, ou dos poderosos tem cada vez mais se fortificado, considerando-se o fato de que este sistema tem como princípio fundamental o egoísmo, a ganância, o hedonismo e alguns outros que dão base aos potentados e mais insegurança aos dependentes desta burguesia degradante, como pregam as religiões. Esta subordinação processa-se de diversas formas; uma delas é quanto ao bajulamento dos indivíduos que são considerados pobres, aos que têm algum recurso econômico; e, uma outra é aquela que torna um indivíduo dependente de outro por não ter recursos suficientes para a sua sobrevivência, pois, a sua mão-de-obra torna vinculada a alguém, por qualquer motivo.

Mais uma outra causa da pobreza é o analfabetismo, que ainda está bastante ligado ao nível cultural de um povo e isto conduz fortemente a uma fé intransigente aos adágios populares. O analfabetismo cultua favoravelmente o bajulamento, a seguir culturas impostas sem uma segurança em sua personalidade, isto significa um processo de aculturação sem precedente, nisto fica muito mais fácil a imposição do efeito demonstração e, desta maneira, a pobreza em seu sentido real, sempre foi conduzida por quem está no poder sistêmico. É dentro do analfabetismo que a exploração se fortalece, que o poder dita as suas normas e que a pobreza cumpre, sem oferecer a mínima resistência, a este estado de coisas deprimente.

            Com tudo isto, que se acabou de listar, vale considerar que a pobreza, nada mais é, do que as condições de vida em que vive uma população, tanto no que diz respeito ao nível de renda, quanto à natureza de seu modo de vida, isto é, as condições de saúde de um povo, o nível de escolaridade da população, o nível de habitação em que vive uma nação e o grau de bem-estar que é imposto a esta gente trabalhadora. Um sistema econômico, onde a sua população não tem um nível de vida dentro dos parâmetros, tais como estão delineados acima; esta população é considerada pobre ao ficar bem abaixo da média do global mundial. Isto acontece com muitos, ou a maioria dos países do globo terrestre.

Ao se falar nas condições de vida de um povo, tal como: saúde, habitação, transportes, alimentação, escolas, etc, observa-se que a precariedade destes sintomas acontece sempre em países do terceiro mundo, ou como se pode cognominar de países pobres. Não se pode dar prioridades a investimentos industriais avançados se a população deste determinado país, não proporciona ao seu povo, boas, ou até mesmo regulares condições de saúde para aqueles que vão dinamizar essa produção. Inicialmente, não se produz eficientemente bem, nem tão pouco estes mesmos trabalhadores têm condições de produzir mão-de-obra de qualidade para continuar a atividade do sistema econômico.

Do mesmo modo acontece com as outras variáveis que determinam a condição de vida de uma Nação, porque se sabe que o trabalho é muito importante na vida do ser humano; entretanto, a imposição de uma atividade com objetivo exploratório direciona à moléstia social que degrada o homem e emperra a economia como um todo. O capitalismo tem pecado muito neste sentido, por pura ganância de obter o mais e nem sempre o melhor, de uma produção que deveria beneficiar a todos, nunca uma minoria espoliada do labor alheio. Pois, o resultado de tudo isto é a concentração e acumulação indevida de capital a serviço da injustiça e da calamidade pública que envolve toda história.

O conceito de pobreza em si é uma discriminação que não pode existir no mundo moderno, ou até mesmo numa Nação que tem uma certa cultura; pois, viver numa sociedade onde existem as castas; quer dizer, os ambientes fechados dos ricos, frente os locais vivenciais dos pobres, é lastimável que isto aconteça no século XXI. Isto se observa em países do terceiro mundo, quando se cognominam para uns como pobres, favelados, outros são chamados de ghetos, em dialeto afro, outros de Barrios, na linguagem hispânica, e este povo não pode se misturar com os denominados ricos, ao causar até um certo estigma com respeito aos que têm posse contra os que não têm recurso nenhum. Este tipo de coisa é típico de um país subdesenvolvido e com poucas possibilidades de avanço social e cultural.

Este tipo de segregação social, muito comum em países pobres é causado pela questão cultural e, mais claramente, pelo baixo nível de alfabetização geral da Nação, cuja subserviência está sempre sendo cultuada pelos lacaios do poder, na busca intransigente de serem prestigiados pelos fracos de espíritos e de personalidade. Este tipo de dependência conduz aos trabalhadores não buscarem seus direitos; não terem condições de formarem seus sindicatos, ou associações e as poucas que existem foram, ou são criadas por patrões, ou apaniguados do sistema, sem contar que a Lei que rege a todos, foi determinada pelo poder “eleito” pelo povo, mas ratificada pela oligarquia.

Desta forma, não adianta armas, não adianta terrorismo, não adianta grupo querrilheiro, se não existe uma formação conscientizadora na população, no sentido de absorver os ensinamentos do progresso e da democracia a serem entendidos por todos eqüitativamente. Primeiro deve-se levar em consideração a organização social, a formação política de toda a comunidade; e, segundo, a participação conjunta de todos na luta pelas decisões que deverão ser tomadas comunitariamente, sem interesses pessoais. O que existe no mundo capitalista é a força do egoísmo e da ganância enraizada na cabeça de cada um, mesmo não sendo detentor do capital financeiro, e isto destrói o bom senso ao avanço de todos.

E por falar em democracia, obviamente está se falando em liberdade. Entretanto, pergunta-se: o que significa o termo liberdade, muito propalado pelos democratas e comunistas de todos os tempos? A questão da liberdade envolve a problemática da conscientização; pois, conscientizar-se significa, uma determinada pessoa saber os seus limites, isto é, os seus direitos e deveres; entretanto, cada cidadão está muito mais interessado em seus direitos e pouco ou nada interessam seus deveres. Nisto, liberdade é respeitar os direitos do cidadão que está ao lado, para que os seus também sejam respeitados; mas, sem isto, não há como exigir liberdade, onde não se respeita a dos outros.

Num país onde as informações de toda ordem são desencontradas, não se pode falar com bastante consistência sobre o processo de conscientização de um povo; pois, os sistemas de comunicação são dirigidos: primeiro, não para uma população como um todo; e, segundo, essas informações saem de quem está no poder e, portanto, aliciadoras de mentes (share of mind), para uma divulgação de sua ideologia e dogmatismo. As notícias não refletem uma evolução cientifica da realidade econômica, política e social; mas, são juízos de valor, impressos por qualquer manuseador da literatura, sobre o assunto, com vistas a alienar todos aqueles que devem conhecer a realidade tal qual existe.

Todavia, é este processo de desinformação, que por consequência, conduz à desconscientização de toda uma massa que participaria de uma evolução e dinamização histórica da realidade de seu país. Este processo de ditadura de informações leva a um desajustamento intelectual pessoal, com vistas a que cada interessado em informações novas, tenha-as sobre o prisma da emotividade, do sentimentalismo e, sobretudo, do euforismo pessoal e, daí, não ter conclusões fidedignas sobre o momento real que está aí. Tudo reflete o estado de pobreza que predomina nos países do terceiro mundo, onde são veiculadas informações que só interessam a quem está no poder.

Todas estas informações escondem a real situação de um país, tal como: Angola, Paquistão, Romênia, Moçambique, Zimbabue, a pobreza no Brasil e muitos outros lugares que o nível de pobreza é alarmante e não se têm notícias de dados reais sobre o assunto. E por falar no Brasil, observa-se uma situação ainda mais complicada, ao considerar a sua extensão e a sua multiplicidade de problemas que são arrolados no país como um todo. São problemas tão complexos que rejeitam toda e qualquer teoria que tentem explicar as causas das diversas patologias que a população está convivendo cotidianamente com as diversas camadas sociais da Nação, tendo em vista a sua peculiaridade estrutural.

Desta feita, convive-se com um alto índice de marginalização de diversas ordens, como por exemplo: a prostituição, roubos e furtos, assaltos, seqüestros, promiscuidade, estupros de diversos tipos, discriminação ao trabalho, desrespeito aos velhos, menor abandonado, mendicância e muitas outras formas de patologia própria de um sistema em degradação, ou em estado de pobreza latente. Alguns casos destas patologias acontecem em países desenvolvidos, industrializados; mas, não dizem respeito a desajustamento social da pobreza; entretanto, decorrem de alguma anomalia própria do custo do auto-ajustamento que leva a neurose individualizada, explicada sempre por cientistas sociais que estudam causa e efeito da evolução humana.

Resumindo, a pobreza é algo muito complicado e, em especial, quando se quer buscar as causas de seu surgimento, as dificuldades são as maiores possíveis. Pois, cada país e cada região têm um modo de vida diferente e, portanto, a terapia que se aplica numa Nação rica, não é a mesma que se utiliza em um país pobre. O que resta a fazer é uma abstração completa da realidade de outros lugares e procurar dentro daquele modelito estudado, as soluções mais propícias para aquele estudo a doc. Finalmente, não se vai ter respostas cabíveis universais, para casos que têm características próprias particularizadas, cujas terapias de outros países, não são cabíveis em situações locais.